A seleção da Argélia, que jogou heroicamente na Copa do Mundo no Brasil, anunciou que doará os US$ 9 milhões (R$ 20 milhões) que recebeu de prêmio por alcançar as oitavas de final à população da Faixa de Gaza. Os palestinos do território densamente habitado enfrentam graves situações humanitárias e as consequências permanentes do bloqueio imposto há anos por Israel, com a maior parte da população vivendo em condições de pobreza.
Getty Images / AFP
Em Khan Younis, na Faixa de Gaza, garotos levam a bandeira da Argélia. No muro, "Viva Argélia", junto com a bandeira da Palestina. |
O atacante Islam Slimani, da seleção argelina, disse ao jornal britânico Daily Mail que os palestinos de Gaza precisam do dinheiro mais do que os jogadores, cujo time deixou a Copa do Mundo na segunda-feira (30/6), ao perder de 2 a 1 para a Alemanha.
Os argelinos voltaram para casa na quarta-feira (2), quando foram recebidos como heróis pelo desempenho nos jogos, em que a torcida também levantava frequentemente bandeiras da Palestina. Palestinos na Cisjordânia e na Faixa de Gaza também torciam pela seleção da Argélia, o único país árabe representado na Copa do Mundo.
Os argelinos voltaram para casa na quarta-feira (2), quando foram recebidos como heróis pelo desempenho nos jogos, em que a torcida também levantava frequentemente bandeiras da Palestina. Palestinos na Cisjordânia e na Faixa de Gaza também torciam pela seleção da Argélia, o único país árabe representado na Copa do Mundo.
De acordo com o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, os quase dois milhões de palestinos que habitam a Faixa de Gaza, um território de 360 quilômetros quadrados (com uma densidade habitacional de 5.046 pessoas por quilômetro quadrado), enfrentam também frequentes situações de punição coletiva, uma grave violação do direito internacional, principalmente quando o governo israelense decide lançar operações militares contra o que classifica de "alvos terroristas".
Foi o caso das operações Chumbo Fundido (entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009, com cerca de 1.400 palestinos mortos e grande destruição de casas e infraestrutura civil) e Pilar de Defesa (novembro de 2012, com mais de 160 mortes palestinas), além dos recentes bombardeios que também já mataram e causaram ferimentos, nas últimas semanas.
Questões como o empobrecimento acelerado e massivo da população de Gaza - onde cerca de 80% dos palestinos dependem da ajuda financeira da Agência das Nações Unidas para Assistência e Trabalhos para Refugiados Palestinos (UNRWA) e grande parte da juventude está desempregada - são reflexos do bloqueio israelense, que condiciona até mesmo a entrada de ajuda humanitária, além de impedir o desenvolvimento da economia interna e de subsistência, por exemplo, com ataques frequentes a pescadores e diminuição ilegal do espaço para pesca, importante atividade em Gaza.
Solidariedade histórica
As relações de solidariedade entre argelinos e palestinos são fortes e históricas. Desde a independência da Argélia, colonizada pelos franceses, em 1962, o país norte-africano é um dos mais firmes apoiadores da causa palestina e do chamado processo de paz, defendendo a autodeterminação do povo da Palestina. Além disso, vários palestinos também lutaram ao lado dos argelinos nas duras batalhas contra as tropas francesas, entre 1954 e 1962.
Foi o caso das operações Chumbo Fundido (entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009, com cerca de 1.400 palestinos mortos e grande destruição de casas e infraestrutura civil) e Pilar de Defesa (novembro de 2012, com mais de 160 mortes palestinas), além dos recentes bombardeios que também já mataram e causaram ferimentos, nas últimas semanas.
Questões como o empobrecimento acelerado e massivo da população de Gaza - onde cerca de 80% dos palestinos dependem da ajuda financeira da Agência das Nações Unidas para Assistência e Trabalhos para Refugiados Palestinos (UNRWA) e grande parte da juventude está desempregada - são reflexos do bloqueio israelense, que condiciona até mesmo a entrada de ajuda humanitária, além de impedir o desenvolvimento da economia interna e de subsistência, por exemplo, com ataques frequentes a pescadores e diminuição ilegal do espaço para pesca, importante atividade em Gaza.
Solidariedade histórica
As relações de solidariedade entre argelinos e palestinos são fortes e históricas. Desde a independência da Argélia, colonizada pelos franceses, em 1962, o país norte-africano é um dos mais firmes apoiadores da causa palestina e do chamado processo de paz, defendendo a autodeterminação do povo da Palestina. Além disso, vários palestinos também lutaram ao lado dos argelinos nas duras batalhas contra as tropas francesas, entre 1954 e 1962.
A Argélia apoiou e recebeu a liderança da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) - como o ex-presidente Yasser Arafat - principalmente durante a década de 1970, enquanto ela ainda se dedicava à resistência armada contra a ocupação israelense e era classificada de “organização terrorista”.
O país norte-africano apoiou diversas ações palestinas no contexto do direito internacional contra a ocupação sionista e sediou eventos históricos importantes para a questão, como a 7ª Cúpula da Liga Árabe, em 1988, que focou no apoio à Primeira Intifada (levante palestino contra a ocupação), impulsionada um ano antes.
Foi também formulada em território argelino a Declaração de Independência da Palestina, ou Declaração da Argélia, em 15 de novembro de 1988, pelo Conselho Nacional Palestino, renunciando à violência e reconhecendo o direito de Israel à existência. O Conselho é um importante órgão da OLP, que completou 50 anos de luta e resistência em 2014.
Moara Crivelente, da Redação do Vermelho,
Com informações de agências de notícias e da emissora Al-Arabiya
Fonte: Portal Vermelho