Israel prende e leva crianças palestinas a tribunais militares
18 DE JULHO DE 2011 - 14H38
Um grupo de direitos humanos israelense criticou o governo de Israel por prender crianças palestinas que supostamente teriam jogado pedras em militares ocupantes.
Em relatório divulgado nesta segunda-feira, o grupo B'Tselem diz que cerca de 93% dos menores palestinos apreendidos na Cisjordânia foram julgados em tribunais militares e condenados a penas de até 20 meses.
Nos últimos seis anos, segundo o grupo, 19 crianças palestinas de 12 e 13 anos foram presas por até dois meses, acusadas pelo exército ocupante de "atirar" pedras contra soldados.
Ao mesmo tempo, os tribunais civis do país proíbem a detenção de qualquer criança menor de 14 anos.
Em um comunicado, o exército de ocupação israelense disse que atirar pedras é uma "transgressão criminal séria" e que muitas crianças "estavam sendo exploradas" por "grupos terroristas", segundo a concepção dos ocupantes.
Pesquisadores do B'TSelem entrevistaram 50 menores palestinos que descreveram como foram presos, desde o momento em que foram capturados até em que foram libertados.
Trinta crianças disseram que foram "caçados" em suas casas, no meio da noite, e que seus pais foram impedidos de acompanhá-los. Outras vinte crianças disseram que foram obrigadas a ficar acordadas, não foram autorizadas a ir ao banheiro ou a comer enquanto esperavam pelo interrogatório, segundo o relatório.
De acordo com o levantamento, somente uma das mais de 800 crianças, entre 12 e 17 anos, detidas entre 2005 e 2010, foi libertada sem cumprir tempo de prisão.
O grupo diz ainda que muitas crianças são forçadas a se declarar culpadas, em troca de sentenças menores e de não precisarem aguardar o julgamento na cadeia.
Crianças de até 14 anos, segundo o relatório, no dia da sentença não eram presas por mais de dois meses. No entanto, 26% dos menores de 14 e 15 anos foram obrigados a quatro meses ou mais de prisão e 59% dos jovens de 16 e 17 anos ficaram aprisonados por mais de quatro meses, de acordo com o levantamento.
"Todos os oficiais envolvidos com os casos de menores palestinos que atiram pedras – policiais, juízes e soldados que servem na Cisjordânia – estão perfeitamente cientes da realidade deste relatório", afirma a publicação.
"No entanto, o único pedido de mudança veio na forma de declarações de poucos juízes, e nenhuma ação foi tomada para pôr fim à infração dos direitos dos menores."
Os territórios palestinos da Cisjordânia, da Faixa de Gaza e do leste de Jerusalém foram invadidos e ocupados por Israel a partir de 1967, e neles são construídas colônias ilegais, que são abertas a partir da expulsão de palestinos, com a consequente destruição de suas casas.
Com informações da BBC Brasil