domingo, 12 de maio de 2013

Minha visita à Palestina: o genocídio de um povo

Tive a honra e o prazer de integrar a Segunda Missão de Solidariedade ao Povo Palestino que aconteceu entre os dias 18 e 24 de Abril, organizada pelo Comitê pelo Estado Palestino, articulação que reúne 70 entidades, entre as quais os maiores partidos da esquerda brasileira, as maiores centrais sindicais, o MST, organizações da juventude e demais movimentos sociais organizados.


Por Geraldo Galdino*


Tivemos a oportunidade de conhecer cidades, aldeias, povoados, nos reunimos com dezenas de entidades dos movimentos sociais e da luta pela resistência, conversamos com prefeitos, vereadores, governadores, dirigentes do governo, da OLP, e com os diversos partidos que compõe a frente que aglutina todos os setores que clamam por um Estado Palestino.


Brasileiros em missão de solidariedade na Palestina
A Segunda Missão de Solidariedade ao Povo Palestino esteve
na Cisjordânia em abril - Foto
Todos da delegação de 20 pessoas de vários estados tinham a compreensão de que aquele povo é vítima de uma das maiores perseguições da história mundial, mas nos contatos no dia a dia fomos tendo a dimensão real da tragédia que vitima aquele sofrido e pequeno país, muito maior e pior do que imaginávamos. Aquele sentimento de indignação que nos acomete quando assistimos aos filmes sobre o Holocausto foi nos tomando em cada relato, em cada depoimento, nas mostras de vídeos e fotos. Tudo isso nos deixava mais impressionados, mais chocados com os requintes de crueldade com que o governo judeu tenta exterminar um povo e ocupar completamente seu território. Curioso é que em cada reunião que participávamos a cobrança das lideranças era de que ao voltarmos ao país, nós denunciássemos amplamente o que vimos e assistimos, sabedores eles que a mídia internacional passa a imagem de que eles são os "terroristas" e que os judeus seriam as vítimas de perseguição, que "Israel tem direito de se defender" (como repete com frequência Obama, avalista e cúmplice da carnificina promovida por seus parceiros sionistas).

Para entrarmos na Palestina, vindos da Jordânia, nos deparamos com um denominado "check-point" (são cerca de 600 no país) onde assustadores judeus armados com fuzis promovem todo o tipo de constrangimento e provocações a quem tenta visitar o país. Tive a oportunidade de assistir a um judeu argentino humilhar uma senhora palestina que tentava atravessar a fronteira de seu país, umas das cenas mais deprimentes que vi na vida, demonstração cabal do racismo posto em prática contra um povo. O pior de tudo é assistir a isso e nada poder fazer, pois se alguém ousa protestar pode ser preso, acusado de terrorismo e passar o resto da vida na cadeia e nunca mais ter direito de ver a família. É assim que funciona por lá.

Tivemos a satisfação de visitar a bela cidade de Betúnia, onde reside uma comunidade brasileira. Lá fomos recebidos pelo prefeito, vereadores e tivemos a companhia do embaixador do Brasil num ato na prefeitura local. De lá seguimos para um almoço de confraternização num parque infantil onde ouvimos os hinos dos dois países. Bem do lado dessa cidade, em território palestino, existe uma prisão do exército judeu com cerca de mil presos - são mais de cinco mil presos políticos -, o maior do mundo. Todos eles são condenados sumariamente por um tribunal militar sem direito a defesa. Muitos vão morrendo por estarem doentes (impossibilitados de tratamento), outros nas sessões de torturas físicas e psicológicas, que incluem jovens de 12, 13 anos (aqui, texto sobre uma matéria publicada no jornal britânico The Independent, sobre o tema).

Conhecemos na cidade de Cobar dois ex-presos políticos que passaram mais de 30 anos detidos. Um deles conheceu os filhos na prisão - eles também foram presos por participarem de protestos contra a ocupação do país. Muitos jovens fazem questão de ser presos com objetivo de conhecer os pais na prisão. E são condenados a penas desproporcionais por jogarem pedras em soldados invasores (essa modalidade de "crime" é considerada pelo estado judeu como "terrorismo"). Neste pequeno lugarejo vimos cenas que nos deixaram perplexos. Em um vídeo mostrado pelas lideranças locais, os soldados judeus, como fazem em todas as localidades, invadiram a vila com um aparato de guerra gigantesco, assassinaram um jovem palestino com uma bomba no rosto, sequestraram uma criança (que depois vai ser torturada e obrigada e acusar alguém de "terrorismo"), espancaram mulheres, destruíram casas e agrediram com violência os que foram protestar contra a covardia. No geral é assim o dia a dia do palestino, coisas que nos fazem lembrar os horrores praticados por Hitler contra os judeus, que agora, em sua maioria, se calam ou apoiam a carnificina posta em prática por seus governos.

Estivemos em outra vila de nome Bilin, onde as lideranças locais promovem manifestações semanais contra a ocupação. No dia, houve uma partida de futebol em homenagem a um jovem que fora assassinado pelas forças de ocupação e logo depois alguns poucos jovens se concentraram em frente ao "muro da vergonha" ou "muro do apartheid", (com 800 quilômetros de extensão e ladeado por cercas elétricas) e jogaram pedras (uma forma simbólica da luta pela resistência) contra os soldados do outro lado do muro, todos eles devidamente protegidos e imunes às pedras. A resposta do exército sionista foi de cerca de 100 bombas de variados tipos, pimenta, lacrimogêneo, etc. (as armas criadas por Israel são testadas no dia a dia contra o povo palestino, cobaias da máquina de assassinatos dos sionistas). Delegações de várias partes do mundo se concentram no local para assistir à manifestação (inclusive judeus) e mesmo assim, sem qualquer constrangimento, uma brutalidade descomunal é a resposta do Estado terrorista de Israel. Do outro lado do muro, os colonos assistem e se divertem em uma espécie de "camarote" o poder de fogo de suas forças armadas.

