quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Na terra do Natal - por Salem Nasser




Nos últimos tempos, um fenômeno apenas parece nos convidar a olhar de novo para a Palestina e ficar de novo perplexo


Por Salem Nasser*




Um slogan me fez lembrar o que não se deveria esquecer, que a Palestina é a terra do Natal.

Uma sequência de imagens convidava, justamente, a imaginar como seria o Natal na terra do Natal para seus habitantes históricos, e a comparar com o que aconteceria em outros lugares quaisquer.

Lado a lado eram contrapostas as cenas de celebração e de brilho e aquelas outras de destruição e de olhos de crianças desprovidos de brilho.

Duas personagens de um romance para ler nas férias lembram, talvez não sem algum ceticismo, que evocar o Natal atrai quase que necessariamente a frase paz na terra aos homens de boa vontade.

Não sei se por falta desses homens ou dessa boa vontade, mas não é paz que o Natal promete à Palestina.

Foto: Reprodução/UNRWA (2015)
Foto: Reprodução/UNRWA (2015)


A tragédia palestina tem já traços conhecidos, familiares. É um rosto tão machucado, cujas feridas nos foram expostas tantas vezes, que já não queremos olhar para ele. Ou pior, já não o notamos quando cruza agonizando o nosso caminho.

Não há nada, ou quase nada, de novo. Trata-se apenas de uma contabilidade incremental da desgraça: mais mortes, mais expulsões, mais casas demolidas, mais colônias e assentamentos, mais discriminação…

Nos últimos tempos, um fenômeno apenas parece nos convidar a olhar de novo para a Palestina e ficar de novo perplexo.

Vários jovens palestinos, outros menos jovens, algumas mulheres, no mais das vezes agindo sozinhos, com base numa decisão que é ela também tomada solitariamente, sem a inspiração ou a instigação de lideranças de qualquer natureza, sem qualquer motivação religiosa, tomam de uma faca de cozinha ou do volante de um carro e atacam soldados ou colonos israelenses.

O resultado, invariavelmente, é que soldados e colonos ficam feridos e o palestino ou a palestina morre. Essa morte não é apenas previsível, ela é praticamente certa e conhecida de antemão.

Quando essas notícias nos chegam, se prestamos alguma atenção a elas, a nossa tendência é a de condenar os palestinos que se comportam assim. Ou bem o fazemos porque, compreensivelmente, não sabemos simpatizar com esta violência que, montada sobre a surpresa, nos parece gratuita. Ou então o fazemos porque percebemos como essa violência que logo será dita terrorista machuca a imagem do palestino e de sua causa.

A pergunta que não fazemos é, no entanto, a única que faria algum sentido: quantas vezes e de que modos terríveis foi ferida a alma desta pessoa que se vê impelida ao gesto de violência impotente que resultará na sua morte? Como é que esta ocupação e esta máquina de humilhação cotidiana assassina a humanidade do sujeito e todas as suas esperanças?

A terra do Natal há muito nos mostra apenas a sua cara reversa, aquela das chagas e da Paixão.



*Salem Nasser é professor de Direito Internacional da FGV Direito SP.





domingo, 20 de dezembro de 2015

Espanha emite ordem de detenção contra Netanyahu

Espanha emite ordem de detenção contra Netanyu



O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e outros seis antigos e atuais ministros poderão ser detidos se entrarem em Espanha, depois de o Tribunal espanhol ter ordenado um mandado de detenção.



A decisão judicial foi motivada pelas ações israelitas durante os ataques à Flotilha da Liberdade em 2010.

O juiz espanhol do Tribunal Nacional Jose de la Mata ordenou à polícia e à guarda civil informá-lo se Netanyahu ou seis outros altos funcionários entrarem no país, uma vez que o Tribunal pode abrir um processo contra eles.


   


Junto com Netanyahu, as outras seis pessoas são: o ex-ministro das Relações Exteriores Avigdor Lieberman, o ex-ministro da Defesa Ehud Barak, o ex-ministro de Assuntos Estratégicos Moshe Yaalon, o ex-ministro do Interior Eli Yishai, o ministro sem pasta Benny Begin e o vice-almirante Maron Eliezer, que era responsável na altura pela operação das Forças de Defesa israelenses.



O caso, que fora congelado pelo juiz espanhol no ano passado, foi iniciado contra os responsáveis israelenses na sequência do ataque das Forças de Defesa de Israel (IDF) contra a chamada Flotilha da Liberdade em 2010.

Ele refere-se especificamente ao principal navio civil, o Mavi Marmara, parte da frota de seis navios que tentou romper o bloqueio israelense de Gaza para entregar ajuda humanitária.



Quando o navio se aproximou da costa de Gaza, os militares da IDF assaltaram o navio em um ataque que deixou 10 ativistas mortos.

A comunidade internacional acusou Israel da violação do direito internacional por causa das ações do IDF durante o incidente. A recente decisão do tribunal espanhol significa que Netanyahu, junto com os outros seis altos funcionários israelenses, podem ser acusados.



No entanto, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores israelense, Emmanuel Nachshon, disse ao Jerusalém Post que Israel reuniu todos os esforços diplomáticos para anular a decisão do tribunal espanhol.


"Nós consideramos isto uma provocação. Estamos trabalhando com as autoridades espanholas para que o processo seja cancelado. Nós esperamos que vá logo acabar".


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Artigo de junho de 2010 quando Israel assassinou os pacifistas a bordo de um dos barcos da Primeira Flotilha Internacional de Solidariedade a Gaza:


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