sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Na Palestina a "demolição pode vir a qualquer momento" (por Jade Lopes)

Os acompanhantes ecumênicos na Palestina se dividem em seis times, em seis regiões diferentes da Cisjordânia ocupada. Cada região tem suas especificidades – alguns monitoram check points por onde passam os trabalhadores, outros acompanham crianças a caminho da escola, por exemplo. Mas há um tipo de incidente que tem se tornado cada vez mais comum em todas as regiões: as demolições levadas a cabo quase que diariamente pelas forças de segurança israelenses.


Desde os Acordos de Oslo de 1993, o território da Cisjordânia ocupada foi dividido em três áreas: a Área A, que fica sob controle civil e securitário da Autoridade Palestina (AP); a área B, onde a AP lida com os assuntos civis mas os órgãos militares israelenses se encarregam da parte de segurança; e a área C, que fica totalmente sob controle do poder ocupante tanto em assuntos militares quanto civis, o que inclui planejamento urbano e concessão de permissões para qualquer tipo de construção. A área C corresponde a cerca de 60% to território da Cisjordânia, enquanto que 22,8% é área B (os centros dos vilarejos rurais) e apenas 17,2% é considerado área A (os centros urbanos)1. Como mostra o mapa do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (UNOCHA), a única área contígua da Cisjordânia é a C, enquanto que as áreas A e B são como ilhas de territórios mais ou menos autônomos. Toda a extensão das fronteiras, assim como as principais estradas, são controladas pelas forças israelenses.


Essa divisão deveria ser temporária e teoricamente tinha por objetivo facilitar a retirada gradual do exército israelense da Cisjordânia: dentro de cinco anos, a área C deveria ser considerada B e as áreas B deveriam virar A – mas isso nunca aconteceu.

Apesar de ser, hoje, irregular, essa divisão afeta a população palestina todos os dias, especialmente aqueles que vivem área C. Eles são impedidos de construir novas casas ou abrigos para seus animais e até de reformar antigas estruturas sem antes conseguir permissão das autoridades israelenses. O processo para se candidatar a uma permissão é burocrático, demorado, caro, e mesmo assim é praticamente impossível que ela seja concedida2. Dessa forma, é muito comum que as famílias comecem a construir suas casas sem autorização. Nesses casos, as autoridades israelenses podem demolir as construções a qualquer momento.

Foi o que aconteceu com a comunidade beduína de Ein Ar-Rashash. Aqui, o alvo das demolições não eram nem sequer estruturas permanentes, mas tendas.



Todo o vilarejo foi demolido em fevereiro deste ano. Nos dias que se seguiram novas tendas foram providenciadas pela ONG Acted e em pouco tempo a comunidade se reergueu, mas desde então eles vivem sob constante ameaça de uma nova demolição. As 12 famílias que formam essa comunidade já tem um histórico de deslocamentos: antes da fundação do Estado de Israel em 1948, viviam no deserto do Negev; depois disso foram forçadas a se mudar para El-Khalil (Hebron), depois para os arredores de Jerusalém Oriental, para os arredores de Jericó e agora vivem aqui, em Ein Ar-Rashash na região de Nablus. Ao ser perguntado sobre o que espera do futuro, Ali Sahwahra responde:

“Que futuro? Estamos sitiados aqui. Não podemos ir a lugar nenhum porque cada vez mais terras na nossa volta viram assentamentos ou zonas de treinamento militar. Nem de noite temos descanso. Geralmente as pessoas dormem e descansam à noite, mas aqui, de noite ficamos ainda mais tensos. Dormimos ansiosos, de meia em meia hora, porque a qualquer momento o exército ou os colonos podem chegar e fazer o que quiserem conosco.”

O vilarejo beduíno de Al-Araqib oferece um exemplo extremo desse tipo de situação: no dia dois de novembro, a comunidade foi demolida pela 105ª vez desde 2010 – sendo que a penúltima demolição havia ocorrido menos de um mês antes, no dia 6 de outubro. 3

Segundo o artigo 53 da IV Convenção de Genebra4, referente à proteção de civis em tempos de guerra e em territórios ocupados, é proibido ao poder ocupante destruir qualquer tipo de construção no território ocupado, exceto se absolutamente necessário para fins militares. Em casos como os dessas vilas beduínas, demolidas e reconstruídas incontáveis vezes, não fica claro que tipo de ameça as tendas, as famílias e os rebanhos representam à segurança do Estado de Israel. Mesmo assim, de temos em tempos, as escavadeiras chegam e colocam tudo abaixo mais uma vez.