A ONU decidiu em 1948, sensibilizada com o Holocausto, dividir o território palestino para abrigar os judeus (os colocando com 52% e deixando os palestinos com 48%). De lá para cá, ancorados num aparato de mortes avassalador e sempre apoiados e sustentados pelos EUA, eles foram ocupando pouco a pouco a parte que não lhe cabia (a metade palestina, que hoje só dispõe de cerca de 12% do que tinham na partição), desrespeitando todos os acordos e leis internacionais. Em todo esse processo ininterrupto deocupação ilegal, com reiterados massacres em massa dos nativos, milhões de palestinos partiram para o exílio (um número calculado atualmente em 6 milhões de pessoas, metade da população palestina).

A Palestina é proibida pelos invasores de ter portos e aeroportos (o que havia em Ramalah foi bombardeado e hoje é zona ocupada pelos sionistas). A água do país, que vem do famoso rio Jordão, é desviada para o território israelense e depois reenviada de onde veio e cobrada do povo. Isto é uma fonte permanente de chantagem, pois a qualquer momento eles reduzem ou cortam a depender da vontade do colonizador. Luz e telefone funcionam da mesma maneira.

Das dezenas de coisas revoltantes que vimos, uma me chamou a atenção por ser uma forma estarrecedora de crueldade. A Palestina, com uma economia frágil, por razões óbvias, tem na agricultura a fonte de renda e sobrevivência de grande parte da população. Lá, há mais de cinco mil anos se cultivam as oliveiras, fonte de produção do azeite de oliva, de qualidade indiscutível. Pois, passando de ônibus nas beiras das estradas, vimos uma vasta área de perder de vista, com todas as árvores arrancadas pelos colonos judeus protegidos pelo exército invasor. Como a religião judaica não permite que se arranque as raízes das plantas, eles deixam apenas um pequeno toco acima da terra. Em outros locais, vimos todas as plantações queimadas. Segundo matéria publicada no site da “insuspeita” revista Veja, somente entre janeiro e setembro de 2011, foram cortadas e queimadas 7.500 oliveiras pelos colonos judeus e desde 1967 foram mais de 800 mil (a matéria pode ser lida aqui).

Quando o nosso guia, um palestino absolutamente generoso e educado, nos informou que na cidade de Hebron tinha uma diferente modalidade de ocupação (os colonos ocupam a parte superior da casa dos palestinos e passam a residir no local), eu confesso que tive dificuldade de entender, supondo ser uma brincadeira. Não era. Vimos de perto. O Estado judeu recruta colonos mundo afora com salários de $7.500 mensais apenas para morar nas colônias. Em Hebron, eles ocupam os lados da cidade e também por cima, e lá de cima, jogam todos os tipos de dejetos nos palestinos embaixo, que usam redes para se protegerem da imundície arremessada pelos judeus.

Numa das reuniões que participamos, o governador de Jerusalém fez uma análise pertinente. Para ele, a política de Israel e das potências aliadas (EUA e União Européia) é de empurrar o povo palestino aos poucos para fora do país e no futuro aquela região ser totalmente dominada e controlada pelos sionistas, que imagina ser ali a “terra prometida, a "terra santa". Ele cita o exemplo de sua cidade, onde os moradores são proibidos de construir novas moradias (e quando constroem, o exército derruba), enquanto ao redor vão sendo construídas mais e mais colônias judias.

Para boa parte dos habitantes, especialmente os jovens no desemprego, em meio a esse cerco hediondo, o melhor é procurar alternativa em outros países, já que seu destino pode ser o cemitério. Um empresário palestino/brasileiro, sem esperanças, me disse em Ramalah que iria embora. Para ele, o futuro do país é ser ocupado integralmente pelos colonizadores assassinos. "Não temos como enfrentar o exército de Israel e os americanos juntos" disse desconsolado. É a política deliberada por Israel/EUA surtindo os efeitos desejados.

O escritor uruguaio Eduardo Galeano resume assim a atual situação:

Já resta pouca Palestina. Passo a passo, Israel está apagando-a do mapa. Os colonos invadem, e atrás deles os soldados vão corrigindo a fronteira. As balas sacralizam a pilhagem. O apetite devorador se justifica pelos títulos de propriedade que a Bíblia outorgou. Desde 1948, os palestinos vivem condenados à humilhação perpétua. Não podem nem respirar sem permissão. Perderam sua pátria, suas terras, sua água, sua liberdade, seu tudo. Israel é o país que jamais cumpre as recomendações nem as resoluções das Nações Unidas, que nunca acata as sentenças dos tribunais internacionais, que burla as leis internacionais, e é também o único país que legalizou a tortura de prisioneiros. Quem lhe deu o direito de negar todos os direitos? Ou essa luz verde provém da potência manda chuva que tem em Israel o mais incondicional de seus vassalos? Por acaso a tragédia do Holocausto implica uma apólice de eterna impunidade? O exército israelense, o mais moderno e sofisticado mundo, sabe a quem mata. Não mata por engano. Mata por horror.

No mesmo período em que estávamos lá, o craque jogador da seleção portuguesa, Cristiano Ronaldo, se recusou a trocar a camisa com jogadores da seleção de Israel alegando "não usar camisa de assassino".

