quinta-feira, 27 de junho de 2013

Mohammed Assaf, o novo herói do povo palestino


Mohammad Assaf canta com a Kuffieh ou hata palestina

O povo palestino comemora seu novo herói, Mohammed Assaf, um jovem humilde, um refugiado palestino que ganhou o concurso mais popular do mundo árabe, o Ídolo Árabe.Com sua voz de “timbre de ouro” e  suas canções palestinas arrebatou as mentes e corações dos palestinos e de milhões do povo árabe.


Assaf, 23 anos, é da cidade de Khan Yunis na Faixa de Gaza que há seis anos encontra-se cercada por ar, mar e terra pelo exército terrorista de Israel, num bloqueio que sufoca sua população e eleva o grau de miséria e desemprego a níveis tão brutais que foram denunciados pela ONU, por vários países e entidades de direitos humanos em todo o mundo.

Antes do inicio do concurso em março de 2013, Assaf era pouco conhecido e sempre teve, desde a infância, a música e o canto como paixão. Cantava em festas de casamento e em ocasiões comemorativas.
Desde o inicio do programa, em março de 2013, foi aumentando a onda de parar tudo para assistir o jovem cantor a cada sexta-feira e sábado. Milhares se reuniam com bandeiras, fotos e telões em centenas de cidades e vilas palestinas. As comunidades palestinas ao redor do mundo também se mobilizaram em apoio ao cantor palestino.

Esse jovem cantor pouco a pouco foi ganhando o apoio das multidões palestinas e  árabes com sua bela voz, sua alegria contagiante, sua postura no palco, sua humildade, suas canções sobre o sofrimento e a luta do povo palestino. Um dos jurados do programa afirmou que um talento igual ao de Assaf só aparece a cada 100 anos.

Povo palestino comemora vitória de Mohammed Assaf no Arab Idol

Ele cantou a luta dos prisioneiros palestinos nos cárceres israelenses, cantou o sofrimento e a luta dos refugiados palestinos pelo seu direito ao retorno, cantou Jerusalém como capital do futuro estado palestino, cantou a luta do seu povo contra a ocupação e o apartheid israelense.Também cantou o amor e a vida, a nobreza dos seres humanos e seus mais belos sentimentos. Assaf mostrou que o povo palestino também dança e canta, tem uma milenar cultura e que celebra a vida com alegria. 

Na grande final do programa, no último sábado, Mohammed, além do premio como vencedor do programa, recebeu da ONU o título de Embaixador dos refugiados palestinos e o presidente palestino, Mahmud Abbas, através de seu representante enviado ao programa, entregou a Assaf o título de Embaixador da Boa Vontade a nível mundial. Abbas já havia oferecido apoio ao jovem Assaf e transmitiu aos embaixadores palestinos para que mobilizassem as comunidades palestinas em vários países para que apoiassem e votassem no candidato Assaf durante as etapas do programa Ídolo Árabe.

A mensagem revolucionária em forma de canto faz parte da luta popular desse povo magnífico que não se dobra, resiste e luta!

O povo palestino canta e luta, chora e dança, vive as dores e as alegrias.

De Yasser Arafat: "um povo que luta é um povo que canta!"

Parabéns Mohammed Assaf, parabéns Palestina!


Emir Mourad
Secretário Geral da Fepal
Federação Árabe Palestina do Brasil




Mohammad Assaf é consagrado vencedor doo Arab Ido

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Apresentações de  Mohammed Assaf no Arab Idol


1. Assaf canta ostentando o lenço palestino "Kuffieh",  consagrado por Yasser Arafat como símbolo da luta e resistência palestina




2. Penúltima apresentação onde apresenta sua famosa canção "Aalle alkufieh" :



3. Momento do anuncio da vitória e sua nomeação como Embaixador da ONU para os refugiados palestinos e Embaixador da Boa Vontade pelo Presidente da Palestina:



4. A última apresentação de Assaf após a vitória:




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Gaza e Cisjordânia celebram triunfo de jovem cantor palestino no "Arab Idol"

De voz marcante, Mohammad Assaf, nascido em Misrata (Líbia), mas residente em Khan Yunis, era o favorito à frente de seus adversários egípcios e sírios.

Na sexta-feira à noite, o júri e todos os palestinos se emocionaram com a interpretação de uma popular canção nacionalista, "Ally al-Kofiya" ("Levante o kefiye: o tradicional lenço palestino imortalizado por Yasser Arafat).

Leia a matéria no Yahoo! Noticias


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Jovem palestino vence 'Ídolos' árabe e ganha status de herói

Assita ao vídeo reportagem da BBC

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El ganador de Arab Idol, embajador de los refugiados palestinos

Leia a matéria na europapress

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Gaza recibe como un héroe al 'Arab Idol', el cantante que ha unido a los palestinos

Leia a matéria: Rtve.es


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Palestinos saem às ruas para comemorar vitória de cantor no Arab Idol

Leia a matéria: Opera Mundi


quarta-feira, 26 de junho de 2013

Nota de Falecimento - Embaixador Arnaldo Carrilho



NOTA DE FALECIMENTO


EMBAIXADOR ARNALDO CARRILHO -  1937 - 2013


Embaixador Arnaldo Carrilho no Forum Social Mundial Palestina Livre
Embaixador Carrilho na Conferência do Fórum Social Mundial Palestina Livre- Novembro/2013


Externamos nosso profundo pesar pelo falecimento do Embaixador Arnaldo Carrilho. Nossos sentimentos aos familiares e amigos desse homem que lutou com diplomacia e entusiasmo contra as injustiças e pela autodeterminação dos povos.