Na verdade, nem é necessário que a construção seja considerada irregular para que seja demolida. A cidade de Beita, na região de Nablus, é majoritariamente área B, o que significa que é necessário apenas conseguir permissão das autoridades palestinas para construir. Na madrugada do dia 3 de novembro, três lojas foram demolidas pelas forças militares israelenses. Os terrenos são de propriedade privada e estavam sendo alugados com permissão da prefeitura de Beita. Mohammed A., dono de uma dessas lojas, trabalha com alguns familiares e a renda do negócio sustenta suas respectivas famílias, o que soma cerca de 60 pessoas. Mohammed nos conta que recebeu a ordem de demolição há um ano e meio, e desde então já havia tomado medidas legais por meio de um advogado, alegando que o terreno era em área B e a construção estava regularizada – em vão.




Apesar das dificuldades e do sentimento permanente de insegurança, a vida segue em frente sob a ocupação militar. No dia seguinte à demolição, Mohammed e alguns familiares já se empenhavam na reconstrução das estruturas que haviam sido destruídas.


A política de demolições executada por Israel é ilegal do ponto de vista do direito internacional em mais de um aspecto, pois contraria a IV Convenção de Genebra e se baseia em um mecanismo criado para ser temporário, que deveria ter acabado em 1998. Para a população palestina, é um beco sem saída: não é possível construir na maior parte das terras, e, mesmo nos vilarejos onde deveria ser possível, as forças israelenses podem demolir sem restrições – e, claro, sem oferecer compensação. A sensação de vulnerabilidade é permanente, mas a população resiste a cada vez que decide reerguer suas casas, suas lojas, os abrigos de seus animais. Por aqui, existir é resistir.

1- Norwegian Refugee Council Training Manual (2015): Housing, Land and Property in the West Bank, Area C. pg. 18

2 - Norwegian Refugee Council Training Manual (2015): Housing, Land and Property in the West Bank, Area C. pg. 32-22





Jade Lopes é formada em Relações Internacionais e no momento participa de um programa de observação de direitos humanos na Palestina chamado PAEPI (Programa de Acompanhamento Ecumênico na Palestina e em Israel – EAPPI na sigla em inglês).


Fonte: Sul21


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terça-feira, 15 de novembro de 2016

Dia Nacional da Declaração do Estado da Palestina - 15 de Novembro


palestinos e as bandeiras do Estado da Palestina

O Secretário Geral da OLP, Dr. Saeb Erekat, marcou o Dia Nacional do Estado da Palestina


Comunicado de Imprensa - 15/11/16


Nós marcamos 28 anos desde que o Conselho Nacional Palestino, representando palestinos em todo o mundo, declarou o Estado da Palestina na fronteira de 1967, endossando todos os princípios do direito internacional e das resoluções da ONU. Este momento histórico também marcou a dolorosa concessão de reconhecer Israel sobre 78% da Palestina histórica.

Israel encontrou nosso compromisso histórico com mais opressão e desapropriação. O número de colonos hoje ultrapassa 650.000, contra 180.000 há 28 anos. O nosso povo heróico, tanto no exílio como na pátria, manteve-se firme no caminho da liberdade e da independência.

A comunidade internacional falhou na sua responsabilidade de corrigir esta injustiça histórica e permanente, e tentou equalizar as responsabilidades do ocupante e do ocupado. Essas falhas só alimentaram a cultura israelense de impunidade e ódio, incluindo suas agressões diárias contra o nosso povo.

A nossa visão de paz baseia-se na Iniciativa de Paz Árabe: Dois Estados soberanos na fronteira de 1967, com Jerusalém Oriental como capital da Palestina e uma solução justa para a questão dos refugiados baseada na Resolução 194 da UNGA, em troca da normalização completa das relações entre o resto da nossa região e o Estado de Israel.

Em contraste, Israel tem apenas planos de oferta para expansão de assentamentos, tensões regionais e mais discriminação, racismo e ódio. A ocupação de nosso país trouxe um enorme custo para nossa nação, incluindo o roubo em curso de nossos recursos naturais e violações sistemáticas de nossos direitos humanos e nacionais. Mais uma vez, apelamos à comunidade internacional para que ponha termo a todas as relações com Israel, incluindo a proibição de todos os produtos de colonização, a alienação de empresas que lucram direta ou indiretamente com a ocupação israelense e sanção frente a negação do nosso direito inalienável à autodeterminação.