Muitos palestinos falam que o que o país vem passando trata-se de uma “faxina étnica”. Alguns por lá comparam o sionismo ao nazismo. Galeano fala em “guerra de extermínio de um povo”. Não devemos duvidar: está em curso na Palestina uma política deliberada de expulsar/destruir uma população sem que nada seja feito pela “comunidade internacional”, essa associação de estados imperialistas que já invadiu e bombardeou outros países com o argumento cínico de “razões humanitárias”. Todos os amantes da paz, da liberdade e da autodeterminação dos povos devem apoiar a luta em defesa do Estado Palestino e contra o genocídio de seu povo.

Outras missões de solidariedade vão acontecer e todos estão convidados a conhecer esse pequeno e bonito país de uma gente maravilhosa, hospitaleira, que em que pese todo o sofrimento, resiste com altivez e perseverança.

Geraldo Galindo é presidente do PCdoB em Salvador (BA)

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Stephen Hawking recusa ir a Israel, em defesa da Palestina

Físico recusa convite para conferência patrocinada pelo Presidente Shimon Peres, apoiando boicote lançado por grupo acadêmico britânico.


Stephen Hawking recusa ir a Israel, em defesa da Palestina
Não é de agora o interesse de Hawking pelo destino
da Palestina Paul McErlane/REUTERS

Clara Barata 09/05/2013

O físico britânico Stephen Hawking vai boicotar uma conferência patrocinada pelo Presidente israelita, Shimon Peres, e faz questão de que se saiba que é por causa da Palestina. Em Israel, é a indignação; do lado dos activistas palestinianos, o júbilo: Hawking é o mais importante cientista a dar o seu apoio à iniciativa de um grupo de académicos britânicos que apela ao boicote de Israel.

A Universidade de Cambridge, no Reino Unido, onde Hawking é director de investigação do Departamento de Matemática Aplicada e Física Teórica, anunciou inicialmente que era por motivos de saúde que o cientista que associou o seu nome à radiação que provou ser emitida pelos buracos negros (antes pensava-se que nada escapava a estes gigantes que tudo devoram em seu redor) não iria à 5.ª conferência Enfrentar o Futuro 2013, de 18 a 20 de Junho, que este ano assinala também o 90.º aniversário de Shimon Peres.

Hawking, com 71 anos, tem uma debilitante doença (uma forma de esclerose lateral amiotrófica, que o imobiliza e o impede de falar sem ser graças a um programa informático ligado à sua cadeira de rodas). Mas a informação de que estava com problemas de saúde que o impediriam de fazer a viagem até Israel foi corrigida num segundo momento pelos serviços de imprensa: a decisão de Hawking “baseou-se em conselhos de académicos palestinianos de que deveria respeitar o boicote”.

O boicote em causa foi decretado pelo Comité Britânico pelas Universidades da Palestina (Bricup, na sigla em inglês), que divulga o apelo ao boicote de universidades e instituições culturais israelitas, lançado em 2004 em Ramallah por várias organizações palestinianas. Uma declaração publicada no site desta organização com a autorização do cientista explica que Hawking “decidiu de forma independente respeitar o boicote, baseando-se no seu conhecimento da Palestina, e no aconselhamento unânime dos seus contactos naquele território.”

Não é a primeira vez que Stephen Hawking toma uma posição a favor da Palestina, que visitou em 2006, no âmbito de uma viagem a Israel e a Ramallah, numa viagem organizada pela embaixada britânica em Israel. Em 2009, pronunciou-se contra a operação Chumbo Fundido, o ataque de três semanas de Israel contra Gaza, recorda o jornal britânico The Guardian. No canal de televisão Al Jazira afirmou que a resposta israelita aos tiros de rocket a partir de Gaza “era claramente desproporcionada”. “A situação é como a da África do Sul antes de 1990 e não pode continuar”, concluiu.

Da parte de Israel, este boicote de Hawking a uma conferência onde estarão nomes como o ex-presidente norte-americano Bill Clinton ou a cantora Barbra Streisand é incompreensível. “Esta decisão é injustificável e é errada”, disse Israel Maimon, o presidente da conferência.

Nas últimas quatro semanas, desde que foi anunciado o programa da conferência, com a presença de Hawking, o cientista tem sido bombardeado com mensagens de académicos britânicos e de outros países para que a boicotasse, diz o Guardian.

A campanha de boicote da Bricup está em pleno. Em Abril, o Sindicato Irlandês de Professores tornou-se a primeira associação de professores europeia a apelar ao boicote de Israel, e nos EUA a Associação de Estudos Asiático-Americanos decidiu em votação apoiar este boicote, tornando-se o primeiro grupo académico norte-americano a fazê-lo.

Se vários artistas britânicos já anunciaram a sua decisão de boicotar Israel – como Annie Lennox, Elvis Costello, Roger Waters, Mile Leigh ou Brian Eno, Stephen Hawking é o primeiro cientista de renome mundial a tomar esta posição. E a reacção no Facebook, por exemplo, foi feroz, com acusações de anti-semitismo e comentários a concentrarem-se nas suas limitações físicas – e no facto de a tecnologia da sua cadeira de rodas especial ter sido desenvolvida por uma subsidiária israelita da empresa norte-americana Intel.

Fonte: Publico




O físico Stephen Hawking boicota Israel - Charge de Latuff


terça-feira, 7 de maio de 2013

EUA e Israel: parceiros imperiais em mais um crime

Laços antigos permanecem. São dois países parceiros no império. A política oficial, nos dois casos, é a agressão. Planejam a ‘mudança de regime’, o golpe, na Síria. Dia a dia os eventos se encaminham para a intervenção armada total.



