sábado, 14 de maio de 2011

Al Nakba: 63 anos da tragédia palestina!




Al Nakba - A catástrofe palestina - palestinos expulsos - 1948
Palestinos expulsos da atual Gali­lea, carregando seus per­te­nen­cias durante a Nakba, en 1948. Foto: Fred Csasznik


15 de maio de 1948: A guerra que não terminou


Vinicius Valentin Raduan Miguel

Israel e a limpeza étnica da Palestina


Todos os anos, nesta data, é relembrado o que os árabes/palestinos chamam de Al'Nakba (A Catástrofe) ou o que os judeus-israelenses comemoram como a Guerra de Independência, quando o Estado de Israel foi criado.

Uma problemática acompanhou a criação do Estado de Israel: Israel é um projeto que prega a exclusividade étnica e lingüística de um grupo (judeu/hebraico) em detrimento de todos os outros. A questão posta nos anos iniciais da colonização era "como lidar com a população árabe que lá vivia?". A solução encontrada foi uma deliberada e metódica eliminação física e cultural dos povos tradicionais, uma prática que encontra seu conceito jurídico na definição de "limpeza étnica". Desta forma, no ano de 1948, 531 vilas, 11 áreas urbanas e 30 cidades foram totalmente destruídas. No total, aproximadamente 800.000 pessoas (mais do que metade da população na época) foram expulsas (1)  formando a atual massa de quatro milhões de refugiados que habitam os países vizinhos.

Relembrar este dia é fundamental, pois marca uma data que tragicamente não terminou. A Guerra de 1948 não terminou por duas razões: (a) Israel se recusa a reconhecer o crime que cometeu e, desta maneira, aceitar as responsabilidades advindas de sua prática, como aceitar o retorno dos refugiados e/ou indenizar os sobreviventes expulsos de suas terras e; (b) o fator ideológico que motivou a guerra persiste. Em outras palavras, o projeto de Israel enquanto Estado sem árabes continua e a prática de limpeza étnica é um fantasma constante.

A analogia com o apartheid (2) é evidente: um Estado de brancos sem negros é inaceitável, mas um Estado de judeus sem árabes é permissível. Esta é a origem de todos os conflitos na região - muito além da concepção reducionista de embate apocalíptico-religioso em que uma aliança "Européia/Ocidental/Cristã" da "bondade" enfrenta os "malvados" "Orientais/Muçulmanos/Anti-Cristãos"3. Mas contestar esta prática racista é violência e a violência do fraco, mesmo que injustificada e em resposta a uma prévia violência, é terrorismo. Em contrapartida, a violência do poderoso se justifica e apresenta-se como legítima defesa!

Falar em enfrentamento entre Israel e Palestina esconde ainda outros problemas, não menos sutis. Mascara-se propositalmente que Israel é um Estado e a Palestina não existe enquanto tal. A Palestina persiste em um limbo jurídico definido como "territórios ocupados", uma condição em que a potência ocupante é responsável de fato pela administração. É sob estes fatos ignorados e falsificados pela mídia que é preciso entender os últimos acontecimentos na região, como a guerra em 2006 contra o Líbano e o recente massacre em Gaza, iniciado em dezembro de 2008.

A violência israelense, como todas as agressões colonialistas são desproporcionais. Na Guerra de 2006 contra o Líbano, por exemplo, são 44 civis israelenses mortos contra 1191 civis libaneses; na Guerra de 2008-2009 contra Gaza foram (3) civis israelenses contra 926 civis palestinos. Mas não só de nefastas estatísticas que se faz a desproporcionalidade. A cobertura histórica também é desproporcional e são poucas as menções feitas à tragédia árabe-palestina de 1948, contribuindo para seu "apagamento".

Neste sentido, a maior eliminação provocada por este verdadeiro crime de limpeza étnica foi a supressão do acontecimento da História, de maneira que ninguém sequer menciona este outro holocausto (4). Contra isso, celebrar o Dia da Catástrofe é lembrar. É um projeto educativo denunciando a limpeza étnica da Palestina como um projeto inacabado de Israel. Lembrar os métodos e práticas israelenses que se arrastam do passado até os dias de hoje devem servir para impedir que o plano de eliminação da Palestina se concretize. Repetindo o mantra que já nos acostumamos a ouvir: Nunca mais!

