sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Parque Yasser Arafat homenageia cultura de paz e justiça em Campinas

http://www.campinas.sp.gov.br/noticias-integra.php?id=2637

02/08/2010

Sérgio Oliveira




Uma grande rocha, que tem esculpido em sua parede o rosto de Yasser Arafat, é o principal marco do parque que leva o nome do líder palestino e que foi entregue oficialmente à população de Campinas neste sábado, 31 de julho, pelo prefeito Hélio de Oliveira Santos. A entrada do Parque fica localizada na Avenida Professor Dr. Alexandre Chiarine, às margens do Córrego Anhumas.

Além do prefeito, estiveram presentes na cerimônia de inauguração outros integrantes da Administração Municipal, moradores da região e lideranças da comunidade árabe de Campinas, para os quais o evento esteve carregado de profundos aspectos simbólicos.

“Este é um momento histórico para Campinas, uma cidade-irmã de Jericó, que organiza anualmente uma Semana de Cultura Árabe e conta com um núcleo universitário de estudos árabes”, afirmou Ali El Katib, do Instituto Jerusalém e representante da comunidade árabe no evento, ressaltando os vínculos do município com o povo palestino.

Para El Katib, a homenagem a Yasser Arafat, o “pai da liberdade”, em suas palavras, reforça a imagem de Campinas como uma cidade solidária e fortalece sua presença no cenário internacional. “Esta é uma inauguração calorosa, autêntica e cheia de amor, expressando o carinho e a dedicação de todos que contribuíram para que o parque se tornasse realidade”, disse.

Cultura de Paz

Em sua fala, Dr. Hélio lembrou que, há pouco tempo, aquela área estava degradada, com animais de grande porte soltos, oferecendo risco ao trânsito da região, com a vegetação deteriorada e pontos de comércio clandestino. Ele agradeceu o empenho de toda a equipe, para que, em um prazo de seis meses, o Parque estivesse pronto, dedicando especial atenção aos reeducandos que contribuíram em diversas etapas da obra.

“Este parque é o reconhecimento público e uma justa homenagem a pessoas que, utilizando o debate diplomático, lutaram pela paz, e que, em 1994, compartilharam o Prêmio Nobel da Paz”, afirmou o prefeito, referindo-se ao próprio Arafat, a Shimon Peres e Yitzhak Rabin (Este último, inclusive, nomeia uma praça que fica em frente ao parque recém-inaugurado). “Havia uma homenagem solitária, agora estabelecemos um equilíbrio simbólico à cultura da paz, da solidariedade e da justiça”, complementou.

O Parque

O Parque Yasser Arafat está localizado em uma região que está recebendo diversas obras da Prefeitura de Campinas. Elas fazem parte do Vila Parque Anhumas, que deve ser entregue até o final do ano e contará com ginásio poli-esportivo, piscina, para uso da população, ciclovias, espaços com cursos profissionalizantes, além das novas moradias que estão sendo ocupadas por pessoas que antes viviam em áreas de risco, à beira do Anhumas. Estas obras foram orçadas em R$ 40 milhões e estão sendo construídas com recursos do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) do Governo Federal.

Outra obra, que terá início ainda no mês de agosto e deve trazer impactos positivos para a região, é a extensão dos trilhos da Maria Fumaça, ligando Jaguariúna à Praça Arautos da Paz. Parte do percurso, inclusive, passa pelo Parque Yasser Arafat.

Para Renata Erbolato Gomes, que mora na região há 32 anos, a sensação é de alívio. “Gostei muito do que estou vendo. Nós convivemos durante tanto tempo com esta área degrada que foi uma emoção muito grande para mim e meus vizinhos quando vimos, ontem (noite de sexta -feira), a iluminação pública que foi instalada na entrada da praça se acender”, comemorou.

Yasser Arafat

Yasser Arafat foi o líder da Autoridade Palestiniana e, desde 1969, presidente da Organização para a Libertação da Palestina (OLP). Em 1994, foi co-detentor do Nobel da Paz por sua relevante contribuição para o estabelecimento do Acordo de Oslo (1993), que estipulava a implementação da auto-administração Palestiniana na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Ele faleceu em 11 de novembro de 2004, na França.

No Parque Yasser Arafat, abaixo do seu rosto esculpido em rocha, está registrada uma de suas frases: “A justiça da causa determina o direito da luta; sou rebelde e minha causa é a liberdade”.

Ali El-Khatib e a Arquiteta Maria Rita (autora do projeto) entregam ao Prefeito Dr. Helio 
o molde de gesso que serviu para o artista esculpir na rocha o rosto de Yasser Arafat.







terça-feira, 10 de agosto de 2010

MAHMOUD DARWISH 1942- 2008

MAHMOUD DARWISH, por Jose Saramago
2009


No próximo dia 9 de Agosto cumprir-se-á um ano sobre a morte de Mahmud Darwish, o grande poeta palestino. Fosse o nosso mundo um pouco mais sensível e inteligente, mais atento à grandeza quase sublime de algumas das vidas que nele se geram, e o seu nome seria hoje tão conhecido e admirado como o foi, em vida, por exemplo, o de Pablo Neruda. Enraizados na vida, nos sofrimentos e nas imortais esperanças do povo palestino, os poemas de Darwish, de uma beleza formal que frequentemente roça a transcendência do inefável numa simples palavra, são como um diário onde vieram sendo registados, passo a passo, lágrima a lágrima, os desastres, mas também as escassas, ainda que sempre profundas alegrias, de um povo cujo martírio, decorridos sessenta anos, ainda não parece disposto a anunciar o seu fim. Ler Mahmud Darwish, além de uma experiência estética impossível de esquecer, é fazer uma dolorosa caminhada pelas rotas da injustiça e da ignomínia de que a terra palestina tem sido vítima às mãos de Israel, esse verdugo de quem o escritor israelita David Grossmann, em hora de sinceridade, disse não conhecer a compaixão.

Hoje, na biblioteca, li poemas de Mahmud Darwish para um documentário que será apresentado em Ramala no aniversário da sua morte. Estou convidado a lá ir, veremos se me será possível fazer essa viagem, que certamente não seria grata à polícia israelita. Recordaria então, no próprio local, o abraço fraterno que nos demos há sete anos, as palavras que trocámos e que nunca mais pudemos renovar. Às vezes, a vida tira como uma mão aquilo que tinha dado com a outra. Assim me aconteceu com Mahmud Darwish.

http://caderno.josesaramago.org/2009/04/01/mahmud-darwish/


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Mahmoud Darwish has quietly left us on Saturday 9 August 2008 after 67 years of a life jumping from one peak to another, rising higher every time, transcending his own successes. He was a beautiful human being, able to see what no one else can see: in life, politics, and even people, expressing his visions in a language that seems to be made only for him to write with. When he decided to take on this difficult surgery we thought that he can beat death, like he did several times before… but he, it seems, with his prophetic insight, could clearly see his “ghost coming from afar”.

He wanted to surprise death rather than wait for the “time bomb” that was his artery to explode unannounced… he went prepared, as he always is, leaving us behind to “nurture hope”.

http://www.mahmouddarwish.com/ui/english/ShowContent.aspx?ContentId=1

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