Obama e Netanhayu são parceiros estratégicos no império
Parceiros no império
O mais recente incidente, de ontem, foi manchete do New York Times: “Israel ataca a Síria. EUA analisam alternativas”. O texto dizia que “Funcionário não identificado do governo dos EUA disse que Israel atacou um alvo na Síria, na 5ª-feira à noite. (Washington) analisa (suas) opções militares, inclusive o ataque.”

Para a agência Reuters, “o ataque aconteceu na 6ª-feira, depois de o gabinete de segurança do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu aprovar, em reunião secreta na 5ª-feira à noite”.

Essas reuniões quase sempre sinalizam ação iminente. São feitas para formalizar a aprovação a mais um ataque.

A correspondente da rede CNN no Pentágono, Barbara Starr, disse que “EUA creem que Israel executou ataque aéreo à Síria, disseram à CNN dois funcionários do governo Obama. EUA e agências ocidentais de inteligência estão examinando dados secretos que mostram que é provável que Israel tenha atacado a Síria na noite de 5ª para 6ª-feira, segundo os mesmos funcionários. Há dados que já indicam que, no mesmo período de tempo, Israel movimentou várias aeronaves sobre o Líbano.”

Fonte não identificada do exército israelense disse que “faremos o que for necessário para deter a transferência de armas, da Síria para organizações terroristas. Já o fizemos no passado e faremos o que for necessário no futuro.”

Nada mais fácil que inventar pretextos. Washington e Israel sempre inventam pretextos para justificar crimes de guerra e crimes contra a humanidade.

Segundo o NYT, “o alvo não foi uma fábrica de armas químicas sírias.” O mesmo funcionário não identificado do governo Obama informou que um prédio foi atingido.

O jornal libanês Daily Star disse que “oito jatos israelenses violaram o espaço aéreo libanês no período de 14 horas, voando sobre grandes áreas do país, como anunciaram oficiais do exército.”

Todos os dias há jatos de Israel sobrevoando território alheio. Dessa vez foi diferente: os voos sobre o Líbano aconteceram “em grande altitude”. Começaram às 19h, hora local.

Dois jatos israelenses invadiram território libanês, à oeste de Sidon. Fizeram “manobras aéreas”. Partiram depois de quatro horas.

“Dez minutos” antes de partirem, “outros dois jatos de combate invadiram o espaço aéreo do Líbano, a oeste de Jounieh.” Fizeram manobras aéreas e retornaram a Israel depois da meia-noite.

“35 minutos depois da meia-noite, outra sortida de dois jatos que também invadiram espaço aéreo do Líbano”, perto de Beirute. Também executaram manobras aéreas. Partiram antes das 3h15 da madrugada.”

Às 6h da manhã, mais dois jatos israelenses sobrevoaram “todas as regiões do Líbano”. Partiram às 8h50.

Qualquer voo em espaço aéreo de nação estrangeira sem autorização viola a lei internacional. Israel faz exatamente isso, regularmente. O território libanês é violado praticamente todos os dias. São frequentes os sobrevoos de várias aeronaves. Em geral, são voos de reconhecimento. Outras vezes, atacam alvos em terra. Ou é guerra.

Matéria da agência Reuters diz, em manchete: “Israel confirma ataque à Síria e alega ter atingido mísseis do Hezbollah.”

No sábado, um militar israelense não identificado admitiu o ataque. A ideia de que visassem a atingir mísseis do Hezbollah é absolutamente sem sentido. (Adiante, mais sobre isso.)

A página DEBKAfile (DF), ligada ao Mossad israelense, publicou em manchete que “Força Aérea de Israel bombardeia fábrica de armas químicas sírias e outros alvos no Líbano, Golan”. O texto diz que os bombardeios foram feitos “do espaço aéreo libanês e do Golan, iniciados na 6ª-feira e continuados até a madrugada do sábado”. Segundo fontes dos EUA, “16 aeronaves da Força Aérea de Israel participaram da ação.”

“Algumas fontes dizem que o alvo dos ataques teria sido um comboio que transportava armas químicas para o Hezbollah”. Podem dizer o que queiram: nenhuma fonte israelense ou norte-americana tem qualquer credibilidade.

O mesmo DEBKAfile dizia que Washington forneceu a Israel “um vídeo demonstração” de sua bomba de penetração “aprimorada” (Massive Ordnance Penetrator - MOB).

Na 6ª-feira, o Wall Street Journal noticiou. Dizia que o Pentágono o fez “para combater o Irã”. A questão é atacar “suas [do Irã] instalações nucleares mais fortificadas e protegidas”. Fordow é muito bem defendida; todas as instalações são subterrâneas.

“Os militares dos EUA têm dito que o desenvolvimento dessa arma é fator crítico para convencer Israel de que os EUA podem impedir o Irã de construir bombas atômicas, caso a diplomacia falhe e que, assim, Israel não precisa atacar o Irã por iniciativa própria.”

Dia 3/5, Michel Chossdovsky escreveu que “a bomba de penetração MOP é apelidada “a mãe de todas as bombas”. O uso desse armamento inevitavelmente indicará guerra total contra o Irã, em cenário de escalada militar.”

Em outubro de 2009, “o Pentágono confirmou [sua intenção] de usar a ‘Mãe de Todas as Bombas’ [orig. ‘Mother of All Bombs' (MOAD)] contra o Irã. É fórmula para produzir baixas em massa. Uma versão ‘aprimorada’ só fará matar ainda mais.