Primeiro embaixador do Brasil em Pyongyang, na Coreia do Norte, aos 72 anos, Carrilho teve 47 anos de carreira no Itamaraty, tendo passado 37 anos no exterior, sendo 12 no mundo islâmico e 10 na ásia. Abriu cinco postos: Jeddah, na Arábia Saudita, Berlim Oriental, Bissau, Praia, e Pyongyang. Além disso, serviu em quatro países comunistas: Polônia, Alemanha Oriental, Laos e Coreia do Norte. Antes de chegar a Pyongyang, Carrilho foi designado embaixador extraordinário junto à cúpula América do Sul – Países Árabes, uma iniciativa emblemática da lógica de cooperação sul – sul perseguida pela diplomacia nacional. Antes, ainda, em 2006, foi designado o primeiro representante do Brasil junto à Autoridade Nacional Palestina, em Ramalah.

Foi o primeiro embaixador brasileiro na Palestina de 2006 a 2007.

Nosso querido Embaixador sempre foi solidário, amigo e apoiador da luta do povo palestino por seus direitos ao retorno e autodeterminação.

Quando da morte, em 2008, do maior poeta palestino, Mahmud Darwish, recebemos do Embaixador Carrilho a seguinte mensagem:

“ Máhmude Deruíche vive! Para sempre! É próprio do destino dos que sofrem da doença-esperança. Vamos herdá-la, com vigor fortalecido. Abraço do Arnaldo C.”

Nossa eterna gratidão ao amigo do povo palestino.


Elayyan Aladdin - Presidente

Emir Mourad - Secretário Geral


Logomarca da FEPAL - Federação Árabe Palestina do Brasil


sexta-feira, 7 de junho de 2013

As crianças palestinas apanham como gente grande


crianças palestina são presas por Israel

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Anualmente, 700 menores de idade palestinos, entre 12 e 17 anos são presos pelo exército e a polícia de Israel na Cisjordânia e Jerusalém Oriental. Dá uma média de 2 por dia.



É o cálculo apresentado em recente relatório da UNICEF.

Vale até dezembro de 2012.

Neste ano, parece que esse número será maior. Segundo a Ong Defence por Child Inrernational, no primeiro trimestre, os israelense já tinham prendido 350 meninos, 17% a mais do que no mesmo período no ano passado.

Veja bem, a maioria desses meninos não era de delinquentes; seus crimes foram jogar pedras nos soldados ou veículos militares; distribuir panfletos, participar de manifestações ou pregar cartazes contra a ocupação; tentar atravessar as fronteiras da Cisjordânia; entrar em assentamentos judaicos; coisas assim.

Diz o relatório da UNICEF que os menores palestinos presos sofrem “o que representa tratamento ou punição cruel, desumana ou degradante, de acordo com os Direitos da Crianças e a Convenção Contra Torturas,” ratificados por Israel.

A UNICEF afirma ainda que esta violência “parece ser generalizada, sistemática e institucionalizada” durante a detenção, interrogatório, processo e eventual condenação e pena de prisão.

Comparando a situação dos meninos palestinos presos com a dos meninos israelenses, o relatório mostra que estes últimos são privilegiados.

Enquanto o menino israelense preso é levado a um juiz em até 12 horas, o palestino é obrigado a ficar esperando até 4 dias.

O israelense fica 2 dias sem poder chamar um advogado. Já o palestino só poderá chamar o seu num prazo de 90 dias. Isso se os policiais o avisarem de que tem direito a um advogado, coisa que não são obrigados a fazer.

O menino israelense pode ficar preso 40 dias sem acusação; o menino palestino, 60 dias.

Com 12 anos ou menos, o israelense não pode ficar detido até o dia do julgamento. Suas chances de absolvição antes do julgamento começar são de 80%. Já o palestino pode ficar preso durante 18 meses. E tem poucas chances de sair livre antes do julgamento: apenas 13%.

A lei de Israel não permite pena de prisão para meninos israelenses com menos de 14 anos. Sob as leis militares, meninos palestinos entre 12 e 14 anos não tem esse privilégio.

Estas informações do relatório da UNICEF foram confirmadas por uma comissão formada por 9 conceituados juristas ingleses, liderados por um ex-juiz da mais alta corte, sir Stephen Sadley.

Em estudo denominado “Crianças Sob Custódia Militar,” eles relatam as agressões físicas e verbais que as crianças palestinas sofrem quando presas.

E observam: “Cada ano, centenas de crianças palestinas ficam traumatizadas, às vezes irreversivelmente…e vivem sob risco constante de punições mais rudes no caso de voltarem a serem presas.”

Crianças confinadas em prisão solitária por longos espaços de tempo foi um fato constatado, o que, segundo o relatório, é considerado tortura pela Convenção dos Direitos da Criança, da ONU.

A justificação desta e das outras violências feita por um procurador militar, chocou os juristas ingleses: “Cada criança palestina é um terrorista potencial.”

A denúncia do que o exército vem fazendo contra as crianças palestinas foi feita também por soldados israelenses.

Eles criaram um movimento de veteranos, o “Quebrando o Silêncio” (Breaking The Silence).

Publicaram 850 relatos de soldados sobre ações violentas do exército israelense nos territórios ocupados.

Yehuda Shaul, ativista do movimento, informou que os documentos foram reunidos para mostrar a realidade do tratamento habitual imposto pelos soldados aos palestinos, particularmente crianças.

