terça-feira, 6 de agosto de 2013

Dia de Jerusalém é celebrado em SP com mensagem de resistência

Dia Mundial de Jerusalem é celebrado em São Paulo


Na última sexta-feira (2) foi comemorado em todos os continentes o Dia Mundial de Al Quds (Jerusalém), com manifestações de rua e atos políticos em diferentes cidades. No Brasil, teve lugar uma solenidade em São Paulo, na Mesquita do Brás, organizada pela Associação Beneficente Muçulmana do Brasil.


O Dia Mundial de Al Quds (Jerusalém) foi instituído pela Revolução Iraniana, em 1979, sob a liderança do Aiatolá Khomeini, para ativar a luta pela libertação da cidade ocupada pelos sionistas israelenses.

Falando em nome da Embaixada iraniana no Brasil, o vice chefe da missão diplomática, Mahdi Rounagh destacou que o Dia Mundial de Al Quds (Jerusalém) se comemora neste ano quando a luta dos povos do Oriente Médio está vivendo um momento decisivo, por ele caracterizado como “despertar islâmico”. O diplomata enfatiza que está havendo na região uma intensificação da luta contra as potências imperialistas, nomeadamente os Estados Unidos e o regime sionista israelense.

De acordo com Mahdi, essas potências revelam a todo momento as “más intenções” dessas potências, que pretendem apropriar-se do levante dos povos da região para favorecer os seus interesses. O representante da República Islâmica iraniana ressaltou que esses levantes se voltam contra o “inimigo sionista” e que uma das lutas mais importantes que ali se desenvolvem é pela libertação de Jerusalém ocupada. “Os palestinos esperam a libertação da cidade e de toda a Palestina”, assinalou.

Mahdi Rounagh fez críticas à retomada das negociações anunciadas na semana passada pelo secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, entre a Autoridade Nacional Palestina e Israel. “O inimigo sionista e os Estados Unidos querem levar adiante o inútil e equivocado diálogo entre o regime israelense e a Palestina. É em vão, pois Israel não adere a nenhum acordo e a nenhuma norma”. O diplomata denunciou que Israel continua a política de assentamentos nos territórios palestinos, usurpando os direitos deste povo e levando adiante seu plano de tornar a Palestina um território judaico.

Ressaltando que “o mundo islâmico não reconhece a ocupação", o vice chefe da missão iraniana no Brasil fez um chamamento pela unidade nacional palestina, “para enfrentar o inimigo e recuperar o território usurpado”.

Por seu turno, o embaixador da Autoridade Nacional Palestina no Brasil, Ibrahim Al Zeben, discursou para os defensores da paz, saudando todos os que no Brasil lutam pela paz e defendem a devolução de Al Quds (Jerusalém) aos palestinos. Al Zeben disse ser grato pela solidariedade que seu povo recebe dos movimentos sociais e partidos políticos brasileiros, destacando o papel do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz) e de sua líder, Socorro Gomes, que é também a presidenta do Conselho Mundial da Paz (CMP).

O embaixador palestino foi duro nas críticas “aos inimigos que querem acabar com nossa existência”. E reafirmou o compromisso de luta do seu povo e da Autoridade Nacional Palestina. “Lá permaneceremos, como as pedras, como as oliveiras, como a terra. Não abandonaremos os nossos prisioneiros. Seguiremos lutando até que a justiça chegue e ela chegará mais cedo do que tarde, pois o mundo árabe está mudando”.

Com um discurso vibrante, interrompido várias vezes por calorosos aplausos, a presidenta do Conselho Mundial da Paz e do Cebrapaz declarou que “ao celebrar o Dia Mundial de Jerusalém, reafirmamos a defesa que fazemos da causa palestina, que é uma causa de toda a humanidade”.

Socorro Gomes destacou que em pleno século 21 não podemos conviver com “as políticas e ações de uma poucas potências que revelam extrema crueldade”. Como exemplo dessas políticas e ações, citou as que o Estado sionista leva a cabo na Palestina ocupada.

Ressaltando que “não podemos admitir que os sionistas israelenses impeçam os palestinos de viverem livres”, a dirigente reiterou a exigência dos movimentos sociais de que “Israel devolva aos palestinos os territórios ocupados, devolva aos palestinos a sua capital, Jerusalém, e liberte os prisioneiros palestinos”. Segundo Socorro, este “é um clamor de toda a humanidade, um compromisso que vem do fundo de nossa alma”.

