quarta-feira, 16 de maio de 2012

A VITÓRIA DOS PRISIONEIROS PALESTINOS E O PROGRAMA DA GLOBO NEWS


Familiares comemoram vitória dos prisioneiros palestinos
Familiares de prisioneiros palestinos em Israel celebram o acordo que coloca fim a greve de fome de mais
de 2 mil detentos, nesta segunda-feira (14), em Ramallah, na Palestina. Os dois prisioneiros que iniciaram 
o protesto em fevereiro estavam há 77 dias sem se alimentar  Atef Safadi/EFE




FEPAL - FEDERAÇÃO ÁRABE PALESTINA DO BRASIL

NOTA – 15/05/2012

A VITÓRIA DOS PRISIONEIROS PALESTINOS

TRANSMITIMOS NOSSAS SAUDAÇOES E FELICITAÇÕES A TODOS OS PRISIONEIROS PALESTINOS PELA VITÓRIA CONQUISTADA APÓS DOIS MESES DE GREVE DE FOME CONTRA O REGIME CARCERÁRIO ISRAELNESE E SEUS BRUTAIS E CRIMINOSOS MÉTODOS DE TORTURA, PRIVAÇÕES, DETENÇÕES ADMINISTRATIVAS, PROIBIÇÃO DE VISITA DE FAMILIARES E TANTAS OUTRAS BARBARIDADES COMETIDAS CONTRA ESSES HÉRÓIS DA LIBERDADE E DA JUSTIÇA.

COMEMORAMOS COM O POVO PALESTINO ESSA GRANDE VITÓRIA DOS PRISIONEIROS QUE TEVE O APOIO E SOLIDARIEDADE DE TODOS OS PARTIDOS E ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE PALESTINA, DA OLP- ORGANIZAÇÃO PARA A LIBERTAÇÃO DA PALESTINA, DA ANP- AUTORIDADE NACIONAL PALESTINA, DA CRUZ VERMELHA, DOS PAISES NÃO ALINHADOS E DE VÁRIOS GOVERNOS E MOVIMENTOS DE SOLIDARIEDADE COM O POVO PALESTINO.

A DETERMINAÇÃO E A CORAGEM DOS PRISIONEIROS EM SUA GREVE DE FOME, SOMADA A PRESSÃO INTERNACIONAL, FORAM DETERMINANTES PARA FAZER COM QUE ISRAEL FOSSE DERROTADA EM CONTINUAR OS TRATAMENTOS DESUMANOS, CRIMINOSOS E ILEGAIS CONTRA TODOS OS PRISIONEIROS.

DAQUI DO BRASIL, NESSA DATA COMEMORATIVA DOS 64 ANOS DA NAKBA – A CATÁSTROFE PALESTINA, A COMUNIDADE PALESTINA E A DIREÇÃO DE SUA FEDERAÇÃO REAFIRMAM O COMPROMISSO DE CONTINUARMOS  SOLIDÁRIOS E IRMANADOS COM A LUTA DOS PRISIONEIROS E DO SEU POVO: O DIREITO INALIENÁVEL AO RETORNO E AUTODETERMINAÇÃO, PELO ESTABELECIMENTO DO ESTADO PALESTINO LIVRE E SOBERANO, TENDO JERUSALÉM COMO CAPITAL.

PORTO ALEGRE, 15 DE MAIO DE 2012.

FEDERAÇÃO ÁRABE PALESTINA DO BRASIL

ELAYYAN ALADDIN                             EMIR MOURAD  
PRESIDENTE                                         SECRETÁRIO GERAL




Charge de Latuff: vitória da Palestina

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CARTA AO PROGRAMA 'ESPECIAL' DA GLOBO NEWS

São Paulo, 11 de maio de 2012.

Sr. Luiz Cláudio Latge, Diretor Executivo de Jornalismo da Globo,
Sra. Eugenia Moreyra, Diretora do Globo News,

O programa Especial da Globo News “Convivência entre israelenses e palestinos é tensa em prisão de segurança máxima”, veiculado no dia 06 de maio de 2012, trata o sistema penitenciário israelense como justo, moderno, sofisticado e democrático. No entanto, esta visão não corresponde à realidade. Cerca de 2000 prisioneiros políticos palestinos realizam uma greve de fome desde o dia 17 de abril último, em protesto pelo fim das detenções administrativas arbitrárias realizadas pelas forças de segurança israelenses, pelo cumprimento da IV Convenção de Genebra, que proíbe o traslado de prisioneiros dos territórios palestinos ocupados para o interior de Israel e por melhores condições de tratamento nas prisões: fim do confinamento em solitárias, fim da tortura física e psicológica, direito a receber visitas de parentes, advogados e médicos e acesso a livros, revistas e jornais. 