Um sargento de paraquedistas, que regularmente levava sob custódia meninos de 12/14 anos, por tentarem cruzar a fronteira com Israel, foi instruído a tratá-los não como crianças, mas como terroristas.

Ele também relatou um caso em que fez parte de um grupo de soldados encarregado de atirar com balas de borracha contra civis, à saída de uma mesquita. Caso alguma criança jogasse pedras neles, deveriam usá-las como escudos humanos.

“Você seguira o garoto, empurra sua arma contra o corpo dele. Ele não pode fazer um só movimento, fica totalmente petrificado. Apenas grita: no army, no army!”

Um veterano que serviu em Hebron, em 2010, conta como era o contato com as crianças palestinas presas: “Você nunca conversava com elas, elas sempre choravam, defecavam nas calças…”

Era o que acontecia muitas vezes:”Eu me lembro de ouvir o som delas evacuando nas calças…Eu me lembro, também,quando alguma urinava nas calças. Eu ficava indiferente a isso.”

Comentando esses fatos, Gerald Horton, da Ong Defense For Children International, declarou : “Não são incidentes isolados ou uma questão de umas poucas maçãs podres. É a consequência natural e previsível da política do governo.”

Leia-se: governo Netanyhau.

Falta alguém em Haia, no banco dos réus do Tribunal Criminal Internacional.


Publicado em 25/05/2013 no Olhar O Mundo

terça-feira, 14 de maio de 2013

Al Nakba: 65 anos da tragédia palestina

Os palestinos de Israel - Al Nakba

15 de maio de 1948: A guerra que não terminou

Vinicius Valentin Raduan Miguel*

Todos os anos, nesta data, é relembrado o que os árabes/palestinos chamam de Al'Nakba (A Catástrofe) ou o que os judeus-israelenses comemoram como a Guerra de Independência, quando o Estado de Israel foi criado.


Uma problemática acompanhou a criação do Estado de Israel: Israel é um projeto que prega a exclusividade étnica e lingüística de um grupo (judeu/hebraico) em detrimento de todos os outros. A questão posta nos anos iniciais da colonização era "como lidar com a população árabe que lá vivia?". A solução encontrada foi uma deliberada e metódica eliminação física e cultural dos povos tradicionais, uma prática que encontra seu conceito jurídico na definição de "limpeza étnica". Desta forma, no ano de 1948, 531 vilas, 11 áreas urbanas e 30 cidades foram totalmente destruídas. No total, aproximadamente 800.000 pessoas (mais do que metade da população na época) foram expulsas (1) formando a atual massa de quatro milhões de refugiados que habitam os países vizinhos.

Relembrar este dia é fundamental, pois marca uma data que tragicamente não terminou. A Guerra de 1948 não terminou por duas razões: (a) Israel se recusa a reconhecer o crime que cometeu e, desta maneira, aceitar as responsabilidades advindas de sua prática, como aceitar o retorno dos refugiados e/ou indenizar os sobreviventes expulsos de suas terras e; (b) o fator ideológico que motivou a guerra persiste. Em outras palavras, o projeto de Israel enquanto Estado sem árabes continua e a prática de limpeza étnica é um fantasma constante.

A analogia com o apartheid (2) é evidente: um Estado de brancos sem negros é inaceitável, mas um Estado de judeus sem árabes é permissível. Esta é a origem de todos os conflitos na região - muito além da concepção reducionista de embate apocalíptico-religioso em que uma aliança "Européia/Ocidental/Cristã" da "bondade" enfrenta os "malvados" "Orientais/Muçulmanos/Anti-Cristãos"3. Mas contestar esta prática racista é violência e a violência do fraco, mesmo que injustificada e em resposta a uma prévia violência, é terrorismo. Em contrapartida, a violência do poderoso se justifica e apresenta-se como legítima defesa!

Falar em enfrentamento entre Israel e Palestina esconde ainda outros problemas, não menos sutis. Mascara-se propositalmente que Israel é um Estado e a Palestina não existe enquanto tal. A Palestina persiste em um limbo jurídico definido como "territórios ocupados", uma condição em que a potência ocupante é responsável de fato pela administração. É sob estes fatos ignorados e falsificados pela mídia que é preciso entender os últimos acontecimentos na região, como a guerra em 2006 contra o Líbano e o recente massacre em Gaza, iniciado em dezembro de 2008.

Palestinos expulsos carregando seus pertenencias durante a Nakba, en 1948.
Foto: Fred Csasznik


A violência israelense, como todas as agressões colonialistas são desproporcionais. Na Guerra de 2006 contra o Líbano, por exemplo, são 44 civis israelenses mortos contra 1191 civis libaneses; na Guerra de 2008-2009 contra Gaza foram (3) civis israelenses contra 926 civis palestinos. Mas não só de nefastas estatísticas que se faz a desproporcionalidade. A cobertura histórica também é desproporcional e são poucas as menções feitas à tragédia árabe-palestina de 1948, contribuindo para seu "apagamento".

Neste sentido, a maior eliminação provocada por este verdadeiro crime de limpeza étnica foi a supressão do acontecimento da História, de maneira que ninguém sequer menciona este outro holocausto (4). Contra isso, celebrar o Dia da Catástrofe é lembrar. É um projeto educativo denunciando a limpeza étnica da Palestina como um projeto inacabado de Israel. Lembrar os métodos e práticas israelenses que se arrastam do passado até os dias de hoje devem servir para impedir que o plano de eliminação da Palestina se concretize. Repetindo o mantra que já nos acostumamos a ouvir: Nunca mais!

