Em 1977, a Assembleia Geral da ONU, aprovou, através da
resolução 32/40 B, que o dia 29 de novembro de cada ano fosse celebrado o Dia
Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino. Nessa mesma data, em 1947, a
Assembleia Geral aprovou a resolução sobre a divisão da Palestina [resolução
181 (II)].
Em 1947 a ONU era integrada por 57 países e o ambiente
político era completamente dominado pelos EUA, que fizeram pressão sobre as
pequenas nações. Com 25 votos a favor, 13 contra e 17 abstenções e, sem o consentimento
dos legítimos donos da terra, o povo palestino, foi decidida a divisão da
Palestina. A resolução de nº 181 determinou a divisão da Palestina em dois
Estados: o palestino e o judeu. Na partilha do território, 57% da área caberiam
aos judeus e 43% aos palestinos!!!
Conforme documentado pela própria ONU, a população total da
Palestina, no ano de 1946, perfazia um total de 1.972.000 habitantes, sendo
1.203.000 muçulmanos, 145.000 cristãos e 608.000 judeus. Apenas um décimo dos
judeus eram habitantes originais da Palestina. O restante da população judia
era de imigrantes estrangeiros procedentes, principalmente, da União Soviética,
Europa Central e Polônia.
Sobre a propriedade das terras na Palestina, documentos da
ONU, atestam que os palestinos detinham 47,77% das terras e os judeus 5,66%,
sendo que o restante das terras era de domínio público.
Assim, o plano de divisão da Palestina, foi de uma injustiça
plena com o povo palestino que, além de não ter sido consultado, sendo o maior
proprietário de terras e com o maior numero de habitantes da Palestina,
tornou-se um povo usurpado e espoliado em sua própria terra natal.
Antes, durante e após a criação de Israel em 15 de maio de
1948, o plano sionista de colonização da Palestina não deixou de ser executado
por um só minuto!!
O plano sionista não previa apenas os 57% do plano de
divisão da ONU, não previa a convivência pacífica com a população
palestina, não previa obedecer e acatar as resoluções da ONU sobre a questão
palestina. Enquanto Israel foi criado, usando a ONU apenas como uma fachada de
legitimidade aos seus planos de colonização, o povo palestino foi abatido pela
catástrofe- Nakba, que ainda está vitimando cada aldeia, família, cidade,
homem, mulher e criança da nação palestina.
A colonização sionista não foi planejada para explorar os habitantes
nativos da Palestina, foi concebida para substituir os palestinos por colonos
judeus. Para isso, fez e continua fazendo a limpeza étnica da Palestina:
eliminar e expulsar a população palestina, ocupar suas terras e instalar
colônias judaicas e assim ir expandido as fronteiras israelenses.
Hoje, mais de 80% da Palestina estão sob domínio, controle e
ocupação militar e econômica de Israel. São mais de 5 milhões de refugiados
palestinos a espera de retornar aos seus lares e propriedades confiscadas,
usurpadas e roubadas por Israel. Mais de 450 aldeias palestinas foram
destruídas, não constam mais dos mapas oficiais israelenses. Milhares de
prisioneiros palestinos encontram-se nos cárceres israelenses por se recusarem
a viver na tragédia imposta por Israel, por resistirem a querer viver livres e
com dignidade em sua terra. Os cemitérios e hospitais da Palestina são parte
integrante da tragédia cotidiana palestina em função de seres humanos terem
nascido na Palestina, de serem palestinos.
Desde 1947 até os dias de hoje, os maiores obstáculos para
que o Estado da Palestina, reconhecido, em 2012*, como estado observador da
ONU, seja livre, soberano e independente, que Jerusalém seja sua capital e que
os refugiados tenham seus direitos implementados, são as politicas dos
sucessivos governos dos EUA e de Israel.
Em 29 de novembro de 2012, na Assembléia Geral da ONU, 139
países votaram pelo reconhecimento do Estado da Palestina(*ver nota). Votam
contra, historicamente, Israel e os Estados Unidos. O mundo está errado e esses
dois parceiros estratégicos estão corretos?
A imprensa não traz o dia a dia palestino, que tem
incontáveis tragédias que se reproduzem a cada dia. Muitas informações da mídia
são distorcidas, deturpam a história, escondem a realidade e ocultam a verdade.
É importante que os movimentos pela paz, de solidariedade, os movimentos
sociais, os partidos políticos, as pessoas, utilizem a mídia alternativa, as
mídias sociais, organizem debates, atos públicos e tenham uma ação contínua de
divulgar a verdade, esclarecer o publico sobre a realidade do povo palestino. É
importante intensificar o boicote à Israel, fortalecendo o movimento
internacional BDS – Boicote, Desinvestimento e Sanções, para que a pressão
politica exerça seu papel de isolar Israel em suas ações criminosas, injustas,
ilegais e aceite a paz justa e duradoura com o povo palestino, conforme as
resoluções da ONU e do Direito Internacional.
Os palestinos no Brasil e seus descendentes, os refugiados
palestinos espalhados pelo mundo, os palestinos que vivem na Palestina ocupada
por Israel, os palestinos que vivem em Israel e são discriminados como sendo
cidadãos de segunda categoria, os palestinos da diáspora em geral não lutam
contra os judeus, que são parte integrante da formação religiosa e cultural da
Palestina. O conflito não é com os judeus, não é uma questão religiosa.
Trata-se de um conflito politico territorial, trata-se de um conflito de um
povo usurpado que luta por justiça e liberdade. Milhares de judeus no Brasil e
no mundo se opõem às politicas de ocupação de Israel e prestam sua solidariedade
ao povo palestino. Israel quando se diz representar os judeus do mundo, está
cometendo um crime contra os judeus e o judaísmo. Os crimes, a ocupação e os
massacres que Israel comete contra o povo palestino não podem ser atribuídos
aos judeus, mas às politicas de colonização do Estado de Israel, um regime
racista, segregacionista e aliado do ex-regime de apartheid da África do Sul.
É disso que se trata o 29 de novembro, um dia singular onde
aqueles países que foram responsáveis pelo plano de divisão da Palestina,
possam atuar com força e intensidade na pronta implementação da justiça e
liberdade ao povo palestino. É um dia
singular para que povos e governos externem sua solidariedade ao povo palestino
nessa sua busca, sua resistência incessante pelos sues direitos nacionais
inalienáveis ao retorno e autodeterminação.
Este dia de solidariedade tenta despertar a atenção mundial
para o fato de que a situação da Palestina continua por resolver, já que o povo
palestino ainda não viu os direitos que lhe foram atribuídos pela ONU serem
reconhecidos.
O povo brasileiro canta em seu hino nacional: “Ou viver a
pátria livre ou morrer pelo Brasil”. Quem ousa negar esse direito ao povo
palestino de resistir para ser livre em sua própria terra?
Resistência pela vida, pela liberdade: Intifada!
Emir Mourad
Secretário Geral da FEPAL
*Nota: Com 138 votos a favor e 9 contrários, ONU eleva
status dos palestinos. Resultado revela o isolamento de Israel e a necessidade
de buscar a paz: http://goo.gl/tOAXXA
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