Jerusalém Oriental foi ocupada e ilegalmente anexada há quase 50 anos. Não haverá um Estado independente da Palestina sem Jerusalém Oriental sendo sua capital. Apesar das tentativas israelenses de mudar sua identidade histórica, incluindo sua contínua separação do resto da Palestina, as ameaças ao status quo no Conjunto da Mesquita Al-Aqsa, as restrições para acessar o Santo Sepulcro e, mais recentemente, uma lei para impedir que as mesquitas anunciem suas chamadas para as orações, o Adhan, a Palestina continuará a defender os direitos do nosso povo e do património em Jerusalém, uma cidade sagrada para as três religiões monoteístas, como foi decidido pela UNESCO.

Ao longo dos últimos 28 anos, o Estado da Palestina foi reconhecido por 138 Estados e obteve adesão plena em várias organizações internacionais, incluindo o Tribunal Penal Internacional. Também fomos reconhecidos como um estado nas Nações Unidas. Este processo bem sucedido de internacionalização é tanto um direito soberano como uma mensagem de esperança para o nosso povo. Exortamos, pois, os Estados que não reconheceram a Palestina a fazê-lo, a fim de reafirmar os nossos direitos nacionais e de evitar o colapso total da solução dos dois Estados.

Há alguns dias, 11 de novembro, marcou 12 anos desde que nosso líder, Yasser Arafat, deixou este mundo. Sobre a nossa declaração de independência lida em 15 de novembro de 1988, o Presidente Arafat disse: "Exortamos nosso grande povo a se unir à bandeira da Palestina, a defendê-la e amá-la para que ela seja sempre o símbolo da nossa liberdade e dignidade nessa Pátria, que é uma pátria para o livre, agora e sempre."


Continuamos o nosso caminho rumo à independência do nosso Estado, elevando nossa orgulhosa bandeira. Isso inclui o nosso trabalho em organizações internacionais, já que estamos trabalhando para apresentar uma resolução diante do Conselho de Segurança da ONU nas próximas semanas. Exortamos todos os membros, particularmente os Estados Unidos, a permitir que o Conselho de Segurança exerça sua responsabilidade pela paz e segurança na Palestina.


Tradução: Blog Sanaúd-Voltaremos
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Yasser Arafat declara o Estado da Palestina independente na reunião do Consleho Nacional Palestino - 15/11/1988




Arafat declara o Estado da Palestina independente


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segunda-feira, 22 de agosto de 2016

A história da catarinense que trabalhou como voluntária em campo de refugiados na Palestina

Manuela Jorge - refugiados palestinos
Além de ampliar visão de mundo, Manuela Jorge casou-se com Dawud Alazraq, palestino 
nascido e criado no campo de refugiados de Aida - Foto: Felipe Carneiro / Agencia RBS


Manuela Jorge sempre se encantou pelas questões do Oriente Médio e direito humanitário. No dia seguinte à colação de grau em Relações Internacionais pela Unisul, em 2013, estava em um avião para passar seis meses na cidade palestina de Belém, na região da Cisjordânia, para trabalhar como voluntária no campo de refugiados de Aida. A proposta era ampliar a visão de mundo, mas não imaginava que a experiência fosse ser tão transformadora: ela se apaixonou, casou, adiou projetos de estudos no Canadá e conquistou uma bolsa na Universidade de Glasgow, na Escócia.

Antes de partir para a Palestina, a catarinense de 26 anos, natural de Florianópolis, fez um trabalho de imersão atuando na comunicação de duas ONGs locais. Entre ações militares de Israel e de guerrilha dos palestinos, aprendeu que as generalizações são ainda mais perigosas:

– O que mais me impressionou foi a diferença de visão que surge depois de se compreender melhor os outros e o seu mundo. Ter uma religião em comum não significa que são ou somos todos iguais.

Manuela acrescenta que a convivência com outras culturas em Belém, cidade que recebe muitos turistas, colabora para uma miscigenação de orientais e ocidentais. Ainda assim, ressalta a opressão do exército de Israel sobre os palestinos.


