quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Política externa e eleição presidencial


Israel é um anão moral

Editorial do Portal Vermelho

Não são apenas as conquistas sociais e a autonomia nacional para conduzir a economia popular à margem dos interesses da oligarquia financeira nacional e internacional que sofreriam imenso retrocesso caso um dos candidatos do campo neoliberal e conservador – Aécio Neves, do PSDB, ou Marina Silva, do PSB – vencesse as eleições.

Está também em xeque a política externa – a opção brasileira pela integração regional soberana e solidária entre países e povos independentes e por desempenhar um papel internacional progressista, em prol de nova ordem livre de hegemonismos, por um mundo de cooperação e paz.

Muito embora aparentemente distante do cotidiano do povo e do debate político corriqueiro, a política externa também é posta em causa na campanha eleitoral. Tanto Aécio Neves como Marina Silva opinaram que o Brasil deve mudar o foco da orientação do Itamaraty, com proposições estapafúrdias e retrógradas, como a prioridade para as relações com os Estados Unidos e a União Europeia, o abandono dos mecanismos de integração regional em nome de relações bilaterais “pragmáticas” e a condenação, que tem acentuado viés reacionário, às vitoriosas parcerias com Cuba no programa Mais Médicos e na construção de obras de infraestrutura na maior das Antilhas. Até mesmo um trêfego candidato ecologista, ex-secretário de José Serra e Gilberto Kassab, sem qualquer representatividade eleitoral, deitou falação em recente debate na televisão contra o convênio firmado entre o Brasil e Cuba, de comprovados efeitos positivos no atendimento à saúde em nosso país.

Nos últimos dias, os principais jornais conservadores publicaram matérias com o intuito de desqualificar a política externa brasileira. O jornal paulistano Folha de S. Paulo, arauto do entreguismo pós-moderno, editou extensa reportagem explorando contradições internas no Itamaraty, ampliando a importância de problemas administrativos e fabricando uma crise que não existe na diplomacia brasileira.

Já o vetusto Estadão, porta-voz mais tradicional das classes dominantes retrógradas e dos interesses do imperialismo estadunidense no Brasil, reagiu irado ao discurso presidencial na abertura dos debates de alto nível na Assembleia Geral da ONU, ocasião em que mais uma vez Dilma Rousseff se apresentou ao mundo como estadista e líder nacional que fala de igual para igual com os demais chefes de Estado e de governo. O diário paulista ficou particularmente irritado porque Dilma deu a conhecer ao mundo que o Brasil vai percorrendo com segurança o caminho de sua construção como grande nação progressista e exerce um papel geopolítico progressista. Como se fora um panfleto de Aécio ou Marina, o jornal da família Mesquita protestou pelo uso da tribuna da ONU “para fazer campanha eleitoral”.

O fato é que, desde o primeiro mandato do ex-presidente Lula, a direita brasileira e os círculos imperialistas internacionais formulam um discurso ideológico para combater o que chamam de diplomacia “petista” e o caráter “ideológico” da política externa brasileira. Mas é de ideologia reacionária que está eivada a crítica de que supostamente as diretrizes presidenciais para o Itamaraty têm caráter partidário, conflitam com os interesses permanentes do Estado nacional e afastam-se das técnicas e rituais do comércio internacional pragmático e da diplomacia.

Na essência, a crítica se volta contra as opções da nova Política Externa Brasileira inaugurada em 2003 – a defesa da paz, do multilateralismo e da democratização das relações internacionais, o empenho pela integração regional soberana e solidária, a constituição de novos polos geopolíticos, em oposição ao hegemonismo do imperialismo estadunidense e da União Europeia.

Pragmaticamente, sob orientação ideológica, tanto os candidatos oposicionistas quanto os seus veículos na mídia insurgem-se agora, depois de 12 anos, contra os êxitos que o Brasil alcançou no cenário internacional – a consolidação dos Brics, o fortalecimento do polo progressista na América Latina e Caribe, incluindo Cuba e os países bolivarianos, com a Celac convertida em sólida instituição multilateral e os mecanismos de integração que resultam em fortalecimento das relações comerciais.

