terça-feira, 23 de novembro de 2010

EMBAIXADOR ISRAELENSE MENTE SEM VERGONHA NA CARA!


Uma resposta às mentiras do Embaixador israelense !!!


Amigas, amigos:
Arlene e eu escrevemos uma longa resposta a um artigo do embaixador de Israel no Brasil, que se queixou do Conselho de Direitos Humanos da ONU e considerou as flotilhas a Gaza "uma provocação". Procuramos, com isso, mostrar aos leitores o outro lado da questão, o lado desvinculado da propaganda sionista.
Claro que nossa longa resposta foi reduzida a apenas um terço do que era originalmente, o que nos obrigou a retirar a maior parte dos argumentos/fatos que mostravam a opressão ao povo palestino, mas ao menos o Senhor embaixador não ficou sem resposta, nem enganou o leitor brasileiro.
Abração a todos,
Baby

São Paulo, sexta-feira, 19 de Novembro de 2010

TENDÊNCIAS/DEBATES

Israel não respeita direitos do povo palestino 
ARLENE CLEMESHA e BERNADETTE SIQUEIRA ABRÃO

Israel tem em seus presídios mais de 6.000 civis palestinos (incluindo crianças), a maioria deles sem acusação formal ou mesmo processo judicial


Em artigo nesta Folha ("Direitos humanos em mãos erradas", "Tendências/Debates", 10/10), o embaixador israelense queixou-se do Conselho de Direitos Humanos (CDH) da ONU, em que relatórios têm sido aprovados, denunciando graves violações de direitos humanos por parte do governo israelense nos territórios palestinos ocupados da Cisjordânia e da faixa de Gaza.

De fato, apenas nos primeiros seis meses de 2010, foram registradas na Cisjordânia a demolição de 223 edifícios e a expulsão de 338 palestinos de suas casas.

Quinhentas e cinco barreiras violam o direito de ir e vir, impedindo o acesso da população a escolas, a locais de trabalho e a hospitais, para procedimentos vitais como diálise, cirurgias do coração e cuidado neonatal intensivo.

Seguindo a lógica de anexar o máximo de terras com o mínimo de palestinos, o trajeto tortuoso do muro enclausurou Belém e Qalqilia, expulsou 50 mil palestinos de Jerusalém Oriental e anexou 10% das terras mais férteis da Cisjordânia. As colônias israelenses, também ilegais, expandem-se a todo vapor sobre territórios palestinos.

A justificativa de Israel para a violação de direitos humanos -zelar pela "segurança" de seus cidadãos- não se sustenta, sendo tais atos a própria origem da revolta palestina.

Os "mísseis" citados pelo artigo do embaixador são armas de fabricação caseira, usadas em desespero por um povo sem Estado, que sofre a mais longa ocupação militar da história moderna, submetido a bombardeios, a incursões militares, a assassinatos dirigidos e a toques de recolher.

O artigo também cita um prisioneiro militar israelense, omitindo o fato de que Israel tem em seus presídios mais de 6.000 civis palestinos (incluindo crianças), a maioria deles sem acusação formal, processo judicial ou direito de defesa.

Alega-se que Israel estaria sendo alvo de injustiças por parte do CDH em consequência do relatório do juiz Richard Goldstone sobre os crimes de guerra cometidos durante o bombardeio que massacrou 1.397 pessoas em Gaza (incluindo 320 crianças e 109 mulheres).
Assim, deturpa-se o caráter heróico da flotilha de ativistas humanitários do mundo todo, incluindo israelenses e uma mulher sobrevivente do Holocausto, que arriscaram suas vidas para quebrar o bloqueio ilegal a Gaza.

O objetivo da flotilha era chamar a atenção do mundo para o problema? Sim. Era e continuará sendo uma provocação? Apenas se considerarmos o termo um desafio aberto, para que a humanidade impeça a continuidade do cerco a Gaza, onde 80% da população sofre de má nutrição crônica, as crianças apresentam estresse e distúrbios psicológicos causados pelos ataques, pelo sofrimento e pelas constantes bombas sonoras lançadas por Israel sobre a pequena faixa costeira.

O mesmo governo israelense que se queixa do CDH emitiu, no dia 10/ 10, um projeto de lei que, se aprovado, exigirá de todo não judeu de Israel um juramento de "lealdade ao caráter judeu do Estado".

Cerca de 20% da população, de origem palestina cristã, muçulmana ou outra, terá de aceitar o caráter judeu do Estado de Israel ou emigrar, aumentando o número de refugiados, que ultrapassa nove milhões. As consequências disso, para a Palestina e para o mundo, não valem um debate no Conselho de Direitos Humanos da ONU?



ARLENE CLEMESHA, professora de história árabe na USP e diretora do Centro de Estudos Árabes da mesma universidade, é representante da sociedade civil do Brasil no Comitê da ONU pelos Direitos do Povo Palestino.

BERNADETTE SIQUEIRA ABRÃO, jornalista, formada em filosofia pela USP, é pesquisadora da questão palestina, ativista de direitos humanos e autora, entre outros livros, de "História da Filosofia" editora Moderna).