– É um território palestino de direito pela ONU, mas que está recortado pela força militar israelense. Aida é um lugar cercado por um muro ilegal, onde uma base do exército revida pedradas com tiros. Os palestinos vivem em estado de ocupação, sem liberdade ou perspectiva socioeconômicas – avalia a estudante.

Força a mais para buscar o sonho

As experiências culturais deram a Manuela o entendimento de que as relações humanas e entre países são extremamente conectadas e consequências umas da outras. Para ela, não há como desassociar a situação dos refugiados que cruzam o mar em situação precária para entrar na Europa com o caos que esses países enfrentam com as guerras no Oriente Médio.

— O mundo é muito mais do que vemos em casa nos noticiários. Construímos valores de "isso sempre foi assim, isso está longe demais, não me afeta" e esquecemos que são pessoas e que, sim, as consequências impactam o mundo inteiro — diz.

Sem pretensão de mudar o mundo, Manuela busca o sonho de tornar pelo menos a vida de algumas pessoas melhor. Depois de se afastar dos estudos, após o retorno para o Brasil, ela conseguiu uma bolsa na Universidade de Glasgow, na Escócia, para o mestrado em Direito Humano e Política Internacional.

Estudar fora era um sonho que mantinha desde 2013, em sua primeira passagem pelo Oriente Médio. O amor a levou a adiar os planos. Manuela se apaixonou por Dawud Alazraq, palestino nascido e criado no campo de refugiados de Aida. Os dois casaram ainda na Palestina e retornaram para o Brasil.

Até conhecer Dawud, Manuela tinha pretensões de fazer mestrado no Canadá, mas adiou o plano porque ele a afastaria do amado. Três anos depois, com incentivo do marido, resolveu retomar o objetivo. A resposta veio diretamente da Escócia, para onde ela embarca ao lado de Dawud no dia 28 deste mês.

Fonte: Diário Catarinense

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quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Google eliminou denominação geográfica Palestina, denuncia sindicato


Google, onde está a Palestina?




O nome da Palestina não aparece no Google Maps. Um sindicato denominado Fórum de Jornalistas Palestinos denunciou que o Google eliminou o nome do país de sua ferramenta cartográfica. Fontes da empresa indicaram ao EL PAÍS que o Google não apagou a denominação ou qualquer outra informação sobre a região e que não houve mudança em relação à Palestina nem à região em geral.

Em sua versão atual, o Google Maps não mostra nem “Cisjordânia” nem “Palestina” sobre o território cisjordaniano, mas mantém “Israel” nos territórios israelenses. Também não há denominação genérica no caso da Faixa da Gaza, embora apareça o nome da cidade de Gaza.

O sindicalizado de jornalistas atribui a suposta decisão do Google a um “plano israelense para firmar seu nome como Estado legítimo nas gerações futuras e abolir o nome da Palestina para sempre”. “O movimento pretende falsificar a história, a geografia e o direito dos palestinos a sua pátria”, indicou a organização, citada pelo site Middle East Monitor. O sindicato exigiu que a empresa de tecnologia se retrate das supostas mudanças. Musa Shaer, diretora da entidade, pediu “muita pressão” para que o Google devolva o termo Palestina ao mapa. O Twitter repercutiu a polêmica com a etiqueta Palestine is here.

Os mapas do Google mostram as fronteiras nacionais com uma linha contínua e grossa e as fronteiras regionais com uma linha mais fina. No caso de Cisjordânia e Gaza, a fronteira com Israel figura como uma linha tracejada. Sobre a divisa cisjordaniana se lê, em inglês, “Linha do acordo de armistício de 1949” e sobre a de Gaza, “Linha do acordo de armistício de 1950”. O Google marca com uma linha pontilhada os limites das Colinas de Golã. No caso da fronteira entre a Cisjordânia e a Jordânia, o mapa também opta por uma linha pontilhada, com a legenda “Linha do tratado de 1990”.

A ferramenta reconhece a localização dos territórios em sua ferramenta de busca por texto. Ao teclar “Palestina”, mostra-se o mapa completo de Israel e dos territórios palestinos. Ao introduzir “Cisjordânia”, destaca em vermelho especificamente o território cisjordaniano. A ferramenta responde mostrando uma ampliação da cidade da Gaza, não de toda a Faixa, quando se pede para localizar a zona.