Os críticos da política externa não toleram também que o Brasil tenha condenado o massacre sionista contra os palestinos e a opção do uso da força pelos Estados Unidos e seus aliados na atual crise no Oriente Médio.


No fundo, há uma luta de ideias, um conflito político e ideológico em torno da política externa. Nas eleições presidenciais o povo brasileiro decidirá também sobre isto.

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A política externa na visão dos doutos


Por Marco Aurélio Garcia - Carta Maior

Uma penalista, abrigada sob as Arcadas do Largo São Francisco, disparou um ataque à Presidenta Dilma Rousseff, utilizando-se de metáfora médica para caracterizar o atual Governo como um“câncer”. Seu libelo, entre o patético e o ridículo, repete a tradição do conservadorismo de buscar associar fenômenos sociais a fatores biológicos.O texto prima, no entanto, pela irrelevância e fará sua autora despontar para o anonimato.

Também das Arcadas vem outro míssil, cuja potência faz lembrar os busca-pés das festas juninas. Um Professor-Titular (é assim que ele assina sua carta ao Estadão) critica a “preferência” da Presidenta Dilma pelo Diálogo com o Estado Islâmico (E.I) e sugere que seu Assessor Especial seja enviado ao Oriente a fim de negociar.

O argumento e a sugestão não são originais. Antes do nosso Professor-Titular, outro professor – esse geógrafo e “cristão novo” do conservadorismo – havia desenvolvido seus argumentos e concluído que eu seria um embaixador ideal junto ao E.I. Comovido com a dupla lembrança, agradeço, mas declino a sugestão. E isso por uma razão básica – não houve no discurso ou nas entrevistas de Dilma Rousseff em Nova York nenhuma proposta – sequer sugestão – de negociação com os terroristas islâmicos. Ao contrário.

O que a Presidenta afirmou, em estrita sintonia com a tradição diplomática brasileira, foi que o uso da força, unilateral e sem autorização do Conselho de Segurança, não só fere o Direito Internacional como é um erro de proporções gigantescas. Para tanto, lembrou exemplos recentes que, sob o pretexto de combater o terrorismo, produziram efeitos diametralmente opostos. Sem falar nos “danos colaterais”, isto é, a morte de civis, crianças incluídas. Lembremos que, contra o “perigo do fundamentalismo” iraniano, Saddam Hussein foi armado, para ser, anos depois, combatido pelos que o haviam incitado a lutar contra o “Satã”. Ao ditador iraquiano ocorreu-lhe ir mais além da invasão (frustrada) do Irã e tentar ocupar o Kwait. Má ideia.

As duas Guerras do Iraque – sobretudo a segunda – tiveram como consequência o esquartejamento daquele Estado e, no longo prazo, o nascimento do Estado Islâmico. Agora, trata-se de destruir essa aberração, filha de uma política errática, que substituiu a diplomacia pela ação militar. As consequências são previsíveis.

Na Líbia, para citar outro exemplo, a ação da OTAN, que foi limitada formalmente pelo Conselho de Segurança à necessidade de criar uma “zona de exclusão aérea”, transformou-se em um movimento de derrubada do Governo local. O Governo Kadafi foi derrubado e o caos se instalou no país. Mais que isso, grupos fundamentalistas, valendo-se do armamento fornecido pela OTAN, migraram para o Sahel e desestabilizaram essa parte da África.

Os exemplos se multiplicam, sempre com consequências desastrosas.

Por que doutos acadêmicos desconhecem essa história, da mesma forma que uns poucos ex-diplomatas, que estão hoje se posicionando para um eventual governo de oposição? Não será por deficiência intelectual, mas, seguramente, por aquilo que tratam de, equivocadamente, atribuir à atual política externa do Brasil – viés ideológico.

O Professor-Titular é viúvo da integração assimétrica. Dele é a frase lapidar: “A ALCA pode viver sem o Brasil e o MERCOSUL. Mas será que o Brasil e o MERCOSUL podem viver sem a ALCA?”

