quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

A mulher árabe, cristã e jogadora de futebol que fundou a seleção da Palestina e chegou à Fifa


Thaljieh quebrou tabus, fundou a seleção palestina e chegou à Fifa


Retrospectiva 2015 , do site Trivela:

O ano de 2015 foi repleto de grandes exemplos de mulheres que ganharam destaque por lutarem contra preconceitos e principalmente por seus direitos. Ainda estamos muito longe de chegarmos a algo razoável. Basta ver que a questão do aborto, por exemplo, ainda é tratada como tabu, quando na verdade é um problema de saúde pública. E para lembrar de uma das grandes mulheres inspiradores neste ano, trazemos uma grande história: Honey Thaljieh, uma palestina, que é cristã, fundou a seleção palestina feminina e chegou à Fifa, como dirigente. Desfrute conosco desta história publicada em 11 de fevereiro.


Mulher, árabe e cristã, Thaljieh quebrou tabus, fundou a seleção palestina e chegou à Fifa




O futebol feminino enfrenta resistência mesmo em países considerados liberais em termos de costumes. Na Palestina, a dificuldade é ainda maior. Os problemas sociais, políticos e culturais dificultam o que deveria ser simples: praticar um esporte. Honey Thaljieh não deixou que nada disso atrapalhasse. Buscou o seu sonho e tornou-se jogadora de futebol. Mais do que isso: fundou a seleção da Palestina, foi capitã do time e seguiu carreira no esporte. Aos 30 anos, a mulher nascida em Belém trabalha na Fifa, pelo esporte que ama, tentando fazer da liberdade que conquistou em tantas frentes na vida uma realidade para mais mulheres. Suas múltiplas identidades, que foram prisões, tornaram-se o motivo de ela conseguir mais liberdade.

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“Tudo começou como um passatempo, mas percebi que amava aquilo. Então eu comecei a crescer e depois da primeira e da segunda intifada, enfrentamos desespero, destruição, guerra. A maioria perdeu a esperança”, contou a palestina. “Todas as noites, os soldados invadiam nossa casa e nos colocavam para fora, não importava se estava chovendo ou frio. Nosso carro foi destruído, meu primo foi morto. Era difícil ver os corpos no chão. Estas imagens estão sempre na cabeça. As vezes tenho pesadelos”, ela lembrou.

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Leia aqui a matéria completa e conheça a trajetória de Honey Thaljieh.


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segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Diplomacia da birra: Israel ameaça o Itamaraty

Brasil rejeita embaixador  e Israel ameaça o Itamaraty


Brasil 247 - por Plínio Zúnica - 02/01/16


No último domingo, dia 27 de dezembro, Israel fez ameaças diplomáticas ao governo brasileiro, caso o Itamaraty persista na recusa à imposição do embaixador Dani Dayan. O Ministério das relações Exteriores afirmou que prefere tratar com um embaixador que não represente a colonização sionista da Palestina, e em resposta a vice-ministra de Relações Exteriores, Tzipi Hotovely, ressaltou que Israel não enviará outro embaixador. Hotovely enfatizou que Israel está lidando com o caso "de forma discreta", mas que adotará "ferramentas alternativas públicas" para repreender o Brasil.


Uma questão de protocolos, respeito e educação:

Em primeiro lugar, temos aqui um problema em relação à tradicional truculência política israelense. Não é a primeira vez que temos um atrito diplomático com Israel, e não é a primeira vez que isso acontece por causa da arrogância e falta de ética da diplomacia israelense. Em 2014, por conta do uso desproporcional de força e dos diversos crimes de guerra cometidos por Israel nos ataques à Gaza que deixaram mais de 2.200 mortos, o Itamaraty convocou o embaixador brasileiro em Israel de volta para casa, apenas para consultas sobre a operação. O então porta-voz do Ministério de Relações Exteriores israelense, Ygal Palmor, em uma demonstração tragicômica de imaturidade política, chamou o Brasil de "anão diplomático" e "um parceiro diplomático irrelevante", e ainda comparou o massacre contra a população de Gaza com o 7x1 da copa do mundo. O caso foi tão embaraçoso que o presidente israelense telefonou para a presidenta Dilma para pedir desculpas pela falta de profissionalismo de seu funcionário.

