domingo, 2 de outubro de 2011

DILMA E ABBAS, DA ONU PARA A HISTÓRIA DO SÉCULO


Uma semana de setembro

25/09 - Jornal do Brasil

por Mauro Santayana


É quase certo que a semana que se encerrou ontem, sábado, tenha sido decisiva para a História deste século que se iniciou há dez anos, com os fatos misteriosos de Nova Iorque. A ONU, que não tem sido mais do que um auditório, espécie de ágora mundial, mas sem o poder político de que dispunham as praças de Atenas, ouviu quatro discursos importantes. Dois deles em nome da paz, do futuro, da lucidez e dois outros que ecoaram como serôdios. Dilma e Abbas, em nome dos que não aceitam mais essa divisão geopolítica do mundo; Netanyahu e Obama, constrangidos portavozes de um tempo moralmente morto. A assembléia geral estava separada em dois lados definidos, ainda que assimétricos.

A presidente do Brasil falava em nome das novas realidades, como a da emancipação das mulheres – pela primeira vez, na crônica das Nações Unidas, uma voz feminina abriu os debates anuais – e a impetuosa emersão de povos milenarmente oprimidos como agentes ativos da História. Mahmoud Abbas, embora em nome de uma pequena nação representou todos os povos oprimidos ao longo dos tempos. Por mais lhe neguem esse direito, a Palestina é  tão antiga que entre  suas fronteiras históricas nasceu um homem conhecido como Cristo.

O holocausto judaico, cometido pelos nazistas, e  que nos horroriza até hoje, durou poucos anos; o do povo palestino,  espoliado de direitos com a ocupação paulatina de suas terras, iniciada com o sionismo no fim do século 19, dura há pelo menos 63 anos, desde a criação, ex-abrupto, do Estado de Israel, em 1948. Recorde-se que a criação de um “lar nacional” para os judeus estava condicionada à sobrevivência, em segurança, do povo palestino em um estado independente. A voz de Dilma, mais comedida, posto que representando  nação de quase 200 milhões de pessoas no exercício de sua soberania política, teve a mesma transcendência histórica do apelo dramático de Abbas. A cambaleante comunidade internacional era chamada à sensatez política e à consciência ética. É duvidoso que ela corresponda a essa responsabilidade. Do outro lado, no discurso dissimulado e ameaçador de Netanyahu e na lengalenga constrangida de Obama, ouviram-se  os rugidos dos mísseis tomawaks e o remoto estrondo que destruiu as cidades de Hiroxima e Nagasáqui, em 1945. Enquanto Netanyahu balbuciava, sem nenhuma coerência, as expressões de paz, seus soldados matavam um manifestante palestino na Cisjordânia ocupada.

Os dois arrogantes senhores não falaram em nome dos homens; bradaram em nome das armas e dos grandes banqueiros sem pátria que, desde os Rotschild, mantêm a força contra a razão naquela região do mundo. Como muitos historiadores já apontaram, os judeus ricos, sob a liderança da poderosa família de financistas, decidiram acompanhar o ex-pangermanista Theodor Herzl, na idéia de criar um estado hebraico, a fim de se livrar da presença constrangedora dos judeus pobres na Inglaterra e na Europa Ocidental.

Na origem da sua independência, os Estados Unidos ouviram a constatação sensata de Tom Payne, de que contrariava o senso comum a dependência de um continente, como a América do Norte, a uma ilha, como a Grã Bretanha. O governo norte-americano é hoje refém de um estado diminuto, como Israel, representado em Washington pelos poderosos lobistas, capazes de influir sobre o Capitólio e a Casa Branca, contra as razões históricas da grande nação.

Ao apoiar, vigorosamente, o imediato reconhecimento, pelas Nações Unidas, da soberania do Estado Palestino, Dilma não falou apenas em nome dos países emergentes, solidários com o povo acossado e agredido,  cujas terras e águas são repartidas entre os invasores; falou em nome de princípios imemoriais do humanismo. Ela pôde dar autenticidade ao seu discurso com uma biografia singular, a de uma jovem que, na resistência contra um regime criado e nutrido ideologicamente pelos norte-americanos, foi prisioneira e torturada.

