sábado, 30 de julho de 2016

Corrida pela Palestina será realizada em Foz do Iguaçu


PEDRO FONTOURA - JORNAL DO IGAUSSU




Corrida pela Palestina - Foz do Iguaçu














FOZ DO IGUAÇU - PR - A Embaixada do Estado da Palestina no Brasil, a Federação Árabe Palestina do Brasil, a Sociedade Árabe Palestina de Foz do Iguaçu e a Reach Education Fund dos Estados Unidos, apoiados pela Associação de Desenvolvimento de Esportes Radicais e Ecologia de Foz do Iguaçu, promovem no dia 13 de agosto a Corrida Pela Palestina.

A prova terá cinco quilômetros e tem por objetivo chamar a atenção para a situação das crianças e jovens palestinos atingidos pela guerra.

O Jornal do Iguassu conversou com os principais envolvidos na realização evento, que acontecerá simultaneamente em 34 cidades ao redor do mundo. O Embaixador da Palestina, Ibrahim Alzeben, destacou a necessidade de se chamar a atenção do mundo para a juventude palestina:


Ibrahim Alzebn, embaixador da Palestina
Alzeben: “impedem a criação do estado palestino
 no território da própria Palestina”
“A questão palestina já completará em breve 100 anos de espera pela solução pacifica e justa, conforme os direitos internacionais, portanto, estamos há cem anos correndo contra a injustiça. Portanto, essa corrida de Foz do Iguaçu é algo simbólico e está dentro da nossa lógica de luta pela Palestina livre e independente. Agradeço a todos que estão fazendo o possível para a realização dessa corrida, de maneira especial a Jihad Abu Ali, que é um brasileiro-palestino por excelência, que ama o Brasil, ama a Palestina e defende as causas e as lutas justas dos povos”.

Falando a respeito da ocupação do Estado da Palestina por Israel, o embaixador disse Ibrahim Alzeben: “Toda a Palestina está sob ocupação militar estrangeira e a força ocupante é Israel, que ocupa todo o território e impede a criação do estado palestino no território da própria Palestina. Usam e abusam na base da força militar para calar a voz libertária do povo palestino”.

LIBERDADE

O presidente da FEPAL, (Federação Árabe Palestina do Brasil), Elayyan Aladdin, que reside no Rio Grande do Sul, está atento a realização da Corrida Pela Palestina, que abrange um grande número de palestinos e simpatizantes da causa palestina, nos quatro cantos do mundo.

Elayyan Aladdin“O Brasil, o Estado do Paraná e Foz do Iguaçu têm sido solidários com a causa palestina e nós devemos agradecer a todos que estão envolvidos com a Corrida Pela palestina, que é um evento diferenciado, que traz o esporte, no momento que estamos vivendo as Olimpíadas, para a causa da educação na Palestina e também uma demonstração de paz. Que as pessoas possam olhar para o evento e para a Palestina e apoiar o povo para que tenha a sua liberdade”. 

Os organizadores estão pensando na educação na Palestina. “Nós já temos diversas organizações não governamentais do mundo inteiro, que levam programas voltados para essas crianças, para irem estudar na Europa, nos Estados Unidos, no Brasil e outros países, mas esse projeto, que é a Corrida Pela Palestina, é para que as crianças recebam o apoio para sua educação na própria Palestina, que essas mentes brilhantes, recebam o incentivo para permanecerem na Palestina, disse Alayyan.”.

Empresas e entidades que apoiam a Corrida

Itaipu, Mazaya, Class Decor, Grupo Fenix, Paulista Esportes, SKY Devices, Lojas Descontão, Ortoplan Franquias, FozStar Calçados, Gaba Home Center, Subway, Hostel Natura, Ouro Mil Semi Joias, Estacionamentos Bismillah, Yatta Pedras e Artesanato, Fila, Palestina Club, Acorrefoz, Foztrans, Sanepar, Embaixada do Estado da Palestina no Brasil, Guarda Municipal de Foz do Iguaçu, 14º Batalhão da Policia Militar, CEBRAPAZ, PTI e RPC.

Corrida em Foz deverá reunir cerca de 400 atletas

A nível local existe uma grande expectativa por Foz do Iguaçu ter sido escolhida como uma das 35 cidades ao redor do mundo, que vai receber um núcleo da Corrida pela Palestina, segundo Jihad Abu ALi, inclusive atletas palestinos que estão no Rio de Janeiro para participar das Olimpíadas e Para Olimpíadas.