Em um comunicado oficial que não menciona o caso específico de Israel e Palestina, a empresa com sede na Califórnia explicou que a informação de seus mapas provém de fontes diversas. “Os dados básicos (como os nomes de lugares, fronteiras ou rodovias) são obtidos de uma combinação de fornecedores e fontes públicas. Em geral, essa informação é muito completa e se atualiza continuamente, mas a quantidade de dados com que contamos varia de um lugar para outro”, aponta o Google.

Fonte: EL PAÍS


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domingo, 31 de julho de 2016

Palestinos estão sem uniformes nas Olimpíadas Rio 2016, Israel barrou na alfândega

Palestina - Olimpiada Rio 2016
Atletas Simon Yacoub e Ahmed (Gebrel) ao centro posam ao lado de técnico alemão e da chefe de missão da Palestina Ghayda Abuzazayyad - Imagem: Fábio Aleixo/UOL


Na reportagem de Fábio Aleixo no UOL Olimpíadas 2016 em 31/07/16 , intitulada “Palestinos sofrem sem uniformes na Rio-2016 e fazem apelo ao COI”, relata que:

Os atletas da Palestina que participarão da Olimpíada do Rio de Janeiro a partir de sexta-feira vivem uma situação delicada a seis dias da cerimônia de abertura. Estão sem roupas de treinamento e competição e não sabem como farão para resolver o problema.
 Isso ocorre pois todo o equipamento esportivo enviado pela fabricante chinesa Peak está preso na alfândega de Israel, segundo informou ao UOL Esporte a chefe de delegação Ghayda Abuzazayyad.

Leia a matéria completa: 




 Os esportistas palestinos sofrem , igual ao seu povo,  a ocupação militar de Israel. Tudo é dificultado, desde a locomoção para os locais de competição e treinos até para passar material esportivo na alfandega israelense. O povo palestino é cercado por ar, mar e terra, tudo que sai e entra na Palestina é controlado por Israel.  Há inúmeros relatos dos sofrimentos, inclusive mortes,  pelos quais passam os atletas palestinos e palestinas. 

A delegação palestina que está no Rio para as olimpíadas é composta por seis atletas:

Mary Al Atrash – Natação - 50 metros estilo livre
Ahmed Jibril – Natação – 200 e 400 metros estilo livre
Mayada Sayad – Atletismo - Maratona
Mohammed Abu Khousa – Atletismo – 100 e 200 metros rasos
Christian Zimerman – Hipismo
Simon Yacoub - Judô


Palestina - Rio 2016
A nadadora Mary Al Atrash relatou para o Portal Terra toda a sua trajetória esportista:



Palestina nas Olimpíadas rio 2016Hussam Fares Azzam será o único para-atleta palestino a participar das Paraolimpíadas de 2016 no Brasil, praticando o arremesso de peso. Azzam já ofereceu ao seu país, à Palestina, inúmeras medalhas. Sendo um para-atleta, palestino e residente em Gaza, na faixa litorânea sob bloqueio pelo Estado de Israel e pelo Egito, o esportista tem encontrado diversas dificuldades.” : relato do Conselho de Cidadãos na Palestina em sua página no Facebook onde procura apoio ao para-atleta:  https://www.facebook.com/ccbpal/?fref=ts





Saiba um pouco mais da trajetória palestina no esporte:


A MULHER ÁRABE, CRISTÃ E JOGADORA DE FUTEBOL QUE FUNDOU A SELEÇÃO DA PALESTINA E CHEGOU À FIFA



A DURA TRAJETÓRIA DA PALESTINA NO FUTEBOL

Palestinos superaram prisões, bombardeios, interrogatórios e perda de atletas para estar na elite do continente



CARTA ABERTA À FIFA PEDE EXPULSÃO DE ISRAEL


PALESTINA NAS OLIMPIADAS 2012: VITÓRIA DE UMA NAÇÃO MASSACRADA!
Os atletas palestinos nos jogos olímpicos de Londres-2102 são embaixadores do seu povo, embaixadores da paz, justiça e liberdade.