Podem, digo eu. E felizmente, porque com a ALCA o Brasil não teria strictu sensu política externa e o MERCOSUL seria, como querem alguns, apenas um lembrança histórica.

O trêfego geógrafo usa os instrumentos analíticos que estão na sua mochila de ex-esquerdista para habilitar-se como analista aceito pela mídia tradicional. As classes dominantes adoram esse tipo de gente.

Já a penalista, bem. Talvez não tenha encontrado no seu receituário bioético argumentos para analisar a presença do Brasil no mundo.

Sei que é difícil aceitar a Grande Transformação em curso no Brasil. Não é fácil no plano interno. Menos ainda no plano externo. A herança diplomática que reivindicamos não é a de Juracy Magalhães ou João Neves da Fontoura, mas a do Barão de Rio Branco, de San Tiago Dantas, Afonso Arinos e Araújo Castro.

Da mesma forma que das Arcadas vêm não só o velho udenismo, mas o progressismo que professores e estudantes encarnaram no passado e até hoje encarnam.

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Mais guerras ou soluções políticas para os conflitos?


Enquanto o Brasil trabalha pela construção de um mundo multipolar, os EUA ainda se valem da militarização dos conflitos, levando confrontos ao plano em que é superior e buscando a hegemonia pela força

por Emir Sader, para RBA


Dilma Rousseff se valeu da sua ida à Assembleia Geral das Nações Unidas para reiterar o que tem sido uma posição permanente do Brasil: a solução para os conflitos do mundo não está em reagir com mais guerra, mas em promover soluções políticas aos conflitos.
Estados Unidos provocam destruição e êxodo na Síria
A pretexto de atacar Estado Islâmico, 
Estados Unidos provocam destruição e êxodo na Síria
O Brasil tem defendido essa posição desde o começo do governo Lula, quando se negou a apoiar intervenções militares norte-americanas, propondo negociações políticas, que ouvissem todas as partes envolvidas. O Brasil se opôs à política de invasões Afeganistão e do Iraque e ao bombardeio da Líbia.
Lula se aliou ao então primeiro-ministro da Turquia,Recep Tayyiq Erdongan, para buscar uma mediação política e pacífica para os conflitos entre os EUA e o Irã. O Brasil sempre pregou que a crise da Síria só seria resolvida por um acordo político, e não por mais bombardeios e ajuda militar a qualquer uma das partes envolvidas.

Agora, a posição expressa pela presidenta Dilma Rousseff se refere ao anúncio dos EUA sobre bombardeios em território sírio ao Exército Islâmico, além dos que realiza no Iraque. A decisão fez parte da intervenção de Barack Obama na Assembleia Geral da ONU. A chefe de Estado brasileira já havia condenado esse outro uso da força em entrevista que deu em Nova York e voltou a reiterar a ideia de que não é com mais bombardeios que se chega à paz.
Membros da oposição no Brasil – na mídia e nos partidos – tentaram dizer que a posição da Dilma seria de complacência com o Estado Islâmico e seus usos indiscriminados da violência. A mentalidade de Guerra Fria que ainda comanda a cabeça da direita brasileira faz com que aceite a polarização proposta pelos EUA: ou eles ou o terrorismo islâmico.
Acredita que não apoiar mais essa aventura bélica norte-americana é ser aliado do Exército Islâmico, porque não lhes ocorre nenhuma outra alternativa. Acontece que essa via de ação tem sido catastrófica. Aí estão o Afeganistão, o Iraque e a Líbia, em processos de desagregação interna, os primeiros depois de mais de de anos de ocupação militar. Os últimos quatro presidentes dos Estado Unidos bombardearam o Iraque e isso não levou o país nem a uma situação de pacificação, nem de estabilidade política mínima.
Desde o governo Lula o Brasil trabalha pela construção de um mundo multipolar, que se opõe à hegemonia imperial norte-americana. Esta se vale da sua superioridade para militarizar os conflitos, transferindo o enfrentamento para o plano em que é mais forte e buscando triunfar pela força. Foi a norma que se impôs desde o fim da Guerra Fria. E que se revelou não uma via para a solução dos conflitos, mas para seu aguçamento.
O governo dos EUA, apesar dos dois pronunciamentos da Dilma em Nova York, condenando o uso de mais violência para tentar superar os conflitos, diz manifestar esperança de que o Brasil possa participar da coalizão de países que se congregam para bombardear territórios ocupados pelo Estado Islâmico. Ou fingem desconhecer os preceitos da política externa soberana brasileira desde mais de uma década, ou não conhecem o caráter da presidenta brasileira, manifestado recentemente na atitude diante da espionagem norte-americana. Ou ambos.

