quarta-feira, 2 de junho de 2010

ATAQUE A FROTA PACIFISTA: PURO TERRORISMO DE ESTADO

"A colonização sionista deve ser completada e cumprida, mesmo que contra a vontade da população nativa. É importante falar hebreu, mas, mais importante, é ser capaz de fuzilar.“ Vladimir Jabotinsky, 1939.

O ataque a frota pacifista, onde foram assassinados pelo menos 15 ativistas, é mais uma prova do que sempre Israel foi: um estado terrorista, fora da lei. Esteve sempre acima da lei. Israel faz e desfaz do direito internacional sem sequer merecer uma ação de julgamento da Corte Internacional pelos crimes de guerra e massacres cometidos.

O fato da ação terrorista de Israel ter acontecido em águas internacionais não representa fato inédito, pois o Mossad já cometeu centenas de ações ilegais e terroristas em várias partes do mundo, fora da jurisdição do que se pode chamar de “fronteiras” de Israel.

Também vários pacifistas palestinos e de outras nacionalidades foram assassinados nos territórios palestinos ocupados em ocasiões de manifestações pacíficas de solidariedade e protesto contra as políticas sionistas de ocupação, racismo e opressão que Israel impõe ao povo palestino.

O que temos de novo nesse ato de terror contra a frota pacifista é o fato desta reunir mais de 800 pessoas de diversas nacionalidades, com apoio institucional e bandeiras desfraldadas de países que não estão em estado de armistício com Israel. Quando o sangue é palestino é mais do que normal, é comum, não chama mais tanta atenção assim. E quando chama atenção e acontecem os protestos nas ruas e nos fóruns internacionais, as conseqüências políticas são desprezíveis e acabam servindo para amenizar e aliviar o peso da consciência das potencias ocidentais, culpadas pela criação da tragédia palestina.

Israel alega legitima defesa dizendo que os soldados foram agredidos ao invadir o navio. E quem convidou Israel a invadir com tanta cortesia e fineza um navio que se encontrava em águas internacionais? Quer dizer que a raposa faz um grande favor e presta um enorme serviço humanitário quando invade o galinheiro? Realmente nada mais indigno e nojento que as farsas e mentiras dos governantes israelenses e seus lacaios de plantão. Israel já ultrapassou a tempo a fase da insanidade. Talvez agora, com esse ataque, os líderes mundiais comecem a levar mais a sério o perigo que Israel representa para a paz mundial.

As fontes que alimentam o terrorismo de Israel são: sua origem sionista, a ajuda externa dos EUA, seu poder militar e a impunidade.

SIONISMO

O Sionismo é uma ideologia racista, já que um dos seus lemas, um mito propagado aos quatro ventos, “Palestina, uma terra sem povo para um povo sem terra” equivale ao que temos lido, falado e visto ao longo de sua fundação em 1898: a limpeza étnica da Palestina, a eliminação de todas as condições que objetivem a implantação do Estado da Palestina soberano e independente e a desqualificação de todas as manifestações históricas e culturais da essência nacional árabe, muçulmana e cristã do povo palestino.

Desde a sua origem o sionismo se articula com as grandes potencias para obter apoio no seu projeto de colonizar a Palestina, substituindo os habitantes nativos, os palestinos, por uma população de maioria judaica, nem que para isso se cometam massacres, expulsões, destruição de vilas e aldeias (foram destruídas mais de 430 durante o período da guerra de 1948). Hoje, o maior numero de refugiados, reconhecido pela ONU, são de palestinos, com aproximadamente 5 milhões espalhados pelo mundo, sem ter o direito ao retorno as suas terras e lares na Palestina.

Um movimento pela paz em Israel procura ampliar forças para se contrapor as correntes políticas sionistas que sustentam o regime fascista de Israel, mas atualmente esse movimento não reúne apoio suficiente para alterar a correlação de poder.

