segunda-feira, 25 de abril de 2011

Federação Palestina envia dossiê ao governo sobre as difamações contra as comunidades árabe e muçulmana

DIFAMAÇÃO DAS RELIGIÕES: OS RISCOS À COMUNIDADE MUÇULMANA E ÁRABE RESIDENTE NO BRASIL E OS PERIGOS DE INTOLERÂNCIA RELIGIOSA E DE CONFLITOS INTERRELIGIOSOS NO PAÍS


A FEPAL – Federação Árabe Palestina do Brasil, frente a eventos recentes em que a comunidade árabe residente no Brasil é apresentada, por parte dos grandes veículos de comunicação de massa, como vinculada ao “terrorismo”, criminalizando-a por meio da demonização do islamismo, credo religioso de grande parte desta comunidade e majoritário nos países árabes, manifesta sua mais profunda preocupação, dada a gravidade dos mesmos e, mais, porque não são atos isolados mas – e principalmente – integram um conjunto de táticas e estratégias de agentes externos que buscam alcançar justamente este objetivo, à semelhança do que já se dá nos EUA e em outros países, especialmente europeus.

Do que é mais recente, temos a reportagem da revista semanal Veja, notória inimiga de políticas externas não alinhadas à dos EUA e visível inimiga dos muçulmanos em geral e dos árabes em particular, mais particularmente ainda dos palestinos. A reportagem que deu a chamada de capa – “A REDE DO TERROR NO BRASIL” –, veiculada em sua edição de número 2211, de 6 de abril de 2011, simplesmente criminaliza toda a comunidade árabe e muçulmana residente no Brasil sem apresentar uma única prova, limitando-se, quando muito, a citar algumas agências de segurança e inquéritos que jamais versaram acerca do terrorismo e que, para muito além, até mesmo inocentaram os acusados daquilo que exclusivamente foram acusados.

Não bastasse isso, a revista cita investigações já arquivadas e personagens que vivem legalmente no Brasil, com seus negócios legais e abertos, ao quais se refere como se estivessem escondidos em algum bunker, com hilações tal qual o trecho do texto em que este veículo de comunicação afirma “…Ele (Khaled Hussein Ali) foi flagrado por Veja na porta de sua lan house”.

Mas isto partir da revista Veja, bem como de outros veículos de comunicação de massa, dentre os quais se destacam os veículos do Grupo Globo, não chega a ser novo ou assombroso, dado o papel negativo que cumprem no Brasil, basicamente veiculando informações validando as pollíticas dos EUA para o restante do mundo, o que tem implicado em ataque frontal à política externa brasileira, à atuação do Brasil em organismos multilaterais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC) e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), ou no Conselho de Segurança da ONU e em suas comissões, dentre as quais a de direitos humanos.

O que preocupa é que estas veiculações estão articuladas a um plano de criminalizar a comunidade árabe-muçulmana residente no Brasil, do qual participam diretamente o Governo dos EUA e sua agência de inteligência, a CIA. E isto já não é assunto restrito aos afortunados pelas informações privilegiadas, especialmente em decorrência de duas informações, de fontes distintas, que desnudam esta ação direta dos EUA no Brasil.

Um exemplo paradigmático que oferece, no mínimo, indícios válidos desta estratégia, é texto analítico recente de autoria de PETER BLAIR e KHATARINA GARCIA, veiculado em 17 de fevereiro deste ano de 2011 (ANEXO 01), no qual é desnudado que o Congresso dos EUA autorizou a Casa Branca a dobrar o valor dos recursos destinados à compra de espaço na mídia de diversos países com vistas à promoção de suas políticas e, claro, deslegitimação das políticas destes países alvo, dentre eles o Brasil, cuja política externa independente tem incomodado sobremaneira o governo estadunidense e os de alguns de seus aliados. Tanto incomoda que somente para o Brasil a verba prevista para 2011 é de gigantescos 120 milhões de dólares.

Um breve excerto deste texto assim expõe a questão: O Congresso dos Estados Unidos autorizou a Casa Branca a dobrar os valores aprovados no orçamento de 2011 para gastos relativos a propaganda e meios de comunicação contra líderes que contrariam os interesses dos EUA no mundo, como é o caso de Muammar Khadafy, Mahmoud Ahmednejad, Hugo Chavez, Evo Morales, Rafael Correa, Raul Castro, Daniel Ortega, Cristina Krischner, Fernando Lugo, Kim Jo II. Os recursos devem ser usados na compra de  espaço na mídia dos países governados por estes líderes em jornais, rádios, revistas e redes de televisão, que devem sempre se referir aos mesmos como ditadores e receberem sempre orientação dos Adidos de Imprensa nos respectivos países ou senão houver relações diplomática com estes, pelos agentes da CIA no país. O orçamento total do projeto é de hum bilhão de dólares e só para o Brasil foram destinados 120 milhões para esse tipo de ação.”.

