terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Bandeira palestina já tremula diante da sede da Unesco


Bandeira palestina tremula diante da sede da Unesco



13/12/2011

A bandeira da Palestina já tremula diante da sede da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), hasteada nesta terça-feira pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmud Abbas.

Abbas, o chanceler Riad Maliki e a diretora-geral da Unesco, Irina Bokova, lideraram a tradicional cerimônia, efetuada toda vez que um novo membro se filia à entidade.

Durante o ato, realizado sob uma persistente chuva, também foi tocado o hino nacional da Palestina.

Em 31 de outubro a Conferência Geral da Unesco aprovou por ampla maioria a incorporação do país árabe como o 195º estado da organização, apesar das pressões contrárias dos Estados Unidos.


A plena filiação foi formalizada em 23 de novembro, quando foi assinada em Londres a Carta Constitutiva da Unesco.

A adesão palestina a essa organização foi qualificada como um fato histórico e um ato de justiça para com esse povo árabe.

Em represália, Washington suspendeu seus pagamentos à Unesco, inclusive cerca de 60 milhões de dólares, correspondentes a este ano, o que colocou em uma situação difícil a organização, que deve cortar gastos e revisar programas.

Os Estados Unidos também se opõem à entrada da Palestina como membro pleno da ONU, uma solicitação apresentada em setembro passado e que conta com o apoio de mais de 130 Estados da Organização Mundial.

Apesar das dificuldades da ONU, na qual os Estados Unidos têm direito ao veto, Abbas declarou em 5 de dezembro que seu país continuará lutando para conseguir um lugar nesse foro mundial.





Fonte: Portal Vermelho


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Bandeira da Palestina é hasteada na sede da Unesco, em Paris




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Unesco admite Palestina como membro pleno


03/11/2011

A agência da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) admitiu nesta segunda-feira (31) a Palestina como membro pleno da entidade, numa votação ocorrida na Assembleia Geral da Unesco realizada em Paris.

"A Assembleia Geral decidiu admitir a Palestina como membro da Unesco", diz a resolução adotada por 107 dos 193 países integrantes. "Esta votação vai apagar uma pequena parte da injustiça cometida contra o povo palestino", afirmou o ministro das Relações Exteriores palestino, Riyad al-Malki.

Estados Unidos, Alemanha e Canadá votaram contra, enquanto a Itália e o Reino Unido se abstiveram. Quase todos os países árabes, africanos e da América Latina votaram pela adesão. A França, que tinha sérias reservas, finalmente votou pela adesão.

"A entrada da Palestina leva o número de Estados-membros da Unesco a 195", afirmou a Unesco em um comunicado emitido imediatamente após a votação.

Legisladores norte-americanos ameaçaram reter cerca de US$ 80 milhões em recursos para a agência caso a Unesco aprovasse a filiação da Palestina, mas a maioria não cedeu à pressão. Os norte-americanos afirmavam que a aprovação poderia prejudicar os esforços para a retomada das negociações de paz entre israelenses e palestinos.

Tais diálogos, contudo, não têm levado a nenhuma solução, uma vez que Israel se mantém intransigente e continua a construir assentamentos nos territórios ocupados palestinos.

Os palestinos tentam se tornar membros plenos da Organização das Nações Unidas (ONU), mas como isso deve demorar algum tempo, eles pediram separadamente a entrada na Unesco e devem fazer o mesmo com outras agências do organismo.


Socorro Gomes
Presidente do Conselho Mundial da Paz e do Cebrapaz

Fonte: Da redação do Vermelho, com agências


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Unesco reconhece Palestina e é punida com boicote pelos EUA


31/10/2011

Entidade da ONU é a primeira a admitir Palestina como membro pleno. O ato irritou a administração americana que, em represália, suspendeu o apoio financeiro à Unesco. O país deixará de pagar cerca de US$ 60 milhões do que deve a partir de novembro deste ano.

A admissão da Palestina como membro pleno da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), marca, para os palestinos, um "momento histórico".

Poucas horas depois da adesão plena da Palestina, os Estados Unidos anunciaram um boicote à Unesco. A contribuição de novembro, no valor de 60 milhões de euros, não será paga, informou o Departamento de Estado Norte Americano.

"Os Estados Unidos são claramente a favor da solução de dois Estados, mas o único caminho é por meio de negociações diretas e não há atalhos, e iniciativas como a de hoje são contraprodutivas", condenou David T. Killion, embaixador norte-americano na organização.