A presidente disse ao mundo que estamos, os brasileiros, trabalhando para que o Estado cumpra a sua razão de ser, ao reduzir as desigualdades sociais e ampliar o mercado interno, a fim de desenvolver, com  justiça, a economia nacional. Embora com a prudência da linguagem, exigida pelas circunstâncias solenes do encontro, o que Dilma disse aos grandes do mundo é que eles, no comando de seus estados, não agem em nome dos cidadãos que os elegeram, mas das grandes corporações econômicas e financeiras multinacionais, controladas por algumas dezenas de famílias do hemisfério norte. O resultado dessa distorção são as crises recorrentes do capitalismo contemporâneo, com o desemprego, o empobrecimento crescente das nações, a insegurança coletiva e o desespero dos mais pobres. E os mais pobres não se encontram hoje apenas nos países do antigo Terceiro Mundo, mas nas maiores e orgulhosas nações. As ruas de Londres e de Nova Iorque, de Nova Delhi e de São Paulo são caudais da mesma miséria. Daí a necessidade de que se mude o projeto de vida em nosso Planeta. Para isso é preciso que as novas nações participem efetivamente da construção do futuro do homem.

Outro ponto axial de seu discurso foi o da necessária e urgente reforma das Organização das  Nações Unidas, para que ela se restaure na credibilidade junto aos povos. Seu sistema decisório, construído na fase crucial da reacomodação do mundo, depois da tragédia da 2ª. Guerra Mundial, correspondeu a uma constelação circunstancial do poder, em que as maiores potências, possuidoras da bomba do juízo final,  assumiam a responsabilidade de garantir hipotética paz,  mediante o Conselho de Segurança. Contestado esse superpoder mundial pela consciência moral dos povos, desde o seu início, há quase duas décadas que se discute a sua ampliação democrática, mas sem qualquer conclusão efetiva. Dilma expressou a urgência de que isso ocorra, a fim de que o organismo possa ter a força da legitimidade política.

A paz, como a guerra, era, durante a Guerra Fria, um negócio a dois, e que só aos dois beneficiava. Sua disputa se fazia na periferia do sistema, a partir do conflito na Coréia, que inaugurou o sistema da divisão entre norte e sul, que se repetiria no Vietnã e em outros países.

Mais uma vez, no pacto Wojtyla-Reagan, a Igreja se somava ao dinheiro, para a aparente vitória do capitalismo, com a queda do muro de Berlim. Isso trouxe aos vitoriosos a ilusão de que a História chegara a seu fim, com a definitiva submissão dos pobres aos nascidos para mandar e usufruir de todos os benefícios da civilização. Como registramos, naqueles anos de Fernando Henrique, quando ele nos fez ajoelhar diante de Washington, os novos mestres do mundo se esqueceram de combinar com os adversários, como recomendou um filósofo mais atilado, o mestre Garrincha. A globalização, planejada para consolidar o condomínio dos países centrais, sob a hegemonia ianque, mediante a recolonização imperial, trouxe o efeito contrário, promoveu a unidade política dos países atingidos,  e se voltou contra seus criadores. Isso explica a emersão dos Brics.

Foi em nome do futuro, das novas e poderosas forças humanas que se organizam, que a presidente falou em Nova Iorque.

Fonte: http://www.jb.com.br/mauro-santayana/noticias/2011/09/25/sem-pauta-uma-semana-de-setembro/

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Veja o trecho em que a presidenta defende o Estado Palestino na ONU. A paz na região depende da soberania, entendimento e respeito.

"Lamento ainda não poder saudar, desta tribuna, o ingresso pleno da Palestina na Organização das Nações Unidas. O Brasil já reconhece o Estado palestino como tal, nas fronteiras de 1967, de forma consistente com as resoluções das Nações Unidas. Assim como a maioria dos países nesta assembleia, acreditamos que é chegado o momento de termos a Palestina aqui representada a pleno título."