AJUDA EXTERNA

A ajuda externa norte americana para Israel, coordenada pelo lobby sionista nos EUA, de mais de quatro bilhões de dólares anuais em dinheiro e armas, é resultado da aliança estratégica entre os dois países estabelecida pelos interesses mútuos no contexto da guerra fria, que teve como objetivos principais impedir que a União Soviética tivesse influencia real na região e o controle das fontes, refino e comercialização do petróleo.

O debate nos Estados Unidos sobre se ainda vale a pena pagar tanto a Israel para que cidadãos e soldados americanos morram no Iraque, no Afeganistão e em toda a região, está acontecendo em várias instâncias governamentais e não governamentais. Não só pela vida dos seus filhos, mas também pela falta de racionalidade em continuar sendo um império utilizando-se da força bruta, enquanto a China se estabelece mundialmente por meios mais competentes e indolores! “Porque tirar do meu bolso (impostos) para pagar Israel se tenho que mandar meu filho para a guerra lá no oriente médio, para, no fim das contas, acabar protegendo Israel”: simples e poderoso argumento de uma mãe, e que começa a permear as instâncias governamentais norte americanas.

O PODER MILITAR

O governo é o exército e o exército é o governo: essa é, de fato e de direito, a democracia israelense. Democracia é fazer de Gaza o maior campo de concentração a céu aberto do mundo, democracia é cercar a Cisjordânia com o muro do apartheid, da vergonha. O presidente Lula em sua recente visita a Palestina declarou: “um muro dentro de Israel, são 750 quilômetros passando por ruas, cercando. Não é uma coisa nobre para o século XXI. Eu me senti dentro de uma eclusa, eu me senti dentro de uma eclusa, tanto para ir para a Palestina quanto para voltar. Você para num local, fecha as portas, você desce do carro, entra num outro carro, e aí você atravessa. Ou seja, é como se nós não estivéssemos vivendo num mundo civilizado, no século XXI! Onde está o grande aprendizado que esses homens que dirigem o mundo aprenderam na universidade? Será que essas pessoas não percebem que o ser humano não pode, não foi feito para involuir, mas sim para evoluir?”

Quando os EUA e outras potencias aliadas questionam o projeto de enriquecimento de urânio para fins de geração de energia elétrica e outros fins pacíficos que o Irã desenvolve, Israel se mantém calada, silencio quase absoluto sobre o tema, se não fossem as evidencias que o mundo já tem sobre o arsenal nuclear israelense. Para justificar a invasão do Iraque a CIA “fabricou” um relatório mostrando provas da existência de armas de destruição em massa. Aguardemos então que os Estados Unidos invadam Israel!

Seria importante os Estados Unidos, França e Inglaterra reverem suas políticas em relação a Israel ao invés de criticarem o acordo nuclear que o Presidente Lula promoveu entre Brasil, Irã e Turquia, demonstrando que quando as intenções das partes são baseadas no mutuo respeito entre as partes, no reconhecimento de suas aspirações legais e legítimas e na soberania dos países envolvidos, o diálogo se presta a alcançar resultados que as potencias não alcançaram até o momento por razoes óbvias: não querem negociar, dialogar, querem impor e dominar.


IMPUNIDADE


O estado israelense é um estado sionista, racista, militar e antidemocrático, protegido e financiado pelas potencias ocidentais, tendo como aliado principal os Estados Unidos da América.

Seria demasiado repugnante aceitar que um país por ser aliado do Império não lhe cabem as imposições e restrições do direito internacional. Essa seria a lógica de um sistema unipolar e a ONU, teoricamente, não foi criada para gerir esse tipo de sistema. Ou se muda a ONU para torná-la oficialmente e inteiramente submissa ao império ou o império deixa de ser império, submetendo-se, como país soberano, às regras e leis que regem a existência e a convivência multipolar e civilizada das nações, sob o comando da ONU.

A Assembléia Geral e o Conselho de Segurança da ONU, desde a votação da partilha da Palestina em 1948 até os dias de hoje, votaram tantas outras centenas de resoluções sobre a questão palestina, direitos nacionais do povo palestino ao retorno e auto determinação, ilegalidade das ocupações israelenses e tantos outros temas relativos ao conflito árabe palestino israelense. Israel cumpriu apenas uma resolução: aquela que a aceitou como membro da ONU! E o Estado da Palestina aguarda até hoje para que possa ser cumprida igual resolução.

