28/12/2013, Conflicts Forum, 13-20/12/2013
Qual é o
‘estado da nação’ – ou mais corretamente, da ‘nação’ do Oriente Médio árabe –
no final de 2013? Todos já sabemos que não é bom; e não queremos nos
somar à (muitíssimo deslocada) melancolia, listando males (erosão dos seus
vários modelos de governança – no Golfo, na Turquia, da Fraternidade Muçulmana
(Ikhwani), etc.); a falência de estruturas de pensamento e de
instituições nacionais; a implosão das identidades; a disfuncionalidade
generalizada dos sistemas de estado; o rompimento do contrato social e o
surgimento de insurreições anti-‘sistema’ de vários tipos. Queremos, isso
sim, perguntar “O que se vê aqui?” E tentar descobrir por que o ‘ocidente’
errou tanto ao interpretar o Oriente Médio.
É questão oportuna – sobretudo quando uma sucessão de notáveis figuras
‘ocidentais’, algumas delas institucionais[1] já dizem (depois de dois anos
de guerra e sofrimentos) que a melhor solução na Síria, afinal, pode ser que o
presidente Assad permaneça no poder. Por que, afinal, tanta coisa foi tão
mal interpretada, com tanta frequência, e com resultados tão danosos?
Para entender melhor o que acontece recentemente, devemos talvez relembrar um
momento anterior do trauma regional. Não é comparação ponto a ponto com o que
se tem hoje, mas ajuda a explicar, nos parece, a crise atual.
Aquele momento tem a ver com o que os historiadores chamam de “A Grande
Transformação” que começou na Europa no século 17. Apoiou-se sobre uma
filosofia moral que entendia que o bem-estar humano dependeria da operação
eficiente dos mercados. Intimamente relacionada a essa ideia havia outra,
tomada dos Puritanos Ingleses, com raízes profundas na história anglo-saxônica.
E que via a “mão invisível” da Providência também em ação na política,
como na economia; e essa “mão invisível” (se deixada operar por sua conta)
interferiria para prover outro efeito ‘ideal’. Segundo essa noção, a luta e as
disputas para contenção política entre as tribos anglo-saxônicas no início de
suas sociedades, de algum modo deram origem a uma harmonia espontânea e à ordem
política. (Mais mito, que verdade).
Mas foi dessa noção de ‘mercado’ político – onde a competição se tornaria
ordeira e harmoniosa mediante a intrusão da “mão invisível”, que os Puritanos
Ingleses tiraram a crença segundo a qual as instituições e as estruturas
democráticas anglo-saxônicas representariam a culminação da liberdade pessoal e
da justiça – e de que essas estruturas brotaram espontaneamente.
Essas ideias foram integralmente trazidas para a América, e continuam influentes
ainda hoje.
Esse modo de pensar enormemente poderoso dominou a política ‘ocidental’ por
mais de 300 anos. E à altura dos anos 1920s, sua penetração no Oriente Médio já
levara a região à ‘beira’ do desastre; a região já estava em crise, mantendo-se
por um fio. Como na Europa, antes, o duro impacto da engenharia social e
do deslocamento de populações, como aquele estilo de pensamento exigia (criar
mercados eficientes), foi realmente traumático. A ênfase na industrialização e
no deslocamento populacional foi de tal ordem que, no século 19, já havia
levado a Europa a revoluções sangrentas. Essas ideias ocidentais, inclusive a
noção de que a reforma econômica seria mais plenamente alcançada mediante a
secularização, foram abraçadas com zelo de ‘convertidos’ pelos líderes da
Turquia, Pérsia e Egito.
Aproximadamente cinco milhões de muçulmanos europeus foram arrancados das
próprias casas entre 1821 e 1922, enquanto o ocidente prestigiava
principalmente os cristãos nos estados-nações dominados por cristãos nas
antigas províncias ocidentais otomanas. A determinação do [partido] Jovens
Turcos [orig. Young Turks[2]] para implantar na Turquia
uma cópia da modernização secular ‘de mercado’ custou preço terrível. Morreram
1 milhão de armênios e 250 mil assírios; e 1 milhão de anatolianos gregos
ortodoxos foram expulsos. Suprimiu-se a identidade curda, e o Islã foi
suprimido e demonizado por Kemal Ataturk. Instituições islâmicas foram fechadas
e o califato, instituição que existia há 1.400 anos, foi abolido. Tudo
isso para criar um estado-nação centralizado, suficientemente poderoso para
implantar uma ‘moderna’ estrutura de mercado liberal.
Menos visível, mas também muito lesivo, foi o desenraizamento de homens e
mulheres de suas comunidades, a desincorporação cultural, de laços e valores
tradicionais. Desorientados, des-culturalizados e deixados à deriva,
muitos deslizaram ou na direção do socialismo radical ou da revolução islâmica.
