Protesto em Paris - 27/07/2014 |
Segundo Mahmoud Nawajaa, coordenador-geral do Comitê
Nacional Palestino de BDS - Boicotes, Desinvestimento e Sanções, movimento não
promove o boicote a indivíduos, mas a instituições conectadas com as políticas
ilegais de Israel; eles pedem o fim da ocupação dos territórios palestinos e o
desmonte do muro; direitos iguais para os palestinos cidadãos de Israel; e o
respeito e promoção do direito de retorno dos refugiados palestinos
Brasil 247 - 03/07/2015
O coordenador-geral do Comitê Nacional Palestino de
BDS - Boicotes, Desinvestimento e Sanções, Mahmoud Nawajaa, explica o porquê da
defesa do boicote à Israel.
Roger Waters, compositor inglês e ex-Pink Floyd, enviou uma
carta para o comitê nacional palestino da BDS, pedindo que os cantores Caetano
Veloso e Chico Buarque cancelem show em Israel.
“O movimento não promove o boicote a indivíduos, mas a
instituições conectadas com as políticas ilegais de Israel”, diz. Eles pedem o
fim da ocupação dos territórios palestinos e o desmonte do muro; direitos
iguais para os palestinos cidadãos de Israel; e o respeito e promoção do
direito de retorno dos refugiados palestinos.
Leia abaixo o artigo 'BDS: liberdade, igualdade e justiça':
O movimento BDS (Boicotes, Desinvestimentos e Sanções)
promove o veto a instituições ligadas às políticas ilegais de Israel, e não a
indivíduos
Os pedidos para que Caetano Veloso e Gilberto Gil cancelem
seu show em Israel ecoam cada vez mais fortes. Há alguns dias, os artistas
iniciaram sua turnê em Amsterdã, a poucos quilômetros da Corte Internacional de
Justiça, em Haia.
A coincidência vai além da geografia: há 11 anos a Corte
emitiu um parecer considerando o muro construído por Israel na Cisjordânia
ocupada como ilegal e ressaltou o dever da comunidade internacional em garantir
o cumprimento por Israel de suas obrigações com o direito internacional, não
sendo permitido aos Estados aceitar ou colaborar com as violações israelenses.
Entretanto, Estados e instituições continuam cooperando ou
financiando entidades envolvidas nessas ilegalidades. Diante da inação de
governos, tem cabido à sociedade civil internacional --em resposta a amplo
chamado da sociedade civil palestina, no exílio inclusive-- buscar justiça,
igualdade e liberdade por meio de pressão não violenta a Israel em respeito ao
direito internacional.
Assim, o movimento de Boicotes, Desinvestimento e Sanções
(BDS) reivindica, há dez anos, o cumprimento de três obrigações imputadas a
Israel: o fim da ocupação dos territórios palestinos e o desmonte do muro;
direitos iguais para os palestinos cidadãos de Israel; e o respeito e promoção
do direito de retorno dos refugiados palestinos.
Em nível comercial, militar e cultural, o BDS cresce e é
impactante. Recente relatório da Conferência da ONU sobre Comércio e
Desenvolvimento (Unctad) aponta queda de 46% dos investimentos internacionais
em Israel em 2014, especialmente pelo impacto do BDS no país.
Diversas empresas, israelenses e internacionais, ligadas às
violações israelenses do direito internacional, têm sofrido o impacto do BDS. A
G4S, maior empresa de segurança privada do mundo, também presente no Brasil,
provê serviços e equipamentos a prisões israelenses contrariando as Convenções
de Genebra, e perdeu seu contrato com o Parlamento Europeu em 2012.
No Rio Grande do Sul, o BDS conquistou a suspensão de um
acordo entre o governo gaúcho e a israelense Elbit Systems, uma das
responsáveis pela construção do muro ilegal na Cisjordânia e produtora de
drones utilizados em ataques a Gaza.
O movimento também avança cada vez mais em âmbito cultural.
A Bienal de São Paulo, por exemplo, desvinculou o financiamento do Consulado de
Israel de sua última edição depois de carta de 55 artistas participantes do
evento opondo-se ao vínculo. Entre os muitos artistas que já cancelaram shows
em Israel estão Lauryn Hill, Roger Waters, Snoop Dogg, Carlos Santana,
Coldplay, e Elvis Costello.
O crescente impacto do BDS é reconhecido inclusive por
opositores do movimento: Shabtai Shavit, ex-chefe do serviço de inteligência
israelense, a Mossad, recentemente escreveu que o BDS "tem crescido, e
muitos judeus são membros".
Em 2014, mais de 300 judeus sobreviventes e descendentes de
vítimas do Holocausto lançaram uma nota condenando o massacre a Gaza e pedindo
um amplo boicote econômico, acadêmico e cultural a Israel.
Evidentemente, o BDS é fundamentalmente antirracista e se
opõe a qualquer forma de discriminação e opressão, incluindo o antissemitismo e
a islamofobia. O movimento não promove o boicote a indivíduos, mas a
instituições conectadas com as políticas ilegais de Israel.
Ressaltar a diversidade religiosa dos apoiadores do
movimento BDS nem sequer seria necessário, não fosse a desinformação de uns e a
desonestidade intelectual de outros que insistem em tentativas frustradas de
associar tanto as políticas de um Estado como as críticas a essas políticas a
uma ou a outra religião.
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