(1) PAPPE, Ilan. The ethnic cleansing of Palestine. Oneworld Publications, Oxford: 2007.

(2) Para mais informações, o website http://ApartheidNaPalestina.blogspot.com/ possui uma valiosa coletânea de artigos sobre o assunto.

(3) Não esquecer que existem outros grupos religiosos entre os palestinos, como cristãos
.
(4) Existem projetos de leis no parlamento israelense que buscam inclusive proibir manifestações lembrando o dia!

Vinicius Valentin Raduan Miguel é cientista social pela Universidade Federal de Rondônia e mestrando em Ciência Política pela Universidade de Glasgow, Escócia.


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A limpeza étnica da Palestina e os mitos da criação de Israel

Assista a entrevista (legendada em português) com o historiador israelense ILAN PAPPE, onde discorre sobre como o sionismo, de forma planejada, executou e continua executando a limpeza étnica da Palestina: ocupação e roubo da terra, eliminação física e expulsão dos palestinos, apagamento da cultura e da história palestina. O mito da "guerra de defesa" de 1948. O mito que os palestinos abandonaram seus lares e terras. . A lógica sionista do massacre de Deir Yassin. O mito da democracia israelense. As perspectivas para o futuro.A perseguição que sofreu na Universidade Uma entrevista de um judeu que foi em busca da verdade e enfrentou todas as pressões com altivez e coragem. 





Leia também:


O massacre de Deir Yassin e a limpeza étnica da Palestina



terça-feira, 10 de maio de 2011

A FEPAL- FEDERAÇÃO PALESTINA- SAÚDA A UNIDADE PALESTINA


FEPAL - FEDERAÇÃO ÁRABE PALESTINA DO BRASIL
FORTALECENDO DEMOCRÁTICAMENTE AS COMUNIDADES PALESTINAS NA DIÁSPORA


RECONCILIAÇÃO PALESTINA: SÓ A UNIDADE GARANTIRÁ AOS PALESTINOS UM ESTADO E O RETORNO DOS REFUGIADOS


        A Fepal – Federação Árabe Palestina do Brasil, em nome desta comunidade residente no Brasil, recebe com júbilo o anúncio de reconciliação entre as 13 principais forças políticas palestinas, dentre elas Al Fatah e Hamas, pois entende que somente a unidade entre todos os palestinos, inclusive os que vivem na diáspora, será capaz de levar à criação de um Estado Palestino viável, com Jerusalém como sua capital, e ao retorno dos milhões de refugiados vítimas da limpeza étnica promovida pelo terrorismo de Israel nos anos de 1947 e 1948, quando de sua auto-criação.

        A divisão de nosso povo era um trunfo daqueles que sempre opuseram obstáculos à viabilidade nacional palestina, em especial os últimos governos extremistas de Israel, que mantêm os confiscos de terras palestinas, a colonização ilegal que judaízam toda a Palestina e em especial Jerusalém, que constroem o imoral muro de segregação e que promovem a anos todos os expedientes com vistas a tornar impossível a vida de nosso povo.

        Nossa unidade, além de anseio desde a muito expressado por nosso povo, é também uma vigorosa e responsável resposta de estima pela comunidade internacional, que massivamente reconhece o Estado Palestino – mais de 140 dos 192 países-membros das Nações Unidas já o reconhecem – às portas de nossa iniciativa, em setembro, na ONU, que buscará a declaração de sua criação em definitivo.

        As minoritárias e insignificantes reações contrárias à unidade palestina partiram unicamente do atual governo de Israel, um notório inimigo da paz. As ausências de eco no seio da comunidade internacional às irresponsáveis declarações negativas de Israel nos servem de alento quanto ao caminho da unidade, a ser perseguido também na diáspora, onde importantes comunidades palestinas têm muito a contribuir na consolidação da construção do Estado Palestino.

        A FEPAL saúda, também, o novo momento vivido no Oriente Médio, do qual reputamos tenha resultado o atual acordo, celebrado no Cairo, capital do Egito, país que vive importante momento de sua história e que certamente colocará seu capital moral e político em favor da manutenção da reconciliação alcançada e do objetivo final desta: a criação do Estado Palestino, viável e contíguo, seguro e democrático, com Jerusalém sua capital.

       Vida digna para a Gloriosa Nação Árabe!

       Federação Árabe Palestina do Brasil - FEPAL

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