Jihad
“Há dois meses recebemos a visita do coordenador geral da Corrida Pela Palestina, que veio dos estados Unidos depois de fazer um tour pela Europa, América Latina e África, para divulgar a Run For Palestine, que é uma corrida pela educação.

O projeto tem uma proposta interessante, que é chamar a atenção do mundo para a questão da educação na Palestina. Vai acontecer em 22 cidades dos Estados Unidos, uma cidade no Brasil, que é Foz do Iguaçu. A ideia foi abraçada por grandes parceiros como a ADERE, a Itaipu, a comunidade árabe em geral e importantes patrocinadores. A expectativa de participação é de 400 atletas profissionais e um segundo grupo, composto pela comunidade.

“A ideia é que a Corrida alcance sucesso no mundo inteiro, para que chamemos a atenção, mas antecipadamente garanto que vai ser um grande sucesso”, encerrou Jihad Abu ALi.

PERCURSO

A prova terá largada ao meio-dia em frente a RPC, na Avenida Pedro Basso, seguindo pela Avenida José Maria de Brito, Avenida Portugal e depois retorna pela Pedro Basso. Para cumprir os cinco quilômetros, será necessário completar duas voltas durante o percurso.


Fotos: Divulgação

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CORRIDA PELA PALESTINA

Informações e inscrições: http://2016.runforpalestine.com.br/


Run for Palestine - Brazil


Federação Palestina


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Atletas fizeram hoje reconhecimento do trajeto da Corrida pela Palestina. Veja o vídeo:




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quarta-feira, 27 de julho de 2016

Apoio à Palestina: Para Israel, questão de segurança e deportação

Mensagens pichadas nas paredes e nos estrados dos beliches declaram: “para cada membro do Movimento Internacional de Solidariedade deportado, mais dez virão”. Foi lendo essas frases escritas com pasta de dentes ou até com comida que as horas passaram no centro de detenção da Autoridade de População, Imigração e Fronteiras do Ministério do Interior israelense, para onde eu e tantos outros antes e depois de mim fomos levados para esperar a deportação. 


Por Moara Crivelente - Portal Vermelho

 
Jornalista e Cientista Política Moara Crivelente
Moara Crivelente



Após horas de interrogatório no aeroporto internacional de Ben Gurion, em Telavive, fomos declarados banidos por 10 anos, por “questões de segurança” – sem mais explicações. Somos ameaças.

A política israelense de deportação de ativistas solidários à causa palestina pelo fim da ocupação não é novidade. Em 2003, por exemplo, oito membros do International Solidarity Movement (Movimento Internacional de Solidariedade), todos europeus e norte-americanos, foram deportados porque protestavam contra o confisco de terras palestinas para a construção do muro israelense próximo a Jenin, na Cisjordânia ocupada, ou porque removiam obstáculos nas estradas próximas a Nablus, colocando em evidência a dificuldade para a movimentação dos palestinos em suas próprias terras.

Em 2011, cerca de duas centenas de ativistas foram detidos e deportados ao chegarem no aeroporto. Uma notícia do diário israelense Haaretz de julho daquele ano comenta que um grupo de 25 pessoas “suspeitas de serem ativistas pró-palestinos” teriam suas entradas negadas. Além deles, outros 69 já haviam sido interrogados por aqueles dias e seus destinos eram a deportação. O Ministério do Transporte de Israel entregara também uma lista com os nomes de outras 342 pessoas que as companhias aéreas estrangeiras não deveriam sequer deixar embarcar.

A notícia no Haaretz conta que “Israel teve sucesso em impedir até o momento [9 de julho de 2011] a entrada de 200 passageiros que desejavam vir a Israel como parte da campanha Bem-Vindo à Palestina, que organizou um ‘vooaço’ ao Oriente Médio neste final de semana para visitas de solidariedade aos territórios palestinos.” E esta é apenas uma parte da tática israelense de perseguir qualquer manifestação de solidariedade aos palestinos. As campanhas acadêmicas e o movimento por Boicote, Desenvolvimento e Sanções têm sido os alvos mais visíveis. Também são perseguidas organizações israelenses de defesa dos direitos humanos e uma rede de soldados que decidiu comentar as arbitrariedades que o Exército comete na Palestina ocupada – Breaking the Silence.

