sábado, 20 de julho de 2013

“Reconhecimento da Palestina e condenação do apartheid de Israel são logros dos últimos anos”

Secretário geral da Federação Árabe Palestina do Brasil, Emir Mourad destaca papel de Lula na luta pela paz e por uma nova ordem mundial.


Escrito por: Leonardo Severo, de São Bernardo
18/07/2013


Conferência Nacional 2003-2013 Uma nova Política Externa
Carlos de Oliveira, Paulo Farah, Emir Mourad e
Salem Nasser

A mesa de debate sobre o Oriente Médio da “Conferência Nacional 2003-2013 Uma nova Política Externa” destacou o protagonismo da diplomacia brasileira nestes dez anos em torno a uma “cultura de diálogo e de paz” na região, ecoando uma sonora condenação à política de apartheid movida por Israel contra o povo palestino. Ao mesmo tempo, foi denunciado o papel alienante e manipulador dos conglomerados de comunicação que, atrelados ideológica e financeiramente aos Estados Unidos, identificam as vítimas como agressores com o intuito de justificar a presença militar e o assalto às imensas riquezas petrolíferas da região.

Coordenado por Paulo Farah, diretor da Biblioteca e Centro de Pesquisa América do Sul-Países Árabes (Bibliaspa), o debate teve lugar na Universidade Federal do ABC, nesta quarta-feira à tarde, reunindo o secretário geral da Federação Árabe Palestina do Brasil (FEPAL), Emir Mourad; o chefe da Divisão Oriente Médio do Itamaraty, Carlos Oliveira, e o professorde Direito Internacional da Escola de Direito de São Paulo (FGV), Salem Nasser.

Mourad assinalou o protagonismo desempenhado pelo ex-presidente Lula, que reconheceu o Estado Palestino e “fez uma severa crítica ao muro do apartheid”. “São mais de 700 quilômetros de um muro que cerca, divide e rouba terras árabes. O atual estado palestino corresponde a apenas 22% do território original e Israel insiste em manter a divisão em cantões, em bantustões, como no regime de segregação racial da África do Sul”, condenou Emir, denunciando que Israel não pode continuar como um Estado acima da lei.

“Eventos como esse ampliam a denúncia e a pressão para que o governo israelense dialogue com base no direito internacional, para que se chegue a uma paz justa e duradoura”, disse o dirigente da Fepal, saudando a iniciativa de unir estudiosos das relações internacionais, movimentos sociais e governo para debater um tema tão relevante quanto invisibilizado.

O dirigente da Fepal rechaçou “o absurdo reducionismo e a mitologia negativa com que a grande mídia apresenta o povo árabe, e especialmente o povo palestino, como bárbaro e terrorista”. Diferente desta compreensão, esclareceu, “o que estamos afirmando aqui é a política da multilateralidade, do diálogo, do respeito à soberania, à cultura, à tolerância com o diferente”.

Emir Mourad lembrou que o idioma português conta com mais de três mil palavras de origem árabe, citando várias delas cuja primeira sílaba é “al”: como alecrim, almoxarifado e algodão. “São precedentes da presença árabe em Portugal, que colonizou o Brasil”, recordou, frisando que a própria navegação pelo Atlântico até as nossas costas só foi possível por um invento árabe: o astrolábio.

CONTRA A DESINFORMAÇÃO E O PRECONCEITO

Nos últimos dez anos, destacou o diplomata Carlos Oliveira, além de haver uma estruturação do relacionamento com os países árabes, foram estreitados os vínculos com um arcabouço jurídico apropriado para assegurar a sua continuidade. Para dar esses passos, o representante do Ministério das Relações Exteriores lembrou que foi preciso enfrentar uma enorme carga de desinformação e preconceito. “Havia perguntas do tipo ‘O que o Brasil está fazendo no Oriente Médio?’ Como se a matriz árabe não fosse uma das grandes matrizes da nossa formação, uma visão falsa de que não temos nada com a região”, explicou.

Oliveira lembrou que foi no Iraque – no período anterior à invasão estadunidense – “onde as nossas empresas aprenderam a exportar serviços, com a atuação das grandes construtoras”, e que a aproximação brasileira com a região abriu um processo exponencial, de relações duradouras, altamente frutífero para o conjunto dos nossos países. “Nós atuamos respeitando as características culturais de cada povo, não interferindo, não impondo venda de armas, sem jogar um contra o outro para especular com o seu petróleo”, declarou o diplomata, frisando que a concepção do Itamaraty “não é a de doutrinar nem catequisar”, mas de partilhar experiências. “É assim que superamos diversos obstáculos”.

