Em defesa da Palestina: Arcebispo ortodoxo visita PCdoB
19 DE JULHO DE 2011 - 19H55
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Theodosius Attallah Hanna: Patriarca palestino visita PCdoB |
O Partido Comunista do Brasil recebeu na noite de segunda-feira (18), em sua sede em São Paulo a visita de Theodosius (Attallah) Hanna, Arcebispo do Patriarcado Greco-Ortodoxo e Patriarca de Jerusalém. Conhecido internacionalmente pela defesa da causa palestina, terra em que nasceu, e por várias obras escritas ao longo de sua vida, o Arcebispo é o responsável, dentre outras funções clericais, pelo Santo Sepulcro, em Jerusalém.
Além de Theodosius, estiveram presentes vários representantes da comunidade árabe em São Paulo. O Patriarca de Jerusalém fez um agradecimento ao Partido Comunista do Brasil e também a outras organizações políticas, sindicais e sociais brasileiras que apoiam a causa palestina, a independência e o fim da ocupação sionista da região.
Em sua intervenção Theodosius conta que sua Igreja mantém bom relacionamento com os partidos nacionalistas da região, desde que não tenham qualquer tipo de relacionamento com entidades ou organizações sionistas.
Para que sejam considerados amigos do povo palestino, aqueles que visitam a região devem definir, de antemão, de que lado estão. Theodosius conta que o Arcebispo de Canterbury viajou à região e, por ter sido recebido com pompas pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, tornou-se persona non-grata para a comunidade ortodoxa palestina.
"Na questão palestina, nós não negociamos. Somos terminantemente a favor do povo palestino. Nós recusamos o discurso do intermediário, daquele que fica em cima do muro", contou.
"Ao redor do mundo existem muitas pessoas que se dizem amigos de israel. Eles vão até lá, se colocam como seus aliados, contra os palestinos. Na verdade, essas pessoas não são amigas de Israel, porque deveriam dizer com clareza que Israel deveria dar um fim ao sofrimento que inflinge aos palestinos. Se você comete um erro e alguem aplaude esse erro, não pode ser considerado seu amigo", afirmou.
"Não somos contra o judaísmo"
Theodosius conta que a maior oposição que se faz é ao sionismo, à ocupação militar e ao Estado sionista de Israel, não à religião judaica.
"Respeitamos a religião e o povo, temos amigos judeus que nos visitam e os visitamos, que acreditam como nós que a religião não divide as pessoas. Mesmo que tenhamos diferenças religiosas, somos humanos. Não somos inimigos do povo judeu nem da religião. Recusamos a usar a religião a serviço da política. Israel, como estado de ocupação e ao mesmo tempo judeu, explica a questão judaica e insere a questão sionista contra o povo".
"A palestina é o berço das religiões monoteístas, temos de ser exemplo de relacionamento e de aproximação com os outros. Recusamos que a religião seja usada para questões políticas. Isso se aplica ao judaísmo, ao cristianismo e ao islamismo. Não queremos uma pátria religiosa", prossegue.
Em relação ao processo atual de "judaicização" do Estado de Israel, proposto pela extrema-direita que governa o país, Theodosius é claro: "Hoje Isral se propõe ser um estado judeu. Para nós, árabes palestinos, isso é ruim, porque nega a presença de árabes na região. Isso é uma falsificação da história. Nos negamos a aceitar um estado judeu ou islâmico, porque nossa experiência foi muito sofrida com esse tipo de estado".
"A Igreja ortodoxa, que neste momento represento e falo em nome dela, sofreu muitas agressões ao longo de sua história. E as mais graves não partiram dos muçulmanos, mas dos cristãos do ocidente, que quiseram fazer da nossa região um estado cristão-ocidental. Isso aconteceu na época das cruzadas, quando os cristãos ocidentais invadiram a região e usurparam os locais sagrados das outras religiões, até que veio Saladino, que devolveu esses lugares sacros aos ortodoxos", conta.
Convívio solidário e fraterno
José Reinaldo Carvalho, secretário de Comunicação do PCdoB e editor do Portal Vermelho, agradeceu a visita de Theodosius ao partido e discorreu sobre os laços de solidariedade e fraternidade que unem brasileiros e árabes.
"Em primeiro lugar, quero dar as boas vindas à Vossa Eminência e aos amigos da comunidade árabe presentes, em nome do Vermelho e do PCdoB. Queria desejar que ele tenha uma boa estada em nossa terra. O povo brasileiro é um povo irmão do povo árabe", falou Carvalho.
O secretário destacou a história de convívio solidário e fraterno dos brasileiros com os imigrantes árabes, que começaram a chegar ao país no fim do século 19, trazendo consigo seus costumes e sua cultura e influenciando com eles os seus anfitriões.
"Nosso país deu abrigo, agasalho e fraternidade aos imigrantes árabes que chegaram aqui já no fim do século 19 e começo do século 20. O Brasil adquiriu dos nossos irmãos árabes a cultura, que se traduz em vários domínios, na religião, na culinária, na língua. Nos temos um imenso sentimento de fraternidade com os árabes", afirmou.
"Do ponto de vista político, o Partido Comunista do Brasil tem uma posição de irrestrita solidariedade com os povos árabes e os palestinos. Consideramos que os palestinos e outros povos árabes foram martirizados pelo neocolonialismo sionista" destacou.
"Nós nos opomos à ocupação israelenses dos territórios árabes e da Palestina e apoiamos todas as reivindicações dos povos árabes e palestinos pela retirada de Israel desses territórios. Somos favoráveis à criação do Estado da Palestina e consideramos justa a proclamação e o reconhecimento desse Estado pela Assembleia das Nações Unidas, no mês de setembro próximo, de acordo com a proposição encaminhada já pela Autoridade Nacional Palestina", destacou .
Carvalho também destacou a posição do partido em relação à ocupação israelense dos territórios palestinos. "É uma violação do direito internacional e uma violação da soberania nacional do povo palestino e corresponde aos planos genocidas do Estado de israel de exterminar o povo palestino", diz.
Carvalho também contou a Theodosius um pouco da história do PCdoB, lembrando que o partido foi o primeiro, na década de 1940, a exigir do Estado brasileiro o respeito por todas as religiões existentes no país.
"Nós fazemos parte de um partido político que tem uma concepção filosófica não religiosa, mas respeitamos todas as religiões. O povo brasileiro é um povo religioso, majoritariamente cristão e o nosso partido foi o primeiro, nos anos 1940, que exigiu o respeito a todas as religiões", lembra.
"Compreendemos que a religião deveria ser um fator de unidade, de afirmação pessoal das pessoas, e não de desunião. Nesse sentido, nós valorizamos as palavras de Vossa Eminência e desejamos que a sua igreja continue desempenhando um papel na luta pela libertação do povo palestino. Estamos, nosso partido e o povo brasileiro, à disposição dessa luta", finalizou.
Da redação