Reagrupando-se depois da 1ª Guerra Mundial (chamada então “Grande Guerra”, que
só passou a chamar-se “primeira”, quando eclodiu a “segunda” [NTs]), as
‘grandes potências’ criaram sistemas de ‘blocos de poder em competição’
(demarcando diferenças étnicas, sectárias ou tribais e empurrando-as umas
contra outras) por toda a região, para reforçar a influência europeia. Mas as
‘autoridades’ daí resultantes, sem qualquer base em qualquer coisa que se
assemelhasse a alguma forma de contrato social, só puderam ser mantidas no
poder mediante o uso massivo de forças de segurança e de repressão contra
centros de poder rivais. Não surpreendentemente, nos anos 1920s muitos jovens
buscavam pensamento novo – e tornaram-se ferozes opositores do ‘sistema’.
Ao longo dos últimos 30 terríveis anos, o ‘ocidente’ (e, outra vez) seus
‘interesses’ regionais aliados, permaneceram presa de um conjunto igualmente
poderoso de ideias – a orientação neoliberal do conservadorismo norte-americano
(e a orientação tradicional do conservadorismo norte-americano sempre foi
principalmente isolacionista e não intervencionista). Na última década,
essas poderosas ideias, buscadas pelo ‘ocidente’ e seus aderentes na região,
provaram-se altamente daninhas. Não se trata só dos milhões de refugiados
saídos do Afeganistão, Iraque, Palestina e Síria, nem das guerras e
sofrimentos, mas, mais significativamente (e outra vez), o que se tem aí é um
episódio do pensamento político segundo o qual as pessoas foram
‘individualizadas’, extraídas da comunidade, dos valores tradicionais, da
conexão com o local, das respectivas identidades e, assim, foram separadas das
fontes da autoestima.
Esse, de fato, sempre foi um dos principais objetivos da
globalização: para conseguir alcançar uma ‘modernidade’ globalizada, os
aderentes desse tipo de pensamento deixaram-se levar pelo ímpeto de fazer tabula
rasa – varrer, ‘limpar’ –, e ‘dar um reset’ na psicologia
humana, enfraquecer o condicionamento pela tradição, para preparar a humanidade
para a ‘modernidade’: daí o interesse por ações de “choque e pavor” e pelos
efeitos psicologicamente transformadores da crise.
Diferente do período 1820-1920, que foi mais estrutural e físico, essa
‘transformação’ mais recente (pela qual ainda estamos passando) não visava a
ser tão física (embora ainda seja, para os milhões de refugiados), mas, mais,
‘uma marca feita a fogo’ na consciência, disparada por mudanças
transformatórias, que mudam a vida (por exemplo, no Iraque) – e disparada também
pela ‘narrativa’, com o uso dos meios e veículos da imprensa-empresa.
No caso do Oriente Médio, a narrativa preferencial passou a ser a da
‘democracia’ e da ‘liberdade’ (as duas ‘grandes ideias d’A Grande Transformação
promovida pelos velhos puritanos europeus. Cromwell usou exatamente a mesma
narrativa no Parlamento Inglês em 1658).
Mas um dos problemas aqui é que, naquele momento, as noções de ‘democracia’ e
‘liberdade’ foram rapidamente subsumidas dentro da ‘doutrina Carter’ (segundo a
qual os EUA não admitiriam a emergência, no Oriente Médio, de governo não
amigável). Assim, de fato, pouca coisa mudou: os oligarcas reinantes tipo
Sykes-Picot simplesmente continuaram o serviço – sustentados por forças de
segurança muito fortes (e partidarizadas).
Essencialmente, portanto – desde os anos 1920s – não há qualquer tipo de real
contrato social entre povos e governantes, ou vice-versa. Mais que isso,
não se viu qualquer esforço para organizar nações ou sociedades. Isso é
especialmente verdade para o Golfo, onde a abundância de petrodólares faz as
vezes, como arremedo, da construção da nação. Problemas resolvem-se com
dinheiro, soluções compram-se. Assim, em toda a região, emergiu uma elite
imensamente rica, que se separou, ela mesma, das raízes e comunidades nativas,
para melhor mergulhar na comunidade ‘virtual’, desculturada, dos realmente
ricos. A clássica doutrina dos benefícios econômicos em cascata [orig. ‘trickle
down’ economic benefit] simplesmente jamais sequer foi tentada, no Oriente
Médio.
A experiência a partir da qual o presidente Putin da Rússia está desenvolvendo
uma ideologia conservadora antissistema não é muito diferente dessa (resultado,
lá, da própria experiência da Rússia, primeiro com uma ‘modernidade’ marxista
desenraizadora; e, depois, com uma ‘modernidade’ neoliberal para o
globalizamento).
