segunda-feira, 4 de abril de 2016

Diga sim à democracia! - Nota da Federação Palestina

Intolerencia e ódio - islamofobia
Universidade Mackenzie- São Paulo - 28/03/16 - Todos os
cartazes e faixas tem o fundo amarelo e a faixa "Não islamização no Brasil -
Fechar fronteiras" esteve em dois lugares distintos no mesmo dia (foto abaixo),
o que indica a atuação de um grupo organizado. 
(Foto de Taís Taís - Jornalistas Livres)


islamofobia, intolerencia e ódio
Av. Paulista - em frente ao prédio da FIESP - 28/03/16 
(As fotos foram extraidas de um vídeo gravado dentro de um ônibus




NOTA DA FEPAL - FEDERAÇÃO ÁRABE PAELESTINA DO BRASIL

 03/03/2016


DIGA SIM À DEMOCRACIA 



Aos nossos amigos e amigas, a todos e todas da comunidade muçulmana, palestina e árabe em geral,
Por todo o Brasil, aumentam os casos de muçulmanos e muçulmanas (as mais vulneráveis) que são ameaçadas e atacadas na rua. Mesquitas são invadidas e vandalizadas. Também, se multiplicaram os casos de agressões e ameaças nas redes sociais. Somente no Estado do Rio de Janeiro, os casos denunciados de violência contra os muçulmanos aumentou 1016% em 2015 em relação à 2014. Denunciamos e repudiamos que setores da imprensa incitem o preconceito e o ódio ao relacionar o terrorismo com os árabes, palestinos e a religião islâmica e seus mais de 1,6 bilhões de fiéis no planeta. Na lista anexa, vários artigos e denuncias, datados a partir de 2011, abordam o assunto do aumento da violência e como setores da imprensa contribuem para que isso aconteça.
Observamos, que a partir de 2015, tem acontecido, com maior frequência, tanto no plano virtual das redes sociais como no cotidiano real, invasões e depredações à sede de sindicatos, entidades estudantis e partidos políticos (houve até um atentado com bomba), ameaças e violencias verbais e físicas a mulheres e homens públicos, seguidores de religiões afro-brasileiras, grupos das mais diversas orientações sexuais, etc. Pode-se constatar que as componentes motivadoras dessa violência são de ordem ideológica, política, religiosa, e/ou racial.
Muitos analistas sociais e políticos viam essa situação de violência não como um fenômeno generalizado, mas como ações de indivíduos e pequenos grupos, agindo na calada da noite ou em comentários de indivíduos nas redes sociais, sem nenhuma ligação direta com grupos mais organizados ou pertencentes a este ou aquele partido. O quadro mudou, a situação não é mais a mesma!
O momento conturbado por que passa o país fez confluir diversos agentes promotores e executores da violência que agora mostram a cara em público, na rua e na universidade (ver fotos abaixo), levantando a palavra de ordem “Não Islamização no Brasil – fechar as fronteiras”.
A violência passou a atingir, de forma mais virulenta e orgânica, não só os muçulmanos e muçulmanas, mas outros segmentos sociais, políticos, religiosos, étnicos e ideológicos da sociedade. Esse novo quadro é muito preocupante e nos impõe imperiosas indagações para refletirmos: que Brasil queremos para nossos filhos, netos, amigos, familiares e o povo da nossa pátria brasileira? Quando uma sociedade começa atingir esse nível de cultura do ódio e desumanização do outo, os meios para sanar e pacificar a sociedade estão previstos na Constituição que rege o Estado Democrático de direito e as garantias individuais ou não ? A saída é exigir que os três poderes constituídos dialoguem com a sociedade organizada e reafirmem que a lei é para todos e dever ser cumprida ou devemos nos guiar cada um por seus interesses individuais e da tribo a que pertencemos, assumindo a aplicação imparcial e flexível das leis?
Não há solução fora da lei, fora da Constituição. Todos nós brasileiros estamos no mesmo barco, independente de classe social. Não permitamos que um muçulmano seja culpado de terrorismo até que ele prove o contrário! A Constituição diz: todos os cidadãos são iguais perante a lei, ninguém acima da lei, todos os cidadãos são inocentes até que o acusador apresente as provas materiais e prove o teor de sua acusação.
Não se trata de defender esse ou aquele partido, de ser contra ou favor do governo, se trata de defender a democracia para todos os brasileiros para que possam exercer a sua cidadania em sua plenitude conforme os preceitos da Constituição da República Federativa do Brasil.
Defendamos a manutenção do Estado Democrático de Direito e as garantias individuais, antes que seja tarde e não tenhamos mais liberdade para pensar, para cultuar nossas tradições e costumes, nem para recorrer à JUSTIÇA!!!
O golpe contra a democracia já está em marcha, não permitamos que o Estado de Excessão se estabeleça!
A unidade de todos em torno do regime democrático e das normas constitucionais é a saída única. Não queremos, tememos e lutaremos para que outra saída não seja permitida.
Só a democracia para todos tolera e respeita a diversidade cultural e religiosa! Só a democracia pode resguardar os direitos das minorias e maiorias! Só na democracia constitucional vigente o país poderá encontrar a solução politica, sem a qual, não se resolverão os problemas da economia.
Só a democracia definida na Constituição, obedecida sem nehum subterfúgio, sem nenhum atalho, poderá garantir a estabilidade política, social e econômica que todos almejam.
Nossos filhos e netos haverão de escrever a história de hoje, aquela que seus pais e avós estão fazendo hoje!
Os brasileiros saberão evoluir a partir dos ensinamentos da história de um passado recente!
Diga sim à Democracia!

