Assessor especial da Presidência afirmou que é preciso
melhorar o relacionamento do Brasil com os países árabes. Latino-americanos
também serão foco da política externa.
São Paulo – A relação com os países árabes será uma das
prioridades da política externa do governo brasileiro no segundo mandato da
presidente Dilma Rousseff. Em entrevista concedida ao canal de televisão
GloboNews pouco antes do segundo turno das eleições e exibida na noite de
segunda-feira (27), o assessor especial da Presidência da República, Marco
Aurélio Garcia, afirmou que “há espaço” para aprofundar o relacionamento do
Brasil com os países árabes, assim como com os países latino-americanos.
“Temos que dar mais consistência, por exemplo, à nossa
presença no continente africano. Temos ainda espaço grande para melhorar nossas
relações com o mundo árabe. Elas (as relações) iam muito bem, mas é verdade que
com a chamada Primavera Árabe o cenário ficou um pouco conturbado”, afirmou
Garcia na entrevista.
Garcia: relação com árabes pode melhorar.
Roosevelt Pinheiro/Agência Brasil
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O assessor da Presidência também fez referência à relação do
Brasil com países da América. “É evidente que temos que melhorar
consideravelmente nossa relação com os nossos vizinhos da América do Sul, da
América Latina e Caribe, sobretudo enfatizar mais as instituições multilaterais
que existem aqui”, disse Garcia em referência ao Mercosul.
Durante a campanha eleitoral, a coordenação do comitê de
Dilma Rousseff afirmou à ANBA que, se eleita, a candidata iria intensificar o
diálogo e a cooperação com os países árabes.
Na ocasião, o comitê eleitoral afirmou que o Brasil tem
fortes vínculos culturais com os países árabes devido à grande quantidade de
imigrantes que o País recebeu, assim como observou que o Brasil tem tradição em
buscar soluções negociadas para conflitos. Os coordenadores da campanha também
lembraram que o País é um dos poucos a manter relações diplomáticas com todos
os integrantes das Nações Unidas. Na mensagem, o comitê de Dilma afirmou que em
um segundo mandato, a presidente iria intensificar a cooperação nas áreas de
energia, educação, cultura e políticas sociais.
Evolução desde 2003
No ano passado, a corrente de comércio do Brasil com os
países árabes chegou a US$ 25,4 bilhões e o saldo comercial encerrou o período
com superávit de US$ 2,6 bilhões. O Brasil exportou US$ 14,036 bilhões, valor
5,2% inferior ao exportado em 2012. Mas desde 2003 o intercâmbio comercial
entre o Brasil e os 22 países do Oriente Médio e do Norte da África saltou de
um patamar de US$ 2,7 bilhões em embarques anuais para os US$ 14,036 bilhões de
2013.
Entre os motivos que levaram essas relações a cresceram está
o fato de que no fim de 2003 o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(2003-2010) visitou Síria, Líbano, Emirados Árabes Unidos, Egito e Líbia. Após
aquela viagem foi realizada a primeira edição da Cúpula América do Sul Países
Árabes (ASPA), criada com o propósito de aproximação entre os líderes e
sociedades civis dessas regiões.
As relações comerciais das duas regiões, no entanto, ainda
são formadas basicamente pelo intercâmbio de commodities. O Brasil exporta
carnes de frango e bovina, açúcares e minério de ferro, principalmente. Já os
árabes enviam petróleo e seus derivados ao País, além de fertilizantes.
Aguardam votação no Congresso Nacional acordos de
livre-comércio do Mercosul com a Palestina e com o Egito. A última edição da
Cúpula Aspa foi realizada em 2012 em Lima, no Peru.
A presidente Dilma Rousseff foi reeleita pelo Partido dos
Trabalhadores para o próximo mandato de quatro anos a partir de 1º de janeiro
de 2015. Dilma derrotou o adversário Aécio Neves (PSDB) no segundo turno das
eleições, realizado no domingo (26). A presidente Dilma Rousseff não visitou a
região em seu primeiro mandato, mas o vice-presidente, Michel Temer, esteve nos
Emirados Árabes Unidos, Líbano e Omã.
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