Desta vez foi Netanyahu quem passou por cima dos protocolos éticos da diplomacia internacional, declarando publicamente o seu novo embaixador antes de consultar o governo brasileiro. O nome de Dayan não foi uma indicação, e sim uma imposição. O próprio pivô da situação não faz nenhuma questão de esconder o despeito pela situação. Dani afirmou que Netanyahu não pressionou o governo brasileiro o suficiente para forçar a sua nomeação, e complementou em entrevista ao jornal Haaretz: "Não sei se serei o embaixador no Brasil e, pessoalmente, não me importa muito. Aliás, isso tornaria as coisas muito mais fáceis para mim [não ir para o Brasil], mas estou lutando pelo próximo embaixador que venha a ser um colono".

O governo Netanyahu não se cansa de mostrar que não possui nenhum respeito por leis e órgãos internacionais, diplomacia ou ética, e a nomeação forçada de Dayan foi mais uma prova de que também não possui nenhum respeito pelo Brasil.


Uma questão de coerência e respeito aos direitos humanos:

O principal problema, entretanto, é menos com o modo como Dayan foi colocado à força em Brasilia, e mais o que ele representa. Por trás de uma fala suave e aparência tranquila, Dayan é na realidade representante de uma política extremamente intransigente, cínica e agressiva, e seria impossível que o Brasil continuasse com sua posição de apoiador de um processo de paz entre Israel e Palestina lidando com um embaixador como ele.

A mídia sionista alega que Dani Dayan está sendo rechaçado "apenas" por morar em um assentamento, o que por si pode ser considerado um crime de guerra. O caso é que Dayan não é apenas um simples colono, e sim o principal propagandista dos assentamentos ilegais israelenses. Dayan dedica sua vida à defesa e expansão dos assentamentos, que são uma violação do Direito Internacional, condenados por praticamente todas as nações do mundo. Os assentamentos são uma das principais bases do sistema de Apartheid imposto sobre os Palestinos. São uma incontestável ferramenta de colonização e o maior obstáculo para o processo de paz e a criação de um Estado Palestino.

De fato, Dayan se declara abertamente contrário à solução de dois Estados, aprovada na ONU por ampla maioria. Ele é totalmente contra a existência de um Estado Palestino, e considera que não existe nenhuma solução para o conflito. Dani se refere à Cisjordânia (área da Palestina sob ocupação militar israelense) como "Judeia e Samaria", os nomes míticos da Israel bíblica, se recusando assim a reconhecer as fronteiras da Linha Verde de 1967.

Quando questionado, Dayan diz ter grande respeito pelos palestinos, mas seu plano é que eles continuem sendo um povo sem direitos políticos, vivendo em um sistema de segregação étnica sob a autoridade militar sionista. Ao contrário da maioria dos colonos, ele reconhece a existência de um povo palestino e considera que a sua narrativa nacional é legítima, mas dificilmente consegue falar de palestinos sem os taxar de terroristas, e acredita que as ambições de israelenses e palestinos são irreconciliáveis. Quem acredita que os interesses dos dois povos não podem ser conciliados obviamente não pode ocupar um cargo que tem a conciliação como prerrogativa.

Dayan é um homem com quem não há muita margem para negociação razoável mesmo com seus colegas sionistas. Em entrevista concedida à rede Al Jazeera em 2008, Dani afirmou que a retirada dos assentamentos de Gaza foi uma "limpeza étnica judaica" promovida pelo próprio governo israelense. Quando Bibi prometeu (mas não cumpriu) parar as construções criminosas de assentamentos, Dayan, então presidente do Conselho Yesha, disse que "se a paralisação persistir em qualquer sentido, nós prometemos empenhar todo esforço para lutar contra o governo de Netanyahu. Será o começo do fim".

Dayan se recusou a visitar a Africa do Sul durante o regime do Apartheid, porque considerava um sistema racista e injusto. Entretanto, afirmou em entrevista à rede Al Jazeera que a comparação feita por Desmond Tutu entre o Apartheid Sul Africano e o Apartheid Sionista é errada, e declarou, com toda a pompa e empáfia que lhe são características, que entende mais sobre Apartheid do que o reverendo Desmond, e que não há racismo na política colonial israelense.

Quando alguém passa por cima do direito de um país para rejeitar embaixadores, despreza as resoluções da ONU, a 4ª Convenção de Genebra, as decisões da Corte Internacional de Justiça, as posições políticas de praticamente todas as nações do planeta e ainda afirma que entende mais de apartheid do que a maior autoridade viva no assunto, é sinal de que não é uma pessoa com quem seja possível negociar.


Dani Dayan é um atentado contra a paz entre Palestina e Israel, e o Itamaraty mostra coragem, coerência e sabedoria ao não se curvar às ameaças sionistas de retaliação diplomática.

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Diga não a Dani Dayan para embaixador de Israel no Brasil



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