             Ou seja: trata-se de violação da soberania do Brasil, já de plano, e um ataque inadmissível a suas instituições e interferência direta em sua política interna, algo inconcebível pelo perigo que isso carrega. Basta ter em conta que os EUA nunca atacaram militarmente um país soberano sem que antes tenham interferido diretamente em sua política interna e o demonizado por meio da propaganda mascarada de informação veiculada por veículos de comunicação de massa que apresentam como notícia o que unilateralmente produzem as chamadas “agências de notícias”, todas estadunidenses, francesas e inglesas.

         Outra prova desta política é o recente vazamento do WikiLeaks de correspondência diplomática (telegrama) da embaixada dos EUA no Brasil ao Departamento de Estado (ANEXO 02), no qual informa das medidas adotadas, bem como as que, a seu ver, devem ser adotadas, com vistas a engajar o Brasil na difamação de religiões. Este texto desvenda como os EUA pretendem instrumentalizar a relevante temática dos direitos humanos para engajar o Brasil na difamação de religiões, bem como de que forma isto se fará, tendo os grandes veículos de comunicação de massa como instrumentos de proa. Aliás, sempre os mesmos veículos de comunicação que se opuseram vigorosamente, por exemplo, ao Estatuto de Igualdade Racial e a toda legislação de promoção da igualdade racial no Brasil, aí destacando-se a política de cotas.

         Novamente, um pequeno excerto da correspondência tornada pública pelo Wikileaks ajuda a entender melhor como esta ação se dá: “Aumentar a atividade pela mídia e o alcance das comunidades religiosas parceiras: Até agora, nenhum grupo religioso no Brasil assumiu a defesa da difamação de religiões. Mas o Brasil é sociedade multirreligiosa e multiétnica, que valoriza a liberdade de religião. Um esforço para difundir a consciência sobre os danos que podem advir de se proibir a difamação das religiões pode render bons dividendos. Grandes veículos de imprensa, como O Estado de S. Paulo e O Globo, além da revista Veja, podem dedicar-se a informar sobre os riscos que podem advir de punir-se quem difame religiões, sobretudo entre a elite do país.

Essa embaixada tem obtido significativo sucesso em implantar entrevistas encomendadas a jornalistas, com altos funcionários do governo dos EUA e intelectuais respeitados. Visitas ao Brasil, de altos funcionários do governo dos EUA seriam excelente oportunidade para pautar a questão para a imprensa brasileira. Outra vez, especialistas e funcionários de outros governos e países que apóiem nossa posição a favor de não se punir quem difame religiões garantiriam importante ímpeto aos nossos esforços.

Essa campanha também deve ser orientada às comunidades religiosas que parecem ter influência sobre o governo do Brasil, quando se opuseram à visita ao Brasil do presidente Ahmadinejad do Irã, em novembro...”.

         Mas é claro que estes textos e a análise que ensejam tem força apenas relativa se não confrontados com os fatos, ou seja, com o que de fato se dá no plano do terreno. E isto é facíl de aferir tomando como paradigmas dois eventos recentes.

         Destacando-se que a correspondência diplomática referida veio à luz em 03 de abril deste ano de 2011, a primeira grande pista que temos de esta estratégia já estar em andamento é justamente a reportagem da revista semanal Veja – “A REDE DO TERROR NO BRASIL” –, veiculada em sua edição de 6 de abril de 2011 (ANEXO 03), apenas três dias depois.

         A segunda prova cabal de estar em andamento uma estratégia de difamação do islamismo e de demonização da comunidade árabe residente no Brasil são as injustificáveis ilações acerca do credo religioso de Wellington Menezes de Oliveira, que às 8 horas da manhã do último dia 7, quinta-feira, matou 12 crianças na Escola Municipal Tasso da Silveira, no Realengo, bairro da cidade do Rio de Janeiro. Ainda que este tipo de crime seja marca registrada dos EUA, país no qual estes episódios contam-se às dezenas e cujos autores dentre eles não há nenhum muçulmano – aliás, nunca se informou o credo religioso seguido por estes criminosos estadunidenses –, rapidamente repórteres, apresentadores e portais de internet, sem nenhuma prova e baseando-se unicamente numa infamante boataria, buscaram associar o criminoso ao Islã.