Socorro Gomes analisou o quadro político em desenvolvimento na região do Oriente Médio. Denunciou que “as políticas dos Estados Unidos e do regime sionista israelense são políticas terroristas levadas a efeito por inimigos da paz, que visam a controlar o Oriente Médio e suas riquezas, violando o direito internacional, praticando políticas intervencionistas, desencadeando guerras, vilipendiando a própria ONU e corrompendo o significado das palavras como liberdade e direitos humanos”.

A líder pacifista reafirmou a plena solidariedade com os povos que resistem e lutam contra essas políticas. Destacando que “cada povo é dono do seu destino”, defendeu a união dos povos, enalteceu “a heroica luta da Síria e de seu povo pela soberania” e o papel do Irã, “que resiste e é solidário com os povos em luta”.

Ao finalizar, Socorro Gomes lembrou que o imperialismo estadunidense, que se encontra em declínio, não é invencível, que sua derrocada é previsível e que a humanidade é solidária com os palestinos. “A unidade dos povos vai derrotar o sionismo e o imperialismo”, concluiu.

O ato em homenagem ao Dia Mundial de Al Quds (Jerusalém) foi saudado também por lideranças muçulmanas das Mesquitas xiitas e sunitas de São Paulo e da Igreja Cristã Ortodoxa.

 Fonte: Redação do Vermelho 

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domingo, 4 de agosto de 2013

Acordo de paz ou jogada de marketing?

Por Marino Boeira*

Um acordo de paz permanente entre palestinos e judeus é uma meta que deve ser desejada por todos, mas as novas conversações entre Israel e a Autoridade Palestina, promovidas pelo Secretário de Estado Norte-Americano, John Kerry, parecem mais uma jogada de marketing político do governo Obama do que realmente um esforço para superar as antigas divergências que separam os dois povos.

A partir de 1993, em Oslo, sob o patrocínio de outro presidente americano, Bill Clinton, judeus e palestinos começaram uma série de reuniões que terminaram em setembro de 1995, com os chamados acordos Oslo II, que permitiriam a criação de um Estado Palestino, ainda que fragmentado, cinco anos mais tarde, nas regiões da Cisjordânia e Faixa de Gaza.

Sob pressão americana, o dirigente histórico da Autoridade Nacional Palestina, Yasser Arafat, foi obrigado a assinar um acordo pelo qual a Palestina era dividida em três áreas. A Zona A, sob total controle da ANP, representava 3% dos territórios ocupados e 20% da população, enquanto a Zona B (controle militar israelense e civil palestino) compreendia 24% do território e 68% da população (os territórios das Zonas A e B são completamente fragmentados, sem continuidade). A Zona C, incluindo Jerusalém Oriental, com 73% do território e 12% da população, permanecia sob total controle israelense e nela se intensificou a construção de colônias judaicas e rodovias estratégicas

Outras reivindicações históricas dos palestinos desde a criação do Estado de Israel, em 1948, como a volta às fronteiras existentes até 1967, o retorno dos palestinos expulsos de suas terras e a questão da divisão de Jerusalém, sequer foram discutidas.

Mesmo com todas estas concessões, Israel nunca cumpriu o que prometera em Oslo. Yitzhak Rabin, que assinou o acordo de paz com Arafat, seria assassinado por extremistas judeus de direita cinco semanas após e o seu governo de centro esquerda, substituído, mais adiante, por outro formado por uma coalizão de direitistas e partidos religiosos, para os quais nenhuma concessão deveria ser feita aos palestinos.

Na visão estratégica dos fundadores e dos principais líderes do Estado de Israel, como David Bem-Gurion, Golda Meir, Moshe Dayan e Menachen Begin, a paz com os árabes nunca foi uma perspectiva aceitável, muito menos a consolidação de um Estado Palestino na região. Na visão militarizada desses líderes, a sobrevivência de Israel, além do permanente apoio material dos Estados Unidos, só seria possível com apropriação das terras e dos mananciais de água dos palestinos. Por isso, a guerra, muito mais do que a paz, sempre esteve entre seus principais objetivos.

Com algumas nuances pouco marcantes, esta foi sempre a estratégia dos governos de Israel. Quando a pressão internacional era muito grande, eram feitas algumas concessões aos palestinos, mas no essencial a política de ocupação das terras árabes por colonos judeus nunca foi interrompida.