O Holocausto dos Judeus não dá permissão para Israel se colocar acima da ordem e da lei. As vitimas de ontem não tem o direito, nem bíblico, nem de costume, nem de qualquer interpretação jurídica do direito internacional, de se considerarem herdeiros eternos de uma compaixão ocidental que os cegam de suas obrigações perante os palestinos e a humanidade. Não é justo, nem moral, nem ético e muito menos humano que os palestinos paguem em sangue, suor e lágrimas, pelo fato de terem nascido na Palestina ou de pais palestinos. Os palestinos lutam pelo seu direito, um direito universal e aceito por todos: liberdade e cidadania.

SOLIDARIEDADE

Para fortalecer e ampliar a solidariedade com o povo palestino pelo seus direitos nacionais inalienáveis ao retorno a sua terra e ao estabelecimento de um estado Palestino livre e soberano, tem-se que atuar nessas frentes que são a base do terrorismo de Israel:

- Esclarecer o que é o sionismo e combater seus conceitos racistas, colonialistas e antidemocráticos.

- Ajuda externa - Fomentar ações de solidariedade, tratados comercias, científicos e comerciais, projetos culturais, educacionais e socias com os palestinos a fim de fortalecer suas instituições e sua resistência contra a ocupação. Monitorar e denunciar os Tratados de Livre Comercio de países ou Blocos que pretendam ser firmados com Israel. Produtos israelenses fabricados, montados ou provindos dos territórios ocupados são ilegais e devem ser proibidos.

- Poder militar – Denunciar o projeto nuclear israelense. Pressionar governos para que busquem acordos, tratados e resoluções para tornar o Oriente Médio e região livre de qualquer arma de destruição em massa. Apoiar todos os movimentos em Israel que recusam o serviço militar israelense. Monitorar e denunciar toda a compra de equipamentos militares e armas israelenses por parte de qualquer governo. Monitorar e denunciar empresas israelenses no Brasil que usam uma fachada sócio-jurídica brasileira para fabricar partes e componentes de armamentos militares. O lema “A paz mundial depende de alcançarmos a paz no Oriente Médio” nunca foi tão forte e atual como nos dias de hoje.

- Impunidade – Denunciar os massacres, crimes, assassinatos cometidos por Israel nas cortes internacionais, debates, fóruns, etc. Criar Júris Populares para simular julgamentos dos crimes de guerra de Israel.

HOMENAGEM

Em 15 de maio ultimo, comemorou-se 62 anos da criação do estado de Israel e 62 anos da Nakba – a tragédia palestina, que continua, diariamente, a tirar vidas e mais vidas . Demorou muito menos para o mundo, através das sanções econômicas , boicotes e pressões políticas, apressar o fim do regime do apartheid na África do Sul, regime racista e segregacionista, ex-aliado de Israel.

Que esta data fatídica e trágica de 31 de maio de 2010, no mês da Nakba palestina, essa data do ataque terrorista israelense contra a frota pacifista, seja lembrado anualmente dentro das comemorações da Nakba.

Presto minha mais profunda e comovida homenagem a cada homem e mulher que estava nos navios da frota, a cada um que tombou vitima do terror israelense, homens e mulheres que deram suas vidas pelos mais dignos e nobres valores da existência humana: a solidariedade para que outros seres humanos sejam livres. Deram suas vidas por uma Palestina livre. Deram suas vidas para que o mundo possa ter uma paz justa e duradoura. Minhas condolências a todos os familiares, amigos e companheiros dessas valiosas e corajosas pessoas que não tombaram em vão, porque essa página da liberdade, escrita a sangue, ficará marcada num lugar de honra no memorial de libertação e independência nacional do povo palestino e de todos os povos que lutam por sua liberdade.