(1) PAPPE, Ilan. The ethnic cleansing of Palestine. Oneworld Publications, Oxford: 2007.

(2) Para mais informações, o website http://ApartheidNaPalestina.blogspot.com/ possui uma valiosa coletânea de artigos sobre o assunto.

(3) Não esquecer que existem outros grupos religiosos entre os palestinos, como cristãos
.
(4) Existem projetos de leis no parlamento israelense que buscam inclusive proibir manifestações lembrando o dia!


*Vinicius Valentin Raduan Miguel é cientista social pela Universidade Federal de Rondônia e mestrando em Ciência Política pela Universidade de Glasgow, Escócia.


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A limpeza étnica da Palestina e os mitos da criação de Israel


Assista a entrevista (legendada em português) com o historiador israelense ILAN PAPPE, onde discorre sobre como o sionismo, de forma planejada, executou e continua executando a limpeza étnica da Palestina: ocupação e roubo da terra, eliminação física e expulsão dos palestinos, apagamento da cultura e da história palestina. O mito da "guerra de defesa" de 1948. O mito que os palestinos abandonaram seus lares e terras. . A lógica sionista do massacre de Deir Yassin. O mito da democracia israelense. As perspectivas para o futuro.A perseguição que sofreu na Universidade Uma entrevista de um judeu que foi em busca da verdade e enfrentou todas as pressões com altivez e coragem.




Leia também:

O massacre de Deir Yassin e a limpeza étnica da Palestina


64 anos do Nakba: A limpeza étnica da Palestina e as responsabilidades ocidental e brasileira


A Nakba: A limpeza étnica e o nascimento de Israel



domingo, 12 de maio de 2013

Minha visita à Palestina: o genocídio de um povo

Tive a honra e o prazer de integrar a Segunda Missão de Solidariedade ao Povo Palestino que aconteceu entre os dias 18 e 24 de Abril, organizada pelo Comitê pelo Estado Palestino, articulação que reúne 70 entidades, entre as quais os maiores partidos da esquerda brasileira, as maiores centrais sindicais, o MST, organizações da juventude e demais movimentos sociais organizados.


Por Geraldo Galdino*


Tivemos a oportunidade de conhecer cidades, aldeias, povoados, nos reunimos com dezenas de entidades dos movimentos sociais e da luta pela resistência, conversamos com prefeitos, vereadores, governadores, dirigentes do governo, da OLP, e com os diversos partidos que compõe a frente que aglutina todos os setores que clamam por um Estado Palestino.


Brasileiros em missão de solidariedade na Palestina
A Segunda Missão de Solidariedade ao Povo Palestino esteve
na Cisjordânia em abril - Foto
Todos da delegação de 20 pessoas de vários estados tinham a compreensão de que aquele povo é vítima de uma das maiores perseguições da história mundial, mas nos contatos no dia a dia fomos tendo a dimensão real da tragédia que vitima aquele sofrido e pequeno país, muito maior e pior do que imaginávamos. Aquele sentimento de indignação que nos acomete quando assistimos aos filmes sobre o Holocausto foi nos tomando em cada relato, em cada depoimento, nas mostras de vídeos e fotos. Tudo isso nos deixava mais impressionados, mais chocados com os requintes de crueldade com que o governo judeu tenta exterminar um povo e ocupar completamente seu território. Curioso é que em cada reunião que participávamos a cobrança das lideranças era de que ao voltarmos ao país, nós denunciássemos amplamente o que vimos e assistimos, sabedores eles que a mídia internacional passa a imagem de que eles são os "terroristas" e que os judeus seriam as vítimas de perseguição, que "Israel tem direito de se defender" (como repete com frequência Obama, avalista e cúmplice da carnificina promovida por seus parceiros sionistas).

Para entrarmos na Palestina, vindos da Jordânia, nos deparamos com um denominado "check-point" (são cerca de 600 no país) onde assustadores judeus armados com fuzis promovem todo o tipo de constrangimento e provocações a quem tenta visitar o país. Tive a oportunidade de assistir a um judeu argentino humilhar uma senhora palestina que tentava atravessar a fronteira de seu país, umas das cenas mais deprimentes que vi na vida, demonstração cabal do racismo posto em prática contra um povo. O pior de tudo é assistir a isso e nada poder fazer, pois se alguém ousa protestar pode ser preso, acusado de terrorismo e passar o resto da vida na cadeia e nunca mais ter direito de ver a família. É assim que funciona por lá.

Tivemos a satisfação de visitar a bela cidade de Betúnia, onde reside uma comunidade brasileira. Lá fomos recebidos pelo prefeito, vereadores e tivemos a companhia do embaixador do Brasil num ato na prefeitura local. De lá seguimos para um almoço de confraternização num parque infantil onde ouvimos os hinos dos dois países. Bem do lado dessa cidade, em território palestino, existe uma prisão do exército judeu com cerca de mil presos - são mais de cinco mil presos políticos -, o maior do mundo. Todos eles são condenados sumariamente por um tribunal militar sem direito a defesa. Muitos vão morrendo por estarem doentes (impossibilitados de tratamento), outros nas sessões de torturas físicas e psicológicas, que incluem jovens de 12, 13 anos (aqui, texto sobre uma matéria publicada no jornal britânico The Independent, sobre o tema).