Em recente discurso ao Parlamento russo,[3] Putin falou da necessidade de
um novo ‘conservadorismo’. Esse conservadorismo deve ser definido, numa nova
abordagem, segundo Fyodor Lukyanov, com bases no “fato de que todo e
qualquer progresso, hoje, trará necessariamente resultado negativo”. Em
outras palavras: a busca da modernidade por abordagem neoliberal tornou-se
daninha em todo e qualquer lugar – além de levar a resultados
estrategicamente incoerentes.
Putin argumenta que a disparidade entre (a) os valores tradicionais [dos
russos], um senso de ser [russo], de valores familiares herdados, de modos de
criar os filhos; e (b) os novos ‘espaços de valores’ europeus que emanam hoje
do ‘universalismo’ já é grande demais; e que os valores locais devem ser
protegidos. Em outras palavras: cada nação e cada cultura é única, com seus
valores; sobre tudo, a específica identidade.
De fato, Putin está sugerindo um novo conservadorismo estratégico que recusa o
globalismo liberal – e que retoma a dimensão nacional em seus conceitos
principais, de legitimidade e soberania. Chama esses valores de
‘conservadores’, mas não no sentido de que impeçam o progresso e, sim, como
meio para impedir uma regressão, com queda do abismo moral.
‘Progresso’ nessa definição não é o progresso da modernidade,[4] mas, mais, um desejo de
voltar ao humano. Ou, como Baudelaire escreveu “Progredir, para eles, não é
avançar, nem conquistar, mas voltar e encontrar [...] O progresso, pois, o
único progresso possível, consiste em desejar reencontrar a Unidade perdida.”[5] (Em DeDefensa.org,[6] ofereço discussão mais
completa sobre as implicações das ideias de Putin [em francês]).
Num certo sentido, Putin pôs o dedo na natureza da crise no Oriente Médio
(apesar de estar falando sobre a Rússia). Patrick Buchanan (‘conservador’
norte-americano, mas não da gangue dos neoconservadores neoliberais[7]), em artigo intitulado “Is
Putin One of US?”[8], observa que [Putin] está
procurando redefinir o conflito mundial futuro do “nós vs eles” – como
conflito no qual os conservadores, tradicionalistas e nacionalistas de todos os
continentes e países levantam-se para resistir ao imperialismo cultural e
ideológico do que, como Putin o vê, é um ocidente em declínio, cujos valores de
globalização provocam ‘desconforto’ em muitos locais.
“Não atacamos interesses de ninguém” – disse Putin. – “Nem queremos ensinar os
outros a viverem a própria vida.” O adversário de Putin não é os EUA onde
nascemos, mas os EUA onde vivemos” [Buchanan escreve], “que, para Putin, são
EUA pagãos e progressistas selvagens. Sem nomear país algum, Putin atacou as
“tentativas para impor modelos de desenvolvimento mais progressivos” a outras
nações, que já levaram a “declínio, barbárie e muito sangue”: ataque direto às
intervenções dos EUA no Afeganistão, Iraque, Líbia e Egito” – Buchanan sugere.[9]
Buchanan não chega a dizê-lo. Mas a formulação ‘conservadora’ de Putin é
antipolar, antissistema – e será reconhecida por muitos na região como
posição de resistência.
O presidente Assad ou Sayyed Hassan Nasrallah aplaudirão. Não é preciso pensar
muito para ver o quanto essas ideias soarão significativas e atraentes no
Oriente Médio: elas dão a base para uma nova plataforma regional em torno da
qual os estados poderão reunir-se – e que darão direção clara à política
russa.
Noutra direção, essas ideias ressoam desde já como um início precoce do debate
do século 21: sobre como o Oriente Médio (ou os muçulmanos em geral) vivem no
mundo contemporâneo, sem perder a própria comunidade, a localidade, seus
valores, tradição e identidade. (Os levantes árabes foram profundamente focados
na perda de valores na política e na economia, e nas consequências disso
sobre o tecido social). É questão que também surgiu à tona na Europa, sobre a
‘grande transformação’ do sul da Europa, conhecida como ‘doutrina da
austeridade’ (como o demonstram, por exemplo, os protestos antissistema que
acontecem agora, na Itália.[10] Há ali, subjacente, o
sentimento de que as elites europeias são responsáveis pela decomposição do
contrato social europeu).
Ninguém tem respostas para isso (é mais fácil formular ‘um retorno ao modo de
vida humano’, que apresentar essa noção como algo realmente
político). Mas, ainda assim, a questão é essa.
O caminho à frente vem povoado de diferentes víboras. Alguns farão literalmente
qualquer coisa, para preservar o status quo; alguns, para instituir um
Islã assertivo; alguns, para instituir um secularismo assertivo; alguns, para
instituir a revolução; e alguns para pôr fogo no sistema. É preciso coragem
para sugerir que, disso tudo, brotarão a estabilidade e a ordem nos próximos
anos.
