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Brasil apoia palestinos na ONU e irrita Israel
Comunicado a Abbas por Lula, voto brasileiro a favor do reconhecimento internacional é festejado em Ramallah; israelenses tentam 'conter danos'
24 de julho de 2011
Roberto Simon - O Estado de S.Paulo
O governo Dilma Rousseff já se decidiu: em setembro, quando a Autoridade Palestina pedir para se tornar o 194.º país-membro da ONU, terá o voto brasileiro. A garantia de apoio foi passada ao presidente palestino, Mahmoud Abbas, por um mensageiro especial de Dilma, Luiz Inácio Lula da Silva, há menos de um mês. Lula prontificou-se ainda a pessoalmente ajudar Ramallah a conquistar votos de países em desenvolvimento.
Israel, do outro lado, tenta agora uma ofensiva para "contenção de danos". Dois integrantes do primeiro escalão do governo estão a caminho do Brasil. Um deles, Moshe Yaalon, vice do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu (mais informações na página A19), solicitou um encontro com Dilma - que deverá ser recusado pelo Planalto.
Os israelenses sabem que ao final não conseguirão reverter a decisão brasileira, mas querem evitar que Brasília "puxe votos" contra Israel.
"O objetivo do Brasil é ajudar a criar um fato político que empurre israelenses e palestinos para uma negociação direta. Do jeito que está, o conflito tende a se eternizar", explicou ao Estado o assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia. "A questão palestino-israelense é o foco de desestabilização do Oriente Médio", defendeu Garcia.
Em entrevista no último domingo ao Estado, o chanceler Antonio Patriota havia indicado que o Brasil "não terá dificuldades em votar a favor" do reconhecimento do Estado palestino pelas Nações Unidas.
Dilma discursará na sessão anual da Assembleia-Geral da ONU, quando virá à baila a questão. Ela será a primeira a subir à tribuna em Nova York, conforme a tradição que, desde 1947, reserva ao Brasil a abertura dos discursos de chefes de Estado, ministros e demais autoridades nacionais na plenária.
O reconhecimento dos palestinos pela ONU, porém, deverá passar ainda pelo Conselho de Segurança, onde provavelmente acabará vetado pelos EUA.
Lula ofereceu ''bons ofícios'' a líder palestino
24 de julho de 2011
Roberto Simon - O Estado de S.Paulo
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, esteve com sua colega brasileira, Dilma Rousseff, apenas uma vez, no dia da cerimônia de posse, em janeiro. Menos de 48 horas antes, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia formalizado o reconhecimento do Estado palestino ao lado de Abbas.
Segundo disse ao Estado o chanceler da Autoridade Palestina, Riad Malki (mais informações nesta página A19), Lula voltou a se encontrar com o presidente palestino no fim de junho, quando os dois participavam da cúpula da União Africana, na Guiné Equatorial. Além de assegurar o apoio brasileiro à iniciativa na ONU em setembro, o ex-presidente ofereceu seus "bons ofícios" para trazer ao barco pró-palestino mais países em desenvolvimento, revelou Malki.
Israel dá como certo o voto brasileiro a favor dos palestinos, mas quer "conter o ativismo" de Brasília. Número 2 do gabinete israelense, Moshe Yaalon chega ao País na semana que vem e, pelo protocolo, deveria se encontrar com o vice-presidente Michel Temer. Diplomatas israelenses solicitaram uma audiência com Dilma, na qual Yaalon conversaria sobre o apoio do Brasil aos palestinos na ONU. Mas o Planalto diz "não ver motivos" para o vice-premiê se encontrar com a presidente.
"A verdade é que, de Lula para Dilma, não houve nenhuma mudança na política externa", afirma o diplomata israelense. De Brasília, o vice do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu embarcará para Chile e Argentina - que também provavelmente votarão a favor do reconhecimento palestino em setembro.
Além de Yaalon, virá ao Brasil em agosto o ministro das Finanças de Israel, Yuval Steinitz, figura próxima a Netanyahu.
Debate. Para discutir a posição do governo Dilma diante do iminente embate na ONU, o Estado entrevistou dois integrantes da cúpula tanto do governo de Israel quanto da Autoridade Palestina (página A19).
