Atualizado de 24/10/15: Vídeo testemunho de Marcel Leme:
(english)
No dia do assassinato de palestina Hadil, 22 de setembro de 2015, Marcel Leme, Observador Internacional de Direitos Humanos, estava deixando a cidade de Hebron na Palestina para retornar ao Brasil. Estava a poucos metros da cena do crime. Suas fotos foram utilizadas pela mídia internacional e seu nome mantido no anonimato por motivo de segurança, pois ainda estava em territórios controlados por Israel. Ao chegar ao Brasil entrou em contato com o Blog Sanaúd-Voltaremos e nos apresentou o relato escrito e fotográfico do seu testemunho.
(english)
No dia do assassinato de palestina Hadil, 22 de setembro de 2015, Marcel Leme, Observador Internacional de Direitos Humanos, estava deixando a cidade de Hebron na Palestina para retornar ao Brasil. Estava a poucos metros da cena do crime. Suas fotos foram utilizadas pela mídia internacional e seu nome mantido no anonimato por motivo de segurança, pois ainda estava em territórios controlados por Israel. Ao chegar ao Brasil entrou em contato com o Blog Sanaúd-Voltaremos e nos apresentou o relato escrito e fotográfico do seu testemunho.
Enquanto agências internacionais procuram passar a versão
israelense de que a palestina Hadil é uma terrorista, Marcel ali estava, vendo
e fotografando o assassinato de Hadil, uma palestina inocente que em nenhum momento
apresentou algum tipo de reação à abordagem dos soldados israelenses num dos
pontos de vistoria e checagem (Checkpoint) imposto aos palestinos por Israel na cidade de
Hebron e em mais de centenas de localidades da Palestina.
O material está disponível em inglês.
Segue o testemunho de mais um ato de terrorismo do Estado de Israel:
O material está disponível em inglês.
Segue o testemunho de mais um ato de terrorismo do Estado de Israel:
Brasil, 26 de Setembro de 2015.
Testemunho sobre o assassinato da mulher palestina em Hebron
(Palestina) no dia 22 de setembro de 2015.
Testemunho e fotos: Marcel Leme
No dia 22 de setembro de 2015, às 7h43 da manhã, observei
uma moça palestina atravessando o Checkpoint 56, na entrada da Shuhada Street,
em Hebron. Ela cruzou o checkpoint, o detector de metais apitou e, conforme o
usual, um dos soldados que estavam a postos no checkpoint pediu para a moça
para de andar. Primeiramente, ele falou algo em hebraico para a moça, mas como
ela era palestina e falava árabe, os soldados tentaram se comunicar em inglês
com ela, gritando “Stop, stop!” e “Move back!”. A moça estava totalmente
coberta com uma burca preta, roupa árabe tradicional, inclusive seu rosto
também estava coberto, e o soldado estava totalmente assustado com a moça desde
que ela cruzou o checkpoint. Imediatamente a moça parou de andar e virou de
frente para o soldado. Neste momento, a distância entre ambos era de
aproximadamente 2 metros. O soldado, então, apontou a arma para a moça e
pareceu estar pedindo para ela abrir a bolsa para ser efetuada a checagem.
(Foto 1: 7h44)
Foto 1 – 7:44 am
|
Enquanto ela estava tentando abrir sua bolsa, o soldado
pediu para ela andar lentamente em direção à barreira de metal que existe no
caminho de saída do checkpoint. O soldado fez isso apontando a arma para a moça
e gritando algo em hebraico para ela. Durante este processo, a distância entre
eles foi sempre de aproximadamente 2 metros. O soldado continuou muito
assustado com ela. (Foto 2: 7h44)
Foto 2 – 7:44 am
|
Imediatamente o segundo soldado também apontou a arma para a
moça. A distância entre ela e o segundo soldado também era de aproximadamente 2
metros. Conforme os soldados haviam pedido, a moça continuou andando lentamente
em direção à barreira de metal, que fica no caminho de saída do checkpoint. Ela
permaneceu o tempo todo quieta, em silêncio e não chegou perto dos soldados em
nenhum momento. (Foto 3: 7h45)
Foto 3 – 7:45
|
Quando ela chegou perto da barreira de metal, que tem cerca
de 1,2 metro de altura, os soldados pediram novamente para ela abrir a bolsa.