Essas bombas de penetração, MOABs, “são as verdadeiras armas de destruição em massa, no verdadeiro sentido da expressão. O objetivo desse tipo de arma é provocar destruição em massa de civis, com o objetivo de implantar o medo e o desespero entre as populações civis.”

É possível que Washington planeje usá-las contra a Síria, com o mesmo objetivo. Os EUA trabalham para destruir nações-alvo, com premeditação. Tem sido assim desde o final da 2ª Guerra Mundial.

Hoje, as armas são muito mais poderosas do que antes. Têm potencial de destruição para matar todos os seres vivos sobre a Terra. E pode acontecer planejadamente, ou por acidente.

Ainda não há detalhes sobre os recentes ataques israelenses. E não é a primeira ação ilegal do Exército de Israel. Com certeza, não será a última.



Israel ataca a Síria em mais um crim
Israel ataca a Síria em mais um crime contra a soberania do pais
e o Dirieto Internacional

Em novembro passado, tanques israelenses atravessaram seis vezes a fronteira do Líbano, numa semana. Foram repelidos com mísseis antitanque e outras armas. Em fevereiro, jatos israelenses atacaram vários alvos sírios. Em todos os casos, alegaram ataques a comboios de armas e munições que viajariam da Síria para o Líbano.

A pergunta que ninguém faz é por que Assad enviaria munição e armas, de que precisa vitalmente, para o Líbano. Por quê?

Não faz sentido algum. Assad precisa de todas as suas armas. Se houvesse alguma verdade no que Israel diz, até Israel teria interesse em exibir provas. Não houve prova alguma.

Naquela época, DEBKAfile disse que Obama “deu luz verde a Israel”, para o ataque. O que comprovaria que Israel também opera nas guerras de Washington.

Israel e também a OTAN. Agressão direta, sem qualquer consideração à lei internacional é, há muito tempo, a política da aliança atlântica. Assim operam Israel e os EUA. Só as prioridades do império contam. Descartam a lei e todos os princípios  legais.

Guerra é meio de vida para esses países: os dois priorizam a guerra. São estados em guerra, estados de guerra e estados para a guerra. A Síria tem sido sistematicamente agredida. Pode já estar completamente destruída, antes do fim do conflito.

Os recentes ataques israelenses fazem subir as apostas em jogo. Vê-se claramente: de um lado, Israel exercita os ‘músculos’ militares. De outro, desafia a Síria a retaliar.

Se a Síria retaliar, disparará o gatilho da guerra total de intervenção, pelas forças de EUA-OTAN. É possível que Israel participe. Tudo pode acontecer, a qualquer momento.

Um porta-voz da embaixada de Israel em Washington, consultado, recusou-se a comentar o incidente da 6ª-feira.

Disse apenas que “Israel está decidida a impedir a transferência de armas químicas ou de qualquer tipo de armamento decisivo, da Síria para terroristas, especialmente para o Hezbollah no Líbano.”

Nada disso significa coisa alguma. É propaganda. Não há prova alguma de que a Síria possua, use ou esteja transferindo qualquer arma química.

Fabricam-se mentiras para aumentar a tensão. Tudo para empurrar a situação na direção de guerra total. Vê-se aí, bem clara, a imagem de uma Líbia 2.0. Pode começar a qualquer momento.

ATUALIZAÇÃO:

Na madrugada desse domingo, Israel bombardeou a Síria pela segundo dia consecutivo. Grandes explosões foram sentidas em Damasco, e seguiram-se grandes incêndios.

Washington e Israel são corresponsáveis por mais esse crime. À primeira vista, os ataques sugerem o início da intervenção em grande escala, na Síria. Ainda não se pode saber com certeza. Continuaremos acompanhando os eventos.


Tradução do coletivo Vila Vudu

Original em: http://mwcnews.net/focus/politics/26704-america-and-israel.html



sexta-feira, 3 de maio de 2013

Google reconhece Palestina como Estado independente

Mudança discreta na página do buscador troca termo “Território Palestino” para “Palestina”.



Google reconhece Palestina como Estado independente
Nesta quinta-feira (2), o Google reconheceu a Palestina como Estado independente. O buscador que antes se referia ao local como “Território Palestino”, passou a mencioná-lo apenas como “Palestina” em sua página.

A mudança pôde ser notada na ferramenta de buscas da companhia, abaixo da logomarca padrão. A alteração ocorre sete meses após a ONU aprovar o reconhecimento da Palestina como um país observador.

A região vive em constante conflito com Israel, o qual foi contrário à decisão da Organização das Nações Unidas no último ano. Os EUA, país em que o Google foi fundado, também foi contra a entrada da Palestina na ONU.



Página da Palestina no Google: http://www.google.ps/


segunda-feira, 29 de abril de 2013

Grupo brasileiro encerra agenda para divulgar realidade palestina

Em sua última atividade política na Cisjordânia, a 2ª Missão de Solidariedade ao Povo Palestino encontrou-se nesta quarta-feira (24) com o governador de Jerusalém (reivindicada como a capital da Palestina, mas ocupada por Israel), Adnan Al-Huseini, que falou do apoio do Brasil à causa palestina, das negociações com Israel e do peso da cidade no conflito.



Missão brasileira de solidarieade ao povo palestino em jerusalém
Cidade antiga de Jerusalém
Ao saudar a delegação brasileira, composta por representantes de diferentes entidades, o governador reconheceu o papel do Brasil como um importante parceiro na defesa da causa palestina, “que sabe e apoia nossa justa causa”, completou. 