"Tínhamos que conceder um pagamento de 60 milhões de dólares à Unesco em novembro e não vamos fazer isso", disse a porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland.

Outro país que reagiu de forma irritada com a decisão foi a Alemanha. A alegação dos alemães para votar contra a incorporação da Palestina pela Unesco é que ela "prejudicaria" as inexistentes negociações entre as duas partes. Segundo um porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, a adesão palestina "prejudicaria o já difícil diálogo indireto".

Israel, o maior aliado americano no Oriente Médio e responsável direto pelos danos sociais e humanos da ocupação da Palestina reagiu também no mesmo tom dos Estados Unidos. "Isto é uma tragédia para a Unesco... A Unesco lida com ciência, e não com ficção científica, porém a organização adotou a ficção científica como realidade", insistiu o representante israelense Nimrod Barkan, embaixador israelense junto à Unesco, imediatamente depois da votação.

Depois de um boicote de mais de 20 anos (1984-2003) alegando uma suposta má gestão e "problemas com a ideologia", os Estados Unidos participavam até agora dos programas da Unesco, já que por meio deles conseguiam difundir sua ideologia.

Com agências

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Mensagem da América Latina ao mundo árabe

9/12/2011

Por Pepe Escobar

Hoje presidenta do Brasil, Dilma Rousseff foi torturada em 1970
 Hoje presidenta do Brasil, Dilma Rousseff foi torturada em 1970 pela junta militar que governava o país [Ricardo Amaral]

Olhem bem essa foto de 1970.

Essa moça de 22 anos está diante de um bando de inquisidores subtropicais, para ser interrogada.

Foi torturada com choques elétricos e sofreu simulação de afogamento – práticas que, para Dick Cheney, são apenas “interrogatório estimulado” – durante 22 dias.

E não cedeu.

Hoje, essa mulher, Dilma Rousseff, é presidenta do Brasil – aquele perene “país do futuro”, a 7ª maior economia do mundo (à frente de Grã-Bretanha, França e Itália), país-membro dos BRICS, mestre de um soft power que vai além da música, do futebol e da alegria de viver.

Essa foto acaba de ser divulgada, como parte de uma biografia de Rousseff, exatamente quando o Brasil afinal cria uma Comissão da Verdade, para saber o que realmente aconteceu durante a ditadura militar (1964-1985). A Argentina já fez esse trabalho, bem antes do Brasil – julgando e punindo os inquisidores de uniforme sobreviventes.

Esse sábado, Rousseff estará em Buenos Aires, para a cerimônia de posse de Cristina Kirchner, reeleita presidenta da Argentina. Esses dois países chaves da América do Sul têm mulheres na presidência. Contem lá àquele Tantawi da junta que governa o Egito – ou àqueles exemplares paradigmáticos de democracia da Casa de Saud. 

Essas coisas demoram...


Os egípcios talvez não saibam que os brasileiros tiveram de esperar 21 anos para livrarem-se de uma ditadura militar. Equivalentes de Dilma, a que não quebra e que se vê na foto dos anos 1970s, hoje da geração Google, estão lutando por melhor democracia, do Cairo a Manama, de Aleppo ao leste da Arábia Saudita.

Liberdade é o nome que se dá ao que resta quando já nada se tem a perder – além de tempo, muito tempo. No Brasil, uma verdadeira democracia estava começando a avançar, quando, em 1964, foi esmagada por um golpe militar ativamente supervisionado por Washington. O coma durou duas longas décadas.

Então, nos anos 1980s, os militares decidiram dar um pequeno passo, numa transição em ritmo de lesma, “lenta, gradual e segura” (segura para eles mesmo, claro) na direção de alguma democracia. Mas foi a rua – ao estilo da Praça Tahrir – que finalmente fez a coisa andar adiante.

O fortalecimento das instituições democráticas demorou mais uma década – e incluiu impeachment, por corrupção, de um presidente eleito. E passaram mais oito anos, para que um presidente eleito – o presidente Lula, imensamente popular, que Obama reverenciou como “o cara” – abrisse o caminho para Dilma Roussef. 

A estrada foi longa, até que um dos países mais desiguais do mundo – governado por séculos por uma elite arrogante e corrupta, que só tinha olhos para o Norte rico – afinal consagrasse a luta pela inclusão social como questão essencial da política nacional.

O progresso no Brasil foi semelhante ao de várias outras partes da América do Sul.