Primeiramente parecia que ela não tinha entendido o que os soldados queriam,
principalmente porque eles estavam gritando em hebraico, então ela não se moveu
e nem mesmo respondeu aos soldados. Ela estava totalmente estática, como se
estivesse congelada. Então ambos os soldados atiraram em direção ao chão.
Imediatamente após os tiros, os soldados novamente gritaram algo em hebraico
para a moça, então ela tentou abrir a bolsa para mostrá-los o que havia dentro,
conforme eles haviam pedido. Antes de ela abrir completamente sua bolsa, o
soldado que estava do seu lado esquerdo começou a atirar em direção à moça.
Neste momento, a distância entre ela e ambos os soldados era de aproximadamente
3 metros. O soldado atirou cerca de três balas em direção à moça, mas não pude
ver se as balas atingiram-na ou não. Após os tiros, a moça continuou em pé ao
lado da barreira de metal. Sem reação nenhuma aos tiros, ela permaneceu quieta,
em silêncio e não se moveu. Os soldados continuaram gritando algo em hebraico
para a moça. Neste mesmo minuto, um homem palestino estava chegando ao
checkpoint com a intenção de cruzá-lo para ir em direção à área H1 (Bab
Al-Zawiye). Imediatamente o homem se aproximou da moça, ficou em pé bem atrás
dela e pareceu pedir aos soldados para pararem de atirar. Ele disse algo em
hebraico para os soldados e fez alguns gestos com suas mãos sugerindo aos
soldados para pararem de atirar. A moça então virou de frente para o homem e
ficou de costas para os soldados, de modo que o homem pôde falar com ela,
explicar a situação e o que os soldados queriam dela. (Foto 4: 7h45)
Foto 4 – 7h:45
|
Neste momento, mais dois soldados vieram à cena do
incidente. O homem palestino novamente disse algo em hebraico para os soldados
e, lentamente, tentou ajudar a moça a sair do checkpoint e ir direção ao
caminho de saída, por trás da barreira de metal. Neste momento a distância
entre a moça palestina e os soldados israelenses permaneceu sendo de
aproximadamente 3 metros. Quando ela começou a andar lentamente em direção ao
caminho de saída do checkpoint, os soldados começaram a atirar umas três vezes
em direção à moça, mesmo com o homem palestino em pé logo atrás dela. (Foto 5:
7h45)
Foto 5 – 7h:45
|
Assustado por causa dos tiros, o homem palestino se afastou
da moça e permaneceu cerca de 2 metros distante dela. Logo após os tiros, a
moça continuou em pé, não reagiu, não falou e não gritou. Sua única reação foi
a seguinte: continuou andando lentamente em direção ao caminho de saída do
checkpoint, do outro lado da barreira de metal, aquele que leva à área H1 (Bab
Al-Zawiye). (Foto 6: 7h45)
Foto 6 – 7h:45
|
Enquanto ela estava andando lentamente do outro lado da
barreira de metal, indo em direção à catraca para cruzar de volta para a área
H1 (Bab Al-Zawiye), os soldados israelenses gritaram algo em hebraico para ela.
A moça parou de andar imediatamente e olhou para eles. Parecia que ela não
estava entendendo o que eles queriam, então ela permaneceu parada, estática e
em silêncio, como se estivesse congelada. Neste momento havia quatro soldados
em volta dela. A moça permaneceu em pé a aproximadamente 4 metros de distância
de todos os soldados e, agora, havia uma barreira de metal entre ela e os
soldados. (Foto 7: 7h46)
Foto 10: 7h46 |
Logo após a moça ter caído no chão, um soldado se aproximou
e atirou nela enquanto ela estava deitada no chão. Neste momento, a distância
entre a vítima e o soldado era cerca de 1,5 metro. (Foto 11: 7h47)
Foto 11: 7h47 |
A moça palestina permaneceu deitada no chão depois de ter sido
baleada várias vezes pelos soldados israelenses. Ela caiu no chão no caminho de
saída do checkpoint, aquele que vai em direção à área H1 (Bab Al-Zawiye).
Quando atiraram nela, os soldados estavam do outro lado da barreira de metal.
Após cair no chão, a moça permaneceu inconsciente e não se mexeu. Não havia
nenhuma faca no chão em volta da vítima. (Foto 12: 7h47 / Foto 13: 7h48)
Foto 12: 7h47 |
Foto 13: 7h48 |
Dois minutos depois de a moça ter sido baleada pelos
soldados e ter caído no chão, muitos palestinos que vivem em torno da área
tentaram chegar ao local, mas os soldados já haviam bloqueado a área, fecharam
a Shuhada Street, o Checkpoint 56 e a rua que dá acesso ao bairro Tel Rumeida.