“Devemos fazer todo o tipo de pressão para dizer que a paz é necessária, e este é o nosso trabalho atual”, disse Al-Huseini, que reconheceu a importância do trabalho da delegação brasileira na divulgação da realidade palestina.

Para o governador, a posição política dos EUA ao defender a negociação é apenas um meio para dar tempo a Israel, que continua ocupando terras palestinas, “em uma nova colonização”.

Assim como a Cisjordânia, Jerusalém também está sob a ocupação militar israelense, e até mesmo a parte palestina é cercada por 26 colônias judias, dentro das fronteiras palestinas (ou seja, já na Cisjordânia). Além disso, há também cerca de 160 colônias judias ao redor da cidade.

As forças do exército invasor podem ser vistas em várias áreas da cidade, inclusive em pontos de peregrinação religiosa. O cerco é tamanho que os judeus e muçulmanos são proibidos de visitar os pontos religiosos da outra religião.

Para entrar na mesquita que representa a cidade, por exemplo, Al-Aqsa (que fica na chamada “esplanada das mesquitas”, onde está também o “muro das lamentações” judeu, parte restante do templo destruído há séculos), os muçulmanos e turistas têm de passar por uma ponte controlada militarmente pelas forças israelenses.

Enquanto os sionistas constroem suas colônias de forma incessante, há muitos tipos de restrições para os palestinos construírem suas residências, e quando o fazem sem a autorização da administração civil israelense, elas são derrubadas.

Para o governador, a política de Israel é forçar a emigração dos palestinos. Em tal quadro, "é muito difícil estabelecer uma política de planejamento para a cidade sitiada”. O plano de Israel é fazer com que apenas 15 ou 20 % da população de 300 mil habitantes continue na cidade, segundo Al-Huseini, para assim ampliar a ocupação.

O governador lembrou que da atual população palestina de 11 milhões de pessoas, seis milhões estão residindo em outros países, como refugiados ou emigrados.

A cidade de Jerusalém é considerada por diversos atores políticos, tanto palestinos e israelenses quanto mediadores internacionais, como um ponto crucial no conflito.

Além de ser reivindicada como a capital oficial por palestinos e israelenses (e destinada a uma partilha entre ambos, de acordo com o consenso internacional para as negociações), a cidade é usada para classificar o conflito, de forma manipuladora e equivocada, como um conflito religioso.

Da redação do Vermelho, Moara Crivelente,
com informações de Galindo Luma, integrante da 2ª Missão de Solidariedade ao Povo Palestino, de Jerusalém.


Leia também:





Entidades da esquerda palestina: Libertação vencerá a ocupação



Missão brasileira de solidariedade ao povo palestino


A 2ª Missão de Solidariedade ao Povo Palestino reuniu-se nesta terça-feira (23) em Ramallah (Cisjordânia) com entidades do movimento popular. A primeira reunião do dia aconteceu com Wasel Abur Yousef, coordenador do grupo que articula os 13 partidos que integram a Organização para a Libertação da Palestina, e com Sultan Abu Al-Iniem, também da OLP, refugiado no Líbano por cerca de 30 anos e que voltou ao país em 2009.


Al-Iniem fez um agradecimento especial à esquerda brasileira e disse esperar ter o Brasil sempre apoiando a luta por um estado livre, independente e soberano.

A missão encontrou-se também com entidades do movimento popular palestino, com a presença da União Geral dos Trabalhadores Palestinos (GUPW), a maior central sindical do país, a União de Mulheres da Palestina, sindicatos dos professores, economistas, engenheiros e advogados.

Mohmoud Esmaele, membro executivo da OLP, responsável na instituição por dirigir o departamento dos trabalhadores e organizações populares, abriu a reunião fazendo uma dura crítica à globalização financeira e ao imperialismo, dizendo que os trabalhadores só encontrarão a liberdade quando derrotarem as forças que sustentam a ganância e a exploração.

Reafirmou que a ocupação colonialista promovida pelo sionismo, que desrespeita sistematicamente os tratados e as leis internacionais, é um entrave muito grande ao desenvolvimento da Palestina. E concluiu: " estamos cientes de que o imperialismo não dominará o mundo; eles querem nos dominar; querem que todos sejamos os serviçais; o imperialismo vai acabar um dia; esse é o desejo dos povos".

O coordenador da delegação, Lejeune Mirhan, disse esperar voltar ao país em outras oportunidades e encontrar a Palestina livre, ressaltando a representatividade da delegação atual, integrada por representantes dos maiores partidos da esquerda brasileira e pelas maiores centrais sindicais do país.

Falou também que "além do objetivo central de prestar solidariedade ao povo palestino, a delegação tem como tarefa a divulgação no Brasil, de todas as formas possíveis, de tudo que foi visto nas visitas e reuniões que aqui fizemos".

A secretária Geral da União de Mulheres, parte da estrutura da OLP, Nana Alkha Lili, disse que a entidade tem presença em todo o país e em outras nações, que promove atividades diárias de fortalecimento da luta emancipadora; que mantém intercâmbio com várias entidades mundo afora e que tem levantado a luta pela quota de 30% das mulheres na ocupação de cargos nas entidades e partidos.

Nana disse também que "as mulheres têm de assegurar o direito de participar das decisões políticas".