Saudações democráticas,

Elayyan Aladdin - Presidente
Emir Mourad - Secretário geral
Ualid Rabah - Diretor
Fátima Ali - Diretora



quinta-feira, 17 de março de 2016

Recital Dia da Terra - Palestina



Recital Dia da Terra - Palestina



 RECITAL DIA DA TERRA - PALESTINA

  
Biblioteca Mário de Andrade

29/03 - Terça - 19 h

R. da Consolação, 94 - Consolação, São Paulo - SP
Metrô Anhangabaú


O recital “Dia da Terra”, que acontecerá no dia 29 de março, terça-feira, a partir das 19h, na Biblioteca Mário de Andrade, contará com a participação dos poetas Claudio Daniel, Ruy Proença, Marcelo Ariel, Rubens Jardim, Khaled Mahassen, Célia Abila, Marcelo Adifa e Rosana Piccolo, que lerão poemas de autores palestinos contemporâneos, como Mahmoud Darwish, Salim Jabran, Tawfik Az- Zayad e Samih al Qassim, além de composições de autores brasileiros relacionados com o tema da Palestina, sua história, sua cultura e os seus desafios para a autodeterminação.

O Dia da Terra (em árabe: يوم الأرض)  é uma data do calendário palestino, comemorada no dia 30 de março para recordar a ocupação de suas terras pela colonização sionista e afirmar a sua aspiração à autodeterminação e soberania nacional. A origem da data está nos eventos ocorridos em 30 de março de 1976,  quando aconteceram greves e manifestações de protesto em cidades palestinas situadas em Israel contra o anúncio de um plano do governo israelense de expropriar 25.000 dunums (25 milhoes m²) na Galileia, por "razões de segurança e para construção de assentamentos". O exército israelense de ocupação reprimiu duramente as manifestações e seis palestinos foram mortos, na área de Al Jahil. Desde 2007, o Dia da Terra Palestina é celebrado com ações do movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções  (BDS), que visa pressionar as autoridades israelenses a realizarem negociações sérias para a paz na região.


Sobre os poetas:


Claudio Daniel nasceu em São Paulo, em 1962.  É poeta, tradutor, ensaísta e doutor em Literatura Portuguesa pela USP. Foi curador de Literatura e Poesia no Centro Cultural São Paulo entre 2010 e 2014 e colunista da revista CULT. Publicou diversos livros de poesia, entre eles A sombra do leopardo, Figuras metálicas e Cadernos bestiais.

Rubens Jardim, 69 anos, fez parte da Catequese Poética nos anos 60, participou da 1ª Bienal Internacional de Poesia e publicou 3 livros: Ultimatum (1966), Espelho riscado (1978) e Cantares da paixão (2008) --e uma plaquete: Fora da estante (2012). Publicou em diversas antologias, no Brasil e no exterior. No seu blog www.rubensjardim.com divulga a série AS MULHERES POETAS desde 2011.

Marcelo Ariel é poeta, performer e ensaísta. Autor dos livros Retornaremos das cinzas para sonhar com o silêncio, Ed.Patuá, O rei das vozes enterradas, Ed. Córrego, entre  outros. Coordena cursos de criação literária.
  
Célia Abila é poeta, participou do Laboratório de Criação Poética e publicou poemas em blogues, sites e revistas de literatura, como Germina, Cronópios e Zunái. É autora do livro de poesia Civilização em aneis de guepardo.