Para ler a integra da resposta acesse: 
http://parallaksis.blogspot.com/2010/11/israel-apartheid-limpeza-etnica-e.html

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

TRIBUTO A YASSER ARAFAT (1939 -2004)

11 de Novembro de 2010 


6º aniversário da morte de Yasser Arafat





“A justiça da causa determina o direito da luta. Sou um rebelde e a minha causa é a liberdade”



يريدونني إما اسيراً، أو إما طريداً، وإما قتيلا.. لكن أنا بقول لهم؛ شهيداً شهيداً شهيداً



CARTA DE ARAFAT A LULA


Excelentíssimo Senhor Luís Inácio Lula da Silva
DD Presidente da República Federativa do Brasil


Nossas mais efusivas saudações.



     É com enorme satisfação que escrevemos esta carta a  V. Excia. para parabenizá-lo, bem como ao seu respeitável governo e ao seu povo amigo em nome do nosso povo palestino, suas lideranças e em meu nome em particular, por ocasião da sua posse oficial na Presidência da República Federativa do Brasil. Pedimos a Deus, do fundo do nosso coração, pleno êxito e sucesso em suas tarefas e elevadas responsabilidades no encaminhamento do seu país rumo ao desenvolvimento e à prosperidade.


     Aproveitamos esta feliz oportunidade para expressar a V. Excia. a nossa imensa satisfação pelos laços sólidos de solidariedade, amizade e cooperação que unem nossos países e nossos povos fraternos. A esses laços dedicamos sempre toda a atenção e cuidado, e nos orgulhamos do empenho mútuo que compartilhamos para desenvolvê-los e consolidá-los a serviço dos nossos interesses comuns, na defesa das causas justas e da paz, especialmente na construção de uma paz justa e ampla no Oriente Médio.

     Como é do conhecimento de V. Excia., nós e nosso povo estamos enfrentando uma agressão cruel, um sítio sufocante, uma guerra devastadora declarada contra nós pelo governo israelense, há mais de dois anos, que utiliza nela todos os instrumentos de matança, destruição e assassinato. O seu objetivo é impor uma solução sobre nós que sirva aos seus interesses e às suas ambições agressivas e sacramente a colonização e a ocupação das nossas terras e dos nossos lugares santos. Essa implacável agressão já paralisou e destruiu todos os meios de subsistência do nosso povo, o qual está enfrentando condições de penúria e de calamidade que o privam de exercer suas atividades diárias indispensáveis à sobrevivência, até de chegar aos lugares santos para fazer suas preces e deveres religiosos. Agora, nosso povo está sendo forçado a viver confinado em cantões isolados uns dos outros pelas barreiras de controle militar, e exposto diariamente a todo tipo de violação dos seus direitos humanos fundamentais e a repressão, humilhação, espancamento, e até morte à sangue-frio. 

     Apesar de tudo isso, procuramos superar nossas dores e continuamos comprometidos com o processo de uma paz justa e ampla, para o qual estamos trabalhando intensamente e envidando todos os esforços e iniciativas, regionais e internacionais, para o seu êxito, a começar por um cessar-fogo a ser seguido pela aplicação do plano “Mapa de Estrada” (Road Map), que lamentamos que tenha sido adiado para depois das eleições israelenses. Por outro lado, o governo de Israel permanece irredutível na prática de sua política de morte, assassinatos e de destruição contra o nosso povo, seus filhos e seus pertences, a fim de manter a situação presa a um círculo vicioso de violência e contra-violência. Essa política, perigosa e irresponsável, constitui o maior desafio para todos os defensores da paz dos bravos, da legitimidade internacional e dos valores humanos. O objetivo de Israel com tudo isso é fazer fracassar todos os esforços e tentativas internacionais para salvar o processo de paz e recolocá-lo no seu curso normal, como também sabotar os nossos esforços para alcançar um armistício e um cessar-fogo, bem como pôr um fim à morte de civis, sejam eles palestinos ou israelenses. Essa política serve a interesses internos eleitorais de Israel e aproveita-se de que a atenção do mundo está voltada para a questão do Iraque e a iminência de guerra contra esse país.

     Nessa etapa decisiva e difícil que atravessamos, enfrentando perigos e desafios, mantemos nossa fé numa paz justa e em seus benefícios para todos, trazendo segurança e estabilidade à região.

     Saudamos V. Excia., o povo brasileiro e os amigos em todo o mundo, todos os que crêem em Deus, todos que amam a liberdade e a paz, e os conclamamos a levantar a sua voz bem alto para que condenem e denunciem essa política israelense, com seus crimes contínuos contra nosso povo e sua autoridade nacional. Pedimos também uma ação rápida e eficaz para pôr fim a essa agressão e guerra destrutiva que Israel move contra nós, a fim de encontrar mecanismos internacionais que façam avançar o processo de paz e o retirem da sua crise e paralisia atuais. Com isso, poderá ser alcançada a paz justa e permanente para a região, garantindo segurança, estabilidade e os direitos para ambas as partes, dando, assim, oportunidade a nosso povo palestino que aspira a liberdade e independência, de construir o seu Estado independente com Jerusalém Oriental como sua capital e nele viver com segurança, paz e bom relacionamento com todos os seus vizinhos, inclusive Israel.

     Temos plena confiança em V. Excia. e no povo brasileiro e contamos muito com sua participação e interferência, nas instâncias internacionais e junto ao governo de Israel, no sentido de parar a guerra israelense contra nós, pôr fim à ocupação à qual estamos submetidos e alcançar a paz à qual todos os povos da região aspiram.

     Reiteramos nossas mais sinceras felicitações, desejando a V. Excia. saúde, felicidade e sucesso no cumprimento das expectativas de desenvolvimento e prosperidade para o povo brasileiro. 

