Por Abdel Latif H.A. Latif *
O website PLETZ.COM, que se autodefine como site da comunidade judaica no Brasil,
publicou em 22/8/2014, uma “Carta aberta à opinião pública anti-Israel e
antissemita”.
O autor Abraham Shapiro repete as mesmas falácias do sionismo.
Começa sua carta afirmando que “Por mais de três milênios, a
opinião pública mundial voltou-se contra nós, judeus. Em pleno século XX, na
antiga União Soviética, Stalin tentou nos destruir” e segue afirmando a ameaça
de Hitler na Alemanha.
As palavras de Shapiro são falsas, anti-históricas e integram
a propaganda sionista, que tenta convencer os judeus que o mundo está “contra
nós”: comunistas, alemães, europeus,
árabes e agora, os brasileiros.
Stalin tentou destruir os judeus? Quando? Onde? Como?
A carta de Shapiro não tem respostas .
De fato, Stalin matou milhões de camponeses ucranianos,
russos, poloneses, chechenos, ingushes, tchecos, padres, escritores,
intelectuais etc. Houve vários expurgos, mas a História não registrou que Stalin
tentou destruir os judeus. Pelo contrário, na antiga União Soviética, a punição
contra antissemitismo era morte.
Foi Stalin quem
reconheceu Israel dias após sua autoproclamação. Foi Stalin quem ordenou a Tchecoslováquia a
fornecer armas para os grupos terroristas judeus em 1948. Essas armas foram
essenciais para a realização da limpeza étnica e massacres contra os nativos
palestinos.
Repete-se que Hitler
tentou destruir os judeus, mas não os sionistas. A organização sionista
mundial, em 1933, assinou o acordo
HAVARA – transferência, com os nazistas.
Enquanto o mundo inteiro fazia campanhas de boicote contra a
Alemanha nazista, a cúpula sionista colaborava com aquele regime.
O acordo garantiu que os judeus ricos poderiam vender suas
propriedades na Alemanha e imigrar para a Palestina. Milhares de ricos judeus
alemães imigraram e milhões de marcos foram injetados na economia do Yishuv
(comunidade judaica na Palestina antes de 1948).
Hitler tentou destruir os judeus na Alemanha, mas com a
cooperação sionista.
Ben Gurion declarou em 7/12/1938, perante os dirigentes
sionistas, que “se soubesse que era possível salvar todas as crianças judias da Alemanha,
trazendo-as para a Inglaterra, ou somente a metade, transportando-as para Eretz
Israel, escolheria a segunda opção” (Zionism Policy and the fate of european
jewry, de Yvon Gelbner).
Os sionistas sacrificaram a vida dos judeus pobres no altar
do nacionalismo judaico, chamado pelo
filósofo judeu Moshe Menuhim, como
“monstro do nosso tempo”.
Shapiro continua na sua carta: “apesar da sua ação militar na
faixa de Gaza ser uma defesa legítima contra abusos e provocações terroristas
assíduas, durante anos, o mundo novamente multiplica opiniões contra Israel”.
Os líderes sionistas estão muito preocupados e com razão. A
máscara das eternas “vítimas” está caindo e por trás delas, o mundo começa a
enxergar a lealdade de Israel e do
sionismo.
Quando os sionistas expulsaram oitocentos e cinquenta mil
palestinos nativos e destruíram mais de
quinhentas aldeias e cidades palestinas, em 1948, não estavam se defendendo,
mas construindo um gueto exclusivo aos judeus, na terra e às custas de outro
povo.
Quando Israel ocupou Gaza, Cisjordânia, Sinai e colinas de
Golan, em 1967, não estava se
defendendo, mas expandindo suas fronteiras, conforme inequivocamente
demonstraram os arquivos e depoimentos militares israelenses abertos recentemente.
Quando Israel constrói muro em território palestino e edifica
assentamentos ilegais com supremacia/exclusividade judaica em territórios
palestinos e transforma as cidades palestinas em bantustões, estrangulando a
economia e possibilidade de um Estado palestino, não está se defendendo, mas
tentando perpetuar sua ocupação ilegal na Palestina.
Quando Israel mata milhares de civis, inclusive centenas de
crianças, quando destrói milhares de casas, fábricas, templos, escolas, estação
de energia e água e esgoto, quando
aprisiona, sem sequer acusação, milhares de palestinos e inclusive centenas de
criancinhas, não está se defendendo, mas
de fato, está matando qualquer possibilidade de
paz com os palestinos.
http://sanaud-voltaremos.blogspot.com/2010/07/as-raizes-do-excepcionalismo-de-israel.html
Shapiro afirma que o antissemitismo se prolifera a velocidade
e índices não vistos desde a II Guerra Mundial.
Uma das justificativas que os sionistas usam para a criação
do Estado judeu é que essa seria a única maneira de combater o antissemitismo e
esse Estado seria o porto seguro para os judeus do mundo.
Israel, com suas políticas baseadas na tese de supremacia
racial, e suas tentativas constantes de exterminar os nativos da Palestina,
vive em perpétuo estado de guerra.
Israel é o lugar menos seguro e menos salubre para os judeus
do mundo. Israel, hoje, é a principal causa de antissemitismo. O que deveria
ser a solução se transformou no dilema para os judeus e a humanidade. O que a
opinião pública internacional condena são os crimes cometidos por Israel, que são
crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Os sérvios foram atacados pela
OTAN por crimes de menor duração que Israel cometeu e comete contra todos seus
vizinhos.
Israel que se autoproclama porta-voz de todos os judeus do
mundo, reforça a tese dos antissemitas no sentido de que os judeus não têm
fidelidade a seus países de origem, são meros hospedeiros e que têm lealdade
apenas a sua tribo/raça, certo ou errado.
Israel, desde sua criação, desrespeitou todas as resoluções
da ONU e da Corte Internacional de Haia,
mas até hoje, Israel ainda não foi punido pelos seus atos.
Mesmo assim, os sionistas continuam a gritar que o “mundo
está contra nós”.
Já é passada a hora de se olhar no espelho e descobrir porque
o mundo está contra Israel e seus característicos e assíduos crimes.
Shapiro conclama “Que venham os novos Stalin e os novos
Hitler”.
Ele está procurando por Hitler nos povos errados.
O professor judeu
Yeihayahu Leibovitch, considerado um dos últimos grande profetas judeus
da atualidade, foi o primeiro a comparar
Israel com a Alemanha nazista. Foi ele quem, há 25 anos, cunhou o termo judeonazista para descrever os
crimes de Israel.
Há poucos meses, o maior escritor israelense, Amos Oz, chamou
os colonos judeus que atacam os palestinos de neonazistas.
Há tempo, Hitler se reencarnou. Hoje, lidera governo,
partidos e exército de Israel.
Shapiro termina afirmando que os judeus apenas estão se
defendendo.
Israel e os sionistas têm um inimigo poderoso: a Verdade.
Na luta contra esse inimigo, mesmo Israel não sairá
vitorioso.
A verdade libertará!
*Abdel
Latif Hasan Abdel Latif, médico palestino, Conselheiro da FEPAL - Federação Árabe Palestina do Brasil.
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