Sem perspectivas de alcançar algum sucesso pelas vias políticas, os palestinos, também estimulados pela expulsão dos judeus do sul do Líbano, lançaram a segunda Intifada (guerra das pedras) contra os soldados e os colonos israelenses nas regiões ocupadas, a partir do ano 2.000, causando em seis anos mais do que 5 mil mortos, a maioria palestinos.

No final do ano passado, a ONU aprovou o pedido da Autoridade Palestina para se tornar um Estado observador nas Nações Unidas por 138 votos a favor, inclusive com o voto do Brasil, 9 contra e 41 abstenções. Na prática, porém, pouco mudou e o que mudou foi para pior: os fundos de auxílio dos Estados Unidos à Autoridade Palestina foram congelados pelo Congresso Americano e Israel bloqueou o repassemensal de US$ 100 milhões em taxas alfandegárias e impostos sobre vendas, a que a Autoridade Palestina tem direito sobre o seu comércio com outros países.

Com isso, a dívida da Autoridade Palestina chegou a 2 bilhões de dólares e o governo praticamente quebrou, tornando-se incapaz de continuar mantendo sua estrutura administrativa. Nessa situação, tornou-se impossível para o presidente da ANP, Mahamoud Abbas, recusar o convite americano para voltar a negociar com Israel, mesmo sabendo que obterá poucas concessões e verá ainda tornar-se mais tensa sua relação com o Hamas, que controla a Faixa de Gaza e não aceita negociar com Israel nas condições propostas pelos americanos.

Há semanas atrás, antecedendo à vista de Kerry, Obama esteve na Palestina para negociar a realização da chamada Conferência de Paz. Primeiro, anunciou que o atual acordo de ajuda militar a Israel, que terminaria em 2017, será ampliado por mais 10 anos a um custo de 3 bilhões de dólares anuais. Depois, garantiu o repasse imediato de 200 milhões de dólares à Autoridade Palestina e mais 500 milhões nos próximos dias, dos fundos que estavam congelados.

Satisfeitas as necessidades financeiras dos palestinos e militares dos israelenses, foi possível a Obama assumir o papel de mediador no processo de paz.

Para mostrar colaboração, Israel libertou 140 presos políticos palestinos.

Armado o circo, John Kerry anunciou que a gestação do acordo de paz deve durar nove meses, assim como acontece com os seres humanos.

Vamos esperar que não seja parido um monstro, embora a negociadora israelense, a ministra Tzipi Livni, já tenha antecipado poucas esperanças de sucesso na empreitada.

Disse ela: ”Temos ministros que não querem chegar a um acordo, nem ouvir falar da ideia de dois Estados, temos outros ministros que são indiferentes, mas que esperam que nenhum resultado seja alcançado, e outros membros do governo que desejam alcançar o fim do conflito”.

Ela fazia referência aos ministros da ala radical do Likud, partido do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, e do nacionalista Lar Judeu, que são hostis à criação de um Estado palestino.

Livni também fez referência ao partido de centro-direita Yesh Atid de Yair Lapid, o ministro das Finanças, que até o momento não considera que o processo de paz seja uma prioridade

Enquanto isso quem vai ganhar ou perder nesses nove meses?

Em primeiro lugar, ganha o Presidente Obama, pelo menos enquanto durar a conferência entre palestinos e judeus.

Depois, os israelenses, que poderão continuar com suas políticas expansionistas sobre terras palestinas sem a ameaça de maiores represálias.

Ganha o governo da Autoridade Palestina, que terá alguns meses de desafogo financeiro.

Quem perde?

Como sempre aconteceu até agora, serão os palestinos na sua esperança de construir um estado nacional, independente, moderno e democrático.

* Marino Boeira é professor universitário

Fonte: Sul2

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'É normal o ceticismo quanto à paz', diz negociador palestino DIOGO BERCITO DE JERUSALÉM

Saeb erekat sobre as negociações de pas entre palestina e Israel
Mike Theiler - 30.jul.13/Efe  - Negociador Saeb Erekat, ao lado do secretário
de Estado dos EUA, John Kerry; para ele, ceticismo sobre paz é normal


Não é de surpreender que as pessoas ao redor do mundo estejam céticas a respeito do processo de paz, diz o negociador-chefe palestino Saeb Erekat à Folha.

Afinal, duas décadas de negociações, desde os Acordos de Oslo, "trouxeram mais colonos, mais assentamentos e mais extremistas".

Erekat irá liderar as conversas com autoridades israelenses durante os nove meses de processo de paz. "Não quero que meus filhos passem pelo que estou passando. Queremos ser como qualquer outro povo no mundo", diz ele.


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