         Este ímpeto de difamação do islamismo e de demonização da comunidade muçulmana e árabe – esta, inclusive, não necessariamente apenas muçulmana – residente no Brasil restou em parte freada diante da ausência absoluta de menções a Maomé e Alá na carta deixada pelo criminoso. Mais curioso é que na carta eram fartas menções de Deus e Jesus, assim como era pontuada de não poucas citações e referências bíblicas. Misteriosamente, a partir desta constatação, inclusive vindo à luz a igreja que frequentava, desapareceu o interesse dos grandes veículos de comunicação pela fé do criminoso. As insinuações, entretanto, permaneceram pontuando o faccioso noticiário de alguns grandes veículos de comunicação.

         Não menos perigoso é o ímpeto que estes mesmos veículos de comunicação, obedecendo à mesma estratégia já mencionada, buscam colocar em campos opostos os movimentos emancipatórios e de solidariedade das populações muçulmanas e árabes residentes no Brasil, notadamente a de palestinos imigrados e seus descendentes, e o movimento negro brasileiro. Na mesma reportagem da revista Veja de 6 de abril de 2011, seu texto busca incriminar um dos objetos de sua pretensa reportagem em crime de racismo, alegando que este teria disparado spams direcionados a sites dos EUA incitando o ódio a judeus e negros.

         O objetivo desta estratégia é claro: dividir e, talvez pior ainda, colocar em campos opostos estes dois movimentos, que sempre foram aliados sinceros contra adversários e inimigos comuns, táticos ou estratégicos, verdade ainda vigente, especialmente frente ao papel cada vez mais agressivo que estes mesmos adversários e inimigos desempenham no mundo atual. Caso concreto e insofismável desta aliança sincera e desinteressada é o documento da FEPAL de apoio ao ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL e às COTAS RACIAIS no Brasil (ANEXO 04).

         Por fim, esta estratégia tem também outras agendas ocultas, das quais uma é gravíssima: a aprovação pelo Brasil de legislação antiterrorista nos moldes exigidos pelos EUA para moldar o país à cruzada estadunidense desde os atentados de 11 de detembro de 2001 de intervenção armada mundo afora, sempre sob o eufemismo da “guerra ao terror”.

         No entendimento da FEPAL, esta legislação é impensável porque visa única e exclusivamente criminalizar todos aqueles – pessoas ou movimentos – que se opõem às políticas militaristas e intervencionistas dos EUA, bem como criminalizar todos os movimentos sociais brasileiros que buscam afirmar seus direitos sociais e humanos, dentre os quais poderíamos destacar o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), os movimentos de luta por moradia, os movimentos negro e indígena, para citar poucos.

Com esta mesma legislação até mesmo a soberania do Brasil restaria relativizada, visto que os EUA visam tornar, mesmo que artificialmente, todas as fronteiras brasileiras palco de criminalidade organizada e de tráfego de terroristas, plataforma discursiva já vigente para a triplice fronteira objetivando prejudicar a consolidação do Mercosul e a liderança naturual do Brasil no continente.

         Enfim, a FEPAL manifesta a este Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR) sua profunda preocupação frente a estes eventos, razão pela qual requer seja o presente documento e seus anexos recebidos no mínimo como RECOMENDAÇÃO, a ser encaminhada à Ouvidoria da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), à Secretria de Direitos Humanos, ao Ministério da Justiça e ao Gabinete da Presidência da República, bem como aos demais órgãos governamentais e organizações aos quais entender necessário recebê-lo, para que tomem conhecimento desta manifestação e dos graves elementos que a consubstanciam e ensejam e adotem as medidas cabíveis com vistas à efetiva apuração destes e a adoção de medidas para coibí-los enquanto isto é possível.


Brasília-DF, 14 de abril de 2011.

FEPAL – Federação Árabe Palestina do Brasil.


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 ANEXO 01

EUA responsabilizam Irã e Líbia por manifestações e queda de aliados no Oriente Médio e em represália armam plano para desestabilizar Ahmednejad e Khadafy.
Por KHATARINA GARCIA e PETER BLAIR.
De WASHINGTON e CAIRO - REDE MUNDO \ MIDIA LATINA; 17.02.11.

