sábado, 30 de julho de 2016

Corrida pela Palestina será realizada em Foz do Iguaçu


PEDRO FONTOURA - JORNAL DO IGAUSSU




Corrida pela Palestina - Foz do Iguaçu














FOZ DO IGUAÇU - PR - A Embaixada do Estado da Palestina no Brasil, a Federação Árabe Palestina do Brasil, a Sociedade Árabe Palestina de Foz do Iguaçu e a Reach Education Fund dos Estados Unidos, apoiados pela Associação de Desenvolvimento de Esportes Radicais e Ecologia de Foz do Iguaçu, promovem no dia 13 de agosto a Corrida Pela Palestina.

A prova terá cinco quilômetros e tem por objetivo chamar a atenção para a situação das crianças e jovens palestinos atingidos pela guerra.

O Jornal do Iguassu conversou com os principais envolvidos na realização evento, que acontecerá simultaneamente em 34 cidades ao redor do mundo. O Embaixador da Palestina, Ibrahim Alzeben, destacou a necessidade de se chamar a atenção do mundo para a juventude palestina:


Ibrahim Alzebn, embaixador da Palestina
Alzeben: “impedem a criação do estado palestino
 no território da própria Palestina”
“A questão palestina já completará em breve 100 anos de espera pela solução pacifica e justa, conforme os direitos internacionais, portanto, estamos há cem anos correndo contra a injustiça. Portanto, essa corrida de Foz do Iguaçu é algo simbólico e está dentro da nossa lógica de luta pela Palestina livre e independente. Agradeço a todos que estão fazendo o possível para a realização dessa corrida, de maneira especial a Jihad Abu Ali, que é um brasileiro-palestino por excelência, que ama o Brasil, ama a Palestina e defende as causas e as lutas justas dos povos”.

Falando a respeito da ocupação do Estado da Palestina por Israel, o embaixador disse Ibrahim Alzeben: “Toda a Palestina está sob ocupação militar estrangeira e a força ocupante é Israel, que ocupa todo o território e impede a criação do estado palestino no território da própria Palestina. Usam e abusam na base da força militar para calar a voz libertária do povo palestino”.

LIBERDADE

O presidente da FEPAL, (Federação Árabe Palestina do Brasil), Elayyan Aladdin, que reside no Rio Grande do Sul, está atento a realização da Corrida Pela Palestina, que abrange um grande número de palestinos e simpatizantes da causa palestina, nos quatro cantos do mundo.

Elayyan Aladdin“O Brasil, o Estado do Paraná e Foz do Iguaçu têm sido solidários com a causa palestina e nós devemos agradecer a todos que estão envolvidos com a Corrida Pela palestina, que é um evento diferenciado, que traz o esporte, no momento que estamos vivendo as Olimpíadas, para a causa da educação na Palestina e também uma demonstração de paz. Que as pessoas possam olhar para o evento e para a Palestina e apoiar o povo para que tenha a sua liberdade”. 

Os organizadores estão pensando na educação na Palestina. “Nós já temos diversas organizações não governamentais do mundo inteiro, que levam programas voltados para essas crianças, para irem estudar na Europa, nos Estados Unidos, no Brasil e outros países, mas esse projeto, que é a Corrida Pela Palestina, é para que as crianças recebam o apoio para sua educação na própria Palestina, que essas mentes brilhantes, recebam o incentivo para permanecerem na Palestina, disse Alayyan.”.

Empresas e entidades que apoiam a Corrida

Itaipu, Mazaya, Class Decor, Grupo Fenix, Paulista Esportes, SKY Devices, Lojas Descontão, Ortoplan Franquias, FozStar Calçados, Gaba Home Center, Subway, Hostel Natura, Ouro Mil Semi Joias, Estacionamentos Bismillah, Yatta Pedras e Artesanato, Fila, Palestina Club, Acorrefoz, Foztrans, Sanepar, Embaixada do Estado da Palestina no Brasil, Guarda Municipal de Foz do Iguaçu, 14º Batalhão da Policia Militar, CEBRAPAZ, PTI e RPC.

Corrida em Foz deverá reunir cerca de 400 atletas

A nível local existe uma grande expectativa por Foz do Iguaçu ter sido escolhida como uma das 35 cidades ao redor do mundo, que vai receber um núcleo da Corrida pela Palestina, segundo Jihad Abu ALi, inclusive atletas palestinos que estão no Rio de Janeiro para participar das Olimpíadas e Para Olimpíadas.