Conhecemos na cidade de Cobar dois ex-presos políticos que passaram mais de 30 anos detidos. Um deles conheceu os filhos na prisão - eles também foram presos por participarem de protestos contra a ocupação do país. Muitos jovens fazem questão de ser presos com objetivo de conhecer os pais na prisão. E são condenados a penas desproporcionais por jogarem pedras em soldados invasores (essa modalidade de "crime" é considerada pelo estado judeu como "terrorismo"). Neste pequeno lugarejo vimos cenas que nos deixaram perplexos. Em um vídeo mostrado pelas lideranças locais, os soldados judeus, como fazem em todas as localidades, invadiram a vila com um aparato de guerra gigantesco, assassinaram um jovem palestino com uma bomba no rosto, sequestraram uma criança (que depois vai ser torturada e obrigada e acusar alguém de "terrorismo"), espancaram mulheres, destruíram casas e agrediram com violência os que foram protestar contra a covardia. No geral é assim o dia a dia do palestino, coisas que nos fazem lembrar os horrores praticados por Hitler contra os judeus, que agora, em sua maioria, se calam ou apoiam a carnificina posta em prática por seus governos.

Estivemos em outra vila de nome Bilin, onde as lideranças locais promovem manifestações semanais contra a ocupação. No dia, houve uma partida de futebol em homenagem a um jovem que fora assassinado pelas forças de ocupação e logo depois alguns poucos jovens se concentraram em frente ao "muro da vergonha" ou "muro do apartheid", (com 800 quilômetros de extensão e ladeado por cercas elétricas) e jogaram pedras (uma forma simbólica da luta pela resistência) contra os soldados do outro lado do muro, todos eles devidamente protegidos e imunes às pedras. A resposta do exército sionista foi de cerca de 100 bombas de variados tipos, pimenta, lacrimogêneo, etc. (as armas criadas por Israel são testadas no dia a dia contra o povo palestino, cobaias da máquina de assassinatos dos sionistas). Delegações de várias partes do mundo se concentram no local para assistir à manifestação (inclusive judeus) e mesmo assim, sem qualquer constrangimento, uma brutalidade descomunal é a resposta do Estado terrorista de Israel. Do outro lado do muro, os colonos assistem e se divertem em uma espécie de "camarote" o poder de fogo de suas forças armadas.

A ONU decidiu em 1948, sensibilizada com o Holocausto, dividir o território palestino para abrigar os judeus (os colocando com 52% e deixando os palestinos com 48%). De lá para cá, ancorados num aparato de mortes avassalador e sempre apoiados e sustentados pelos EUA, eles foram ocupando pouco a pouco a parte que não lhe cabia (a metade palestina, que hoje só dispõe de cerca de 12% do que tinham na partição), desrespeitando todos os acordos e leis internacionais. Em todo esse processo ininterrupto deocupação ilegal, com reiterados massacres em massa dos nativos, milhões de palestinos partiram para o exílio (um número calculado atualmente em 6 milhões de pessoas, metade da população palestina).

A Palestina é proibida pelos invasores de ter portos e aeroportos (o que havia em Ramalah foi bombardeado e hoje é zona ocupada pelos sionistas). A água do país, que vem do famoso rio Jordão, é desviada para o território israelense e depois reenviada de onde veio e cobrada do povo. Isto é uma fonte permanente de chantagem, pois a qualquer momento eles reduzem ou cortam a depender da vontade do colonizador. Luz e telefone funcionam da mesma maneira.

Das dezenas de coisas revoltantes que vimos, uma me chamou a atenção por ser uma forma estarrecedora de crueldade. A Palestina, com uma economia frágil, por razões óbvias, tem na agricultura a fonte de renda e sobrevivência de grande parte da população. Lá, há mais de cinco mil anos se cultivam as oliveiras, fonte de produção do azeite de oliva, de qualidade indiscutível. Pois, passando de ônibus nas beiras das estradas, vimos uma vasta área de perder de vista, com todas as árvores arrancadas pelos colonos judeus protegidos pelo exército invasor. Como a religião judaica não permite que se arranque as raízes das plantas, eles deixam apenas um pequeno toco acima da terra. Em outros locais, vimos todas as plantações queimadas. Segundo matéria publicada no site da “insuspeita” revista Veja, somente entre janeiro e setembro de 2011, foram cortadas e queimadas 7.500 oliveiras pelos colonos judeus e desde 1967 foram mais de 800 mil (a matéria pode ser lida aqui).

Quando o nosso guia, um palestino absolutamente generoso e educado, nos informou que na cidade de Hebron tinha uma diferente modalidade de ocupação (os colonos ocupam a parte superior da casa dos palestinos e passam a residir no local), eu confesso que tive dificuldade de entender, supondo ser uma brincadeira. Não era. Vimos de perto. O Estado judeu recruta colonos mundo afora com salários de $7.500 mensais apenas para morar nas colônias. Em Hebron, eles ocupam os lados da cidade e também por cima, e lá de cima, jogam todos os tipos de dejetos nos palestinos embaixo, que usam redes para se protegerem da imundície arremessada pelos judeus.

Numa das reuniões que participamos, o governador de Jerusalém fez uma análise pertinente. Para ele, a política de Israel e das potências aliadas (EUA e União Européia) é de empurrar o povo palestino aos poucos para fora do país e no futuro aquela região ser totalmente dominada e controlada pelos sionistas, que imagina ser ali a “terra prometida, a "terra santa". Ele cita o exemplo de sua cidade, onde os moradores são proibidos de construir novas moradias (e quando constroem, o exército derruba), enquanto ao redor vão sendo construídas mais e mais colônias judias.