Também há inúmeros casos de palestinos deportados por Israel desde o início da ocupação militar. De 1967 a 1992, de acordo com a organização israelense B’Tselem, Israel deportou 1.522 palestinos dos seus próprios territórios. Em 2002, haviam sido deportadas 32 pessoas da Cisjordânia para a Faixa de Gaza, por “decisões administrativas”, ou seja, sem que os deportados fossem acusados de algo ou tivessem suas defesas ouvidas.

Deportar a solidariedade como “razão de segurança”?

Em sete horas de espera no aeroporto, fui interrogada repetidamente. Logo na primeira vez uma dupla dos serviços de segurança se apresentou dizendo já estar decidido que eu seria deportada, a menos que – disse aquele que representava o papel do compreensivo – eu cooperasse.

“Cooperar” significava contar sobre cada canto da Palestina em que estive nas visitas anteriores e cada pessoa que conheci. Quase insistiram também que eu dissesse ter visto manifestantes palestinos atirarem pedras contra soldados nos protestos em que afirmaram saber que eu estive, porque tinham fotos tiradas pelos soldados. Pediram-me a senha do meu celular. Fui cordial e respondi o máximo de perguntas até então — inclusive contando que meu propósito era fazer um curso de Direito Internacional com a organização Al-Haq e que sou também doutoranda, com foco na questão — mas recusei a dar minha senha ou contatos. Aquilo era uma oportunidade para os “serviços de segurança” conseguirem nomes e “culpados” palestinos. Em 2015, Gary Spedding, um ativista britânico, passou por algo semelhante. As autoridades de segurança copiaram contatos e mensagens pessoais do seu telefone. Ele foi deportado, acusado de possivelmente vir a causar tumultos devido às suas mensagens nas redes sociais.

Tive mais algumas interações com agentes, que se dirigiam a mim à base de imperativos, levando-me de uma sala para outra, para o serviço de fronteiras, onde recolheram minhas digitais e tiraram uma foto, depois para o local onde revistaram meticulosamente minha mala e o meu corpo, e então para outra sala, onde esperei – só depois entendi, já que não me davam informações – pelo transporte até o centro de detenção. Veio como uma nova ordem: “entre no carro.” Estava sozinha com dois agentes; entrei no banco de trás de uma van com os vidros e o espaço do condutor tapados com placas de metal.

No centro de detenção, finalmente consegui informações sobre meu voo de volta, que sairia em nove horas. Lá conheci uma jovem australiana que esperava havia quatro dias e só partiria no quinto. Deram-nos uma ligação telefônica e comida, 10 minutos no pátio e uma porta trancada por fora. Esperamos. Num momento do dia, chegamos a ser nove pessoas naquele quarto feito cela, com cinco beliches. A maior parte era de mulheres da Ucrânia, Moldávia, Geórgia e do Uzbequistão que planejavam fazer turismo, mas cuja entrada foi negada.

A australiana era outra ameaça: ousara participar de um protesto, em uma visita anterior, em Bil’in, onde também estive. Lá, um comitê popular luta contra a ocupação israelense manifesta na vila por detenções, repressão e pelo muro que engolfou uma porção das terras agricultáveis – não sem resistência, em parte vitoriosa, pois o curso do muro teve de ser desviado. O próprio coordenador do comitê, Abdallah Abu Rahma, que já esteve preso antes, espera o julgamento por novas acusações.

Do centro de detenção, fui levada de carro diretamente até a porta do avião. Um agente me acompanhou para dentro da aeronave e entregou ao comissário de bordo meus documentos – que estiveram com eles todo esse tempo. Brasileiros não precisam de visto para entrar em Israel, nem israelenses precisam de visto para entrar no Brasil. Entretanto, uma conta das deportações dificilmente seria equilibrada entre os dois países. Muito menos por questões políticas. Em 2015, mais dois brasileiros de ascendência palestina foram barrados quando integravam um grupo de movimentos sociais em visita de solidariedade, vindos do Fórum Social Mundial na Tunísia. Também estão banidos.

Voltar é uma impossibilidade pelos próximos 10 anos — ou até que os palestinos possam finalmente exercer soberania sobre suas fronteiras, ou ainda que a Embaixada de Israel conceda uma “permissão especial”. Se a experiência resulta em um apelo, é pelo fim da ocupação israelense. Afinal, este é o alvo: a solidariedade ao povo palestino, que resiste, e a luta pela libertação da Palestina.