Jihad
“Há dois meses recebemos a visita do coordenador geral da Corrida Pela Palestina, que veio dos estados Unidos depois de fazer um tour pela Europa, América Latina e África, para divulgar a Run For Palestine, que é uma corrida pela educação.

O projeto tem uma proposta interessante, que é chamar a atenção do mundo para a questão da educação na Palestina. Vai acontecer em 22 cidades dos Estados Unidos, uma cidade no Brasil, que é Foz do Iguaçu. A ideia foi abraçada por grandes parceiros como a ADERE, a Itaipu, a comunidade árabe em geral e importantes patrocinadores. A expectativa de participação é de 400 atletas profissionais e um segundo grupo, composto pela comunidade.

“A ideia é que a Corrida alcance sucesso no mundo inteiro, para que chamemos a atenção, mas antecipadamente garanto que vai ser um grande sucesso”, encerrou Jihad Abu ALi.

PERCURSO

A prova terá largada ao meio-dia em frente a RPC, na Avenida Pedro Basso, seguindo pela Avenida José Maria de Brito, Avenida Portugal e depois retorna pela Pedro Basso. Para cumprir os cinco quilômetros, será necessário completar duas voltas durante o percurso.


Fotos: Divulgação

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CORRIDA PELA PALESTINA

Informações e inscrições: http://2016.runforpalestine.com.br/


Run for Palestine - Brazil


Federação Palestina


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Atletas fizeram hoje reconhecimento do trajeto da Corrida pela Palestina. Veja o vídeo:




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quarta-feira, 27 de julho de 2016

Apoio à Palestina: Para Israel, questão de segurança e deportação

Mensagens pichadas nas paredes e nos estrados dos beliches declaram: “para cada membro do Movimento Internacional de Solidariedade deportado, mais dez virão”. Foi lendo essas frases escritas com pasta de dentes ou até com comida que as horas passaram no centro de detenção da Autoridade de População, Imigração e Fronteiras do Ministério do Interior israelense, para onde eu e tantos outros antes e depois de mim fomos levados para esperar a deportação. 


Por Moara Crivelente - Portal Vermelho

 
Jornalista e Cientista Política Moara Crivelente
Moara Crivelente



Após horas de interrogatório no aeroporto internacional de Ben Gurion, em Telavive, fomos declarados banidos por 10 anos, por “questões de segurança” – sem mais explicações. Somos ameaças.

A política israelense de deportação de ativistas solidários à causa palestina pelo fim da ocupação não é novidade. Em 2003, por exemplo, oito membros do International Solidarity Movement (Movimento Internacional de Solidariedade), todos europeus e norte-americanos, foram deportados porque protestavam contra o confisco de terras palestinas para a construção do muro israelense próximo a Jenin, na Cisjordânia ocupada, ou porque removiam obstáculos nas estradas próximas a Nablus, colocando em evidência a dificuldade para a movimentação dos palestinos em suas próprias terras.

Em 2011, cerca de duas centenas de ativistas foram detidos e deportados ao chegarem no aeroporto. Uma notícia do diário israelense Haaretz de julho daquele ano comenta que um grupo de 25 pessoas “suspeitas de serem ativistas pró-palestinos” teriam suas entradas negadas. Além deles, outros 69 já haviam sido interrogados por aqueles dias e seus destinos eram a deportação. O Ministério do Transporte de Israel entregara também uma lista com os nomes de outras 342 pessoas que as companhias aéreas estrangeiras não deveriam sequer deixar embarcar.

A notícia no Haaretz conta que “Israel teve sucesso em impedir até o momento [9 de julho de 2011] a entrada de 200 passageiros que desejavam vir a Israel como parte da campanha Bem-Vindo à Palestina, que organizou um ‘vooaço’ ao Oriente Médio neste final de semana para visitas de solidariedade aos territórios palestinos.” E esta é apenas uma parte da tática israelense de perseguir qualquer manifestação de solidariedade aos palestinos. As campanhas acadêmicas e o movimento por Boicote, Desenvolvimento e Sanções têm sido os alvos mais visíveis. Também são perseguidas organizações israelenses de defesa dos direitos humanos e uma rede de soldados que decidiu comentar as arbitrariedades que o Exército comete na Palestina ocupada – Breaking the Silence.