       Com os melhores votos para V. Excia. e o povo brasileiro amigo.
         
Ramala, 28 de Dezembro de 2002



Yasser Arafat
Presidente do Estado palestino
Presidente do Comitê Executivo da OLP

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LULA RENDE HOMENAGEM A ARAFAT - 17/03/2010





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Inauguração da Rua Brasil, em Ramallah, Cisjordânia (Território Palestino Ocupado por  Israel)


Populares durante visita oficial do presidente Lula na Cisjordânia

Fotos: Ricardo Stuckert/PR








sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A OLP, enfim, decide valorizar a América do Sul e visita as comunidades palestinas

Tayseer Khaled conclui seus encontros com as comunidades palestinas no Brasil e Chile e retorna a Palestina

Concluiu Tayseer Khaled, Presidente do Departamento dos Expatriados no Comité Executivo da OLP- Organizacao para a Libertacao da Palestina, membro do Bureau Político da Frente Democrática para a Libertação da Palestina, a sua visita a vários países latino-americanos, incluindo Venezuela, Brasil e Chile, onde manteve uma série de reuniões com líderes e membros das comunidades palestinas desses países e discutiu com eles a situacao das comunidades e suas tarefas de organizar e desenvolver as suas relações com a OLP, já que as comunidades palestinas na diaspora sao consideradas bases populares da  OLP. e os palestinos na diaspora sao considerados membros naturais da OLP, em conformidade com o artigo IV dos seus Estatutos, o que confirma que os palestinos são todos membros naturais da OLP  no cumprimento do dever de libertar a  sua terra natal, de acordo com as suas energias e habilidades.

No Brasil, onde chegou depois de uma rodada de reuniões bem sucedidas com a comunidade na Venezuela, Tayseer Khaled visitou alguns estados e manteve encontros com lideres comunitarios. Em Brasília encontrou-se com lideres da comunidade e com os refugiados palestinos que fugiram para o Brasil para escapar do terrorismo sectario do qual foram vitimas em Bagdá. Esteve com as lideranças da comunidade da  Grande Porto Alegre que resultou em um acordo para convocar uma reunião ampla de todas as comunidades em todos os estados brasileiros no final deste ano, que resultaria na formacao de uma Comissão Preparatória  do Congresso da FEPAL – Federacao Arabe Palestina do Brasil, para eleger nova liderança para a comunidade no Brasil. Conforme o acordo, essa Comissao Preparatoria deve incluir todas as cores do espectro da política e das atividades econômicas, culturais e sociaisda comunidade.O Congresso da FEPAL devera ser realizado no primeiro semestre de 2011.

Tayseer Khaled participou de um programa de reuniões, visitas e seminários em Campo Grande e na regiao da Grande Porto Alegre onde se reuniu com Prefeitos, líderes das comunidades palestinas e árabes, das organizações civis e governamentais estaduais. No Município de Campo Grande, a comunidade palestina organizou uma grande manifestacao popular, onde, ao final do evento,  o Presidente da Câmara Municipal, o Sr. Powell Cioffi condecorou Taysser Khaled e o embaixador palestino Ibrahim al-Zabin  com a “Ordem de Mérito” na presença do Presidente da comunidade Jamal Salim e reperesentando o Governador do Estado.

Khaled encerrou seu programa de visitas ao Brasil na região da Grande Porto Alegre, onde vive uma numerosa comunidade palestina. Teve uma reunião com Sr. Elayyan Alladin, Presidente da FEPAL, com líderes comunitários, comerciantes, empresarios e com o presidente da comunidade palestina no estado do Paraná. Participou, juntamente com o embaixador da Palestina no Brasil, de em um seminário no clube palestino, que discutiu os últimos desenvolvimentos e acontecimentos políticos e do papel das nossas comunidades na luta nacional travada pelo povo palestino para defender os seus inalienáveis direitos nacionais ao retorno , `a auto-determinação e o estabelecimento do estado palestino independnete e Jerusalém como sua capital. Ele também se encontrou com os refugiados palestinos vindos do Iraque, protegidos e acolhidos oficialmente pelo Brasil.Taysser abordou os assuntos que preocupam os refugiados e relatou para os refugiados o encontro que teve com a ACNUR( Agencia da ONU para Refugiados)  onde foi acordado que a ACNUR deve continuar preservando os direitos e interesses dos refugiados , sendo que foi essa Agencia que supervisionou e organizou  a retirada forcada dos refugiados dos acampamentos de Rwueished e Alwalid . Taysser assegurou aos refugiados que o Departamento de Assuntos de Expatriados no Comité Executivo da OLP não poupará esforços no atendimento de seus interesses.