Após balanço de perdas e danos depois de quase um mês de manifestações no Oriente Médio onde praticamente perdeu a hegemonia política e corre o risco de uma queda de influência estratégica na região, os EUA através da CIA, do Pentágono e do Departamento de Estado, responsabilizam os líderes Muammar Khadafy, da Libia e Mahmoud Ahmednejad, do Irã, de serem os principais responsáveis pelo a onda de protestos que culinou com a queda dos principais aliados de Washington na região.


Considerada por árabes e persas as únicas duas democracia existentes no Oriente Médio e Golfo Pérsico, Líbia e Irã tem regimes e políticas que ameaçam a hegemonia dos Estados Unidos na região. Não aceitam subordinar os interesses populares e nacionais á política norte americana e foram países que após as respectivas revoluções cortaram relações com Washington e expulsaram empresas que tinham negócios nos respectivos países.

Por diversas vezes os serviços secretos de inteligência e segurança tentaram assassinar Muammar Khadafy e Ahmednejad, como única alternativa para mudança dos respectivos regimes, através de operações financiadas pelo próprio governo dos EUA e pelo complexo industrial militar estadunidense.

Em entrevista coletiva de imprensa o porta-voz do Departamento de Estado americano, Philip Crowley reafirmou as palavras do Presidente Barak Obama em que sugeriu apoio á oposição a Ahmednejad e a Khadafy, em represália á derrota política sofrida por Washington nestas últimas semanas e pela queda dos governos do Egito e Tunísia. A dificuldade no entanto, principalmente na Líbia, é encontrar condições para a realização de manifestaçõe contrárias a Khadafy, considerando que os próprios serviços secretos já informaram a Washington que o regime líbio dispõe de total apoio popular e a população tem em mente os bombardeios realizados pelo governo Regam onde dezenas de líbios foram assassinados a sangue frio pelos ataques dos EUA, inclusive uma filha de Khadafy.

Ontem, Ashur Shamis, um ativista líbio de oposição residente em Londres e recrutado pelos serviços de inteligência britânico (MI6) e norte americano (CIA) dava informações repassadas pela embaixada dos EUA no Reino Unido e admitiu, ainda que de forma constrangedora, o uso de imagens dos protestos no Barhen e no Yemem como se fossem realizadas em Tripoli e Bengazi,principais cidades líbias, o que desmascarou a ação montada pelos órgãos de informação e comunicação que trabalham juntos contra a Líbia e o Irã.

 O Congresso dos Estados Unidos autorizaram a Casa Branca a dobrar os valores aprovados no orçamento de 2011 para gastos relativos a propaganda e meios de comunicação contra líderes que contrariam os interesses dos EUA no mundo, como é o caso de Muammar Khadafy, Mahmoud Ahmednejad, Hugo Chavez, Evo Morales, Rafael Correa, Raul Castro, Daniel Ortega, Cristina Krischner, Fernando Lugo, Kim Jo II. Os recursos devem ser usados na compra de espaço na mídia dos países governados por estes líderes em jornais, rádios, revistas e redes de televisão, que devem sempre se referi aos mesmos como ditadores e receberem sempre orientação dos Adidos de Imprensa nos respectivos países ou senão houver relações diplomática com estes, pelos agentes da CIA no país. O orçamento total do projeto é de hum bilhão de dólares e só para o Brasil foram destinados 120 milhões para esse tipo de ação.

Semana passada uma reunião conjunta entre representantes da CIA, a Agencia Central de Inteligência, Departamento de Estado e do Departamento de Defesa, ficou acertado que além do financiamento de ações contra Khadafy e Ahmednejad nos seus respectivos países, repassando milhões de dólares aos opositores para que possam organizar manifestações deve se iniciar uma campanha na mídia mundial contra os dois e ainda procurar envolver seus aliados latino americanos para trazer aliados dos partidos de oposição a apoiarem as posições dos EUA.

O uso de imagens na mídia mundial das manifestações no Barhem, onde estar estacionada a Quinta Frota Naval dos EUA, e no Yemem, outro aliado da Casa Branca, como se fossem manifestações realizadas em Tripolí e Bengazi, que aconteceram, mas de apoio ao regime líbio e a Khadafy queimou em parte o plano dos EUA contra a Líbia. Ontem estudantes líbios em todo o mundo decidiram organizam manifestações de apoio a Khadafy e ao regime líbio. Os serviços secretos dos EUA e demais países decidiram infiltrar agentes para criar provocações e tumultuar as mesmas. E como forma de descaracterizar as manifestações a CIA e os Adidos de Imprensa nas embaixadas dos EUA ficaram responsáveis por divulgar noticias de contra propaganda, divulgando nos meios de comunicação dos mundo inteiro que os estudantes estão sendo obrigados a apoiarem Khadafy sob pena de perderem as bolsas de estudo, iniciando assim o plano que é coordenado pela própria Casa Branca.