Também há inúmeros casos de palestinos deportados por Israel desde o início da ocupação militar. De 1967 a 1992, de acordo com a organização israelense B’Tselem, Israel deportou 1.522 palestinos dos seus próprios territórios. Em 2002, haviam sido deportadas 32 pessoas da Cisjordânia para a Faixa de Gaza, por “decisões administrativas”, ou seja, sem que os deportados fossem acusados de algo ou tivessem suas defesas ouvidas.

Deportar a solidariedade como “razão de segurança”?

Em sete horas de espera no aeroporto, fui interrogada repetidamente. Logo na primeira vez uma dupla dos serviços de segurança se apresentou dizendo já estar decidido que eu seria deportada, a menos que – disse aquele que representava o papel do compreensivo – eu cooperasse.

“Cooperar” significava contar sobre cada canto da Palestina em que estive nas visitas anteriores e cada pessoa que conheci. Quase insistiram também que eu dissesse ter visto manifestantes palestinos atirarem pedras contra soldados nos protestos em que afirmaram saber que eu estive, porque tinham fotos tiradas pelos soldados. Pediram-me a senha do meu celular. Fui cordial e respondi o máximo de perguntas até então — inclusive contando que meu propósito era fazer um curso de Direito Internacional com a organização Al-Haq e que sou também doutoranda, com foco na questão — mas recusei a dar minha senha ou contatos. Aquilo era uma oportunidade para os “serviços de segurança” conseguirem nomes e “culpados” palestinos. Em 2015, Gary Spedding, um ativista britânico, passou por algo semelhante. As autoridades de segurança copiaram contatos e mensagens pessoais do seu telefone. Ele foi deportado, acusado de possivelmente vir a causar tumultos devido às suas mensagens nas redes sociais.

Tive mais algumas interações com agentes, que se dirigiam a mim à base de imperativos, levando-me de uma sala para outra, para o serviço de fronteiras, onde recolheram minhas digitais e tiraram uma foto, depois para o local onde revistaram meticulosamente minha mala e o meu corpo, e então para outra sala, onde esperei – só depois entendi, já que não me davam informações – pelo transporte até o centro de detenção. Veio como uma nova ordem: “entre no carro.” Estava sozinha com dois agentes; entrei no banco de trás de uma van com os vidros e o espaço do condutor tapados com placas de metal.

No centro de detenção, finalmente consegui informações sobre meu voo de volta, que sairia em nove horas. Lá conheci uma jovem australiana que esperava havia quatro dias e só partiria no quinto. Deram-nos uma ligação telefônica e comida, 10 minutos no pátio e uma porta trancada por fora. Esperamos. Num momento do dia, chegamos a ser nove pessoas naquele quarto feito cela, com cinco beliches. A maior parte era de mulheres da Ucrânia, Moldávia, Geórgia e do Uzbequistão que planejavam fazer turismo, mas cuja entrada foi negada.

A australiana era outra ameaça: ousara participar de um protesto, em uma visita anterior, em Bil’in, onde também estive. Lá, um comitê popular luta contra a ocupação israelense manifesta na vila por detenções, repressão e pelo muro que engolfou uma porção das terras agricultáveis – não sem resistência, em parte vitoriosa, pois o curso do muro teve de ser desviado. O próprio coordenador do comitê, Abdallah Abu Rahma, que já esteve preso antes, espera o julgamento por novas acusações.

Do centro de detenção, fui levada de carro diretamente até a porta do avião. Um agente me acompanhou para dentro da aeronave e entregou ao comissário de bordo meus documentos – que estiveram com eles todo esse tempo. Brasileiros não precisam de visto para entrar em Israel, nem israelenses precisam de visto para entrar no Brasil. Entretanto, uma conta das deportações dificilmente seria equilibrada entre os dois países. Muito menos por questões políticas. Em 2015, mais dois brasileiros de ascendência palestina foram barrados quando integravam um grupo de movimentos sociais em visita de solidariedade, vindos do Fórum Social Mundial na Tunísia. Também estão banidos.

Voltar é uma impossibilidade pelos próximos 10 anos — ou até que os palestinos possam finalmente exercer soberania sobre suas fronteiras, ou ainda que a Embaixada de Israel conceda uma “permissão especial”. Se a experiência resulta em um apelo, é pelo fim da ocupação israelense. Afinal, este é o alvo: a solidariedade ao povo palestino, que resiste, e a luta pela libertação da Palestina.

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