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domingo, 19 de junho de 2016

Serra e Israel

Esplanada das Mesquitas - Jerusalém
O Monte do Templo é um lugar sagrado para judeus, cristãos e muçulmanos, sendo também um dos locais mais disputados do mundo. Foto: EBC

Por Salem Nasser


Não deixa de ser interessante observar como um governo interino, precário, age como se destinado à permanência, ao longo prazo

Não só deixa a impressão de que nada está acontecendo no Senado e de que já não há uma presidente suspensa que poderia voltar, mas faz também pensar que teria sido de fato eleito e, portanto, estaria legitimado para redirecionar os destinos do País.

Escolhas fundamentais que determinarão em alguma medida nosso futuro são feitas pelo governo de um presidente que jamais estaria sentado na cadeira se não tivesse sido o vice-presidente sob a bandeira de escolhas diferentes.

É também assim na política externa, agora comandada pelo portador de um projeto derrotado nas urnas todas as vezes desde 2002.

Mas não é apenas nosso comportamento futuro que Serra quer mudar. Na semana que passou, uma nota do Ministério das Relações Exteriores expressou o desejo de mudar o que já está consumado.

nota fazia referência a uma decisão do Conselho Executivo da UNESCO sobre o Patrimônio Cultural nos Territórios Palestinos Ocupados, aprovada por 33 votos, inclusive o brasileiro, a 6 e 17 abstenções, em abril último.

Nosso ministério faz agora críticas ao que seria o caráter parcial da decisão, por não levar em conta os laços históricos do povo judeu com a cidade velha de Jerusalém, indica que votará diferentemente no futuro caso o mesmo vício se verifique e, portanto, indica que se tivesse que votar hoje se juntaria aos seis derrotados.

Não deve haver surpresa em relação a esse desejo de que o passado fosse outro, quando o desejoso não se furtava, enquanto o passado se fazia, de fazer as suas críticas.

Mas a nota não é apenas a expressão desse desejo. Ela é um aceno, uma concessão, uma espécie de pedido de desculpas, uma promessa de romance e enlaces futuros.

Não se sabe se a demanda por todas essas coisas chegou cochichada ao ouvido de José Serra ou se ele as ofereceu movido pela espontaneidade de alguma paixão.

E para fazer os gestos, levou-se o Itamaraty a responder ao que não estava na decisão da UNESCO e a pedir que ela dissesse o que não fazia parte de seu objeto.

Essencialmente, a decisão afirma a responsabilidade que tem Israel, enquanto potência ocupante, de preservar o sítios históricos de toda a velha cidade de Jerusalém e especificamente aqueles relacionados aos lugares santos do Islã, e lamenta a violação por Israel de suas obrigações em relação a essa preservação.

Afirmar os laços históricos do povo judeu em relação ao muro ocidental, como pede a nota brasileira, serviria a quê? Seria um lembrete a Israel de que deve também preservar o muro ocidental ou seria oferecer a Israel uma desculpa para seguir colocando em risco os monumentos outros e restringindo o acesso dos palestinos a eles?

Um ministro que nos prometia uma política externa “de Estado”, por oposição àquela “de governo e de partido” antes praticada, parece querer mudar radicalmente o posicionamento brasileiro em uma questão central da política internacional.

Ironicamente, esse era um daqueles temas em que o grupo político do próprio ministro insistiu por muito tempo que o Brasil não deveria se meter, porque não era para o nosso bico.

Afastamo-nos agora do consenso internacional, namoramos o opressor e seus padrinhos em detrimento do oprimido e da justiça e o fazemos por alguma razão, desconhecida, que não tem nada a ver com os interesses do Estado brasileiro.

Eis de volta o tempo das genuflexões.




SALEM NASSER ensaia aqui um certo olhar, diferente, sobre Oriente Médio, Islã, Mundo Árabe e mais algumas coisas.


Doutor em Direito Internacional pela Universidade de São Paulo (2004). Graduado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1990), obteve um DSU - Diploma Superior da Universidade em Direito Internacional Privado e um DEA - Diploma de Estudos Aprofundados em Direito Internacional Público - da Universidade de Paris II - Panthéon Sorbonne (1992 e 19933). Desde 2004, é professor da Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getulio Vargas.