A questão das ‘narrativas’: a questão da imprensa-empresa
Tudo isso considerado, por que o ‘ocidente’ erra tão frequentemente ao
interpretar o Oriente Médio? Sugerimos aqui que o processo tenha a ver com “a
narrativa” – a narrativa da ‘democracia’, a narrativa da ‘liberdade’ – ou,
mesmo, com a narrativa de ‘a derrubada do presidente Assad não é questão de
‘se’: é questão de ‘quando’’.
Essas ‘narrativas’, como argumentamos, tem pedigree Puritano de vários
séculos, profundamente enraizado. Mas o pensamento político da ala dos
conservadores norte-americanos conhecida como ‘neoconservadores’ foi fortemente
desestabilizado pela ambiguidade dos jovens americanos contra a guerra, desde a
guerra dos EUA no Vietnã.
Retomando o pensamento originalmente articulado por Carl Schmitt, e, depois,
pela Escola de Chicago, esses pensadores concluíram que nenhum estado que
aspire a manter o poder e a posição que tenham pode suportar tal amplitude de
ambiguidade moral: a resposta, concluíram então, seria ‘narrar o inimigo’ como
tão completa e absolutamente ‘outro’, como tão completo e absoluto ‘mal’, que
aquela ambiguidade moral se tornaria impossível. Daí a insistência numa
narrativa única – sempre idêntica a ela mesma e sempre repetida.
A ‘narrativa’, desse ponto de vista, torna-se a mais poderosa arma de guerra
(na que passou a ser chamada ‘guerra de quarta geração’).[11] A ‘narrativa’ foi convertida
em ‘a realidade’ que nós próprios ‘construímos’ (como se ouvia de alguns
‘conservadores’/neoliberais em 2003).
O poder dessa narrativa é imenso, sem dúvida (p.ex., veja-se a Síria), mas essa
insistência numa narrativa simplória, simplista, ou branco ou preto (embora
seja ferramenta efetiva de guerra psicológica), é faca de dois gumes.
Porque ela também elimina da paisagem do pensamento todos os demais
aspectos de qualquer conflito. Eles são simploriamente desautorizados –
porque comprometem o sucesso de uma narrativa que não pode ser questionada.
No frigir dos ovos, políticos, jornalistas e ‘especialistas’ passam a acreditar
na própria narrativa (caem na sua própria armadilha) – até que os eventos (como
na Síria) afinal, e dolorosamente, expõem a falsidade da própria narrativa.
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[4] O ‘progresso’ da modernidade fica bem
exemplificado, por contraste, na definição de Baden-Powell, o criador do
escotismo (“Aquele adulto idiota, de calças curtas, sempre seguido de várias
crianças idiotas, de calças curtas”, na definição de Millôr Fernandes): “Parar
não ajuda ninguém. É preciso escolher entre progredir ou regredir. Assim, portanto,
“SEMPRE AVANTE!” com um sorriso nos lábios” (em http://www.citations-celebres.com/citations.php?id_citation=1221). [NTs (risos, risos)]
[5] Orig. [P]rogresser,
pour eux, ce n’est pas avancer, ni conquérir, mais revenir et retrouver…
[...] Le progrès donc, le seul progrès possible, consiste à vouloir
retrouver l’Unité perdue.” (Oeuvres posthumes et correspondances
inédites / Charles Baudelaire ; précédées d'une étude biographique, par Eugène
Crépet (...), Quantin (Paris)-1887 (http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k6106059x.r=Baudelaire+progresser.langPT) Trad. de trabalho, sem ambição
literária, só para ajudar a ler [NTs].
[7] No Brasil não prosperou a palavra
‘neoconservadores’; em vez dela, sempre se usou aqui a palavra ‘neoliberais’.
De fato, as duas palavras, no Brasil, designam, desde o primeiro governo
FHC-Clinton, o mesmo grupo (PSDB + DEM + Ruralistas + Grande Finança
Internacional + USP + imprensa-empresa).
Parece haver aí em operação um interessante ‘golpe narrativo’, que bem merece
ser mais bem estudado (embora seja difícil identificar QUE BLOCO
POLÍTICO-INTELECTUAL ATIVO NO BRASIL HOJE, teria interesse político em estudar
e fazer-ver a ABSOLUTA identidade de pensamento, propostas e táticas, por aqui,
entre “neoliberais”, “neoconservadores”, “fascistas” e
'éticos-ecológicos-bonzinhos', feito a INSUPORTÁVEL Marina Silva).
É essa absoluta identidade, aliás, que levou a imprensa-empresa, no Brasil, a
apresentar como “neoliberais” alguns perfeitos, totais, “fascistas”. A
opção pela palavra “neoliberais”, no jornalismo de propaganda, reforça o traço
economicista pseudo-liberal; e ajuda a esconder o traço conservador político
fascistizante [NTs].