Fotografias e imagens divulgadas por meios de comunicação alternativa e de um grupo de estudantes europeus que estão na Líbia retornando do Forum Social Mundial, em Dakar, no Senegal, mostram a veracidade das manifestações de apoio a Khadafy e ao regime líbio, considerado uma ameaça ao sistema norte americano. Começando pelo poder que exerce o movimento estudantil e a juventude líbia que é praticamente quem dirige as universidades do país depois que Khadafy levou a cabo sua Revolução Cultural. Os EUA também acusam Khadafy de estar por trás das manifestações, proibidas de serem divulgadas nos EUA pelo Decreto Patriótico,realizadas diariamente a quarenta (40) dias em Porto Rico, por estudantes que exigem liberdade de expressa e ensino público naquele Estado Associado e que terminou por se tornar uma colônia norte americana.

O controle das noticias no ocidente sobre o que estar acontecendo no Oriente Médio é tamanha que em todas as manifestações, desde a Tunísia e Egito, são queimadas bandeiras dos EUA, fotos de Obama e também de George Bush, mas todas essa imagens são retiradas pelas agências de noticias e redes de televisão, controladas pela Casa Branca. \\\ WeC.17.02.11.

FONTES – AGNOT3ºMUNDO – REDE MUNDO – INTERPRESS – MIDIA LATINA – 17.02.11.
PETER BLAIR, de Washington e KHATARINA GARCIA, do Cairo.

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ANEXO 02

WikiLeaks: O plano de Washington para constranger o governo brasileiro usando a mídia



Tradução do Coletivo da Vila Vudu


WikiLeaks


Viewing cable 09BRASILIA1435 –



Excerto do item CONFIDENCIAL do telegrama 09BRASILIA1435
A íntegra do telegrama não está disponível.


Tradução de trabalho, não oficial, para finalidades didáticas.


ASSUNTO:
Estratégia para Engajar o Brasil na “Difamação de Religiões”[1] 

1. (C) RESUMO: A posição do Brasil na questão da “difamação de religiões” na comissão de Direitos Humanos da ONU reflete a conciliação entre as objeções do país à ideia (objeções baseadas num conceito do que sejam Direitos Humanos) e o desejo de não antagonizar os países da Organisation of the Islamic Conference (OIC) com os quais tenta construir relações e que o Brasil vê como importante conjunto de votos a favor de o Brasil conseguir assento permanente no CSONU. À luz da argumentação a favor da abstenção do Brasil, proponho abordagem de quatro braços, envolvendo aproximação com os altos escalões do Ministério de Relações Exteriores; uma visita a Brasília, para pesquisar meios de trabalhar com o governo do Brasil, nessa e noutras questões de direitos humanos; outros governos que possam conversar com o governo do Brasil; e uma campanha mais intensa pela mídia e mobilizando comunidades religiosas a favor de não se punir quem difame religiões . FIM DO RESUMO.


Contexto: “Quando Direitos Humanos e ambição de chegar ao Conselho de Segurança entram em choque”.


2. (SBU) Essa embaixada levantou várias vezes a questão dos votos do Brasil no Departamento de Direitos Humanos e Temas Sociais do Ministério das Relações Exteriores. A última vez foi com a chefe do Departamento Ministra Glaucia Gauch. O Brasil nunca discordou de um único argumento dos que apresentamos em outros encontros.


A resposta sempre foi a mesma: o conceito de difamar religiões é repugnante. Repugna aos valores e princípios do Brasil e é inconsistente com a legislação brasileira e a legislação internacional. Por isso o Brasil não pode aprovar e não votará a favor de resolução que proíbe que se puna quem difama religiões. O Brasil abstém-se de votar.


3. (C) Perguntada sobre por que o Brasil não vota contra a resolução, dado que a considera absolutamente inadmissível, Gauch respondeu que o país entende que a abstenção é suficiente. Na opinião do Governo do Brasil, o país assume posição baseada em princípios, mas também prática, porque não interessa ao país ofender os países da Organização da Comunidade Islâmica, sobretudo os mais poderosos como Iran, Egito, Turquia e Arábia Saudita, países com os quais o Brasil tenta aprofundar relações.