Marcelo Adifa é poeta. Recentemente publicou a obra Exílio, onde retrata, por meio de versos, sua experiência fora do país, tem também o livro A Quem se Fizer Estrela.  Além de suas duas obras, Marcelo participou de diversas antologias temáticas com grandes poetas brasileiros, entre elas 29 de abril – o verso da violência. Na música, já compôs canções em parceria com Lula Barbosa, Vidal França, João Bá e Lluis Llach.

Khaled Mahassen é poeta e empresário no setor de turismo. Publicou poemas em blogues, sites, revistas e na antologia Poetas da Palestina.

CEBRAPAZ
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Palestinos: O Dia da Terra*

Por Maurício Tragtenberg**

 Amanhã, dia 30, o povo palestino comemora o “Dia da Terra”, que surgiu como lembrança histórica da resistência que em 1976, os vários palestinos da Galiléia (território ocupado em 1948) manifestaram contra a invasão e ocupação de suas terras pelo Estado em Israel.

 Como acontece nessas ocasiões houve repressão e violência por parte das autoridades militares de ocupação, onde foram indiscriminadamente atingidos homens, mulheres, velhos e crianças. É impossível destruir um povo que por mais de trinta séculos construiu sua cultura, suas obras materiais e espirituais.

 Enquadrada no plano da destruição da cultura e identidade do povo palestino estão as universidades palestinas construídas nas ‘zonas ocupadas’ pelo Estado em Israel.

  Através da Ordenança Militar 854, uma das 1.080 ordenações militares que modificam a legislação jordaniana, em vigor na Cisjordânia, o Estado detém em suas mãos a permissão de funcionamento de qualquer instituição educacional, que implica no controle pelas autoridades do pessoal acadêmico, dos programas e manuais de ensino.

  Uma das iniciativas que afetou gravemente o funcionamento das universidades palestinas nas ‘zonas ocupadas’ foi que a partir de 1983 os professores estrangeiros –na realidade palestinos com passaportes de diversas nacionalidades estrangeiras – tenham que assinar uma declaração, segundo a qual, comprometem-se a não dar apoio algum à OLP nem a qualquer organização terrorista. Ante a recusa unânime do corpo de professores em assinar tal ignominioso papel, a repressão foi terrível.

  A Universidade d’An-Najah teve dezoito professores expulsos, enquanto outros três que estavam no Exterior foram proibidos de ingressar na Cisjordânia. Bir-Zeit perdeu cinco e a Universidade de Bethléem perdeu doze de seus professores.

  O fechamento temporário de universidades é outra medida que as “autoridades” de ocupação lançam mão; entre 1981/2 a Universidade de Bir-Zeit ficou fechada sete meses. A Universidade de An-Najah em 1982/3 ficou fechada durante três meses consecutivos, as Universidades de Bethléem e Hebron conheceram igual destino.

  Com o fim de vencer a resistência cultural palestina, a detenção de estudantes pelos motivos mais fúteis é coisa comum em todas as universidades da Cisjordânia. Os detidos são confinados na prisão de Fara’a, no Vale do Jordão. Segundo a advogada Lea Tsemel, o detido, conforme a “lei de urgência” (do período do Mandato Britânico) pode ficar incomunicável durante dezoito dias, sem culpabilidade definida nem visita de advogado. Por trazer consigo um panfleto ilegal o detido pode assim ficar durante 48 dias.

  O “tratamento” é o mais degradante possível: duchas frias, golpes, insultos.

  O presidente do Conselho de Estudantes de An-Najah, condenado a seis anos de prisão em 1974, não só afirmou ter sido torturado como também afirmou: “todos os prisioneiros palestinos são torturados.”

  Porém, a Universidade de Bir-Zeit é um foco de resistência cultural palestina; organiza atividades culturais fundada na cultura popular palestina. Possui uma biblioteca significativa aberta à consulta pública.

  Os dados a respeito da situação de resistência cultural palestina acima descrita nos foram fornecidos por Sônia Dayan-Herzbrun e Paul Kessler, que testemunham: “O fato de sermos judeus não afeta nossa objetividade em relação ao tema tratado. A consciência de nossa identidade judaica e das responsabilidades inerentes a ela nos levaram a participar do Centro de Cooperação com a Universidade Bir-Zeit.” (Le Monde Diplomatique, julho de 1984)

É o que também pensamos. O “Dia da Terra” é a reafirmação de um povo que pode ser expropriado, espezinhado, torturado, caluniado;vencido nunca.

 * Publicado in: Folha de S. Paulo, 29.03.1985.

 ** Maurício Tragtenberg, 54, professor do Departamento de Ciências Sociais da Fundação Getúlio Vargas SP) e da PUC-SP, escreveu, entre outros livros, “Administração, Poder e Ideologia.


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