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) solicitou nesta terça-feira a Israel que autorizasse a transferência para um hospital de seis prisioneiros palestinos que estão em greve de fome.

O governo palestino e a União Europeia externaram na ultima terça feira, preocupação com o estado de saúde dos prisioneiros palestinos em greve de fome em Israel, em alguns casos, há mais de dois meses.
O governo do primeiro-ministro palestino, Salam Fayyad, afirmou nesta terça-feira que "considera Israel plenamente responsável pela segurança dos prisioneiros em greve de fome".

 "As missões da UE em Jerusalém e em Ramallah estão preocupadas com a deterioração do estado de saúde dos detidos palestinos em greve de fome há mais de dois meses. A UE pede ao governo de Israel que ponha a sua disposição toda a assistência médica necessária", informaram as missões em um comunicado.

O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, reiterou hoje o chamado à ONU para que exerça mais pressão sobre Israel e salve a vida de prisioneiros palestinos em greve de fome.

O chefe da missão palestina na ONU, Riyad Mansour, em carta a vários órgãos da entidade, inclusive o Conselho de Segurança e a Assembleia Geral, para que atuem urgentemente para forçar à potência ocupante a cessar suas práticas ilegais de detenção administrativa e violações dos direitos humanos, descrevendo como ilegal a detenção administrativa de palestinos nos territórios ocupados, um conceito manejado por Israel para manter enclausuradas a pessoas sem acusações nem realização de julgamentos.

A reportagem veiculada pela Globo News tenta deslegitimar essas reivindicações e ao mesmo tempo apresentar os prisioneiros políticos, inclusive crianças, como se fossem terroristas desumanos. Contrariando princípios básicos do jornalismo, como “ouvir o outro lado”, a matéria deixou de ouvir fontes da Autoridade Nacional Palestina e ignorou fatos registrados por ONGs palestinas, israelenses e internacionais, como a prisão, agressão e humilhação que acontecem diariamente nas prisões israelenses, onde há inclusive mulheres e crianças, detidas sem acusação formal, nem direito de defesa. A reportagem não menciona que a maioria dessas pessoas, sobretudo as crianças, foram presas pela resistência à ocupação, por exemplo, pelo arremesso de pedras contra tanques e veículos blindados israelenses, empregados, várias vezes, na destruição de aldeias e em operações militares de intimidação da população civil.

A equipe de reportagem da Globo News nada diz sobre os métodos humilhantes de prisão, nem sobre os procedimentos nas cortes militares contra réus palestinos. Omite o fato de que crianças palestinas são presas na madrugada, vendadas e algemadas na frente de seus pais, que não podem visitá-las nem recebem qualquer informação sobre elas por tempo indeterminado. Os jornalistas não dizem que as crianças aprisionadas podem ficar até sete dias nas celas antes de serem levadas à presença de um juiz, que sofrem maus-tratos, tortura e até abusos sexuais na prisão, que são julgadas sozinhas, sem a presença dos pais, e que 95% das sentenças emitidas contra elas se baseiam em confissões obtidas à força. Hoje são cerca de 5 mil prisioneiros palestinos nos cárceres israelenses, sendo nove mulheres, 350 crianças e 22 parlamentares.

A Globo News ignora que a Suprema Corte de Israel já considerou ilegal a aplicação de dor física para obtenção de informações, e deixou de informar que o escritório de defensoria pública do Ministério da Justiça de Israel reconheceu as condições degradantes e desumanas das prisões israelenses.

A matéria veiculada não foi conduzida de acordo com critérios de objetividade, imparcialidade e distanciamento político que norteiam o bom jornalismo. Aproxima-se mais de uma peça de publicidade maniqueísta, com o claro objetivo de apresentar Israel como um país “civilizado e democrático” e os palestinos como “terroristas”, o que nem remotamente corresponde à realidade dos fatos. Deixamos registrado aqui o nosso mais veemente repúdio a essa distorção dos fatos, e convidamos a equipe de reportagem da Globo News a passar uma semana na Faixa de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém, para conhecer de perto os sofrimentos vividos diariamente pela população palestina, vítimas da violência e discriminação do apartheid de Israel, onde impera a ideologia sionista que trouxe a NAKBA (Catástrofe) ao povo palestino, que comemora nesse 15 de maio seus 64 anos de martírio e sofrimento.


Elayyan Aladdin                                                   Eduardo Elias
Presidente da FEPAL                                            Presidente da FEARAB
Federação Árabe Palestina do Brasil                     Federação de Entidades Árabe Brasileiras

Emir Mourad                                                       Claude Fahd Hajjar
Secretário Geral da FEPAL                                    Vice- Presidente de FEARAB – América                                                      Federação Árabe Palestina do Brasil                     Federação de Entidades Americano Árabes



domingo, 13 de maio de 2012

ISRAEL: APARTHEID E CHANTAGEM NUCLEAR - PARTE 2



Mundo faz vista grossa às armas nucleares de Israel



Israel: apartheid e chantagem nuclear (II)

12/05/2012 - Via Hora do Povo

NATHANIEL BRAIA

Uma das prisões citadas de Mordechai Vanunu (o denunciante da existência do armamento nuclear israelense) na minha matéria anterior, ocorreu após a entrevista da qual transcrevemos alguns trechos a seguir.