  
A última parada da turnê de Tayseer Khaled foi no Chile. Acompanhado da Embaixadora da Palestina no Chile, Dra. May Kayla, o Presidente Taysser manteve encontros com todas as personalidades, entidades e organizacoes da comunidade palestina no país, no qual a comunidade possui cerca de trezentos mil expatriados palestinos. Reuniu-se com membros da entidade Belém 2000 , o destacado empresario José Said e o Sr. Mario Nazzal, também se reuniu com líderes da Federacao Palestina do Chile, seu Presidente, o Sr.Abu Ghosh e o Sr.Geier Dharifeh. Reuni-se com o Conselho de Administração do Clube Palestino, que inclui a participação de milhares de pessoas da comunidade , com a Associação das Mulheres da Palestina e com a UGEP-União Geral dos Estudantes Palestinos do Chile. Visitou a Escola Árabe e se reuniu com a administração, os alunos e de membros da Associacao dePais. Em todos esses encontros, nos quais a Embaixadora da Palestina no Chile esteve presente, Taysser relatou aos líderes e membros da comunidade a  permanente evolução da luta política cruel que a liderança palestina trava com  o Governo de Israel anti-paz, relatou as opções de enfrentamento e as opções políticas na agenda da liderança palestina e do povo palestino, incluindo a opção de recorrer às Nações Unidas e convidar instituições e governos a reconhecer o Estado da Palestina nas fronteiras de junho de 1967 , o reconhecimento de Jerusalém como a capital do Estado da Palestina e aceitar o Estado da Palestina como um membro de pleno direito das Nações Unidas e ressaltou o papel das comunidades palestinas a participar na prestação de um amplo apoio para estas opções.

  
Tayseer Khaled, reuniu-se, durante a sua visita a estes países, com varios funcionários e autoridades de Ministeriros de relacoes exteriores e uma série de líderes partidários nesses países, onde apresentou o quadro da evolução política e as posições do Governo de Israel, que escolheu o caminho da política hostil de assentamento colonial ao invés de optar por uma solução política global do conflito para garantir a segurança e estabilidade para todos os povos e nações da região, incluindo o Estado da Palestina e de salvaguardar os direitos dos refugiados palestinos ao retorno para seus lares, em conformidade com as resoluções de legitimidade internacional e apelou para que apoiem as escolhas do povo palestino e seu direito nacional em face da política do Estado de Israel, anti-paz.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Série “Israel, sionismo e racismo” - Nº 01/2010

Conceito de paz na política israelense



Por Abdel Latif Hasan Abdel Latif, médico palestino

10/10/2010

Enquanto a fórmula para um acordo entre árabes e israelenses parece simples, as perspectivas da paz na região estão cada vez mais distantes.

Uma solução para o conflito, conforme consenso internacional, tem como base os seguintes elementos:

a) a retirada de Israel dos territórios árabes ocupados em 1967, inclusive Cisjordânia, Gaza, Jerusalém oriental e as colinas de Golan;

b) a criação de um Estado palestino, ao lado de Israel, nesses territórios, à exceção do Golan, que deve ser devolvido à pátria mãe Síria;

c) o direito de todos os Estados da região de viver em paz e segurança, dentro de fronteiras reconhecidas e definidas;

d) uma solução justa para a questão dos refugiados palestinos, conforme as resolução da ONU.


A iniciativa de paz dos países árabes, oferecendo reconhecimento total, em troca de retirada total, representou uma oportunidade histórica para chegar a um acordo. Mais uma vez, Israel perdeu mais uma oportunidade para uma solução pacífica do conflito, já que ignorou a oferta árabe, visando manter seu expansionismo.

Em lugar de tentar um acordo, Israel procura colocar novos obstáculos no caminho da paz:

a) continua construindo assentamentos para colonos judeus nos territórios ocupados, sabendo que não há paz com assentamentos;


b) cria novas exigências, como por exemplo, a mais recente que pretende que os palestinos reconheçam Israel como Estado exclusivo judeu, sabendo que não há consenso sobre isso, mesmo entre os judeus e que isso implicaria a negação da cidadania aos árabes israelenses.

O professor judeu israelense Shlomo Sand compara um Estado exclusivamente judeu com Estados Unidos exclusivamente evangélico ou França exclusivamente católica, algo inimaginável, inaceitável na atualidade.


c) tenta transformar o chamado processo de paz em rodadas intermináveis de negociações inócuas, para conseguir tempo para ampliar os “fait accompli”, fatos no solo.

O governo de Israel ignora até os conselhos dos amigos históricos daquele Estado, que alertam sobre o perigo da situação atual, em relação ao futuro de Israel e da região.

Por que Israel sempre evitou a paz?

A resposta a essa pergunta é encontrada na lógica do colonialismo. Israel é um projeto colonialista europeu, uma sociedade de imigrantes, construída sobre a destruição planejada de outro país e com a expulsão e limpeza étnica do povo nativo.

Israel não escapa do seu passado colonialista porque simplesmente as práticas desse projeto são a garantia de sua existência.

A paz ameaça essas sociedades mais do que a guerra. Historicamente, uma solução pacífica dos conflitos colonialistas significou o início do fim dessas aventuras de dominação racista. O mais recente exemplo é a África do Sul.

O conceito da paz das sociedades exclusivistas difere do que é aceito e reconhecido pela comunidade internacional e pelo bom senso e tem as seguintes características:

a) a “pax “ israelense é guerra silenciosa, não declarada.

Para os sionistas, a “pax” com os árabes é apenas um meio de chegar aos seus objetivos expansionistas.

Ben Gurion, arquiteto da criação de Israel e seu primeiro premier, deixou claro seu conceito de paz: “Não é para estabelecer a paz no país, que precisamos de um acordo”. A paz, segundo ele, é uma questão vital, porque é impossível construir um país em um estado permanente de guerra. Mas, para nós, dizia Ben Gurion, a paz é um meio, a meta e a plena realização do sionismo.

Melhor explicando, Bem Gurion dizia que um acordo com os árabes só seria possível após a total derrota e submissão dos árabes, ocasião em que Israel conseguiria impor de forma unilateral suas exigências e condições.

Até tal submissão idealizada pelos sionistas, não haveria paz.