É opinião dessa embaixada que o que mais interessa à política externa do Brasil é conseguir um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Como resultado, o Governo do Brasil prefere não antagonizar países e grupos de países cujos votos podem ser valiosos numa futura eleição.


Abordagem de quatro braços
4. (SBU) À luz dessa realidade complicada, proponho abordagem de quatro braços no caso do Brasil, sobre essa questão. Antes de qualquer das etapas e movimentos, deve-se declarar o compromisso dos EUA com o diálogo e a cooperação, e nosso empenhado esforço para manter o Brasil como um líder e um parceiro nessa questão.


Encontros de alto nível: Ao abordar os mais altos níveis do Ministério de Relações Exteriores, é essencial persuadir o Brasil a mudar seu voto e a trabalhar conosco a favor da “Difamação de Religiões”, até chegarmos a uma solução de conciliação. Telefonema da Secretária de Estado dos EUA ao Ministro Amorim das Relações Exteriores, logo depois da recente carta enviada por ela, demonstraria a importância que os EUA damos a essa questão. Também se deve abordar o vice secretário-geral do MRE ministro Antonio Patriota; e o subsecretário Burns deve abordar a subsecretária para assuntos políticos, embaixadora Vera Machado (que supervisiona questões de direitos humanos e política das organizações internacionais), o que muito ajudaria a aumentar a importância do tema na cabeça dos brasileiros (sic).

 Só as abordagens nos níveis inferiores dificilmente conseguirão modificar a abordagem “em cima do muro” [orig. Brazilbs hands-off approach] dos brasileiros sobre o assunto.


Um Diálogo sobre Direitos Humanos: Uma visita dedicada exclusivamente a essa questão, seria, na minha opinião, de pouco efeito, porque o Brasil aceita as premissas de nossa objeção. Ao mesmo tempo, uma discussão mais detalhada dos nossos pontos de vista e de nosso plano de ação, com níveis operacionais e político do MRE seria valiosa.


A abordagem mais efetiva (e, no longo prazo, mais valiosa para os interesses mais amplos do Governo dos EUA) poderia incluir a questão atual na pauta de um novo diálogo regular sobre direitos humanos, ideia que o próprio MRE (pelo emb. Patriota) propôs recentemente. O contexto mais amplo de um esforço para trocar ideias e para encontrar vias pra trabalharmos mais próximos do Governo do Brasil no campo dos direitos humanos nas organizações internacionais (tratando também, talvez, de outras das preocupações dos países chaves, incluindo o Irã e a Coreia do Norte, questões sobre as quais o Brasil sempre se abstém) criariam um fórum ideal para discussões e para conseguir que o governo do Brasil apóie o plano de ação proposto pelos EUA. Essa abordagem ampla seria atraente para os brasileiros, interessados em construir parcerias com os EUA, que ajudarão a validar o desejo de que o Brasil passe a ser visto como líder internacional. Essa abordagem seria mais bem recebida que abordagem focada, dirigida só à questão da difamação de religiões.


Abordagem por outros países: Desde que chegou ao cenário internacional, o atual governo do Brasil tem tido grande cuidado para não alinhar suas políticas às políticas dos EUA. O Brasil tem em alta conta o que considera como sua posição “de ponte” entre países em desenvolvimento e países desenvolvidos, por causa de sua disposição de falar com todos os países. Minha opinião é que essa posição tende a limitar o peso das opiniões dos EUA dentro do Governo do Brasil. Porque o Brasil vê-se ele mesmo como se fosse líder no bloco dos países latinoamericanos, esses


países pouco conseguirão influenciar as ideias do governo do Brasil. O mais provável é que ouçam outros países que consideram ‘independentes’ [aspas no orig.] dos EUA, como África do Sul, Rússia, China, Índia e França.


Ganhar o apoio para nossa posição de alguns membros da Organização da Conferência Islâmica, especialmente do Egito, Turquia e outros ‘independentes’[aspas no orig.] influentes seria muito importante para que consigamos influenciar o voto do Brasil a favor da difamação das religiões. Em geral, abordagens feitas por qualquer outro país que apóie ação proposta pelos EUA servem como prova da natureza colaborativa de nossos esforços e podem ser úteis.