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sábado, 7 de maio de 2016

Londres elegeu seu novo prefeito: ele é muçulmano, de esquerda e filho de um motorista de ônibus


"Refugiados são bem-vindos", diz cartaz. Foto: Swlondoner




O muçulmano Sadiq Khan é eleito o novo prefeito de Londres


No El País Brasil


O trabalhista Sadiq Khan será o novo prefeito de Londres. Com 99% dos votos apurados, o candidato trabalhista abria na tarde desta sexta-feira nove pontos de vantagem sobre seu rival conservador, Zac Goldsmith, tornando-se assim o primeiro prefeito muçulmano a governar uma capital ocidental.

A vitória em Londres, governada há oito anos pelo conservador Boris Johnson, era crucial para o Partido Trabalhista, que saiu desta superquinta com um balanço agridoce. O partido de oposição, em seu primeiro teste nas urnas desde que o socialista Jeremy Corbyn assumiu sua liderança, em setembro, continua dominante nos municípios ingleses – perde seis pontos percentuais de apoio desde o último pleito municipal, mas subiu quatro em relação à eleição geral de 2015. Na Escócia, por outro lado, os trabalhistas sofreram um revés e perderam o domínio para os consevadores – o que já era esperado, mas nem por isso é menos notável. Ganhar em Londres, portanto, contribuiria para acalmar os numerosos deputados que veem a guinada à esquerda sob Corbyn como um suicídio eleitoral.

A disputa pela prefeitura de Londres – terceiro maior mandato pessoal da Europa, atrás dos presidentes de França e Portugal – foi acirrada. Os ataques pessoais entre os dois principais candidatos (de um total de 12) ofuscaram o necessário debate sobre os colossais desafios que a capital enfrenta. Goldsmith acusou Khan de radical, por compartilhar palanque com extremistas islâmicos, e Khan reagiu tachando seu adversário de islamofóbico.

Nos últimos dias, a campanha ficou ainda mais turvada por causa de um escândalo de antissemitismo surgido no seio do Partido Trabalhista, que resultou na suspensão de uma deputada e do veterano Ken Livingston, prefeito de Londres entre 2000 e 2008, e numa investigação interna ordenada por Corbyn. Mas seus críticos o acusaram de reagir tarde demais, e o próprio Khan admitiu que o caso poderia ter prejudicado a sua campanha.

Os perfis dos dois candidatos não poderiam ser mais diferentes. Sadiq Khan, de 46 anos, é filho de um motorista de ônibus paquistanês. Zac Goldsmith, de 41, é o bilionário herdeiro de uma dinastia de banqueiros. Khan cresceu num imóvel subsidiado pelo Estado; Goldsmith, numa mansão. Khan estudou em colégio público; Goldsmith, no elitista Eton. Khan é muçulmano praticante, defende o casamento homossexual e trabalhou como advogado pró-direitos humanos antes de se eleger parlamentar pelo distrito de Tooting, na zona sul da cidade, em 2004. Goldsmith é um judeu não praticante, que dirigiu uma revista de assuntos ambientais e foi eleito em 2010 por Richmond, na zona oeste.


O referendo de 23 de junho sobre a permanência do país na União Europeia também pairou sobre a campanha eleitoral. Khan é um europeísta convicto, ao passo que Goldsmith – filho de um fervoroso eurocético que fundou nos anos noventa o Partido do Referendo – faz campanha pelo Brexit. Por isso, muita gente tentará ver nesta eleição uma antessala da consulta a ser realizada daqui a um mês e meio.

Fonte: O cafezinho 

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Diga sim à democracia! - Nota da Federação Palestina

Intolerencia e ódio - islamofobia
Universidade Mackenzie- São Paulo - 28/03/16 - Todos os
cartazes e faixas tem o fundo amarelo e a faixa "Não islamização no Brasil -
Fechar fronteiras" esteve em dois lugares distintos no mesmo dia (foto abaixo),
o que indica a atuação de um grupo organizado. 
(Foto de Taís Taís - Jornalistas Livres)


islamofobia, intolerencia e ódio
Av. Paulista - em frente ao prédio da FIESP - 28/03/16 
(As fotos foram extraidas de um vídeo gravado dentro de um ônibus