Os políticos israelenses sempre fizeram das palavras de Ben Gurion seu verdadeiro programa político.

Não é paz que Israel procura, mas a realização do projeto sionista, que traz ínsitas a supremacia judaica na região, a submissão absoluta de todos os árabes, não apenas dos palestinos e a manutenção da região em estado de subdesenvolvimento e exploração pelas potências imperialistas.

Os sionistas, como todos os colonialistas, nada aprendem com a História.

Aqueles que lutam pela sua liberdade e independência vencerão e aqueles que tentam manter a ocupação, opressão, exploração, serão derrotados. É apenas uma questão de tempo.

As ideologias racistas, exclusivistas, militaristas, estão cada vez mais isoladas e condenadas no mundo.

A força bruta das armas é passageira, mas o anseio dos povos pela liberdade e independência é invencível, porque sendo essência, renasce em cada ser humano.


b) Não há paz entre colonizador e colonizado.

Os primeiros sionistas previam a impossibilidade de chegar a um acordo com os palestinos, devido às características do projeto colonialista na Palestina.

Jabotinsky, líder do chamado sionismo revisionista, escreveu, nos idos de 1920, que todo povo nativo iria resistir aos colonizadores estrangeiros, enquanto percebesse qualquer esperança de se livrar da ocupação. Sem a derrota absoluta e total dos árabes, não há um acordo possível.

Para ele, a única maneira de se chegar a um acordo no futuro, era evitar qualquer tentativa de se chegar a um acordo até que os árabes estivessem completamente derrotados e então haveria a imposição da vontade exclusiva do sionismo contra a população árabe, submissa por falta de opção.

Liebermann, atual ministro das relações exteriores de Israel, inequivocamente declarou em seu discurso na Assembléia Geral da Onu em setembro/2010, que um acordo de paz com os palestinos é impraticável em curto prazo. A paz talvez seja possível após algumas décadas.

A paz nunca foi prioridade para Israel ou para israelenses.

Um artigo publicado em 02/09/2010, na revista norte-americana TIME, mostrou que apenas 8% dos israelenses acreditam que chegar a um acordo com os palestinos é algo urgente. A paz, para eles, fica em quinto lugar, após educação, crime, segurança nacional e pobreza.

Para a revista, o assunto de paz na região tão crítica para o mundo, não parece ter importância em Israel.

O artigo causou muitas críticas entre os sionistas e apoiadores de Israel certo-ou-errado e foi classificado como propaganda árabe contra o Estado judeu, já que segundo eles, Israel quer a paz e trabalha por ela.[


c) As sociedades colonialistas necessitam de guerra.

Israel, como os outros projetos colonialistas e construído por imigrantes de diferentes partes do mundo, com culturas e línguas diversas, necessita de uma ameaça externa verdadeira ou imaginável para a formação da nova entidade colonialista e a tensão permanente é a garantia de sua unidade artificial.

Ben Gurion alertou para o perigo da paz ainda em 1953. Segundo ele, o estado de guerra era necessário para se chegar à fusão das diferentes comunidades em Israel.

Moshe Dayan, chefe do Estado maior israelense nos idos de 1950, considerava o conflito permanente com os vizinhos árabes uma necessidade vital para manter um alto nível d tensão entre a população israelense.

Segundo Dayan, “sem conflito, deixamos de ser um povo competitivo e sem a disciplina de um povo competitivo, estaremos perdidos”.

A lógica do sionismo é colonialista. Para existir, é necessário guerrear; para sobreviver, Israel deve matar e causar tanto sofrimento na população árabe de forma a submetê-la

A segurança dos colonizadores é a escravidão dos nativos.

O direito da vida deles é a sentença de morte ou submissão dos colonizados.

Não é difícil imaginar que essa lógica distorcida é altamente destrutiva também para sua própria sociedade.

A renúncia das premissas colonialistas é uma condição básica para se chegar a paz e reconciliação entre os povos.


d) Os crimes do passado e do presente impedem uma solução futura.

O que o sionismo fez e faz com os palestinos é injustificável sob qualquer ótica humanista. Destruir uma sociedade, expulsar um povo, fraudar a história, culpar as vítimas e praticar genocídio contínuo contra os palestinos, são crimes que devem ser reconhecidos e reparados. Verdade e Justiça para que haja a reconciliação dos povos.

Os colonizadores nunca reconhecem seus pecados originais e quando o fazem parcialmente chegam a conclusões distorcidas.

Moshe Dayan reconhecia que Israel foi construído após a destruição da Palestina e expulsão de seu povo. Em um encontro com estudantes israelenses em 1969, ele disse: “Estamos construindo um Estado judeu no lugar da Palestina árabe. As aldeias judaicas estão sendo construídas sobre as aldeias árabes que nós destruímos. Vocês não conhecem os nomes dos povoados árabes e eu não culpo vocês por isso, porque os livros de geografia daquela época não existem mais. Não só os livros não existem mais, mas também as aldeias árabes deixaram de existir. Não há uma única localidade judaica neste país que não tenha sido construída sobre as ruínas dos povoados árabes”.

Mesmo reconhecendo os crimes do sionismo contra os palestinos, ele chegou a uma conclusão tipicamente colonialista: “A força brutal é a garantia da existência e sobrevivência de uma entidade implantada na terra roubada do outro povo. Somos uma geração de colonizadores e sem o capacete de aço e o cano do fuzil, não seremos capazes de plantar uma única árvore ou construir uma única casa. Esse é nosso destino, a única opção que temos – estar preparados e armados, fortes e cruéis ou então, nossa espada escapará de nossa mão e será nosso fim”.