PALESTINA NAS OLIMPÍADAS 2008

http://sanaud-voltaremos.blogspot.com.br/2008/08/esporte-palestina-nas-olimpiadas-2008.html



VEJA TAMBÉM:





CORRIDA PELA PALESTINA SERÁ REALIZADA EM FOZ DO IGUAÇU






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sábado, 30 de julho de 2016

Corrida pela Palestina será realizada em Foz do Iguaçu


PEDRO FONTOURA - JORNAL DO IGAUSSU




Corrida pela Palestina - Foz do Iguaçu














FOZ DO IGUAÇU - PR - A Embaixada do Estado da Palestina no Brasil, a Federação Árabe Palestina do Brasil, a Sociedade Árabe Palestina de Foz do Iguaçu e a Reach Education Fund dos Estados Unidos, apoiados pela Associação de Desenvolvimento de Esportes Radicais e Ecologia de Foz do Iguaçu, promovem no dia 13 de agosto a Corrida Pela Palestina.

A prova terá cinco quilômetros e tem por objetivo chamar a atenção para a situação das crianças e jovens palestinos atingidos pela guerra.

O Jornal do Iguassu conversou com os principais envolvidos na realização evento, que acontecerá simultaneamente em 34 cidades ao redor do mundo. O Embaixador da Palestina, Ibrahim Alzeben, destacou a necessidade de se chamar a atenção do mundo para a juventude palestina:


Ibrahim Alzebn, embaixador da Palestina
Alzeben: “impedem a criação do estado palestino
 no território da própria Palestina”
“A questão palestina já completará em breve 100 anos de espera pela solução pacifica e justa, conforme os direitos internacionais, portanto, estamos há cem anos correndo contra a injustiça. Portanto, essa corrida de Foz do Iguaçu é algo simbólico e está dentro da nossa lógica de luta pela Palestina livre e independente. Agradeço a todos que estão fazendo o possível para a realização dessa corrida, de maneira especial a Jihad Abu Ali, que é um brasileiro-palestino por excelência, que ama o Brasil, ama a Palestina e defende as causas e as lutas justas dos povos”.

Falando a respeito da ocupação do Estado da Palestina por Israel, o embaixador disse Ibrahim Alzeben: “Toda a Palestina está sob ocupação militar estrangeira e a força ocupante é Israel, que ocupa todo o território e impede a criação do estado palestino no território da própria Palestina. Usam e abusam na base da força militar para calar a voz libertária do povo palestino”.

LIBERDADE

O presidente da FEPAL, (Federação Árabe Palestina do Brasil), Elayyan Aladdin, que reside no Rio Grande do Sul, está atento a realização da Corrida Pela Palestina, que abrange um grande número de palestinos e simpatizantes da causa palestina, nos quatro cantos do mundo.

Elayyan Aladdin“O Brasil, o Estado do Paraná e Foz do Iguaçu têm sido solidários com a causa palestina e nós devemos agradecer a todos que estão envolvidos com a Corrida Pela palestina, que é um evento diferenciado, que traz o esporte, no momento que estamos vivendo as Olimpíadas, para a causa da educação na Palestina e também uma demonstração de paz. Que as pessoas possam olhar para o evento e para a Palestina e apoiar o povo para que tenha a sua liberdade”. 

Os organizadores estão pensando na educação na Palestina. “Nós já temos diversas organizações não governamentais do mundo inteiro, que levam programas voltados para essas crianças, para irem estudar na Europa, nos Estados Unidos, no Brasil e outros países, mas esse projeto, que é a Corrida Pela Palestina, é para que as crianças recebam o apoio para sua educação na própria Palestina, que essas mentes brilhantes, recebam o incentivo para permanecerem na Palestina, disse Alayyan.”.

Empresas e entidades que apoiam a Corrida

Itaipu, Mazaya, Class Decor, Grupo Fenix, Paulista Esportes, SKY Devices, Lojas Descontão, Ortoplan Franquias, FozStar Calçados, Gaba Home Center, Subway, Hostel Natura, Ouro Mil Semi Joias, Estacionamentos Bismillah, Yatta Pedras e Artesanato, Fila, Palestina Club, Acorrefoz, Foztrans, Sanepar, Embaixada do Estado da Palestina no Brasil, Guarda Municipal de Foz do Iguaçu, 14º Batalhão da Policia Militar, CEBRAPAZ, PTI e RPC.

Corrida em Foz deverá reunir cerca de 400 atletas

A nível local existe uma grande expectativa por Foz do Iguaçu ter sido escolhida como uma das 35 cidades ao redor do mundo, que vai receber um núcleo da Corrida pela Palestina, segundo Jihad Abu ALi, inclusive atletas palestinos que estão no Rio de Janeiro para participar das Olimpíadas e Para Olimpíadas.