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Artigos sobre as  Relações Brasil - Palestina:
























Lula e o Oriente Médio – enfim, existe no mundo “algo” chamado Brasil


sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Dilma defendeu na ONU um mundo de paz


 
Dilma defende na ONU um mundo de paz

  Em contraste com o imperialismo, Dilma defendeu na ONU um mundo de paz


José Reinaldo Carvalho *

Na afanosa e estridente campanha contra o governo da presidenta Dilma, no jogo de tudo ou nada para impedir sua reeleição, a mídia privada nacional, pondo-se mais uma vez a serviço das candidaturas de Aécio Neves (PSDB) ou Marina Silva (PSB), viram no pronunciamento da presidenta Dilma Rousseff na abertura da sessão de debates de alto nível da Assembleia Geral da ONU uma peça da campanha eleitoral. Só faltaram arguir “falta de legitimidade” e exigir “direito de resposta”.

Essa postura é mais uma demonstração de que nos tempos atuais o que sobressai são as magnas mesquinharias, o essencial e grandioso dando lugar a pormenores do nada.

Na ONU, falou a estadista, a chefe de Estado e Governo de uma grande nação soberana, em busca de um lugar condigno no mundo, capaz e disponível para aportar rica contribuição ao progresso social, a um mundo de cooperação e paz: 

“Os Estados-membros e as Nações Unidas têm, hoje, diante de si desafios de grande magnitude.Estas devem ser as prioridades desta Sessão da Assembleia Geral.O ano de 2015 desponta como um verdadeiro ponto de inflexão.

Estou certa de que não nos furtaremos a cumprir, com coragem e lucidez, nossas altas responsabilidades na construção de uma ordem internacional alicerçada na promoção da Paz, no desenvolvimento sustentável, na redução da pobreza e da desigualdade.O Brasil está pronto e plenamente determinado a dar sua contribuição”, asseverou a mandatária.



Esta é a mensagem central – límpida e irrefutável - do discurso presidencial, expressão dos compromissos que o Brasil assume perante o mundo, antecedida por dois elementos centrais que despertam a ira dos oposicionistas.

O primeiro deles foi o informe da estadista sobre as condições em que o Brasil está preparando-se para dar seu salto civilizacional e reunir efetivamente condições de se tornar uma grande nação progressista.

Dilma deu-se o trabalho – que corresponde ao seu dever de líder da nação – de expor aos chefes de Estado reunidos na magna assembleia os avanços democráticos e sociais que o país tem alcançado, o processo de transformação que vive, num quadro de contradições, lutas e dificuldades objetivas e subjetivas.

A oposição anti nacional e sua mídia decerto estão contrariadas com o fato de a presidente não ter ido à organização internacional como primeira etapa de um périplo que teria por destino final o FMI, ao qual se dirigiria com o pires na mão para pedir “socorro” ante algum descalabro econômico-financeiro. Ou como rito de passagem para se expor a alguma sanção do Conselho de Segurança ou reprimenda de alguma das potências decadentes do sistema imperialista por haver reprimido “manifestações”. Ou ainda, como uma governante fraca, no papel de vítima, desculpando-se pelo “fracasso” na organização da Copa e pelos “prejuízos” que cidadãos estrangeiros teriam sofrido no país em junho e julho passados.