PRESIDENTE DA PALESTINA É OVACINADO NA ONU
Nesta sexta-feira (23), o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, discursou na Assembleia Geral da ONU, tendo sido aplaudido de pé durante sua fala. Ele acusou Israel de dificultar as negociações de paz e exibiu cópia do pedido entregue à ONU requisitando que a Palestina se torne membro pleno da entidade.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Estado da Palestina Já: atos em São Paulo, Brasilia, Porto Alegre, Foz do Iguaçu e Curitiba


SÃO PAULO


  UOL - FOTOS

Embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Al Zeben, integrantes do "Comite pelo Estado da Palestina Já", movimentos sociais, sindicatos e integrantes da comunidade árabe no Brasil, participaram de ato em São Paulo da campanha para o reconhecimento de um Estado palestino pela Organização da Nações Unidas


LEIA A REPORTAGEM ESPECIAL SOBRE O ATO DE SÃO PAULO



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BRASÍLIA

Embaixador da Palestina recebe o apoio dos embaixadores  dos países árabes e dos membros da comunidade palestina pelo reconhecimento do Estado da Palestina na ONU.

Uma gigante bandeira palestina envolvia a sede da embaixada

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PORTO ALEGRE

Federação Árabe Palestina do Brasil faz manifesto no centro de Porto Alegre

23/09/11

JORNAL ZERO HORA
Manifesto foi apoio à solicitação de Mahmoud Abbas para reconhecimento do Estado Palestino - Ronaldo Bernardi / Agencia RBS

A Federação Árabe Palestina do Brasil fez manifesto na manhã desta sexta-feira no centro de Porto Alegre. O movimento é para marcar o dia histórico em que o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, pediu à ONU o reconhecimento do Estado Palestino.

O ato em Porto Alegre teve apoio de mais de 50 entidades e partidos políticos, segundo estimativa da Federação Árabe Palestina do Brasil.




Grupo faz manifesto na Capital a favor do reconhecimento da Palestina pela ONU


Porto Alegre, 23/09/11

CORREIO DO POVO

Dezenas de pessoas estenderam uma grande bandeira, no Largo Glênio Peres, Centro de Porto Alegre, para apoiar o reconhecimento da Palestina como Estado. O representante do território, Mahmoud Abbas, entregará um pedido formal ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-Moon, nesta sexta-feira.

Além da bandeira da Palestina, a Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal) colocou uma faixa no local com as palavras: "Justiça, Paz e Liberdade". Entre os que se agruparam em frente ao Mercado Público, estavam pessoas vestidas com roupas características da região.



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FOZ DO IGUAÇU

Gilberto Carvalho apóia ato em prol do Estado Palestino em Foz do Iguaçu

Portal Arabesq




O Governo Federal também esteve presente na manifestação com a presença de Joel de Lima, que veio representando o diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, Jorge Samek. “Eu trouxe uma manifestação do ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho.

Queremos deixar claro o nosso apoio incondicional a esta causa palestina”, ressaltou Lima. Durante o Ato, Joel de lima leu o discurso de Gilberto Carvalho:

 “Apoiamos a criação de um Estado Palestino soberano e independente.O Brasil já reconhece a criação do Estado Palestino, conforme as fronteiras de 1967, incluindo a Cisjordânia, a Faixa de Gaza, e Jerusalém Oriental.

Nossa expectativa é de que a Assembléia-Geral da ONU efetive também este reconhecimento em nome  da comunidade internacional e seja coerente com o direito fundamental do povo palestino, de ter seu território, sua liberdade e sua autonomia de conduzir seu destino.

Deixo um abraço fraterno, Gilberto Carvalho”.

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Comunidade Árabe Palestina se reúne para manifestação em Foz do Iguaçu



Pelo mundo todo aconteceram manifestações em apoio ao reconhecimento do Estado Palestino, em Foz do Iguaçu as pessoas também foram às ruas.

Por volta das 17 horas de terça-feira (20) membros da comunidade árabe palestina, estudantes, líderes políticos, sociedade em geral e imprensa começam a ocupar a Praça do Mitre para o ato simbólico em solidariedade ao Estado Palestino.




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CURITIBA

      
       http://www.parana-online.com.br/editoria/cidades/news/560490/





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