RECITAL DIA DA TERRA - PALESTINA
Biblioteca Mário de Andrade
29/03 - Terça - 19 h
R. da Consolação, 94 - Consolação, São Paulo - SP
Metrô Anhangabaú
O recital “Dia da Terra”, que acontecerá no dia 29 de março,
terça-feira, a partir das 19h, na Biblioteca Mário de Andrade, contará com a
participação dos poetas Claudio Daniel, Ruy Proença, Marcelo Ariel, Rubens
Jardim, Khaled Mahassen, Célia Abila, Marcelo Adifa e Rosana Piccolo, que lerão
poemas de autores palestinos contemporâneos, como Mahmoud Darwish, Salim
Jabran, Tawfik Az- Zayad e Samih al Qassim, além de composições de autores
brasileiros relacionados com o tema da Palestina, sua história, sua cultura e
os seus desafios para a autodeterminação.
O Dia da Terra (em árabe: يوم الأرض) é uma data do calendário palestino,
comemorada no dia 30 de março para recordar a ocupação de suas terras pela
colonização sionista e afirmar a sua aspiração à autodeterminação e soberania
nacional. A origem da data está nos eventos ocorridos em 30 de março de
1976, quando aconteceram greves e
manifestações de protesto em cidades palestinas situadas em Israel contra o
anúncio de um plano do governo israelense de expropriar 25.000 dunums (25
milhoes m²) na Galileia, por "razões de segurança e para construção de
assentamentos". O exército israelense de ocupação reprimiu duramente as
manifestações e seis palestinos foram mortos, na área de Al Jahil. Desde 2007,
o Dia da Terra Palestina é celebrado com ações do movimento Boicote,
Desinvestimento e Sanções (BDS), que
visa pressionar as autoridades israelenses a realizarem negociações sérias para
a paz na região.
Sobre os poetas:
Claudio Daniel nasceu em São Paulo, em 1962. É poeta, tradutor, ensaísta e doutor em
Literatura Portuguesa pela USP. Foi curador de Literatura e Poesia no Centro
Cultural São Paulo entre 2010 e 2014 e colunista da revista CULT. Publicou
diversos livros de poesia, entre eles A sombra do leopardo, Figuras metálicas e
Cadernos bestiais.
Rubens Jardim, 69 anos, fez parte da Catequese Poética nos
anos 60, participou da 1ª Bienal Internacional de Poesia e publicou 3 livros:
Ultimatum (1966), Espelho riscado (1978) e Cantares da paixão (2008) --e uma
plaquete: Fora da estante (2012). Publicou em diversas antologias, no Brasil e
no exterior. No seu blog www.rubensjardim.com divulga a série AS MULHERES
POETAS desde 2011.
Marcelo Ariel é poeta, performer e ensaísta. Autor dos
livros Retornaremos das cinzas para sonhar com o silêncio, Ed.Patuá, O rei das
vozes enterradas, Ed. Córrego, entre
outros. Coordena cursos de criação literária.
Célia Abila é poeta, participou do Laboratório de Criação
Poética e publicou poemas em blogues, sites e revistas de literatura, como
Germina, Cronópios e Zunái. É autora do livro de poesia Civilização em aneis de
guepardo.
Marcelo Adifa é poeta. Recentemente publicou a obra Exílio,
onde retrata, por meio de versos, sua experiência fora do país, tem também o
livro A Quem se Fizer Estrela. Além de
suas duas obras, Marcelo participou de diversas antologias temáticas com
grandes poetas brasileiros, entre elas 29 de abril – o verso da violência. Na
música, já compôs canções em parceria com Lula Barbosa, Vidal França, João Bá e
Lluis Llach.
Khaled Mahassen é poeta e empresário no setor de turismo.
Publicou poemas em blogues, sites, revistas e na antologia Poetas da Palestina.
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Palestinos: O Dia da Terra*
Por Maurício Tragtenberg**
Amanhã, dia 30, o
povo palestino comemora o “Dia da Terra”, que surgiu como lembrança histórica
da resistência que em 1976, os vários palestinos da Galiléia (território
ocupado em 1948) manifestaram contra a invasão e ocupação de suas terras pelo
Estado em Israel.