Mohammad Yahya, representando a CUPW informou que a central tem na base 156 mil trabalhadores, organizando os trabalhadores em comitês contra a ocupação. De acordo com Yahya, o desemprego é muito grande em decorrência da ocupação, e "os trabalhadores do mundo têm uma única causa, a luta pela superação da exploração". Ao final, foi sugerida e aprovada a proposta de a delegação e os palestinos indicarem três pessoas cada para o início de intercâmbios entre os movimentos sociais dos dois países.

Solidariedade brasileira


Al-Iniem agradeceu ao Brasil por ter sediado o Fórum Social Mundial Palestina Livre, em 2012, e denunciou os problemas provocados pela ocupação. Sultan, que foi o comandante da resistência armada no Líbano e é atualmente membro do Comitê Executivo da OLP, disse que o atual momento clama pela defesa da democracia e por igualdade, o que só será plenamente possível com a saída do exército invasor.


A missão brasileira visitou a cidade de Beytunia, que fica a três quilômetros da capital e tem cerca de 30 mil habitantes. É uma cidade histórica localizada no centro do país e, como as demais, é vítima da cruel ocupação estrangeira: as colônias judias estão ao redor do município.

As forças do exército mantém nas proximidades uma prisão com aproximadamente 1.000 presos, julgados e condenados por um tribunal militar israelense e vítimas permanentes de torturas físicas e psicológicas.

A delegação brasileira pelo prefeito Ribhi Dola, ex-preso político, por 13 vereadores e membros da administração. No auditório do prédio municipal, com a presença do embaixador do Brasil, Paulo Roberto França, o gestor registrou o prazer de receber os brasileiros, falou das dificuldades resultantes da ocupação, e seus secretários apresentaram os projetos de desenvolvimento da cidade.

O embaixador agradeceu a presença da delegação do comitê e sugeriu que iniciativas desse tipo tenham prosseguimento, ressaltando que o Brasil é parceiro na luta pela constituição do estado palestino.

Uma pequena carreata com bandeiras do Brasil se dirigiu a um parque, onde houve um almoço de confraternização. Na abertura, com um público de mais de 100 pessoas, um líder religioso muçulmano fez uma introdução com versículos do corão, seguido de apresentação dos hinos nacionais do Brasil e da Palestina.

O prefeito voltou a falar do prazer em receber os brasileiros e em tom emocionado se dirigiu aos presentes: "espero que vocês levem para o Brasil a mensagem de que um dia seremos livres e independentes". O coordenador do comitê brasileiro Lejeune Mirhan disse esperar que em tempo o mais breve possível o povo palestino seja livre, soberano, independente, democrático e laico.

Às 19h ocorreu o encontro com o presidente do Partido da Frente Árabe-Palestina na sede da União de Mulheres Palestinas. Jamil Shadah disse sentir-se honrado com a visita da delegação brasileira, e que essa iniciativa é uma colaboração valiosa na luta contra a ocupação.

O dirigente partidário afirmou que a Palestina vive “um dos momentos mais duros da ocupação, com a violência praticada diariamente contra a população local pelas forças e ocupação”, e que o partido tem concentrado esforços para atrair o Hamas (no governo da Faixa de Gaza) para compor a frente, "uma tarefa muito difícil, mas não impossível", afirmou.

Às 21h, a Organização pela Libertação da Palestina (OLP) organizou um jantar de confraternização com os brasileiros integrantes da missão. Mohmoud Esmaele, secretário executivo da OLP, assim com várias lideranças da frente política, conclamou solidariedade entre povos e governos pela democracia e contra qualquer forma de opressão.

Disse que “muitos passos ainda serão dados no caminho da conquista dos objetivos estratégicos, mas que a liberdade do povo palestino virá mais cedo do que se imagina”.

Da redação do Vermelho,
com informações de Galindo Luma, da 2ª Missão de Solidariedade ao Povo Palestino, de Jerusalém


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terça-feira, 23 de abril de 2013

Missão brasileira avalia ocupação israelense da Cisjordânia

Em percurso pela Cisjordânia nesta segunda-feira (22), a 2ª Missão de Solidariedade ao Povo Palestino de entidades brasileiras da esquerda visitou o campo de refugiados de Aida, administrado pela agência da ONU para refugiados palestinos, encontrou-se com o governador da província de Hebron, um microcosmo da ocupação israelense, e foi recebida pelo embaixador do Brasil para a Palestina em Ramallah, Paulo Roberto França. 


Por Moara Crivelente, de Ramallah para o Portal Vermelho


Missão brasileira visitou o campo de refugiados de Aida - Palestina
A 2ª Missão de Solidariedade ao Povo Palestino visitou o campo de refugiados de Aida. Na foto,
menção à Resolução 194 da ONU, que reconhece o direito palestino ao retorno à seus lares e
propriedades, e desenhos de palestinos detidos em prisões israelenses. Foto: Moara Crivelente
A missão teve a oportunidade de conhecer o campo de refugiados de Aida, onde a Agência da ONU de Trabalhos e Assistência aos Refugiados palestinos (UNRWA, em inglês) administra, através de Ibrahim Issa Abu-Srour, a vida dos palestinos que tiveram de deslocar-se quando Israel foi estabelecido como Estado, em 1948. São os chamados “refugiados de 48”, provenientes das diversas vilas ocupadas ou destruídas pelo sionismo.

A UNRWA é quase tão antiga quanto a própria ONU, e lida especificamente com o caso palestino, seja na Cisjordânia, Faixa de Gaza, ou nos países vizinhos que recebem refugiados, como Líbano, Síria e Jordânia.