"Apesar de esmagadora superioridade militar de Israel, possuímos algo até maior: a força de justiça" Yasser Arafat- NY Times – 1/3/2002



Emir Mourad
Secretário Geral da FEPAL
Federação Árabe Palestina do Brasil

domingo, 10 de agosto de 2008

CULTURA - Adeus ao poeta da resistencia


FEPAL - FEDERAÇÃO ÁRABE PALESTINA DO BRASIL

NOSSO ADEUS AO POETA DA PALESTINA

POETA DA RESISTÊNCIA


MAHMOUD DARWISH
1941 -2008


Poeta maior da resistência
o poeta do mundo árabe
Mahmoud Darwish

Continuarás alimentando
nossa luta, nosso combate
pela liberdade, lar e retorno

Continuaremos absorvendo
sua pintura literária
poesia que de sua alma brotou.

A sua carteira de identidade
continuará se espalhando pela Palestina
irritando o ocupante opressor.

Você venho de lá poeta, da Palestina
Voltaremos poeta, sanaúd.


Emir Mourad


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Mahmoud Darwish é considerado o mais importante poeta árabe contemporâneo. Nasceu em 1941 no vilarejo de Birwa, na Galiléia, que foi destruído por tropas israelenses em 1948. Em conseqüência de seu ativismo político ele enfrentou perda de moradia e prisão.

Em 1960, com 19 anos, escreveu seu primeiro poema, intitulado “Pássaros sem asas”. Um ano mais tarde ingressou no Partido Comunista de Israel, composto por árabes e judeus. Aos 22 anos publicou sua primeira obra intitulada “Folhas de oliviera” e desde então escreveu 31 livros de poesia e prosa ( algumas das obras estão
 catalogadas no site). Seus textos foram traduzidos para mais de 20 idiomas.

Darwish foi editor do jornal Itthad antes de ser forçado, pela ocupação israelense, a sair de sua terra natal em 1970 e exilar-se em Moscou, onde estudou por um ano. Foi então para o Egito onde trabalhou no Cairo para o Jornal Al-Ahram e em Beirute, no Líbano, como editor do jornal Palestinian Issues.

Em 1988 foi o autor da Declaração de Independência da Palestina, juntamente com Edward Said, o que lhe valeu o título de “Poeta da resistência”. Em toda sua obra Darwish expressa a defesa da liberdade e de sua terra, mas também soube cantar a vida e o amor.

Publicou em 1998 a coletânea poética Sareer el Ghariba (Leito do Estrangeiro), sua primeira coleção de poemas de amor. Em 2000 publicou Jidariyya (Mural), livro que consiste de um poema sobre sua experiência pró­xima da morte em 1997. Publicou seu livro de poesias Palco de Estado de Sítio em 2002.

Seu célebre poema, Carteira de Identidade (Sajjel, ana arabi), se converteu em um hino em todo o mundo árabe.

Foi membro do Comitê executivo da OLP e viveu no exílio entre Beirute e Paris até seu retorno em 1996 à Palestina. Seus poemas são conhecidos por todo o mundo árabe, e vários deles se tornaram letras de músicas.

Darwish tem sido o poeta palestino mais reconhecido no exterior. Em 1969 foi honrado com o prêmio Lótus, o prêmio Lênin em 1983, o premio da Fundação Lannn da liberdade cultural em 2001 e o premio Príncipe Claus da Holanda em 2004. Em 1997 foi produzido um documentário sobre ele na TV francesa, dirigido pela conhecida diretora franco-israelense Simone Bitton e recebeu a medalha de Cavalheiro das Artes e Letras da França e tornou-se membro comendador da Ordem de França das Letras e Artes. É membro honorário do Centro Sakakini.

Leia a matéria do ARABESQ sobre a obra e vida de Mahmoud Darwish


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Carteira de identidade

Mahmoud Darwich



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Registra-me!
sou árabe
número de minha identidade é cinqüenta mil
tenho oito filhos
e o nono... virá logo depois do verão!
vais te irritar por acaso?
Registra-me!
sou árabe
trabalho com meus companheiros de luta
em uma pedreira
tenho oito filhos
arranco pedras
o pão, as roupas, os cadernos
e não venho mendigar em tua porta
e não me dobro
diante das lajes de teu umbral
vais te irritar por acaso?


