A 2ª Missão de Solidariedade ao Povo Palestino reuniu-se nesta terça-feira (23) em Ramallah (Cisjordânia) com entidades do movimento popular. A primeira reunião do dia aconteceu com Wasel Abur Yousef, coordenador do grupo que articula os 13 partidos que integram a Organização para a Libertação da Palestina, e com Sultan Abu Al-Iniem, também da OLP, refugiado no Líbano por cerca de 30 anos e que voltou ao país em 2009.
Al-Iniem fez um agradecimento especial à esquerda brasileira e disse esperar ter o Brasil sempre apoiando a luta por um estado livre, independente e soberano.
A missão encontrou-se também com entidades do movimento popular palestino, com a presença da União Geral dos Trabalhadores Palestinos (GUPW), a maior central sindical do país, a União de Mulheres da Palestina, sindicatos dos professores, economistas, engenheiros e advogados.
Mohmoud Esmaele, membro executivo da OLP, responsável na instituição por dirigir o departamento dos trabalhadores e organizações populares, abriu a reunião fazendo uma dura crítica à globalização financeira e ao imperialismo, dizendo que os trabalhadores só encontrarão a liberdade quando derrotarem as forças que sustentam a ganância e a exploração.
Reafirmou que a ocupação colonialista promovida pelo sionismo, que desrespeita sistematicamente os tratados e as leis internacionais, é um entrave muito grande ao desenvolvimento da Palestina. E concluiu: " estamos cientes de que o imperialismo não dominará o mundo; eles querem nos dominar; querem que todos sejamos os serviçais; o imperialismo vai acabar um dia; esse é o desejo dos povos".
O coordenador da delegação, Lejeune Mirhan, disse esperar voltar ao país em outras oportunidades e encontrar a Palestina livre, ressaltando a representatividade da delegação atual, integrada por representantes dos maiores partidos da esquerda brasileira e pelas maiores centrais sindicais do país.
Falou também que "além do objetivo central de prestar solidariedade ao povo palestino, a delegação tem como tarefa a divulgação no Brasil, de todas as formas possíveis, de tudo que foi visto nas visitas e reuniões que aqui fizemos".
A secretária Geral da União de Mulheres, parte da estrutura da OLP, Nana Alkha Lili, disse que a entidade tem presença em todo o país e em outras nações, que promove atividades diárias de fortalecimento da luta emancipadora; que mantém intercâmbio com várias entidades mundo afora e que tem levantado a luta pela quota de 30% das mulheres na ocupação de cargos nas entidades e partidos.
Nana disse também que "as mulheres têm de assegurar o direito de participar das decisões políticas".
Mohammad Yahya, representando a CUPW informou que a central tem na base 156 mil trabalhadores, organizando os trabalhadores em comitês contra a ocupação. De acordo com Yahya, o desemprego é muito grande em decorrência da ocupação, e "os trabalhadores do mundo têm uma única causa, a luta pela superação da exploração". Ao final, foi sugerida e aprovada a proposta de a delegação e os palestinos indicarem três pessoas cada para o início de intercâmbios entre os movimentos sociais dos dois países.
Solidariedade brasileira
Al-Iniem agradeceu ao Brasil por ter sediado o Fórum Social Mundial Palestina Livre, em 2012, e denunciou os problemas provocados pela ocupação. Sultan, que foi o comandante da resistência armada no Líbano e é atualmente membro do Comitê Executivo da OLP, disse que o atual momento clama pela defesa da democracia e por igualdade, o que só será plenamente possível com a saída do exército invasor.
A missão brasileira visitou a cidade de Beytunia, que fica a três quilômetros da capital e tem cerca de 30 mil habitantes. É uma cidade histórica localizada no centro do país e, como as demais, é vítima da cruel ocupação estrangeira: as colônias judias estão ao redor do município.
As forças do exército mantém nas proximidades uma prisão com aproximadamente 1.000 presos, julgados e condenados por um tribunal militar israelense e vítimas permanentes de torturas físicas e psicológicas.
A delegação brasileira pelo prefeito Ribhi Dola, ex-preso político, por 13 vereadores e membros da administração. No auditório do prédio municipal, com a presença do embaixador do Brasil, Paulo Roberto França, o gestor registrou o prazer de receber os brasileiros, falou das dificuldades resultantes da ocupação, e seus secretários apresentaram os projetos de desenvolvimento da cidade.
O embaixador agradeceu a presença da delegação do comitê e sugeriu que iniciativas desse tipo tenham prosseguimento, ressaltando que o Brasil é parceiro na luta pela constituição do estado palestino.
Uma pequena carreata com bandeiras do Brasil se dirigiu a um parque, onde houve um almoço de confraternização. Na abertura, com um público de mais de 100 pessoas, um líder religioso muçulmano fez uma introdução com versículos do corão, seguido de apresentação dos hinos nacionais do Brasil e da Palestina.
O prefeito voltou a falar do prazer em receber os brasileiros e em tom emocionado se dirigiu aos presentes: "espero que vocês levem para o Brasil a mensagem de que um dia seremos livres e independentes". O coordenador do comitê brasileiro Lejeune Mirhan disse esperar que em tempo o mais breve possível o povo palestino seja livre, soberano, independente, democrático e laico.
Às 19h ocorreu o encontro com o presidente do Partido da Frente Árabe-Palestina na sede da União de Mulheres Palestinas. Jamil Shadah disse sentir-se honrado com a visita da delegação brasileira, e que essa iniciativa é uma colaboração valiosa na luta contra a ocupação.
O dirigente partidário afirmou que a Palestina vive “um dos momentos mais duros da ocupação, com a violência praticada diariamente contra a população local pelas forças e ocupação”, e que o partido tem concentrado esforços para atrair o Hamas (no governo da Faixa de Gaza) para compor a frente, "uma tarefa muito difícil, mas não impossível", afirmou.
Às 21h, a Organização pela Libertação da Palestina (OLP) organizou um jantar de confraternização com os brasileiros integrantes da missão. Mohmoud Esmaele, secretário executivo da OLP, assim com várias lideranças da frente política, conclamou solidariedade entre povos e governos pela democracia e contra qualquer forma de opressão.
Disse que “muitos passos ainda serão dados no caminho da conquista dos objetivos estratégicos, mas que a liberdade do povo palestino virá mais cedo do que se imagina”.
Da redação do Vermelho,
com informações de Galindo Luma, da 2ª Missão de Solidariedade ao Povo Palestino, de Jerusalém
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