A entrevista foi concedida a Hesham Tillawi, e foi exibida em seu programa Current Issues (Questões Atuais) pela pequena TV Bridges. O programa de Tillawi foi tirado do ar depois de intensa pressão do lobby judeu-americano que o tachou de “anti-semita”.

TILLAWI - Então, Mordechai, o que o levou a pensar que deveria contar ao mundo sobre o programa nuclear de Israel, o que o levou a decidir, “não posso continuar em silêncio”?

VANUNU - A questão mais importante é aquilo que acontece até hoje, quer dizer, estas pessoas continuam a mentir e negar a verdade, declarando que não possuem armas nucleares, enganam o mundo e seus próprios cidadãos. Declaram que não possuem armas nucleares, enquanto que eu trabalhei na produção delas. Quando fiz a denúncia, em 1986, eram 200. Pensei: “tenho que informar ao mundo para parar isso ...”

TILLAWI - Existem vários países que possuem armas nucleares, então por que o fato de Israel possuí-las lhe estressou tanto?

VANUNU - Por que Israel produz genocídio sobre cidadãos palestinos inocentes. Isso sempre fez parte da política não revelada de Israel. E também, por que o fato de possuí-las os facilita negar a paz com os árabes e a impor suas políticas sobre os outros povos. Enquanto as possuírem, continuam com sua política de negar a paz; de ocupação, de negação dos palestinos e de seu sofrimento.

TILLAWI - Um dos professores israelenses disse há alguns meses que “temos capacidade nuclear de atingir qualquer das principais cidades da Europa”, isso é verdade? Até onde você sabe? *

VANUNU - Sim, é verdade. Eles podem bombardear qualquer cidade importante na Europa e desconfio que até nos EUA. Têm a capacidade de chantagem agressiva sobre os países da Europa. Foram os europeus que os ajudaram a possuir as armas e agora se voltam contra eles dizendo: “Não obedecemos nenhuma lei internacional, nenhum acordo internacional, nenhuma resolução da ONU”.

TILLAWI - Por que todo mundo pressiona o Irã para que abra suas portas a inspeções, mas ninguém pede a Israel que faça o mesmo?

VANUNU - Uma situação de fato estranha, que vem se desenvolvendo desde os anos 1960. Meu ponto de vista é de que a Europa está sob chantagem há muito tempo. Em primeiro lugar, Israel sempre trás à tona o Holocausto e o que aconteceu com eles na Segunda Guerra, culpando todo o Ocidente por isso para depois usar isso para justificar a posse de armas nucleares – como se fosse para impedir que isso fosse acontecer de novo. Em segundo, a chantagem se dá pelas próprias armas.

TILLAWI - Você realmente acha que as ameaças acontecem?

VANUNU - É real, é muito real. Tudo que eles precisam é um líder louco no governo e armas nucleares, para forçar o mundo a aceitar que continuem com seus estado de aparheid e a rejeitar qualquer solução real e concreta envolvendo os palestinos.

TILLAWI - Você tem vivido entre os palestinos, você também os vê como os terroristas, como muitas vezes são retratados?

VANUNU - Desde que sai da prisão em 2004 e não me foi permitido deixar o país, decidi ir para algum lugar onde não tivesse que conviver com a feiúra da sociedade israelense. A solução foi ir para a Jerusalém Árabe, a Jerusalém Oriental. Oficialmente está dentro de Israel, mas é uma cidade palestina. Vivo na parte da Palestina ocupada de 1967, mais precisamente hospedado na Catedral de São Jorge. Agora já são 15 meses que convivo com eles, que os acompanho, os observo, os encontro, que como com eles, vivo entre eles. Israel os tem retratado como terroristas, mas isso não é verdade. São pessoas pacíficas e amantes da paz.

TILLAWI - O que deveria acontecer? Como esse conflito poderia ser resolvido?

VANUNU - Bem, se os judeus querem uma solução, isso pode acontecer de um jeito. É tratar os palestinos como seres humanos iguais. Se os judeus israelenses querem a paz então a prova dessa vontade é o respeito pelo outro lado e ver os demais como iguais. Os judeus têm de parar de se enxergar como raça superior, como raça de donos. No fundo, um estado secular, não religioso é a única solução. Israel então não precisará de armas atômicas, aprenderá a viver em paz com seus vizinhos e a parar de tentar sobreviver como um estado racista, supremacista.



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