NOTA DA FEPAL - FEDERAÇÃO ÁRABE PAELESTINA DO BRASIL

 03/03/2016


DIGA SIM À DEMOCRACIA 



Aos nossos amigos e amigas, a todos e todas da comunidade muçulmana, palestina e árabe em geral,
Por todo o Brasil, aumentam os casos de muçulmanos e muçulmanas (as mais vulneráveis) que são ameaçadas e atacadas na rua. Mesquitas são invadidas e vandalizadas. Também, se multiplicaram os casos de agressões e ameaças nas redes sociais. Somente no Estado do Rio de Janeiro, os casos denunciados de violência contra os muçulmanos aumentou 1016% em 2015 em relação à 2014. Denunciamos e repudiamos que setores da imprensa incitem o preconceito e o ódio ao relacionar o terrorismo com os árabes, palestinos e a religião islâmica e seus mais de 1,6 bilhões de fiéis no planeta. Na lista anexa, vários artigos e denuncias, datados a partir de 2011, abordam o assunto do aumento da violência e como setores da imprensa contribuem para que isso aconteça.
Observamos, que a partir de 2015, tem acontecido, com maior frequência, tanto no plano virtual das redes sociais como no cotidiano real, invasões e depredações à sede de sindicatos, entidades estudantis e partidos políticos (houve até um atentado com bomba), ameaças e violencias verbais e físicas a mulheres e homens públicos, seguidores de religiões afro-brasileiras, grupos das mais diversas orientações sexuais, etc. Pode-se constatar que as componentes motivadoras dessa violência são de ordem ideológica, política, religiosa, e/ou racial.
Muitos analistas sociais e políticos viam essa situação de violência não como um fenômeno generalizado, mas como ações de indivíduos e pequenos grupos, agindo na calada da noite ou em comentários de indivíduos nas redes sociais, sem nenhuma ligação direta com grupos mais organizados ou pertencentes a este ou aquele partido. O quadro mudou, a situação não é mais a mesma!
O momento conturbado por que passa o país fez confluir diversos agentes promotores e executores da violência que agora mostram a cara em público, na rua e na universidade (ver fotos abaixo), levantando a palavra de ordem “Não Islamização no Brasil – fechar as fronteiras”.
A violência passou a atingir, de forma mais virulenta e orgânica, não só os muçulmanos e muçulmanas, mas outros segmentos sociais, políticos, religiosos, étnicos e ideológicos da sociedade. Esse novo quadro é muito preocupante e nos impõe imperiosas indagações para refletirmos: que Brasil queremos para nossos filhos, netos, amigos, familiares e o povo da nossa pátria brasileira? Quando uma sociedade começa atingir esse nível de cultura do ódio e desumanização do outo, os meios para sanar e pacificar a sociedade estão previstos na Constituição que rege o Estado Democrático de direito e as garantias individuais ou não ? A saída é exigir que os três poderes constituídos dialoguem com a sociedade organizada e reafirmem que a lei é para todos e dever ser cumprida ou devemos nos guiar cada um por seus interesses individuais e da tribo a que pertencemos, assumindo a aplicação imparcial e flexível das leis?
Não há solução fora da lei, fora da Constituição. Todos nós brasileiros estamos no mesmo barco, independente de classe social. Não permitamos que um muçulmano seja culpado de terrorismo até que ele prove o contrário! A Constituição diz: todos os cidadãos são iguais perante a lei, ninguém acima da lei, todos os cidadãos são inocentes até que o acusador apresente as provas materiais e prove o teor de sua acusação.
Não se trata de defender esse ou aquele partido, de ser contra ou favor do governo, se trata de defender a democracia para todos os brasileiros para que possam exercer a sua cidadania em sua plenitude conforme os preceitos da Constituição da República Federativa do Brasil.
Defendamos a manutenção do Estado Democrático de Direito e as garantias individuais, antes que seja tarde e não tenhamos mais liberdade para pensar, para cultuar nossas tradições e costumes, nem para recorrer à JUSTIÇA!!!
O golpe contra a democracia já está em marcha, não permitamos que o Estado de Excessão se estabeleça!
A unidade de todos em torno do regime democrático e das normas constitucionais é a saída única. Não queremos, tememos e lutaremos para que outra saída não seja permitida.
Só a democracia para todos tolera e respeita a diversidade cultural e religiosa! Só a democracia pode resguardar os direitos das minorias e maiorias! Só na democracia constitucional vigente o país poderá encontrar a solução politica, sem a qual, não se resolverão os problemas da economia.
Só a democracia definida na Constituição, obedecida sem nehum subterfúgio, sem nenhum atalho, poderá garantir a estabilidade política, social e econômica que todos almejam.
Nossos filhos e netos haverão de escrever a história de hoje, aquela que seus pais e avós estão fazendo hoje!
Os brasileiros saberão evoluir a partir dos ensinamentos da história de um passado recente!
Diga sim à Democracia!