Então, a multidão ficou atrás do bloqueio dos soldados, olhando a cena a partir
de uma distância de cerca de 40 metros, na rua que vai em direção à Tel
Rumeida.
Foto 14: 7h52 |
Foto 16: 7h55 |
Foto 17: 7h55
Às 7h59, um homem da assistência médica israelense chegou ao
local, mas ele não prestou os primeiros socorros, ele apenas olhou para a
vítima e fez um telefonema. Neste momento, os colonos israelenses, soldados e
policiais estavam conversando uns com os outros e tirando fotos da mulher
palestina, que estava inconsciente e deitada no chão. (Foto 18: 8h01)
Foto 18: 8h01
Às 8h01, os soldados israelenses arrastaram o corpo da moça
palestina por baixo da barreira de metal e puxaram-na para o outro lado da barreira
de metal, onde os soldados estiveram durante todo o incidente e de onde eles
atiraram na moça. No mesmo minuto, a vítima recuperou a consciência e moveu
lentamente a cabeça. Imediatamente os soldados apontaram as armas para ela, mas
ela voltou à inconsciência novamente. (Foto 19: 8h01)
Foto 19: 8h01
Em seguida, os colonos israelenses ficaram em volta da
vítima, reuniram-se e novamente começaram a tirar fotos da moça. Os soldados
tiraram o véu preto da vítima, para que pudessem ver seu rosto e depois tiraram
fotos. (Fotos 20 e 21: 8h03 / Foto 22: 8h05)
Foto 20: 8h03
Foto 21: 8h03
Foto 22: 8h05
Vinte minutos depois de a moça palestina ter sido baleada
pelos soldados israelenses e ter caído no chão, os policiais afastaram os
colonos israelenses e isolaram a área ao redor da vítima. Eu não pude ver
qualquer atendimento médico até então. Em seguida, um policial veio até mim e
me pediu para deixar a área. Tirei a última foto da cena e subi a rua que vai
em direção a Tel Rumeida. Então me juntei à multidão que estava atrás do
bloqueio dos soldados, cerca de 40 metros de distância da cena. (Foto 23: 8h07)
Foto 23: 8h07
Nota:
Eu estava próximo ao Checkpoint 56 antes de a moça tê-lo
atravessado, eu pude ver todo o incidente a uma distância de cerca de 7 a 8
metros, sempre caminhando ao redor da cena para tentar encontrar um lugar
relativamente seguro e um ângulo melhor para testemunhar e tirar as fotos. Saí
da área exatamente às 8h07, 24 minutos após a moça ter cruzado o checkpoint e
20 minutos depois de ela ter caído no chão por causa dos tiros.
O nome da vítima foi divulgado posteriormente pelos jornais
como Hadil al-Hashlamun, uma estudante palestina de 18 anos de idade. O homem
palestino que tentou ajudá-la é Fawaz Abu 'Easheh.
Gostaria de enfatizar que a vítima em nenhum momento tentou
atacar qualquer soldado israelense, em nenhum momento tentou levantar uma faca
e em nenhum momento chegou perto de qualquer soldado israelense, desde quando
ela cruzou o Checkpoint 56 até quando ela foi baleada várias vezes pelos
soldados israelenses e permaneceu inconsciente caída no chão. Antes, durante e
depois do incidente, não pude ver nenhuma faca com a moça palestina ou em volta
dela no chão.
.............................................................................
Atualizado em 26/01/2016:
Leia
aqui a entrevista de Marcel Leme para o Portal Vermelho:http://www.vermelho.org.br/noticia/276443-9
Atualização de 29/9/2015:
Folha de São Paulo: Brasileiro que flagrou morte de palestina teme represália .............................................................................
Saiba mais sobre a ocupação israelense da Palestina:
.............................................................................
Para conhecer todas as publicações do Blog, desde
2008, acesse o Arquivo na barra lateral.
Leia as últimas publicações do Blog Sanaúd-Voltaremos:
Setembro 2015
Agosto 2015
Julho 2015
|
ABSURDO, cada vez mais e mais parece que o sionismo tirou toda HUMANIDADE destes judeus.
ResponderExcluiré absurdo ,lamentável ,estou indignada.
ResponderExcluircomo a vida humana esta banalizada.
isso pe uma barbárie