Yaalon recebeu a reportagem em seu gabinete, em Jerusalém. Tido como um dos principais "falcões" da política israelense, ele afirmou que o Brasil não entende a "essência" do conflito no Oriente Médio e disse que o voto a favor dos palestinos é "imoral e muito perigoso".
Reunido na semana passada com todos os embaixadores palestinos na Turquia para traçar a estratégia na ONU, o chanceler Malki comemorou por telefone a posição de Dilma. Para ele, o Brasil "defende os direitos dos palestinos" e a presidente segue o caminho aberto por Lula.
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''Atual posição brasileira é perturbadora''
24 de julho de 2011
Roberto Simon - O Estado de S.Paulo
Antes de entrar na política, Moshe Yaalon foi diretor da inteligência militar e chefe do Estado-Maior - mais alto cargo na hierarquia das Forças Armadas - de Israel. Em 2008, filiou-se ao partido de direita Likud. Além de vice do premiê Binyamin Netanyahu, Yaalon é ministro de Assuntos Estratégicos.
O Brasil reconheceu o Estado palestino e apoiará Ramallah na ONU. Como o sr. vê isso?
A posição brasileira é perturbadora e reflete uma série de equívocos sobre a essência do conflito. Há aqueles que acreditam que a disputa só é territorial e iniciou-se no ano de 1967. Ela seria resolvida, portanto, com base nas fronteiras daquela época. Mas o conflito não começou em 1967. A rejeição árabe ao Estado judeu é anterior. E eles ainda não estão prontos a reconhecer nosso direito de existência. É essa a essência do conflito.
Isso se aplicaria também à Autoridade Palestina de hoje?
Claro. Os árabes rejeitaram todas as propostas de divisão: em 1937, em 1947 e em 2000, quando o premiê Ehud Barak apresentou um plano de paz completo e Yasser Arafat, novamente, disse "não". Em resposta ao último discurso de Netanyahu nos EUA, Abu Mazen (presidente Mahmoud Abbas) discursou à Liga Árabe dizendo "nós nunca reconheceremos Israel como Estado judeu". Que fique claro: não aceitaremos o retorno dos refugiados palestinos de 1948.
Mas esses dois temas, a natureza judaica de Israel e o direito de retorno palestino, não podem ser objeto de uma negociação?
De uma negociação franca, certamente. Refugiados podem ser assentados nos EUA, na entidade palestina, ou em outro lugar. Mas a questão é que, até hoje, eles se recusam a nos reconhecer. Essa má compreensão domina o discurso internacional, incluindo o do Brasil.
O sr. acredita que a iniciativa palestina na ONU, em setembro, mudará a situação aqui?
Isso é um instrumento para nos ameaçar, não uma verdadeira opção política. Essa posição unilateral é apoiada por certos países - incluindo o Brasil - para arrancar concessões de Israel.
Não é estranho chamar de "unilateral" uma iniciativa que deverá ser apoiada por cerca de 130 países na ONU?
Infelizmente, há uma maioria automática na ONU em relação a qualquer resolução contra Israel. Somos um Estado judeu diante de 22 países árabes e 50 islâmicos. É imoral e, se de fato ocorrer, muito perigoso, mas muitos países, por interesses políticos, votarão a favor. Se Abbas um dia conseguir um Estado sem negociar com Israel, ele terá de enfrentar sozinho o Hamas. Sabemos como isso terminou em Gaza. Pergunto: será que isso é do interesse de algum país, incluindo o Brasil? Abbas deve vir à mesa de diálogo, não há atalhos para a paz.
Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110724/not_imp749156,0.php
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Lula abriu o caminho, Dilma está seguindo
24/07/2011
Roberto Simon - O Estado de S.Paulo
24/07/2011
Roberto Simon - O Estado de S.Paulo
ENTREVISTAS - Riad Malki, Ministro das Relações Exteriores da Autoridade Palestina
Chanceler comemora apoio brasileiro e defende voto na ONU; ‘estamos dialogando há 20 anos e Israel não se mexe’
Professor universitário Riad Malki é ministro das Relações Exteriores da Autoridade Palestina desde 2007 e tem sido um dos principais articuladores da ofensiva palestina por reconhecimento internacional. Desde a semana passada, Malki está reunido em Estambul com todos os embaixadores palestinos discutindo a estratégia na ONU.