Registra-me!
sou árabe
meu nome é muito comum
e sou paciente
em um país que ferve de cólera
minhas raízes...
fixadas antes do nascimento dos tempos
antes da eclosão dos séculos
antes dos ciprestes e oliveiras
antes do crescimento vegetal
meu pai... da família do arado
e não dos senhores do Nujub¹
e meu avô era camponês
sem árvore genealógica
minha casa
uma cabana de guarda
de canas e ramagens
satisfeito com minha condição
meu nome é muito comum


Registra-me
sou árabe
sou árabe
cabelos... negros
olhos... castanhos
sinais particulares
um kuffiah² e uma faixa na cabeça
as palmas ásperas como rochas
arranharam as mãos que estreitam
e amo acima de tudo
o azeite de oliva e o tomilho
meu endereço
sou de um povoado perdido... esquecido
de ruas sem nome
e todos os seus homens... no campo e na pedreira
amam o comunismo
vais te irritar por acaso?


Registra-me
sou árabe
tu me despojaste dos vinhedos de meus antepassados
e da terra que cultivava
com meus filhos
e não os deixastes
nem a nossos descendentes
mais que estes seixos
que nosso governo tomará também
como se diz
vamos!
escreve
bem no alto da primeira página
que não odeio os homens
que eu não agrido ninguém
mas... se me esfomeiam
como a carne de quem me despoja
e cuidado...cuida-te
de minha fome
e minha cólera.


De Folhas de Oliveira


1- Célebre tribo da Arábia

2. Lenço com desenhos quadriculados, usado para cobrir a cabeça e que tornou-se símbolo nacional palestino pela liberdade e independência. Originariamente, esse lenço é usado pelos camponeses para protegerem a cabeça durante o trabalho no campo.




بطاقة هوية

محمود درويش



!سجِّل
أنا عربي
ورقمُ بطاقتي خمسونَ ألفْ
وأطفالي ثمانيةٌ
!وتاسعهُم.. سيأتي بعدَ صيفْ
فهلْ تغضبْ؟
!سجِّلْ


أنا عربي
وأعملُ مع رفاقِ الكدحِ في محجرْ
وأطفالي ثمانيةٌ
أسلُّ لهمْ رغيفَ الخبزِ،
والأثوابَ والدفترْ
من الصخرِ
و لا أتوسَّلُ الصدقاتِ من بابِكْ
ولا أصغرْ
أعتابكْ أمامَ بلاطِ
فهل تغضب؟



!سجل
أنا عربي
لقبِ أنا إسمٌ بلا
صبورٌ في بلادٍ كلُّ ما فيها
يعيشُ بفورةِ الغضبِ
...جذوري
قبلَ ميلادِ الزمانِ رستْ
وقبلَ تفتّحِ الحقبِ
وقبلَ السّروِ والزيتونِ
وقبلَ ترعرعِ العشبِ
أبي... من أسرةِ المحراثِ
لا من سادةٍ نجبِ
وجدّي كانَ فلاحاً
بلا حسبٍ.. ولا نسبِ
يعلّمني شموخَ الشمسِ قبلَ قراءةِ الكتبِ
وبيتي كوخُ ناطورٍ
منَ الأعوادِ والقصبِ
فهل ترضيكَ منزلتي؟
!أنا إسمٌ بلا لقبِ


!سجل
أنا عربي
ولونُ الشعرِ.. فحميٌّ
ولونُ العينِ.. بنيٌّ
:وميزاتي
على رأسي عقالٌ فوقَ كوفيّه
وكفّي صلبةٌ كالصخرِ
تخمشُ من يلامسَها
:وعنواني
أنا من قريةٍ عزلاءَ منسيّهْ
شوارعُها بلا أسماء
وكلُّ رجالها في الحقلِ والمحجرْ
فهل تغضبْ؟