Abu-Srour falou do funcionamento administrativo do campo de refugiados, onde hoje vivem cerca de 5.000 pessoas em edifícios sólidos, e em que há 6.000 palestinos no total. Aida, que é um dos campos de refugiados mais antigos, oficializado pela UNRWA em 1953, fica a sete quilômetros de Jerusalém, separado da região pelo muro segregador construído pelo governo de Israel entre 2001 e 2003, e é vizinho de um dos maiores assentamentos judeus.

O campo sofre das mais básicas privações, desde a constante falta de água e eletricidade até o desemprego, que chega a 25% da população. Ainda assim, Abu-Srour fala das atividades culturais, das duas escolas, dos cursos profissionalizantes e outras práticas realizadas e organizadas pela pelos próprios habitantes.


We will return, sanaud, voltaremos - Palestina - Palestine
O símbolo da luta dos refugiados é a chave das casas que tiveram que deixar e o mapa da Palestina, com os nomes das vilas de onde são os refugiados que vivem em Aida. “Nós voltaremos”, dizem, referindo-se às vilas e terras de onde foram expulsos, em grupos que chegam a 1 milhão de pessoas, entre 1948 e 1953, de acordo com Abu-Srour.

As principais funções da UNRWA no campo são o fornecimento de produtos alimentícios, educação e saúde. Segundo o responsável, há cerca de 1.500 estudantes na escola, da 1ª à 9ª série. Para completar os estudos, conta Abu-Srour, os jovens têm de deixar a região.

Hebron ocupada


A província de Hebron é um detalhe separado nas negociações entre Israel e Palestina. De acordo com o Protocolo de Hebron, assinado no fim da década de 1990, a cidade ficou dividida em H1, em que vivem palestinos, sob a administração palestina, e H2, sob a administração e o controle militar israelense, em que vivem cerca de 400 colonos judeus, protegidos por 2.000 soldados do exército israelense.

Há postos de controle militar dentro da cidade, entre os bairros. São 18 deles no interior, e 102 em toda a província de Hebron, para o acesso à cidade, que obrigam os palestinos a serem revistados frequentemente. Ainda assim, há ruas que eles não podem acessar de carro, e outras em que não podem sequer caminhar.

Kamil Hmeid, governador da província (a maior da Palestina, com cerca de 700.000 habitantes), em encontro com a missão brasileira, falou da importância da visita aos territórios, já que esta realidade não é conhecida. “Há animais nas fazendas que são melhor tratados que os palestinos”, disse.

O governador falou do trabalho do seu governo, que consiste em “tentar fazer com que a vida dos palestinos seja menos difícil, proteger as crianças que vão para a escola, consertar coisas que os colonos destroem. Isso faz com que não haja progresso; para onde vamos, sob ocupação?”

A violência dos colonos judeus contra os palestinos foi ressaltada, para além dos postos de controle militar. Vários exemplos do confronto entre os habitantes palestinos e os moradores dos sete bairros ocupados pelos colonos foram citados, ainda que o controle militar seja imposto aos primeiros.

Apesar disso, o governador e membros do Comitê de Revitalização de Hebron mostraram à delegação brasileira o trabalho que fazem na cidade, reformando e revitalizando casas, praças e mercados, incentivando os palestinos que deixaram a região pela insegurança a voltar, reabrir suas lojas e viver em Hebron. De acordo com o governo, o número de habitantes na cidade chegou a reduzir-se a algumas centenas, mas volta a aumentar consideravelmente com essas medidas.

Embaixada brasileira


Em encontro com Paulo Roberto França, o embaixador brasileiro em Ramallah desde novembro de 2012, a missão de solidariedade falou das atividades que vem realizando durante a viagem à Cisjordânia, dos pedidos que ouviu das entidades palestinas com que se encontrou e das propostas para um apoio ainda mais efetivo ao povo palestino.

O embaixador falou das atividades realizadas pela iniciativa brasileira na Palestina, para além do apoio político enfático dado ao reconhecimento de um Estado palestino observador não-membro na Assembleia Geral da ONU em 2012.

Assim como as entidades palestinas com quem a missão encontrou-se, o embaixador ressaltou o papel do Brasil na diplomacia e nas conversações com diversos parceiros internacionais para que a votação pelo reconhecimento da Palestina fosse massiva, como ocorreu: mais de 130 países votaram a favor, na ONU.

Além disso, França falou do mais recente caso de detenção de um garoto palestino e brasileiro, cuja mãe é brasileira. Majd Hamad, de 15 anos, era procurado pelas forças israelenses por ser suspeito de atirar pedras contra um soldado judeu, durante uma manifestação contra a violência de colonos contra um agricultor palestino.


Embaixador brasileiro em Ramallah Paulo Roberto França
O garoto apresentou-se ao centro de delegacia israelense para prestar declarações, e foi acompanhado da mãe e do diplomata brasileiro João Marcelo Soares, mas acabou ficando detido para interrogatório sem a presença de advogados, da mãe ou do representante brasileiro, e corria o risco de ser enviado à prisão militar Ofer.

Entretanto, devido à interferência da embaixada brasileira, Hamad seria liberado ainda nesta segunda-feira (22), de acordo com o embaixador.

Neste sentido, o fortalecimento das relações entre o Brasil e a Palestina foi ressaltado na reunião com os representantes das entidades brasileiras que integram a missão de solidariedade.

 Por isso, o grupo comprometeu-se com a expansão dos comitês de solidariedade, para a construção de propostas concretas, desde iniciativas fundamentais como o maior apoio aos brasileiros palestinos que vivem na Cisjordânia até itens mais estruturais da agenda política internacional, que fundamentem a libertação da Palestina com a oficialização do seu Estado independente e soberano.

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