Saudações democráticas,

Elayyan Aladdin - Presidente
Emir Mourad - Secretário geral
Ualid Rabah - Diretor
Fátima Ali - Diretora



quinta-feira, 17 de março de 2016

Recital Dia da Terra - Palestina



Recital Dia da Terra - Palestina



 RECITAL DIA DA TERRA - PALESTINA

  
Biblioteca Mário de Andrade

29/03 - Terça - 19 h

R. da Consolação, 94 - Consolação, São Paulo - SP
Metrô Anhangabaú


O recital “Dia da Terra”, que acontecerá no dia 29 de março, terça-feira, a partir das 19h, na Biblioteca Mário de Andrade, contará com a participação dos poetas Claudio Daniel, Ruy Proença, Marcelo Ariel, Rubens Jardim, Khaled Mahassen, Célia Abila, Marcelo Adifa e Rosana Piccolo, que lerão poemas de autores palestinos contemporâneos, como Mahmoud Darwish, Salim Jabran, Tawfik Az- Zayad e Samih al Qassim, além de composições de autores brasileiros relacionados com o tema da Palestina, sua história, sua cultura e os seus desafios para a autodeterminação.

O Dia da Terra (em árabe: يوم الأرض)  é uma data do calendário palestino, comemorada no dia 30 de março para recordar a ocupação de suas terras pela colonização sionista e afirmar a sua aspiração à autodeterminação e soberania nacional. A origem da data está nos eventos ocorridos em 30 de março de 1976,  quando aconteceram greves e manifestações de protesto em cidades palestinas situadas em Israel contra o anúncio de um plano do governo israelense de expropriar 25.000 dunums (25 milhoes m²) na Galileia, por "razões de segurança e para construção de assentamentos". O exército israelense de ocupação reprimiu duramente as manifestações e seis palestinos foram mortos, na área de Al Jahil. Desde 2007, o Dia da Terra Palestina é celebrado com ações do movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções  (BDS), que visa pressionar as autoridades israelenses a realizarem negociações sérias para a paz na região.


Sobre os poetas:


Claudio Daniel nasceu em São Paulo, em 1962.  É poeta, tradutor, ensaísta e doutor em Literatura Portuguesa pela USP. Foi curador de Literatura e Poesia no Centro Cultural São Paulo entre 2010 e 2014 e colunista da revista CULT. Publicou diversos livros de poesia, entre eles A sombra do leopardo, Figuras metálicas e Cadernos bestiais.

Rubens Jardim, 69 anos, fez parte da Catequese Poética nos anos 60, participou da 1ª Bienal Internacional de Poesia e publicou 3 livros: Ultimatum (1966), Espelho riscado (1978) e Cantares da paixão (2008) --e uma plaquete: Fora da estante (2012). Publicou em diversas antologias, no Brasil e no exterior. No seu blog www.rubensjardim.com divulga a série AS MULHERES POETAS desde 2011.

Marcelo Ariel é poeta, performer e ensaísta. Autor dos livros Retornaremos das cinzas para sonhar com o silêncio, Ed.Patuá, O rei das vozes enterradas, Ed. Córrego, entre  outros. Coordena cursos de criação literária.
  
Célia Abila é poeta, participou do Laboratório de Criação Poética e publicou poemas em blogues, sites e revistas de literatura, como Germina, Cronópios e Zunái. É autora do livro de poesia Civilização em aneis de guepardo.

Marcelo Adifa é poeta. Recentemente publicou a obra Exílio, onde retrata, por meio de versos, sua experiência fora do país, tem também o livro A Quem se Fizer Estrela.  Além de suas duas obras, Marcelo participou de diversas antologias temáticas com grandes poetas brasileiros, entre elas 29 de abril – o verso da violência. Na música, já compôs canções em parceria com Lula Barbosa, Vidal França, João Bá e Lluis Llach.

