Além de ampliar visão de mundo, Manuela Jorge casou-se com
Dawud Alazraq, palestino
nascido e criado no campo de refugiados de Aida - Foto:
Felipe Carneiro / Agencia RBS
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Manuela Jorge sempre se encantou pelas questões do Oriente
Médio e direito humanitário. No dia seguinte à colação de grau em Relações
Internacionais pela Unisul, em 2013, estava em um avião para passar seis meses
na cidade palestina de Belém, na região da Cisjordânia, para trabalhar como
voluntária no campo de refugiados de Aida. A proposta era ampliar a visão de
mundo, mas não imaginava que a experiência fosse ser tão transformadora: ela se
apaixonou, casou, adiou projetos de estudos no Canadá e conquistou uma bolsa na
Universidade de Glasgow, na Escócia.
Antes de partir para a Palestina, a catarinense de 26 anos,
natural de Florianópolis, fez um trabalho de imersão atuando na comunicação de
duas ONGs locais. Entre ações militares de Israel e de guerrilha dos
palestinos, aprendeu que as generalizações são ainda mais perigosas:
– O que mais me impressionou foi a diferença de visão que
surge depois de se compreender melhor os outros e o seu mundo. Ter uma religião
em comum não significa que são ou somos todos iguais.
Manuela acrescenta que a convivência com outras culturas em
Belém, cidade que recebe muitos turistas, colabora para uma miscigenação de
orientais e ocidentais. Ainda assim, ressalta a opressão do exército de Israel
sobre os palestinos.
– É um território palestino de direito pela ONU, mas que
está recortado pela força militar israelense. Aida é um lugar cercado por um
muro ilegal, onde uma base do exército revida pedradas com tiros. Os palestinos
vivem em estado de ocupação, sem liberdade ou perspectiva socioeconômicas –
avalia a estudante.
Força a mais para buscar o sonho
As experiências culturais deram a Manuela o entendimento de
que as relações humanas e entre países são extremamente conectadas e
consequências umas da outras. Para ela, não há como desassociar a situação dos
refugiados que cruzam o mar em situação precária para entrar na Europa com o
caos que esses países enfrentam com as guerras no Oriente Médio.
— O mundo é muito mais do que vemos em casa nos noticiários.
Construímos valores de "isso sempre foi assim, isso está longe demais, não
me afeta" e esquecemos que são pessoas e que, sim, as consequências
impactam o mundo inteiro — diz.
Sem pretensão de mudar o mundo, Manuela busca o sonho de
tornar pelo menos a vida de algumas pessoas melhor. Depois de se afastar dos
estudos, após o retorno para o Brasil, ela conseguiu uma bolsa na Universidade
de Glasgow, na Escócia, para o mestrado em Direito Humano e Política
Internacional.
Estudar fora era um sonho que mantinha desde 2013, em sua
primeira passagem pelo Oriente Médio. O amor a levou a adiar os planos. Manuela
se apaixonou por Dawud Alazraq, palestino nascido e criado no campo de
refugiados de Aida. Os dois casaram ainda na Palestina e retornaram para o
Brasil.
Até conhecer Dawud, Manuela tinha pretensões de fazer
mestrado no Canadá, mas adiou o plano porque ele a afastaria do amado. Três
anos depois, com incentivo do marido, resolveu retomar o objetivo. A resposta
veio diretamente da Escócia, para onde ela embarca ao lado de Dawud no dia 28
deste mês.
Fonte: Diário Catarinense
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