Professor de Direito Internacional da Escola de Direito de São Paulo (FGV), Salem Nasser defendeu a necessidade de que a justiça tenha um papel central nas relações entre os países, condenando o fato de milhões de palestinos continuarem sendo vítimas da ocupação ilegal de seu território. “Ter uma política externa progressista e de esquerda significa apoiar a causa palestina”, afirmou Salem. Na sua avaliação, “se houvesse uma liga do futebol das relações internacionais, estaria no Oriente Médio o grande jogo”.

Paulo Farah enfatizou a relevância de Lula como presidente do Brasil, “que é a maior comunidade árabe fora dos países árabes”, ter feito uma gira pela região - que só havia sido visitada por Dom Pedro II. A promoção do multilateralismo, com vistas à intensificação de relações diplomáticas e econômicas consistentes, acredita, deve ser nossa prioridade.

Ao encerrar os trabalhos, o coordenador da mesa exortou a todos os presentes que “acreditam na educação como poder de transformação”, a se dedicarem ao “combate à discriminação”, lutando para que a política externa brasileira continue “ativa e altiva” na construção de relações internacionais justas, essenciais para a consolidação de nações soberanas.


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Em nome da FEPAL - Federação Árabe Palestina do Brasil, entidade que representa a comunidade palestina no Brasil, quero parabenizar todos os idealizadores e organizadores da Conferencia pelo sucesso do evento.

Ao expor o tema Relações Externas e juntar representantes da academia, governo e sociedade civil a Conferencia traçou mais um novo rumo da politica externa, onde a conjunção e participação de todos deve fortalecer cada vez mais o Brasil e sua tomada de decisões nos principais temas internacionais e na inclusão do Brasil, cada vez mais forte, no mundo..

Parabenizo também a Universidade Federal do ABC, estudantes, professores e reitoria, pela brilhante organização e participação ativa nos debates.

Um carinhosa e especial saudação aos alunos da Universidade e de outras Universidades do Brasil que se fizeram presentes, pela sua participação engajada e interessada. Vocês foram o brilho mais importante desse sucesso.

Saudações fraternas,

Emir Mourad
Secretário Geral


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Conferência Nacional 2003-2013 Uma nova Política Externa - Lula
    Alunos da Universidade Federal do ABC e de outras Universidades com Lula após a sua apresentação de encerramento da Conferencia ( Vejam aqui o discurso de encerramento de Lula)


terça-feira, 9 de julho de 2013

Conferência Nacional de Política Externa: 2003 - 2013

Conferencia Nacional



Democratização da política externa será debatida em conferência.

O Grupo de Reflexão sobre Relações Internacionais (GRRI), que agrupa diversos partidos políticos, movimentos sociais, acadêmicos e instituições dedicadas ao estudo da política externa, realizou a sua sétima reunião nesta terça-feira (11), na sede da Confederação Sindical das Américas, em São Paulo. Em coletiva de imprensa, o grupo anunciou a Conferência Nacional 2003-2013: Uma Nova Política Externa, que será realizada em julho.


O objetivo do GRRI é refletir sobre a política de relações exteriores do Brasil, inserido em um contexto de mudança no mundo, atualmente em crise econômica aguda com importantes mudanças geopolíticas. Neste sentido, de acordo com a apresentação da temática feita pelo grupo, “as relações internacionais, de forma inédita, passaram a fazer parte explícita da agenda política interna do Brasil nos últimos anos”, e por isso devem ser abertas à participação da sociedade civil na sua formulação.

Sob a insígnia da democratização da política externa brasileira, o GRRI lança a conferência a ser realizada entre 15 e 18 de julho, no campus da Universidade Federal do ABC (UFABC) em São Bernardo do Campo, São Paulo, com a presença de importantes atores políticos, acadêmicos da área de relações internacionais e representantes de diversos movimentos sociais.

O professor Giorgio Romano, da UFABC, apresentou de forma geral a conferência durante a coletiva de imprensa, ressaltando a necessidade de abertura das relações internacionais ao debate público, e a professora Maria Regina Soares de Lima, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), preconizou a importância da atividade como “um marco histórico na política externa brasileira”.