Para boa parte dos habitantes, especialmente os jovens no desemprego, em meio a esse cerco hediondo, o melhor é procurar alternativa em outros países, já que seu destino pode ser o cemitério. Um empresário palestino/brasileiro, sem esperanças, me disse em Ramalah que iria embora. Para ele, o futuro do país é ser ocupado integralmente pelos colonizadores assassinos. "Não temos como enfrentar o exército de Israel e os americanos juntos" disse desconsolado. É a política deliberada por Israel/EUA surtindo os efeitos desejados.

O escritor uruguaio Eduardo Galeano resume assim a atual situação:

Já resta pouca Palestina. Passo a passo, Israel está apagando-a do mapa. Os colonos invadem, e atrás deles os soldados vão corrigindo a fronteira. As balas sacralizam a pilhagem. O apetite devorador se justifica pelos títulos de propriedade que a Bíblia outorgou. Desde 1948, os palestinos vivem condenados à humilhação perpétua. Não podem nem respirar sem permissão. Perderam sua pátria, suas terras, sua água, sua liberdade, seu tudo. Israel é o país que jamais cumpre as recomendações nem as resoluções das Nações Unidas, que nunca acata as sentenças dos tribunais internacionais, que burla as leis internacionais, e é também o único país que legalizou a tortura de prisioneiros. Quem lhe deu o direito de negar todos os direitos? Ou essa luz verde provém da potência manda chuva que tem em Israel o mais incondicional de seus vassalos? Por acaso a tragédia do Holocausto implica uma apólice de eterna impunidade? O exército israelense, o mais moderno e sofisticado mundo, sabe a quem mata. Não mata por engano. Mata por horror.

No mesmo período em que estávamos lá, o craque jogador da seleção portuguesa, Cristiano Ronaldo, se recusou a trocar a camisa com jogadores da seleção de Israel alegando "não usar camisa de assassino".

Muitos palestinos falam que o que o país vem passando trata-se de uma “faxina étnica”. Alguns por lá comparam o sionismo ao nazismo. Galeano fala em “guerra de extermínio de um povo”. Não devemos duvidar: está em curso na Palestina uma política deliberada de expulsar/destruir uma população sem que nada seja feito pela “comunidade internacional”, essa associação de estados imperialistas que já invadiu e bombardeou outros países com o argumento cínico de “razões humanitárias”. Todos os amantes da paz, da liberdade e da autodeterminação dos povos devem apoiar a luta em defesa do Estado Palestino e contra o genocídio de seu povo.

Outras missões de solidariedade vão acontecer e todos estão convidados a conhecer esse pequeno e bonito país de uma gente maravilhosa, hospitaleira, que em que pese todo o sofrimento, resiste com altivez e perseverança.

Geraldo Galindo é presidente do PCdoB em Salvador (BA)

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Stephen Hawking recusa ir a Israel, em defesa da Palestina

Físico recusa convite para conferência patrocinada pelo Presidente Shimon Peres, apoiando boicote lançado por grupo acadêmico britânico.


Stephen Hawking recusa ir a Israel, em defesa da Palestina
Não é de agora o interesse de Hawking pelo destino
da Palestina Paul McErlane/REUTERS

Clara Barata 09/05/2013

O físico britânico Stephen Hawking vai boicotar uma conferência patrocinada pelo Presidente israelita, Shimon Peres, e faz questão de que se saiba que é por causa da Palestina. Em Israel, é a indignação; do lado dos activistas palestinianos, o júbilo: Hawking é o mais importante cientista a dar o seu apoio à iniciativa de um grupo de académicos britânicos que apela ao boicote de Israel.

A Universidade de Cambridge, no Reino Unido, onde Hawking é director de investigação do Departamento de Matemática Aplicada e Física Teórica, anunciou inicialmente que era por motivos de saúde que o cientista que associou o seu nome à radiação que provou ser emitida pelos buracos negros (antes pensava-se que nada escapava a estes gigantes que tudo devoram em seu redor) não iria à 5.ª conferência Enfrentar o Futuro 2013, de 18 a 20 de Junho, que este ano assinala também o 90.º aniversário de Shimon Peres.

Hawking, com 71 anos, tem uma debilitante doença (uma forma de esclerose lateral amiotrófica, que o imobiliza e o impede de falar sem ser graças a um programa informático ligado à sua cadeira de rodas). Mas a informação de que estava com problemas de saúde que o impediriam de fazer a viagem até Israel foi corrigida num segundo momento pelos serviços de imprensa: a decisão de Hawking “baseou-se em conselhos de académicos palestinianos de que deveria respeitar o boicote”.

O boicote em causa foi decretado pelo Comité Britânico pelas Universidades da Palestina (Bricup, na sigla em inglês), que divulga o apelo ao boicote de universidades e instituições culturais israelitas, lançado em 2004 em Ramallah por várias organizações palestinianas. Uma declaração publicada no site desta organização com a autorização do cientista explica que Hawking “decidiu de forma independente respeitar o boicote, baseando-se no seu conhecimento da Palestina, e no aconselhamento unânime dos seus contactos naquele território.”

Não é a primeira vez que Stephen Hawking toma uma posição a favor da Palestina, que visitou em 2006, no âmbito de uma viagem a Israel e a Ramallah, numa viagem organizada pela embaixada britânica em Israel. Em 2009, pronunciou-se contra a operação Chumbo Fundido, o ataque de três semanas de Israel contra Gaza, recorda o jornal britânico The Guardian. No canal de televisão Al Jazira afirmou que a resposta israelita aos tiros de rocket a partir de Gaza “era claramente desproporcionada”. “A situação é como a da África do Sul antes de 1990 e não pode continuar”, concluiu.