Jihad
“Há dois meses recebemos a visita do coordenador geral da Corrida Pela Palestina, que veio dos estados Unidos depois de fazer um tour pela Europa, América Latina e África, para divulgar a Run For Palestine, que é uma corrida pela educação.

O projeto tem uma proposta interessante, que é chamar a atenção do mundo para a questão da educação na Palestina. Vai acontecer em 22 cidades dos Estados Unidos, uma cidade no Brasil, que é Foz do Iguaçu. A ideia foi abraçada por grandes parceiros como a ADERE, a Itaipu, a comunidade árabe em geral e importantes patrocinadores. A expectativa de participação é de 400 atletas profissionais e um segundo grupo, composto pela comunidade.

“A ideia é que a Corrida alcance sucesso no mundo inteiro, para que chamemos a atenção, mas antecipadamente garanto que vai ser um grande sucesso”, encerrou Jihad Abu ALi.

PERCURSO

A prova terá largada ao meio-dia em frente a RPC, na Avenida Pedro Basso, seguindo pela Avenida José Maria de Brito, Avenida Portugal e depois retorna pela Pedro Basso. Para cumprir os cinco quilômetros, será necessário completar duas voltas durante o percurso.


Fotos: Divulgação

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CORRIDA PELA PALESTINA

Informações e inscrições: http://2016.runforpalestine.com.br/


Run for Palestine - Brazil


Federação Palestina


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Atletas fizeram hoje reconhecimento do trajeto da Corrida pela Palestina. Veja o vídeo:




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quarta-feira, 27 de julho de 2016

Apoio à Palestina: Para Israel, questão de segurança e deportação

Mensagens pichadas nas paredes e nos estrados dos beliches declaram: “para cada membro do Movimento Internacional de Solidariedade deportado, mais dez virão”. Foi lendo essas frases escritas com pasta de dentes ou até com comida que as horas passaram no centro de detenção da Autoridade de População, Imigração e Fronteiras do Ministério do Interior israelense, para onde eu e tantos outros antes e depois de mim fomos levados para esperar a deportação. 


Por Moara Crivelente - Portal Vermelho

 
Jornalista e Cientista Política Moara Crivelente
Moara Crivelente



Após horas de interrogatório no aeroporto internacional de Ben Gurion, em Telavive, fomos declarados banidos por 10 anos, por “questões de segurança” – sem mais explicações. Somos ameaças.

A política israelense de deportação de ativistas solidários à causa palestina pelo fim da ocupação não é novidade. Em 2003, por exemplo, oito membros do International Solidarity Movement (Movimento Internacional de Solidariedade), todos europeus e norte-americanos, foram deportados porque protestavam contra o confisco de terras palestinas para a construção do muro israelense próximo a Jenin, na Cisjordânia ocupada, ou porque removiam obstáculos nas estradas próximas a Nablus, colocando em evidência a dificuldade para a movimentação dos palestinos em suas próprias terras.

Em 2011, cerca de duas centenas de ativistas foram detidos e deportados ao chegarem no aeroporto. Uma notícia do diário israelense Haaretz de julho daquele ano comenta que um grupo de 25 pessoas “suspeitas de serem ativistas pró-palestinos” teriam suas entradas negadas. Além deles, outros 69 já haviam sido interrogados por aqueles dias e seus destinos eram a deportação. O Ministério do Transporte de Israel entregara também uma lista com os nomes de outras 342 pessoas que as companhias aéreas estrangeiras não deveriam sequer deixar embarcar.

A notícia no Haaretz conta que “Israel teve sucesso em impedir até o momento [9 de julho de 2011] a entrada de 200 passageiros que desejavam vir a Israel como parte da campanha Bem-Vindo à Palestina, que organizou um ‘vooaço’ ao Oriente Médio neste final de semana para visitas de solidariedade aos territórios palestinos.” E esta é apenas uma parte da tática israelense de perseguir qualquer manifestação de solidariedade aos palestinos. As campanhas acadêmicas e o movimento por Boicote, Desenvolvimento e Sanções têm sido os alvos mais visíveis. Também são perseguidas organizações israelenses de defesa dos direitos humanos e uma rede de soldados que decidiu comentar as arbitrariedades que o Exército comete na Palestina ocupada – Breaking the Silence.