Khaled Mahassen é poeta e empresário no setor de turismo. Publicou poemas em blogues, sites, revistas e na antologia Poetas da Palestina.

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Palestinos: O Dia da Terra*

Por Maurício Tragtenberg**

 Amanhã, dia 30, o povo palestino comemora o “Dia da Terra”, que surgiu como lembrança histórica da resistência que em 1976, os vários palestinos da Galiléia (território ocupado em 1948) manifestaram contra a invasão e ocupação de suas terras pelo Estado em Israel.

 Como acontece nessas ocasiões houve repressão e violência por parte das autoridades militares de ocupação, onde foram indiscriminadamente atingidos homens, mulheres, velhos e crianças. É impossível destruir um povo que por mais de trinta séculos construiu sua cultura, suas obras materiais e espirituais.

 Enquadrada no plano da destruição da cultura e identidade do povo palestino estão as universidades palestinas construídas nas ‘zonas ocupadas’ pelo Estado em Israel.

  Através da Ordenança Militar 854, uma das 1.080 ordenações militares que modificam a legislação jordaniana, em vigor na Cisjordânia, o Estado detém em suas mãos a permissão de funcionamento de qualquer instituição educacional, que implica no controle pelas autoridades do pessoal acadêmico, dos programas e manuais de ensino.

  Uma das iniciativas que afetou gravemente o funcionamento das universidades palestinas nas ‘zonas ocupadas’ foi que a partir de 1983 os professores estrangeiros –na realidade palestinos com passaportes de diversas nacionalidades estrangeiras – tenham que assinar uma declaração, segundo a qual, comprometem-se a não dar apoio algum à OLP nem a qualquer organização terrorista. Ante a recusa unânime do corpo de professores em assinar tal ignominioso papel, a repressão foi terrível.

  A Universidade d’An-Najah teve dezoito professores expulsos, enquanto outros três que estavam no Exterior foram proibidos de ingressar na Cisjordânia. Bir-Zeit perdeu cinco e a Universidade de Bethléem perdeu doze de seus professores.

  O fechamento temporário de universidades é outra medida que as “autoridades” de ocupação lançam mão; entre 1981/2 a Universidade de Bir-Zeit ficou fechada sete meses. A Universidade de An-Najah em 1982/3 ficou fechada durante três meses consecutivos, as Universidades de Bethléem e Hebron conheceram igual destino.

  Com o fim de vencer a resistência cultural palestina, a detenção de estudantes pelos motivos mais fúteis é coisa comum em todas as universidades da Cisjordânia. Os detidos são confinados na prisão de Fara’a, no Vale do Jordão. Segundo a advogada Lea Tsemel, o detido, conforme a “lei de urgência” (do período do Mandato Britânico) pode ficar incomunicável durante dezoito dias, sem culpabilidade definida nem visita de advogado. Por trazer consigo um panfleto ilegal o detido pode assim ficar durante 48 dias.

  O “tratamento” é o mais degradante possível: duchas frias, golpes, insultos.

  O presidente do Conselho de Estudantes de An-Najah, condenado a seis anos de prisão em 1974, não só afirmou ter sido torturado como também afirmou: “todos os prisioneiros palestinos são torturados.”

  Porém, a Universidade de Bir-Zeit é um foco de resistência cultural palestina; organiza atividades culturais fundada na cultura popular palestina. Possui uma biblioteca significativa aberta à consulta pública.

  Os dados a respeito da situação de resistência cultural palestina acima descrita nos foram fornecidos por Sônia Dayan-Herzbrun e Paul Kessler, que testemunham: “O fato de sermos judeus não afeta nossa objetividade em relação ao tema tratado. A consciência de nossa identidade judaica e das responsabilidades inerentes a ela nos levaram a participar do Centro de Cooperação com a Universidade Bir-Zeit.” (Le Monde Diplomatique, julho de 1984)

É o que também pensamos. O “Dia da Terra” é a reafirmação de um povo que pode ser expropriado, espezinhado, torturado, caluniado;vencido nunca.

 * Publicado in: Folha de S. Paulo, 29.03.1985.

 ** Maurício Tragtenberg, 54, professor do Departamento de Ciências Sociais da Fundação Getúlio Vargas SP) e da PUC-SP, escreveu, entre outros livros, “Administração, Poder e Ideologia.


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