Os palestinos em Israel, nos territórios ocupados e na diáspora estão unidos na sua luta pela liberdade, independência e uma vida digna na sua pátria. Eles aceitam um compromisso histórico de dividir o que era deles há pouco mais de 60 anos. Eles aceitam apenas 22% de sua pátria histórica para construir um Estado ao lado de Israel.

Os sionistas, cegos pela suposição da superioridade racial judaica e pela arrogância do poder das suas armas, mais uma vez recusam reconhecer o mínimo dos direitos dos palestinos.

Israel tenta expulsar os palestinos do que sobrou de sua pátria e excluí-los da História, em uma nova tentativa para a solução final do que iniciou em 1948.

Israel tem quatro opções para lidar com a questão palestina:

1ª) tentar terminar o que iniciou com a criação do Estado judeu – limpeza étnica total, expulsão de todos os palestinos da Palestina histórica – GOYM REIM.

Essa não é uma opção real, pelo menos a curto e médio prazo, devido à oposição internacional e a resistência do povo palestino.

2ª) manter a situação atual: sistema de Apartheid dentro de Israel, com a discriminação étnica e racismo contra os palestinos, “cidadãos” do Estado israelense e manter a ocupação dos territórios árabes tomados manu militar em 1967, com a esperança de que no futuro seria possível se livrar dos nativos dessas terras.

3ª) anexar os territórios palestinos ocupados a Israel e isso criaria de fato um Estado binacional, com quase 50% da sua população goym (não-judaica).

4ª) tentar chegar a um acordo com os palestinos, que compreenda o mínimo das exigências internacionais para a paz duradoura.

Israel, na sua atual estrutura política, ideológica, econômica e social, é incapaz de oferecer aos palestinos uma solução minimamente justa.

Enquanto Israel tem de fato várias opções à sua disposição, os palestinos têm uma única opção: resistir e lutar pela libertação de sua pátria e defender-se da ocupação, racismo e apartheid.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

ELEIÇÕES 2010: PELA CONTINUIDADE DA POLÍTICA EXTERNA

José Reinaldo: Os sionistas mentem quando dizem querer a paz

A candidata Dilma Rousseff à Presidência da República pela coligação Para o Brasil Seguir Mudando, da qual fazem parte os comunistas, visitou na última segunda-feira a Confederação Israelita do Brasil, onde voltou a defender a política externa brasileira e ratificou as posições do governo do presidente Lula sobre o Irã. 

Por José Reinaldo Carvalho*


14 DE SETEMBRO DE 2010

Dilma afirmou que a relação com o país persa “é em busca da paz”. E num recado às forças imperialistas asseverou: “Qualquer um que abrir mão da paz está defendendo que o método correto é a guerra. E não é. As experiências no Iraque e no Afeganistão são dramáticas”. Ao mesmo tempo, a candidata demarcou-se daqueles que eventualmente neguem o holocausto: “É um fato histórico. As provas são contundentes, por isso mesmo, dramáticas”, pontuou.

São muitas as controvérsias quanto à interpretação de opiniões de líderes árabes e iranianos sobre o Holocausto. Negar sua negação é importante para não se cair na trampa de ser acusado de anti-judeu ou anti-semita. Rigorosamente, quem enxovalha a própria história do povo judeu são os sionistas no poder em Israel, porquanto cometem contra os árabes e especialmente os palestinos crimes semelhantes aos que Hitler praticou.

As declarações de Dilma apontam na direção correta. Também no que diz respeito à política externa, ela indica que dará continuidade à obra do governo Lula, conduzida durante os dois mandatos pelo Itamaraty, sob a gestão do ministro Celso Amorim, com eficiência, competência e visão estratégica correta quanto aos grandes problemas da geopolítica.

Particularmente em relação ao Oriente Médio o governo Lula fez algo comparável aos 12 trabalhos de Hércules.

Passe a expressão, por ser exata: Nunca antes na história da República o chefe de Estado havia visitado a região. Foram incontáveis as iniciativas brasileiras para fomentar as relações com os países árabes, das quais destacamos cinco, pelo seu significado.

A condenação brasileira à guerra de agressão dos EUA ao Iraque, dois meses depois da posse de Lula; a Primeira Conferência América Latina – Países Árabes, no primeiro mandato, realizada em Brasília, a ação solidária do Brasil com o Líbano, quando o país do cedro foi bombardeado em 2006 durante mais de um mês pela aviação israelense, a visita presidencial à Palestina ocupada e o acordo tripartite Brasil-Turquia-Irã em torno da questão nuclear, seguido pelo voto NÃO brasileiro no Conselho de Segurança das Nações Unidas às sanções propostas pelo imperialismo estadunidense.

Um rico acervo de realizações. Como se vê, há lógica, consistência e coerência na orientação brasileira em face da questão do Oriente Médio. Somos otimistas quanto à sua permanência. O Brasil pode e deve continuar desempenhando papel construtivo na criação de um ambiente propício à paz.

Durante o encontro com Dilma Rousseff, os dirigentes da Confederação Israelita entregaram-lhe um documento em defesa da democracia (!), pela preservação das liberdades políticas e a mobilização da sociedade na luta contra a pobreza (!) e reivindicando que o Brasil reafirme sua tradicional posição “em favor do direito de todos os povos do Oriente Médio à autodeterminação.” (sic).