Da parte de Israel, este boicote de Hawking a uma conferência onde estarão nomes como o ex-presidente norte-americano Bill Clinton ou a cantora Barbra Streisand é incompreensível. “Esta decisão é injustificável e é errada”, disse Israel Maimon, o presidente da conferência.

Nas últimas quatro semanas, desde que foi anunciado o programa da conferência, com a presença de Hawking, o cientista tem sido bombardeado com mensagens de académicos britânicos e de outros países para que a boicotasse, diz o Guardian.

A campanha de boicote da Bricup está em pleno. Em Abril, o Sindicato Irlandês de Professores tornou-se a primeira associação de professores europeia a apelar ao boicote de Israel, e nos EUA a Associação de Estudos Asiático-Americanos decidiu em votação apoiar este boicote, tornando-se o primeiro grupo académico norte-americano a fazê-lo.

Se vários artistas britânicos já anunciaram a sua decisão de boicotar Israel – como Annie Lennox, Elvis Costello, Roger Waters, Mile Leigh ou Brian Eno, Stephen Hawking é o primeiro cientista de renome mundial a tomar esta posição. E a reacção no Facebook, por exemplo, foi feroz, com acusações de anti-semitismo e comentários a concentrarem-se nas suas limitações físicas – e no facto de a tecnologia da sua cadeira de rodas especial ter sido desenvolvida por uma subsidiária israelita da empresa norte-americana Intel.

Fonte: Publico




O físico Stephen Hawking boicota Israel - Charge de Latuff


terça-feira, 7 de maio de 2013

EUA e Israel: parceiros imperiais em mais um crime

Laços antigos permanecem. São dois países parceiros no império. A política oficial, nos dois casos, é a agressão. Planejam a ‘mudança de regime’, o golpe, na Síria. Dia a dia os eventos se encaminham para a intervenção armada total.



Obama e Netanhayu são parceiros estratégicos no império
Parceiros no império
O mais recente incidente, de ontem, foi manchete do New York Times: “Israel ataca a Síria. EUA analisam alternativas”. O texto dizia que “Funcionário não identificado do governo dos EUA disse que Israel atacou um alvo na Síria, na 5ª-feira à noite. (Washington) analisa (suas) opções militares, inclusive o ataque.”

Para a agência Reuters, “o ataque aconteceu na 6ª-feira, depois de o gabinete de segurança do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu aprovar, em reunião secreta na 5ª-feira à noite”.

Essas reuniões quase sempre sinalizam ação iminente. São feitas para formalizar a aprovação a mais um ataque.

A correspondente da rede CNN no Pentágono, Barbara Starr, disse que “EUA creem que Israel executou ataque aéreo à Síria, disseram à CNN dois funcionários do governo Obama. EUA e agências ocidentais de inteligência estão examinando dados secretos que mostram que é provável que Israel tenha atacado a Síria na noite de 5ª para 6ª-feira, segundo os mesmos funcionários. Há dados que já indicam que, no mesmo período de tempo, Israel movimentou várias aeronaves sobre o Líbano.”

Fonte não identificada do exército israelense disse que “faremos o que for necessário para deter a transferência de armas, da Síria para organizações terroristas. Já o fizemos no passado e faremos o que for necessário no futuro.”

Nada mais fácil que inventar pretextos. Washington e Israel sempre inventam pretextos para justificar crimes de guerra e crimes contra a humanidade.

Segundo o NYT, “o alvo não foi uma fábrica de armas químicas sírias.” O mesmo funcionário não identificado do governo Obama informou que um prédio foi atingido.

O jornal libanês Daily Star disse que “oito jatos israelenses violaram o espaço aéreo libanês no período de 14 horas, voando sobre grandes áreas do país, como anunciaram oficiais do exército.”

Todos os dias há jatos de Israel sobrevoando território alheio. Dessa vez foi diferente: os voos sobre o Líbano aconteceram “em grande altitude”. Começaram às 19h, hora local.

Dois jatos israelenses invadiram território libanês, à oeste de Sidon. Fizeram “manobras aéreas”. Partiram depois de quatro horas.

“Dez minutos” antes de partirem, “outros dois jatos de combate invadiram o espaço aéreo do Líbano, a oeste de Jounieh.” Fizeram manobras aéreas e retornaram a Israel depois da meia-noite.

“35 minutos depois da meia-noite, outra sortida de dois jatos que também invadiram espaço aéreo do Líbano”, perto de Beirute. Também executaram manobras aéreas. Partiram antes das 3h15 da madrugada.”

Às 6h da manhã, mais dois jatos israelenses sobrevoaram “todas as regiões do Líbano”. Partiram às 8h50.

Qualquer voo em espaço aéreo de nação estrangeira sem autorização viola a lei internacional. Israel faz exatamente isso, regularmente. O território libanês é violado praticamente todos os dias. São frequentes os sobrevoos de várias aeronaves. Em geral, são voos de reconhecimento. Outras vezes, atacam alvos em terra. Ou é guerra.

Matéria da agência Reuters diz, em manchete: “Israel confirma ataque à Síria e alega ter atingido mísseis do Hezbollah.”

No sábado, um militar israelense não identificado admitiu o ataque. A ideia de que visassem a atingir mísseis do Hezbollah é absolutamente sem sentido. (Adiante, mais sobre isso.)

A página DEBKAfile (DF), ligada ao Mossad israelense, publicou em manchete que “Força Aérea de Israel bombardeia fábrica de armas químicas sírias e outros alvos no Líbano, Golan”. O texto diz que os bombardeios foram feitos “do espaço aéreo libanês e do Golan, iniciados na 6ª-feira e continuados até a madrugada do sábado”. Segundo fontes dos EUA, “16 aeronaves da Força Aérea de Israel participaram da ação.”