O Brasil anunciou que votará com os palestinos na ONU. Como o Sr. avalia essa decisão?
A posição da presidente Dilma Roussef é excelente e muito encorajadora. As relações entre o Brasil e a Autoridade Palestina não poderiam ser melhores. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu reconhecer o Estado palestino, no fim de 2010. Foi um marco nas nossas relações. Agora, Dilma está seguindo o caminho aberto por ele. Nóes sentimos que o Brasil defende os direitos dos palestinos e sabemos que podemos contar com o governo brasileiro.
Antes parecia haver certa indefinição sobre o que seria feito em setembro. A decisão de solicitar à ONU que a Palestina seja o 194° país-membro da organização foi tomada?
Sim. No sábado (ontem), todos os embaixadores palestinos se reunirão em Istambul para receber instruções sobre nossa iniciativa nas Nações Unidas.
Quantos países indicaram que votarão a favor?
Estamos ainda em diálogo com vários países, mas os resultados já são satisfatórios. Começamos com o apoio da Liga Árabe. Em seguida, veio o movimento dos países não alinhados e a Organização da Conferência Islâmica. O Brasil está nos ajudando em relação ao G-77 (coalizão de 77 países em desenvolvimento). Contamos com o apoio da maioria da Assembléia Geral da ONU.
Além do G-77, até onde vai a contribuição brasileira?
O Brasil, sob comando do presidente Lula, foi o primeiro país latino-americano dessa nova leva a reconhecer a Palestina (Venezuela e Nicarágua já reconheciam). Essa decisão fez com que vizinhos –como Argentina e Uruguai- se sentissem compelidos a seguir o mesmo caminho. Por isso, seremos sempre gratos ao presidente Lula.
Na semana passada, Nabil Amr, ex-ministro e membro do Comitê Central da OLP, disse ser um “erro” ir a ONU em setembro, pois isso colocará Ramallah contra os EUA. Até onde vão as cisões no campo palestino?
Só ele discorda da iniciativa. Isso é normal, afinal somos uma democracia. Mas é preciso dizer que ele não faz parte da liderança da Autoridade Palestina.
Mas o Sr. teme um distanciamento dos EUA?
Não queremos nenhum tipo de confronto com ninguém. Estamos apenas reivindicando nossos direitos, após 44 anos de ocupação e 20 de negociações fracassadas.
Israel, EUA e países europeus afirmam que o recurso à ONU não é uma alternativa ao diálogo direto, mas um instrumento de pressão política que prejudica o processo de paz. Por que os palestinos não aceitam voltar a mesa de negociação?
Estamos dialogando com Israel há 20 anos, desde os Acordos de Madri. Eles não se mexeram desde então. Aliás, Israel usa as negociações para ampliar o roubo de terra palestina e impor “novas realidades” no território. Apões esses 20 anos de negociações, ainda estamos muito distantes de um Estado palestino e da paz. Esteja certo: se, depois dessa resolução da ONU, as negociações recomeçarem elas serão completamente diferentes. O reconhecimento fará com que Israel entenda que o diálogo é melhor do que a ocupação e a tentaiva de ganhar tempo, enquanto crescem os assentamentos.
E qual seria o ‘ponto de chegada’ nesse diálogo direto?
O que o presidente Barack Obama falou em maio: dois Estados nas fronteiras Pré-1967. Quando Israel aceitar isso, teremos paz. Agora, na ONU, estamos simplesmente perguntando: “Vocês acreditam que os palestinos merecem a autodeterminação?” Se a resposta for “sim”, será preciso discutir quando e como. O processo de paz não pode ficar parado sempre.
Marwan Baeghouti, um dos principais líderes da Segunda Intifada, pediu que os palestinos voltem às ruas no dia da votação na ONU. O Sr. teme que isso termine em violência?
Rejeitamos qualquer forma de violência. Somos o lado fraco nessa luta e, se houver novo derramamento de sangue, Israel usará isso para destruir tudo o que conseguimos. Pessoalmente, estou preocupado que os israelenses usem a violência contra nós. Pedimos que todos os nossos amigos saiam às ruas, pacificamente, no dia da votação nas Nações Unidas, em várias capitais do mundo. Seria um grande gesto de solidariedade. Mas não queremos nada que possa ser interpretado como um ato de confronto.
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