Também há inúmeros casos de palestinos deportados por Israel desde o início da ocupação militar. De 1967 a 1992, de acordo com a organização israelense B’Tselem, Israel deportou 1.522 palestinos dos seus próprios territórios. Em 2002, haviam sido deportadas 32 pessoas da Cisjordânia para a Faixa de Gaza, por “decisões administrativas”, ou seja, sem que os deportados fossem acusados de algo ou tivessem suas defesas ouvidas.

Deportar a solidariedade como “razão de segurança”?

Em sete horas de espera no aeroporto, fui interrogada repetidamente. Logo na primeira vez uma dupla dos serviços de segurança se apresentou dizendo já estar decidido que eu seria deportada, a menos que – disse aquele que representava o papel do compreensivo – eu cooperasse.

“Cooperar” significava contar sobre cada canto da Palestina em que estive nas visitas anteriores e cada pessoa que conheci. Quase insistiram também que eu dissesse ter visto manifestantes palestinos atirarem pedras contra soldados nos protestos em que afirmaram saber que eu estive, porque tinham fotos tiradas pelos soldados. Pediram-me a senha do meu celular. Fui cordial e respondi o máximo de perguntas até então — inclusive contando que meu propósito era fazer um curso de Direito Internacional com a organização Al-Haq e que sou também doutoranda, com foco na questão — mas recusei a dar minha senha ou contatos. Aquilo era uma oportunidade para os “serviços de segurança” conseguirem nomes e “culpados” palestinos. Em 2015, Gary Spedding, um ativista britânico, passou por algo semelhante. As autoridades de segurança copiaram contatos e mensagens pessoais do seu telefone. Ele foi deportado, acusado de possivelmente vir a causar tumultos devido às suas mensagens nas redes sociais.

Tive mais algumas interações com agentes, que se dirigiam a mim à base de imperativos, levando-me de uma sala para outra, para o serviço de fronteiras, onde recolheram minhas digitais e tiraram uma foto, depois para o local onde revistaram meticulosamente minha mala e o meu corpo, e então para outra sala, onde esperei – só depois entendi, já que não me davam informações – pelo transporte até o centro de detenção. Veio como uma nova ordem: “entre no carro.” Estava sozinha com dois agentes; entrei no banco de trás de uma van com os vidros e o espaço do condutor tapados com placas de metal.

No centro de detenção, finalmente consegui informações sobre meu voo de volta, que sairia em nove horas. Lá conheci uma jovem australiana que esperava havia quatro dias e só partiria no quinto. Deram-nos uma ligação telefônica e comida, 10 minutos no pátio e uma porta trancada por fora. Esperamos. Num momento do dia, chegamos a ser nove pessoas naquele quarto feito cela, com cinco beliches. A maior parte era de mulheres da Ucrânia, Moldávia, Geórgia e do Uzbequistão que planejavam fazer turismo, mas cuja entrada foi negada.

A australiana era outra ameaça: ousara participar de um protesto, em uma visita anterior, em Bil’in, onde também estive. Lá, um comitê popular luta contra a ocupação israelense manifesta na vila por detenções, repressão e pelo muro que engolfou uma porção das terras agricultáveis – não sem resistência, em parte vitoriosa, pois o curso do muro teve de ser desviado. O próprio coordenador do comitê, Abdallah Abu Rahma, que já esteve preso antes, espera o julgamento por novas acusações.

Do centro de detenção, fui levada de carro diretamente até a porta do avião. Um agente me acompanhou para dentro da aeronave e entregou ao comissário de bordo meus documentos – que estiveram com eles todo esse tempo. Brasileiros não precisam de visto para entrar em Israel, nem israelenses precisam de visto para entrar no Brasil. Entretanto, uma conta das deportações dificilmente seria equilibrada entre os dois países. Muito menos por questões políticas. Em 2015, mais dois brasileiros de ascendência palestina foram barrados quando integravam um grupo de movimentos sociais em visita de solidariedade, vindos do Fórum Social Mundial na Tunísia. Também estão banidos.

Voltar é uma impossibilidade pelos próximos 10 anos — ou até que os palestinos possam finalmente exercer soberania sobre suas fronteiras, ou ainda que a Embaixada de Israel conceda uma “permissão especial”. Se a experiência resulta em um apelo, é pelo fim da ocupação israelense. Afinal, este é o alvo: a solidariedade ao povo palestino, que resiste, e a luta pela libertação da Palestina.

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