“Algumas fontes dizem que o alvo dos ataques teria sido um comboio que transportava armas químicas para o Hezbollah”. Podem dizer o que queiram: nenhuma fonte israelense ou norte-americana tem qualquer credibilidade.

O mesmo DEBKAfile dizia que Washington forneceu a Israel “um vídeo demonstração” de sua bomba de penetração “aprimorada” (Massive Ordnance Penetrator - MOB).

Na 6ª-feira, o Wall Street Journal noticiou. Dizia que o Pentágono o fez “para combater o Irã”. A questão é atacar “suas [do Irã] instalações nucleares mais fortificadas e protegidas”. Fordow é muito bem defendida; todas as instalações são subterrâneas.

“Os militares dos EUA têm dito que o desenvolvimento dessa arma é fator crítico para convencer Israel de que os EUA podem impedir o Irã de construir bombas atômicas, caso a diplomacia falhe e que, assim, Israel não precisa atacar o Irã por iniciativa própria.”

Dia 3/5, Michel Chossdovsky escreveu que “a bomba de penetração MOP é apelidada “a mãe de todas as bombas”. O uso desse armamento inevitavelmente indicará guerra total contra o Irã, em cenário de escalada militar.”

Em outubro de 2009, “o Pentágono confirmou [sua intenção] de usar a ‘Mãe de Todas as Bombas’ [orig. ‘Mother of All Bombs' (MOAD)] contra o Irã. É fórmula para produzir baixas em massa. Uma versão ‘aprimorada’ só fará matar ainda mais.

Essas bombas de penetração, MOABs, “são as verdadeiras armas de destruição em massa, no verdadeiro sentido da expressão. O objetivo desse tipo de arma é provocar destruição em massa de civis, com o objetivo de implantar o medo e o desespero entre as populações civis.”

É possível que Washington planeje usá-las contra a Síria, com o mesmo objetivo. Os EUA trabalham para destruir nações-alvo, com premeditação. Tem sido assim desde o final da 2ª Guerra Mundial.

Hoje, as armas são muito mais poderosas do que antes. Têm potencial de destruição para matar todos os seres vivos sobre a Terra. E pode acontecer planejadamente, ou por acidente.

Ainda não há detalhes sobre os recentes ataques israelenses. E não é a primeira ação ilegal do Exército de Israel. Com certeza, não será a última.



Israel ataca a Síria em mais um crim
Israel ataca a Síria em mais um crime contra a soberania do pais
e o Dirieto Internacional

Em novembro passado, tanques israelenses atravessaram seis vezes a fronteira do Líbano, numa semana. Foram repelidos com mísseis antitanque e outras armas. Em fevereiro, jatos israelenses atacaram vários alvos sírios. Em todos os casos, alegaram ataques a comboios de armas e munições que viajariam da Síria para o Líbano.

A pergunta que ninguém faz é por que Assad enviaria munição e armas, de que precisa vitalmente, para o Líbano. Por quê?

Não faz sentido algum. Assad precisa de todas as suas armas. Se houvesse alguma verdade no que Israel diz, até Israel teria interesse em exibir provas. Não houve prova alguma.

Naquela época, DEBKAfile disse que Obama “deu luz verde a Israel”, para o ataque. O que comprovaria que Israel também opera nas guerras de Washington.

Israel e também a OTAN. Agressão direta, sem qualquer consideração à lei internacional é, há muito tempo, a política da aliança atlântica. Assim operam Israel e os EUA. Só as prioridades do império contam. Descartam a lei e todos os princípios  legais.

Guerra é meio de vida para esses países: os dois priorizam a guerra. São estados em guerra, estados de guerra e estados para a guerra. A Síria tem sido sistematicamente agredida. Pode já estar completamente destruída, antes do fim do conflito.

Os recentes ataques israelenses fazem subir as apostas em jogo. Vê-se claramente: de um lado, Israel exercita os ‘músculos’ militares. De outro, desafia a Síria a retaliar.

Se a Síria retaliar, disparará o gatilho da guerra total de intervenção, pelas forças de EUA-OTAN. É possível que Israel participe. Tudo pode acontecer, a qualquer momento.

Um porta-voz da embaixada de Israel em Washington, consultado, recusou-se a comentar o incidente da 6ª-feira.

Disse apenas que “Israel está decidida a impedir a transferência de armas químicas ou de qualquer tipo de armamento decisivo, da Síria para terroristas, especialmente para o Hezbollah no Líbano.”

Nada disso significa coisa alguma. É propaganda. Não há prova alguma de que a Síria possua, use ou esteja transferindo qualquer arma química.

Fabricam-se mentiras para aumentar a tensão. Tudo para empurrar a situação na direção de guerra total. Vê-se aí, bem clara, a imagem de uma Líbia 2.0. Pode começar a qualquer momento.

ATUALIZAÇÃO:

Na madrugada desse domingo, Israel bombardeou a Síria pela segundo dia consecutivo. Grandes explosões foram sentidas em Damasco, e seguiram-se grandes incêndios.

Washington e Israel são corresponsáveis por mais esse crime. À primeira vista, os ataques sugerem o início da intervenção em grande escala, na Síria. Ainda não se pode saber com certeza. Continuaremos acompanhando os eventos.


Tradução do coletivo Vila Vudu

Original em: http://mwcnews.net/focus/politics/26704-america-and-israel.html



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