Semana passada alcançou-se um clímax parcial, quando a nova Comunidade dos Estados Latino-americanos e do Caribe (conhecida pela sigla CELAC, em espanhol), reuniu-se em Caracas. A CELAC começou como ideia luminosa ante a emergência – num novo sistema-mundo, como diria Immanuel Wallerstein – de uma nação latino-americana integrada, baseada na justiça, no desenvolvimento sustentável e na igualdade. Dois homens foram essencialmente importantes nesse processo: o presidente Lula do Brasil e o presidente Hugo Chavez da Venezuela. A visão desses dois convenceu todos, do presidente Pepe Mugica do Uruguai, ex-guerrilheiro, ao presidente do Chile, Sebastian Piñera, banqueiro.    

Assim, hoje, em meio à crise agônica que consome o Norte Atlanticista, a América Latina surge como possibilidade de uma verdadeira ‘terceira via’ (que nada tem a ver com o que Tony Blair inventou).  

Enquanto a Europa – onde o Deus Mercado governa – constrói meios para miserabilizar cada vez os povos europeus, a América Latina acelera no seu impulso rumo a inclusão social cada vez mais ampla.

E, enquanto virtualmente todas as latitudes, do Norte da África ao Oriente Médio sonham com democracia, a América Latina pode, realmente exibir os frutos, duramente buscados, de suas conquistas democráticas.

Não percam o foco, não esperem presentes caídos do céu


A CELAC é aposta poderosa nas possibilidades do diálogo sul-sul. Será dirigida, nesse estágio inicial, por Chile, Cuba e Venezuela.

Pepe Mugica, presidente do Uruguai e ex-líder dos guerrilheiros Tupamaro, disse, muito claramente em Caracas, que a estrada, até que se alcance o sonho da integração latino-americana não será um mar de rosas. Inúmeras batalhas ideológicas ainda terão de ser lutadas, antes que tome forma algum projeto político e econômico amplo.

A CELAC complementa a UNASUR – União Latino-americana – que o Brasil domina. A UNASUR também está começando; por hora, é, essencialmente, um fórum.

E há também o MERCOSUL – mercado comum de Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, ao qual, em breve, a Venezuela também se integrará. Em Caracas, Dilma e Cristina selaram a futura integração com Chavez.

O principal parceiro comercial do Brasil é a China; antes, foram os EUA. Em breve, a Argentina alcançará a posição de segundo principal parceiro comercial do Brasil – deixando os EUA para trás. O comércio dentro do MERCOSUL está crescendo rapidamente – e mais ainda crescerá com a incorporação da Venezuela.

Não que faltem obstáculos no caminho da integração. O Chile prefere acordos bilaterais. O México olha, sempre antes, para o norte – por causa do NAFTA. E a América Central está convertida em virtual satrapia dos EUA, por causa do CAFTA. 

Mesmo assim, a UNASUR acaba de aprovar projeto estratégico crucialmente importante em termos geopolíticos: uma rede de 10 mil quilômetros de fibra ótica, administrada por empresas estatais locais, para livrar-se da dependência dos EUA.

Atualmente, nada menos que 80% do tráfego internacional de dados na América Latina viajam pelos cabos submarinos até Miami e a Califórnia – duas vezes a porcentagem da Ásia e quatro vezes a da Europa.

As taxas cobradas pela Internet na América Latina são três vezes mais caras que nos EUA. Nessas condições, é difícil falar de soberania e integração.

Washington – que exporta três vezes mais para a América Latina que para a China – está e terá de continuar focada em outros pontos: na Ásia, continente ao qual o governo Obama tanto se empenha para vender a agenda do “Século do Pacífico”.

A verdade é que Washington – como as várias direitas latino-americanas – nada tem a propor aos povos da América Latina, nem em termos políticos nem em termos econômicos. Portanto, cabe aos latino-americanos aperfeiçoar suas democracias, fazer avançar a integração regional e construir modelos de democracia social que se possam apresentar como alternativas ao velho neoliberalismo hardcore. 

Por um desses truques do Anjo da História, de Walter Benjamin, talvez seja hora, agora, de os latino-americanos partilharem sua experiência com os irmãos e irmãs do Oriente Médio, no sul global.

Que a estrada é longa, é. Começa com uma moça de 22 anos, que não baixou a cabeça frente à ditadura e aos ditadores. E é caminho adiante, sem volta.

Fonte: Aljazeera

Tradução: Coletivo Villa Vudu

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