Afinal, a usina de mentiras trabalhou a pleno vapor com esta finalidade. Registrar o momento em que a chefe de Estado brasileira mostra ao mundo as conquistas sociais do país e é por esta razão aclamada, é algo de fato intolerável. Não restou alternativa senão atacar a presidenta pelo uso da ONU como palanque eleitoral. É em horas como esta que mais sentimos a falta de um cronista como o saudoso Stanislaw Ponte Preta, morto a 30 de setembro de 1968, com seu “Festival de Besteiras que Assola o País”. É compreensível o nervosismo de editorialistas e cronistas. Estavam preparados para outro cenário – o fracasso e a desmoralização do país.

O segundo aspecto a abrir as comportas para a enxurrada de ataques foi a posição corajosa e firme da mandatária ao condenar o uso da força, a política de sanções, o intervencionismo e o belicismo nas relações internacionais:

“A atual geração de líderes mundiais – a nossa geração – tem sido chamada a enfrentar também importantes desafios vinculados aos temas da paz, da segurança coletiva e do meio ambiente.

Não temos sido capazes de resolver velhos contenciosos nem de impedir novas ameaças.

O uso da força é incapaz de eliminar as causas profundas dos conflitos. Isso está claro na persistência da Questão Palestina; no massacre sistemático do povo sírio; na trágica desestruturação nacional do Iraque; na grave insegurança na Líbia; nos conflitos no Sahel e nos embates na Ucrânia.

A cada intervenção militar não caminhamos para a Paz, mas, sim, assistimos ao acirramento desses conflitos.

Verifica-se uma trágica multiplicação do número de vítimas civis e de dramas humanitários. Não podemos aceitar que essas manifestações de barbárie recrudesçam, ferindo nossos valores éticos, morais e civilizatórios”.
Um flagrante contraste com a posição assumida, imediatamente após pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e outros líderes de potências ocidentais, que reforçaram políticas militaristas, intervencionistas e belicistas, ao arrepio do direito internacional para “combater o terrorismo”. Há várias semanas, essas potências mandam ao mundo a mensagem de que promoverão por muito tempo bombardeios no Iraque e na Síria, sob o pretexto de atacar as posições do chamado Estado Islâmico (EI). A posição brasileira incomodou tanto que os jornais desta quinta-feira (25) acusam a presidenta de “legitimar” o EI.

Dilma pontuou também a sua oposição ao massacre perpetrado por Israel contra os palestinos na Faixa de Gaza e apresentou a contribuição específica do Brasil para modificar a realidade econômica e política do sistema internacional, com o empenho para o fortalecimento dos mecanismos da integração latino-americana e caribenha e o êxito dos Brics, cuja mais recente reunião de cúpula, a sexta, foi realizada em julho último em Fortaleza – “um encontro fraterno, proveitoso, que aponta para importantes perspectivas para o futuro”.

A estadista brasileira deve ter incomodado os interesses das potências imperialistas e seus agentes na mídia nacional e nas candidaturas oposicionistas também ao defender a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

O discurso presidencial na abertura do debate de alto nível da Assembleia Geral da ONU é referência importante no debate sobre os rumos da política externa. Aécio Neves e Marina Silva já se queixaram de público do “caráter ideológico” dessa política e, repercutindo as exigências dos setores mais entreguistas das classes dominantes, voltaram a propor a subordinação dos interesses do país ao imperialismo estadunidense e às potências imperialistas da União Europeia. Igualmente, atacaram a política de integração regional, propondo, em nome do “pragmatismo”, o abandono dos mecanismos de integração regional, de eficiência econômica e comercial já comprovada.

Para as forças progressistas e patrióticas, o discurso da presidenta foi a reafirmação de um rumo seguro de luta e conquista de grandes avanços na inserção do país no mundo, proporcionados por uma política externa ativa e altiva, a um só tempo independente, soberana, integradora, solidária, universalista e multilateralista.

Já que falaram em campanha eleitoral na ONU, permitimo-nos dizer que na eleição presidencial também está em jogo se o Brasil continuará esta trajetória ou se regredirá à condição de neocolônia subdesenvolvida e avassalada pelos interesses imperialistas. 


José Reinaldo Carvalho - Jornalista, Diretor do Cebrapaz, membro da Rede de Intelectuais em Defesa da Humanidade e editor do Vermelho.

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