Como acontece nessas
ocasiões houve repressão e violência por parte das autoridades militares de
ocupação, onde foram indiscriminadamente atingidos homens, mulheres, velhos e
crianças. É impossível destruir um povo que por mais de trinta séculos
construiu sua cultura, suas obras materiais e espirituais.
Enquadrada no plano
da destruição da cultura e identidade do povo palestino estão as universidades
palestinas construídas nas ‘zonas ocupadas’ pelo Estado em Israel.
Através da Ordenança
Militar 854, uma das 1.080 ordenações militares que modificam a legislação
jordaniana, em vigor na Cisjordânia, o Estado detém em suas mãos a permissão de
funcionamento de qualquer instituição educacional, que implica no controle
pelas autoridades do pessoal acadêmico, dos programas e manuais de ensino.
Uma das iniciativas
que afetou gravemente o funcionamento das universidades palestinas nas ‘zonas
ocupadas’ foi que a partir de 1983 os professores estrangeiros –na realidade
palestinos com passaportes de diversas nacionalidades estrangeiras – tenham que
assinar uma declaração, segundo a qual, comprometem-se a não dar apoio algum à
OLP nem a qualquer organização terrorista. Ante a recusa unânime do corpo de
professores em assinar tal ignominioso papel, a repressão foi terrível.
A Universidade
d’An-Najah teve dezoito professores expulsos, enquanto outros três que estavam
no Exterior foram proibidos de ingressar na Cisjordânia. Bir-Zeit perdeu cinco
e a Universidade de Bethléem perdeu doze de seus professores.
O fechamento
temporário de universidades é outra medida que as “autoridades” de ocupação
lançam mão; entre 1981/2 a Universidade de Bir-Zeit ficou fechada sete meses. A
Universidade de An-Najah em 1982/3 ficou fechada durante três meses
consecutivos, as Universidades de Bethléem e Hebron conheceram igual destino.
Com o fim de vencer
a resistência cultural palestina, a detenção de estudantes pelos motivos mais
fúteis é coisa comum em todas as universidades da Cisjordânia. Os detidos são
confinados na prisão de Fara’a, no Vale do Jordão. Segundo a advogada Lea
Tsemel, o detido, conforme a “lei de urgência” (do período do Mandato
Britânico) pode ficar incomunicável durante dezoito dias, sem culpabilidade
definida nem visita de advogado. Por trazer consigo um panfleto ilegal o detido
pode assim ficar durante 48 dias.
O “tratamento” é o
mais degradante possível: duchas frias, golpes, insultos.
O presidente do
Conselho de Estudantes de An-Najah, condenado a seis anos de prisão em 1974,
não só afirmou ter sido torturado como também afirmou: “todos os prisioneiros
palestinos são torturados.”
Porém, a
Universidade de Bir-Zeit é um foco de resistência cultural palestina; organiza
atividades culturais fundada na cultura popular palestina. Possui uma biblioteca
significativa aberta à consulta pública.
Os dados a respeito
da situação de resistência cultural palestina acima descrita nos foram
fornecidos por Sônia Dayan-Herzbrun e Paul Kessler, que testemunham: “O fato de
sermos judeus não afeta nossa objetividade em relação ao tema tratado. A
consciência de nossa identidade judaica e das responsabilidades inerentes a ela
nos levaram a participar do Centro de Cooperação com a Universidade Bir-Zeit.”
(Le Monde Diplomatique, julho de 1984)
É o que também pensamos. O “Dia da Terra” é a reafirmação de
um povo que pode ser expropriado, espezinhado, torturado, caluniado;vencido
nunca.
* Publicado in: Folha
de S. Paulo, 29.03.1985.
** Maurício
Tragtenberg, 54, professor do Departamento de Ciências Sociais da Fundação
Getúlio Vargas SP) e da PUC-SP, escreveu, entre outros livros, “Administração,
Poder e Ideologia.
O texto acima
encontra-se no site: http://www.espacoacademico.com.br/028/28mt_29031985.htm
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