Aumentar a atividade pela mídia e o alcance das comunidades religiosas parceiras: Até agora, nenhum grupo religioso no Brasil assumiu a defesa da difamação de religiões. Mas o Brasil é sociedade multirreligiosa e multiétnica, que valoriza a liberdade de religião. Um esforço para difundir a consciência sobre os danos que podem advir de se proibir a difamação das religiões pode render bons dividendos. Grandes veículos de imprensa, como O Estado de S. Paulo e O Globo, além da revista Veja, podem dedicar-se a informar sobre os riscos que podem advir de punir-se quem difame religiões, sobretudo entre a elite do país.


Essa embaixada tem obtido significativo sucesso em implantar entrevistas encomendadas a jornalistas, com altos funcionários do governo dos EUA e intelectuais respeitados. Visitas ao Brasil, de altos funcionários do governo dos EUA seriam excelente oportunidade para pautar a questão para a imprensa brasileira. Outra vez, especialistas e funcionários de outros governos e países que apóiem nossa posição a favor de não se punir quem difame religiões garantiriam importante ímpeto aos nossos esforços.


Essa campanha também deve ser orientada às comunidades religiosas que parecem ter influência sobre o governo do Brasil, quando se opuseram à visita ao Brasil do presidente Ahmadinejad do Irã, em novembro. Particularmente os Bahab e a comunidade judaica, expandidos para incluir católicos e evangélicos e até grupos indígenas e muçulmanos moderados interessados em proteger quem difame religiões [sic]. [assina] KUBISKE

[1] Há matéria da Reuters sobre o assunto, de seis meses antes desse telegrama, em http://www.reuters.com/article/2009/03/26/us-religion-defamation-idUSTRE52P60220090326, em que se lê: “Um fórum da ONU aprovou ontem resolução que condena a “difamação de religiões” como violação de direitos humanos, apesar das muitas preocupações de que a condenação possa ajudar a defesa da livre expressão em países muçulmanos (sic)” [NTs].


PS do Viomundo: Na época em que foi feito esse comunicado, a Organização das Nações Unidas (ONU) estava para votar uma resolução condenando a “difamação de religião”. Os EUA eram contra. Defendiam que não deveria ser considerado crime difamar religiões e queriam mudar o voto do Brasil, que era pela abstenção. No dia 26 de março de 2009, a ONU aprovou a resolução condenando a “difamação da religião”, como uma violação dos direitos humanos. Desde 1999, essa questão vai e volta à pauta da Comissão de Direitos Humanos da ONU.


Leia aqui a entrevista de Julian Assange, fundador do WikiLeaks, aos internautas brasileiros.

Veja aqui Julian Assange explicando o WikiLeaks.

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ANEXO 03



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ANEXO 04


quarta-feira, 20 de abril de 2011

O ESTADO PALESTINO A UM PASSO DO "FIM DO JOGO"?

DIPLOMATA DA PALESTINA NA ONU: os palestinos preferem tratado de paz com Israel em setembro

19.04.11
Associated Press


Os palestinos dizem que se o tratado de paz não for alcançado até setembro, eles irão para o Conselho de Segurança da ONU com o apoio suficiente que recomendaria a admissão da Palestina como novo membro da ONU.

Riyad Mansour, o principal diplomata palestino nas Nações Unidas, disse que os palestinos preferem ter um tratado de paz com Israel em setembro, mês em que os palestinos planejam encaminhar a questão do seu Estado independente para a ONU.

Os palestinos dizem que se um tratado de paz com Israel não é alcançado em setembro, sua primeira escolha é ir ao Conselho de Segurança da ONU com apoio e argumentos tão fortes que recomendariam a admissão da Palestina como um novo membro da Organização das Nações Unidas.

Isso exigiria convencer os Estados Unidos a não vetar uma resolução apoiando a adesão de um Estado palestino independente, que não será fácil.

Mas Mansour, disse em entrevista à Associated Press que existem outras opções para atingir a meta através da ONU.

Ele disse da importância do mês de setembro para os palestinos porque "há muitas coisas que irão convergir."

Primeiro, Israel e os palestinos concordaram com a meta do presidente Barack Obama para que cheguemos a um acordo de paz em Setembro de 2011, uma data aprovada pela União Européia e grande parte do mundo. Segundo, o programa de dois anos para construir a infra-estrutura de um Estado palestino estará completa, e terceiro, os palestinos esperam que dois terços dos 192 estados membros das Nações Unidas terão reconhecido a Palestina como um Estado independente, disse Mansour.

Obama anunciou em setembro de 2010, após a mediação direta dos EUA para a retomada das negociações diretas entre israelenses e palestinos , que um tratado de paz deve ser assinado em um ano, mas as negociações falharam semanas mais tarde, depois que Israel terminou seu congelamento de construção de assentamentos.