Por isso, a professora enumerou três novidades impulsionadas a partir do Governo Lula, em política externa: a saída do âmbito estritamente econômico para o plano político (citando como exemplo o papel de mediação desempenhado pelo Brasil, em conjunto com a Turquia, na questão do Irã e seu programa nuclear); o direcionamento voltado para a América Latina; e a cooperação internacional, especialmente a “cooperação sul-sul”, em que o Brasil tem se destacado.


                         VEJA AQUI A PROGRAMAÇÃO DA CONFERENCIA NACIONAL DE POLITICA EXTERNA


Conferencia Nacional de Política Externa: 2003 - 2013



Política interna refletida exteriormente

Internamente, o aprofundamento da democracia, a expansão no número de atores envolvidos na política externa e a reafirmação do regime presidencialista no Brasil, segundo a professora Maria Regina, proporcionaram o novo rumo das relações internacionais do país, o que precisa ser impulsionado com a participação da sociedade na formulação da agenda externa como parte das políticas públicas.

A professora lembra que “a prerrogativa constitucional é do presidente para a condução da política externa”, e a reafirmação deste fato deve proporcionar e dar impulso ao debate público.

Neste sentido, Rubens Diniz, da Fundação Maurício Grabois e do IECint, disse ser necessário “identificar a política externa como instrumento de desenvolvimento nacional”, fazer um balanço e também avançar com novos desafios, respondendo à questão sobre qual será o papel do Brasil nas relações internacionais, com valorização da integração regional, redução das assimetrias e aprofundamento das relações solidárias.

Também por isso, Arthur Henrique, ex-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), colocou a importância do balanço e do avanço para o debate sobre um modelo de desenvolvimento, tendo em conta o seu impacto para os trabalhadores, mobilizados em solidariedade internacional, e o impacto das empresas transacionais e multinacionais, por exemplo, ainda dentro da democratização da política externa.

O objetivo da conferência é "refletir sobre a política externa brasileira nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, no contexto de um mundo pautado por uma aguda crise econômica, pelo enfraquecimento dos organismos multilaterais e pelo estabelecimento de novas parcerias políticas, econômicas e culturais por parte do governo brasileiro", de acordo com a nota da organização.

O evento pretende trazer ao público o debate já realizado em diversos âmbitos no país, com a intenção de provocar o impulso da participação da sociedade na elaboração da agenda política externa e na configuração da mesma como uma política pública aberta ao debate, através da maior representatividade. Para isso, serão realizadas palestras, debates e oficinas com dirigentes governamentais, lideranças políticas, acadêmicos e estudantes.

Entre os participantes da conferência estão o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-ministro de Relações Exteriores e atual ministro da Defesa, Celso Amorim, o atual chanceler, Antônio Patriota, o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra João Pedro Stedile, o presidente do PCdoB, Renato Rabelo, representantes da CUT, da CTB, da UNE, do Movimento de Atingidos por Barragens, Marco Aurélio Garcia, assessor-chefe da Assessoria Especial da Presidenta da República, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, o Ministério do Meio Ambiente, professores de Relações Internacionais e Economia da Universidade Federal de Integração Latino-americana, da UERJ, da PUC, da UFRS, da UFABC, da Unifesp, da USP e da Universidad Nacional de Quilmes (Argentina), entre muitos outros, além de representantes de vários partidos políticos.


Por Moara Crivelente / Publicado originalmente pela redação do Portal Vermelho em 12 de junho de 2013.

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Inscrições e informações: www.conferenciapoliticaexterna.org.br

Taxa de inscrição: R$ 20,00 (certificado de presença, almoços e material da Conferência)

Contato: info@conferenciapoliticaexterna.org.br


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UMA DAS ATIVIDADES DA CONFERENCIA:


Mesa 11: A Política Externa Brasileira e o Oriente Médio

Eduardo Uziel, chefe da divisão do Oriente Médio do Ministério das Relações Exteriores

Emir Mourad, secretário geral da Federação Árabe Palestina do Brasil (FEPAL)

Salem Nasser, professor de Direito Internacional da Escola de Direito de São Paulo (FGV)

Coordenação: Paulo Farah, diretor da Biblioteca e Centro de Pesquisa América do Sul-Países Árabes (Bibliaspa)


17 de julho de 2013 - quarta-feira - Local: sala 203, bloco alfa

Campus São Bernardo da Universidade Federal do ABC
Rua Arcturus, 03 - Jardim Antares São Bernardo do Campo






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