Até aqui palavras, nada mais do que palavras, todas vazias de conteúdo, meras abstrações ou platitudes, lançadas no papel para iludir. Os sionistas mentem quando dizem querer a paz.

O verdadeiro objetivo do libelo sionista foi, entretanto, revelado em outro parágrafo do texto entregue a Dilma: “Todas as nações da região devem ter o direito de existir em paz e em segurança. Esse princípio é essencial para a solução de conflitos regionais”, sustenta o texto divulgado pela Confederação Israelita do Brasil, organização dedicada ao lobby sionista no país, à defesa dos interesses do Estado israelense, à difusão da sua ideologia racista e à estigmatização dos que se opõem aos crimes desse estado como anti-semitas e defensores do Holocausto.

O busílis da questão para o sionismo e que se encontra no substrato de toda a política de guerra e agressão de Israel contra os árabes em geral, os palestinos em particular e o Irã é a concepção, que vem da fundação do seu Estado em 1948, de que esses povos constituem uma ameaça à sua paz e segurança, com o que pretende justificar a sua própria natureza de Estado terrorista, genocida e a serviço da política imperialista estadunidense de domínio estratégico da região.

Há uma simbiose entre Israel e os Estados Unidos em função dos interesses que ambos defendem. Israel quer a sua expansão e, se possível, o extermínio dos palestinos. O imperialismo estadunidense quer seguir dominando o mundo, objetivo para o qual a conquista do Oriente Médio é fundamental.

A causa dos conflitos no Oriente Médio é a política agressiva e expansionista do Estado sionista israelense contra os povos árabes, em particular o povo palestino. E a política de domínio estratégico exercida pelo imperialismo norte-americano, que não se detém diante de nenhum crime, como atestam a guerra ao Iraque e o invariável apoio financeiro e militar aos agressores israelenses.

Defender a paz, na visão das forças antiimperialistas é também tomar partido do que é justo, é praticar a solidariedade com as vítimas do genocídio e da barbárie contidos nas guerras de agressão desencadeadas pelos sionistas e os imperialistas.

Palavras como paz e democracia não combinam com a conduta racista e belicista do movimento sionista espalhado pelo mundo.

A luta das forças anti imperialistas é política, nada tem a ver com reinterpretação de fatos históricos, com nacionalismo estreito e vulgar, muito menos com anti-semitismo. É uma luta pelo direito internacional, pela justiça, contra o militarismo e a guerra. Uma luta pela paz.

*Editor do Vermelho


http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=136940&id_secao=1


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Amorim defende continuidade da política externa



Para o chanceler, a linha adotada pelo Brasil deve ser mantida independentemente de quem ganhar a eleição de outubro. 'Os benefícios são tão óbvios', disse. 'Seria pouco sensato abandoná-la.'


Alexandre Rocha
alexandre.rocha@anba.com.br




Sérgio Tomisaki/Agência Meios Sérgio Tomisaki/Agência Meios
Amorim: acordo com Jordânia pode sair este ano

São Paulo – O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, defendeu a continuidade da política externa do governo brasileiro, independentemente de quem seja o vencedor da eleição para presidente em outubro. “Minha convicção é que a política externa não vai se alterar”, afirmou o chanceler, na noite desta sexta-feira (13), antes de jantar em sua homenagem oferecido pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira, em São Paulo.

“Mesmo aquelas pessoas com menor sensibilidade do ponto de vista político e cultural, ou que não têm interesse na paz mundial, que acham que a gente não deveria se envolver, não vão poder abandonar [a política externa]”, declarou Amorim.

Para ele, os benefícios da aproximação promovida pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com outros países em desenvolvimento, especialmente do Oriente Médio e África, “são tão óbvios”. Como exemplo, ele citou o aumento do comércio do Brasil com o mundo árabe, que saiu de pouco menos de US$ 5 bilhões em 2003, primeiro ano do primeiro mandato de Lula, para mais de US$ 20 bilhões em 2008.

“Os aspectos materiais são muito fortes”, disse. Ele ressaltou que, além da exportação de alimentos, empresas brasileiras vendem produtos de alto valor agregado, como aviões e veículos terrestres, além de realizarem investimentos industriais na região. O Brasil tem também atraído investimentos árabes. “Acho que a política será mantida, seria muito pouco sensato abandoná-la”, acrescentou.

Sérgio Tomisaki/Agência Meios Sérgio Tomisaki/Agência Meios
O chanceler com os diretores da Câmara Árabe Michel Alaby e Nahid Chicani (D)

A política externa do governo tem sido criticada pelo principal candidato da oposição à Presidência, José Serra (PSDB), ex-governador de São Paulo. Ele e a candidata da situação, Dilma Roussef (PT), ex-ministra da Casa Civil de Lula, são os dois candidatos mais bem avaliados nas pesquisas de opinião.

Questionado se permanecerá no ministério caso Dilma vença, Amorim afirmou que “isso não é importante”, mas sim que o governo tenha a cara do governante e que a área internacional “é a cara do governo fora do país”. “Acho que ela (Dilma) tem que ter total liberdade para escolher seus assessores”, afirmou. “O que é importante é que a linha [política] permaneça, e acho que ela vai permanecer”, destacou.