سجِّل
أنا عربي
سلبتَ كرومَ أجدادي
وأرضاً كنتُ أفلحُها
أنا وجميعُ أولادي
ولم تتركْ لنا... ولكلِّ أحفادي
...سوى هذي الصخورِ
فهل ستأخذُها حكومتكمْ.. كما قيلا!؟
! إذن!
سجِّل.. برأسِ الصفحةِ الأولى
أنا لا أكرهُ الناسَ
ولا أسطو على أحدٍ
ولكنّي... إذا ما جعتُ
آكلُ لحمَ مغتصبي
حذارِ.. حذارِ.. من جوعي
!! ومن غضبي

من أوراق الزيتون

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10/08/2008 - 09h59
Morre o poeta símbolo da Palestina, Mahmoud Darwish

Reuters

Mohammed Assadi
De Ramallah
Mahmoud Darwish, cuja poesia traduziu a causa Palestina, receberá o equivalente a um funeral de Estado na Cisjordânia na terça-feira --honraria oferecida anteriormente apenas ao líder da Organização pela Libertação da Palestina Yasser Arafat.
O escritor de 67 anos morreu no sábado em Texas, Houston, de complicações desencadeadas por uma cirurgia de coração.
"Ele traduzia a dor dos palestinos de forma mágica. Ele nos fazia chorar e nos fazia feliz e mexia com nossas emoções", disse o poeta egípcio Ahmed Fouad Negm.
"Além de ser o poeta da ferida palestina, que está machucando todos os árabes e todas as pessoas honestas no mundo, ele é um poeta magistral", disse Negm à Reuters no Cairo.
O funeral de Darwish em Ramala será o primeiro patrocinado pela Autoridade Palestina desde que Arafat morreu em 2004.
O presidente palestino Mahmoud Abbas decretou três dias de luto nacional. Pessoas se aglomeraram no sábado à noite nas ruas de Ramala segurando velas e chorando.
O poeta residia na Cisjordânia desde que retornou, em 1990, de um longo período de exílio durante o qual ganhou proeminência na OLP de Arafat."A questão palestina, na poesia de Mahmoud Darwish, não era mais uma lenda, mas uma história sobre pessoas feitas de carne, sangue e sentimentos", disse Zehi Wahbi, apresentador de televisão e poeta libanês, amigo de Darwish.
Considerado o poeta nacional da Palestina, o trabalho de Darwish foi largamente traduzido. Ele ganhou novas gerações de admiradores com poemas que evocavam não apenas a dor dos palestinos deslocados, mas também paradoxos sutis e temas humanos mais amplos.
Ele desfrutava de grande popularidade no mundo árabe, onde tinha um nível de leitura de fazer inveja a poetas contemporâneos que escrevem em inglês e outras línguas européias, normalmente eclipsados por romancistas.


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A convocatória do 9º Congresso das Entidades e Comunidades Palestino Brasileiras, ocorrido em Janeiro de 2007, apresentou, na sua introdução, a seguinte poesia de Mahmoud Darwich:

EU SOU DE LÁ
Mahmoud Darwich



Eu venho de lá e recordo
que nasci como todo mundo nasce, tenho uma mãe
e uma casa com muitas janelas,
tenho irmãos, amigos e uma prisão.
Tenho uma onda marinha que a gaivota arrebatou
tenho uma visão de mim mesmo e uma folha de capim
tenho uma lua passada no auge das palavras
tenho uma comida divina de pássaros e uma oliveira
além da quilha do tempo
atravessei a terra antes que espadas tornassem
os corpos banquetes.

Eu venho dali.
Eu faço o céu retornar à sua mãe
quando por sua mãe o céu chorar,
e eu choro querendo o retorno de uma nuvem
para me conhecer.
Eu aprendi as palavras de tribunais manchados de sangue
de forma a quebrar as regras.
Eu aprendi e desmantelei todas as palavras
para construir uma única: Lar.


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BIOGRAFIA, CANÇÃO E DECLAMAÇÃO





Última aparição publica do Poeta, breve biografia e depoimentos








O fim do exílio: do Texas à Palestina
Remembering Mahmoud Darwish, Houston, Texas








(سجل، أنا عربي) - Carteira de Identidade - Cantada por George Qirmz




Mahmoud Darwish - Aabiroun


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