sábado, 23 de julho de 2011

Tsunami sobre Israel


Tsunami sobre Israel

30/06/2011



Em setembro, ONU reconhecerá Estado palestino, talvez por maioria esmagadora. É o que Telavive mais teme. Como reagirá Washington?

Por Immanuel Wallerstein em seu site | Tradução: Cauê Seignemartin Ameni

Os palestinos estão perseguindo seu projeto: obter reconhecimento formal de sua soberania pela ONU, cuja Assembleia Geral vai se reunir em setembro. Querem uma declaração de que seu Estado ocupa as fronteiras de 1967 – as de antes da guerra israelense-palestina. É quase certo que o voto será favorável.
A única questão, no momento, é saber quão favoravel. A liderança política israelense está bem ciente disso. Discute três diferentes respostas. A posição dominante aparenta ser a do primeiro-ministro Netanyahu. Ele propõe ignorar totalmente tal resolução e simplesmente manter as políticas atuais. Netanyahu acredita que Israel ignorou com sucesso, por muito tempo, resoluções desfavoráveis adotadas pela Assembléia Geral. Por que agora seria diferente?
Há alguns políticos de extrema direita (sim, existe uma posição ainda mais à direita que Netanyahu) que propõem, em represália, a anexação formal, por Israel, de todos os territórios ocupados, encerrando qualquer negociação com os palestinos. Parte da extrema direita também quer forçar um êxodo de população não-judaica, a partir deste estado israelense expandido.
O ex-primeiro-ministro (e atual ministro da Defesa) Ehud Barak, cuja base política está agora quase extinta, adverte Netanyahu por estar sendo irrealista. Barak diz que a resolução da ONU será um tsunami para Israel; e que, portanto, Netanyahu deveria ter a sabedoria de fazer algum tipo de acordo com os palestinos, antes que a resolução passe.
Ehud Barak está certo? Será um tsunami para Israel? Há uma boa chance de que sim. Porém, há pouca chance real de que Netanyahu siga os conselhos de Barak e tente fazer com seriedade um acordo prévio com os palestinos.
Considere o que é provável na Assembléia Geral. Sabemos que a maioria (talvez todos) dos países da América Latina e uma parte dos países africanos e asiáticos votarão em favor da resolução. Sabemos que os Estados Unidos votarão contra e tentarão persuadir outros a votar também. Os votos incertos são os da Europa. Se os palestinos obtiverem um número significativo dos votos europeus, sua posição política será muito reforçada.
Os europeus votarão em favor da resolução? Isso dependerá em parte do que acontecer no mundo árabe nos próximos dois meses. Os franceses já sugeriram abertamente que apoiarão a resolução, exceto se virem negociações significativas entre Israel e Palestina (que não ocorrem no momento). É quase certo que os países nórdicos se juntem a eles. A posição da Grã-Bretanha, Alemanha e Holanda está mais indefinida. Se estes países decidirem apoiar a resolução, provavelmente puxarão vários países do leste europeu. Nesse caso, a resolução obterá uma vasta maioria dos votos na Europa.
Precisamos, portanto, olhar o que está acontecendo no Oriente Médio. A segunda revolta árabe ainda está em pleno andamento. Seria temerário prever exatamente quais regimes cairão e quais se aguentarão, nos próximos dois meses. O que parece estar claro é que os palestinos estão à beira de lançar uma terceira intifada. Até os mais conservadores entre eles parecem ter perdido a esperança de qualquer acordo com Israel. Esta é a mensagem clara do acordo entre o Fatah e o Hamas. Levando em conta que as populações de praticamente todos os estados árabes estão em plena revolta política contra seus regimes, como poderiam os palestinos permanecer relativamente tranquilos? Não ficarão em silêncio.
E se não permanecerem em silencio, o que os outros regimes árabes farão? Todos vivem tempos difíceis — para dizer o mínimo –, enfrentando as revoltas em seus próprios países. Apoiar taticamente a terceira intifada seria a posição mais fácil para eles, no esforço para recuperar o controle de seu próprio país. Que regime ousaria não apoiar uma terceira intifada? O Egito já se movimentou claramente rumo a esta postura. E o rei Abdullah da Jordânia deu a entender que também o fará.
Então, imagine a seqüência: uma terceira intifada, seguida pelo apoio árabe ativo, seguido por intransigência israelense. O que farão os europeus em seguida? É difícil vê-los recusar o voto a favor da resolução. Poderíamos facilmente chegar a uma votação em que apenas Israel, Estados Unidos e alguns poucos países minúsculos votariam contra a posição pró-Palestina, talvez com poucas abstenções.
Isso me parece um possível tsunami. Israel teme acima de tudo, nos últimos anos, a “deslegitimação”. Não seria essa votação precisamente o grau mais alto de deslegitimação? E o isolamento norte-americano não enfraqueceria ainda mais a posição de Washington no mundo árabe? O que farão, nesse caso, os Estado Unidos?