Mais acordos

Enquanto o governo Lula não acaba, Amorim disse que é possível fazer ainda mais na seara das relações com os países árabes. Atualmente o Brasil está na presidência rotativa do Mercosul e Amorim acredita, por exemplo, que a negociação de livre comércio com a Jordânia “pode avançar e até ser concluída”. Na semana passada, o bloco sul-americano firmou um tratado do gênero com o Egito, o primeiro com um país árabe.

Sérgio Tomisaki/Agência Meios Sérgio Tomisaki/Agência Meios
Schahin (C) e Amorim com embaixadores árabes
O chanceler acredita também que um acordo quadro para iniciar uma negociação semelhante com a Síria pode ser assinado até o final do ano.

Sobre outras tratativas do gênero já iniciadas, como com o Marrocos e o Conselho de Cooperação do Golfo (GCC), Amorim não fez previsões, mas disse que espera que o Brasil possa contribuir para que eles avancem. O GCC é composto por Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Catar, Kuwait e Omã.

No caso dos países do Golfo, o acordo emperrou por causa da resistência da indústria petroquímica do próprio Brasil em aceitar a redução de tarifas para importação de petroquímicos da região. Amorim afirmou que há também resistência no lado árabe no ramo de alimentos, especialmente dos produtores de carne de aves.

Ele ressaltou, porém, que em um caso como este “é preciso um pouco de audácia”, e citou o exemplo da negociação com o Egito, que foi facilitada pelo empenho pessoal do ministro da Indústria e Comércio do país árabe, Rachid Mohamed Rachid.

O chanceler destacou, por exemplo, que, se o acordo com o GCC não caminha na área de bens, pode-se avançar nas áreas de serviços e investimentos. Para ele, negociações assim são como uma “pescaria”, algumas vezes o retorno é fácil, mas em outras é preciso jogar a rede novamente. “É algo que exige tempo”, concluiu. (Veja abaixo vídeo com trechos da entrevista e imagens do evento)


Link do video:  






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Salim Schahin destaca 'ousadia' do chanceler


Em homenagem feita pela Câmara Árabe, o presidente da entidade afirmou que, com a gestão de Celso Amorim, a diplomacia brasileira inseriu o país no cenário internacional com o respeito que merece.


Alexandre Rocha
alexandre.rocha@anba.com.br
Sérgio Tomisaki/Agência Meios Sérgio Tomisaki/Agência Meios
Schahin: Brasil é hoje protagonista mundial
São Paulo – O presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Salim Taufic Schahin, destacou a "ousadia" do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, na condução da política externa do governo brasileiro. “O senhor ousou, senhor ministro”, afirmou Schahin, em discurso, durante jantar em homenagem ao chanceler na noite desta sexta-feira (13), no Esporte Clube Sírio, em São Paulo.

“A sua gestão nestes sete anos e meio de governo permitiu ao nosso país se inserir no cenário global, com o respeito que um país com dimensões continentais, com uma população de quase 200 milhões de habitantes e um dos dez maiores PIBs do mundo, merece”, disse o presidente da Câmara Árabe a um público formado por personalidades da comunidade de origem árabe, políticos, jornalistas, empresários e diplomatas.

Schahin ressaltou que hoje o Brasil “é um protagonista mundial, sem ufanismo, mas com responsabilidade”, e que essa situação foi alcançada “sem abrir mão da devida prudência sempre necessária na condução dos assuntos diplomáticos de um país”. “O país é hoje, graças ao binômio crescimento com inclusão social - pedras angulares do governo Lula -, reconhecido internacionalmente como uma potência emergente, e, como tal, é figura indispensável na discussão dos grandes problemas que continuam a afligir nosso planeta”, afirmou.

Sérgio Tomisaki/Agência Meios Sérgio Tomisaki/Agência Meios
Chanceler destacou cooperação da Câmara Árabe
O presidente da Câmara Árabe acrescentou que a “ousadia” mostrada pela política externa brasileira pode ser vista na construção de novas relações internacionais, na ampliação da cooperação Sul-Sul, na integração dos países sul-americanos e na criação de novos mecanismos de diálogo multilateral. “Desenvolvendo uma política externa multipolar e abrangente, construindo novas relações sem deixar de lado suas alianças tradicionais, o Brasil não se apequenou”, disse.

Schahin destacou que o chanceler fez 60 visitas a países árabes, foram assinados 44 atos bilaterais com essas nações em diferentes áreas e deu ênfase ao crescimento das exportações brasileiras à região, que, em sua avaliação, podem chegar a US$ 11 bilhões este ano.

Cooperação da Câmara

Amorim retribuiu a homenagem da Câmara Árabe e declarou que sem a cooperação da entidade “não teríamos feito um décimo do que fizemos”.

Sérgio Tomisaki/Agência Meios Sérgio Tomisaki/Agência Meios
Jantar ocorreu no Esporte Clube Sírio
Ele brincou que viajou quase tanto quanto Ibn Battuta, famoso explorador marroquino do século 14. “Me sinto muito engajado nessa tarefa de aproximação do Brasil com os países árabes”, afirmou. “Ir aos países árabes é também buscar nossa identidade”, acrescentou, referindo-se à origem de milhões de brasileiros.

O ministro ressaltou ainda que a diplomacia brasileira baseou-se nos últimos anos na busca por relações diretas com outros países em desenvolvimento. “Mostramos que o Brasil não precisa pedir licença para ninguém”, disse, em alusão às nações desenvolvidas, especialmente os Estados Unidos e União Européia. 

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