Os palestinos insistem que não vão retomar as negociações de paz enquanto Israel não parar de construir assentamentos na Cisjordânia e Jerusalém Oriental - territórios capturados na guerra de 1967 e que os palestinos querem para seu futuro Estado. Israel alega que os palestinos não deveriam definir as condições para as negociações e que os assentamentos não os impediu de negociação no passado.

"Nossa preferência é que alcancemos, em setembro, um tratado de paz com os israelenses para pôr fim à ocupação para permitir a nossa independência e a nossa adesão à Organização das Nações Unidas", disse Mansour.

Os EUA têm liderado esforços para reiniciar as negociações, mas Mansour disse que os palestinos querem o Quarteto – grupo de mediação composto por EUA, ONU, União Européia e Rússia - para assumir a liderança.

Mansour, lamentou que os EUA bloquearam uma reunião do Quarteto, marcada para sexta-feira passada em Berlim para discutir os contornos de um acordo de paz proposto pela Grã-Bretanha, França e Alemanha. Uma autoridade dos EUA disse que uma reunião do Quarteto não produziria qualquer coisa que possa ajudar a retomar as negociações diretas.

Mas Mansour disse que os líderes palestinos "indicaram disposição para voltar às negociações" se o Quarteto concordasse com a proposta dos três países europeus.

A proposta solicita a suspensão imediata da atividade de assentamentos, uma solução para a questão dos refugiados palestinos e um acordo sobre o status de Jerusalém como a futura capital dês dois estados e sobre as fronteiras antes da guerra de 1967, com trocas de terras aprovadas. Ele também apelou para medidas de segurança que respeitem a soberania palestina, proteger a segurança de Israel e impedir o ressurgimento do terrorismo.

"Estamos tentando nosso melhor para abrir portas para as negociações", disse Mansour em entrevista na quinta-feira. "Os israelenses estão optando pelos assentamentos em detrimento da paz."

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita Yigal Palmor disse que "quanto mais cedo os palestinos concordam em retomar as conversações de paz, quanto mais cedo todos nós seremos capazes de tomar medidas que nos aproximem de paz".

O objetivo da criação de um Estado palestino vivendo em paz com Israel "só pode ser alcançado através de negociações e diálogo - simplesmente não há outro jeito”, disse Palmor. "Medidas unilaterais vão exatamente à direção oposta."

Mas, Mansour disse que se não houver nenhum tratado de paz em Setembro, "por qualquer motivo, então não seremos reféns da posição de Israel, nem aceitamos que nada pode ser feito até que os israelenses estejam prontos e dispostos".

Nos últimos dois anos, disse ele, os palestinos têm se preparado para a independência e na quinta-feira ganhou um endosso importante quando uma reunião dos principais países doadores, em Bruxelas, disse que as instituições desenvolvidas pela Autoridade Palestina estão "acima do limite para um funcionamento do Estado”.

Os doadores, que remetem aos palestinos centenas de milhões de dólares em ajuda a cada ano, citaram relatórios elaborados pelo Banco Mundial, a ONU e o Fundo Monetário Internacional.

Além disso, Mansour disse que a Palestina foi reconhecida como estado independente por 112 países. Possível reconhecimento por seis outros países estão sendo analisados​​, disse ele, e "espero que em Setembro de 2011, teremos 130, talvez 140 países reconhecido o Estado da Palestina".

Isso é importante porque para tornar-se membro da ONU é exigida não apenas uma recomendação do Conselho de Segurança, mas a aprovação por dois terços da Assembléia Geral, ou de 128 países.

"Este é o fim do jogo", disse Mansour - quanto mais países os palestinos tiverem do lado deles, mais eles podem buscar a independência "quer no Conselho de Segurança ou da Assembléia Geral ou combinados."

Se o veto dos EUA parece certo no Conselho de Segurança, há a opção de ir antes para a Assembléia Geral, onde não há veto, mas são decisões simbólicas.

Mansour disse que, entre outras opções, é uma resolução da Assembléia Geral semelhante ao de 1947, que apelou para que a Palestina seja dividida em dois Estados, um árabe e outro judeu. Outra possibilidade , adiantada por alguns, é a "Unidos pela Paz", um tipo de resolução da Assembléia Geral que lhe permite agir se ela acredita que o Conselho de Segurança não conseguiu evitar uma ameaça à paz e segurança mundiais.


Tradução: Emir Mourad



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