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Israel prende e leva crianças palestinas a tribunais militares

Israel prende e leva crianças palestinas a tribunais militares
18 DE JULHO DE 2011 - 14H38 

Um grupo de direitos humanos israelense criticou o governo de Israel por prender crianças palestinas que supostamente teriam jogado pedras em militares ocupantes.

Em relatório divulgado nesta segunda-feira, o grupo B'Tselem diz que cerca de 93% dos menores palestinos apreendidos na Cisjordânia foram julgados em tribunais militares e condenados a penas de até 20 meses.

Nos últimos seis anos, segundo o grupo, 19 crianças palestinas de 12 e 13 anos foram presas por até dois meses, acusadas pelo exército ocupante de "atirar" pedras contra soldados.

Ao mesmo tempo, os tribunais civis do país proíbem a detenção de qualquer criança menor de 14 anos.

Em um comunicado, o exército de ocupação israelense disse que atirar pedras é uma "transgressão criminal séria" e que muitas crianças "estavam sendo exploradas" por "grupos terroristas", segundo a concepção dos ocupantes.

Pesquisadores do B'TSelem entrevistaram 50 menores palestinos que descreveram como foram presos, desde o momento em que foram capturados até em que foram libertados.

Trinta crianças disseram que foram "caçados" em suas casas, no meio da noite, e que seus pais foram impedidos de acompanhá-los. Outras vinte crianças disseram que foram obrigadas a ficar acordadas, não foram autorizadas a ir ao banheiro ou a comer enquanto esperavam pelo interrogatório, segundo o relatório.

De acordo com o levantamento, somente uma das mais de 800 crianças, entre 12 e 17 anos, detidas entre 2005 e 2010, foi libertada sem cumprir tempo de prisão.

O grupo diz ainda que muitas crianças são forçadas a se declarar culpadas, em troca de sentenças menores e de não precisarem aguardar o julgamento na cadeia.

Crianças de até 14 anos, segundo o relatório, no dia da sentença não eram presas por mais de dois meses. No entanto, 26% dos menores de 14 e 15 anos foram obrigados a quatro meses ou mais de prisão e 59% dos jovens de 16 e 17 anos ficaram aprisonados por mais de quatro meses, de acordo com o levantamento.

"Todos os oficiais envolvidos com os casos de menores palestinos que atiram pedras – policiais, juízes e soldados que servem na Cisjordânia – estão perfeitamente cientes da realidade deste relatório", afirma a publicação.

"No entanto, o único pedido de mudança veio na forma de declarações de poucos juízes, e nenhuma ação foi tomada para pôr fim à infração dos direitos dos menores."

Os territórios palestinos da Cisjordânia, da Faixa de Gaza e do leste de Jerusalém foram invadidos e ocupados por Israel a partir de 1967, e neles são construídas colônias ilegais, que são abertas a partir da expulsão de palestinos, com a consequente destruição de suas casas.

Com informações da BBC Brasil


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