terça-feira, 8 de julho de 2014

Os palestinos existem, sim

Em artigo na Folha de S.Paulo, juiz aposentado nega a existência de palestinos, uma estratégia equivocada e perigosa. 



Os palestinos existem, sim



por José Antonio Lima — publicado 07/07/2014



                                                                                                                                                                        
          Jaafar Ashtiyeh / AFP
Palestinos carregam o corpo de Yusuf Abu Zagher
Em Jenin, na Cisjordânia, em 1º de julho, palestinos carregam o corpo de Yusuf Abu Zagher, de 18 anos, morto por tropas israelenses. A violência voltou com força na região após o assassinato de três jovens israelenses.


No último mês, a tensão entre Israel e Palestina tem se acentuado. O assassinato de três israelenses e um palestino, este queimado vivo, gerou episódios de xenofobia, violência intercomunitária, e a escalada para um novo confronto entre as Forças Armadas israelenses e grupos militantes palestinos, como o Hamas, está à espreita.

Nesse contexto, surpreende que, deste lado do Atlântico, pessoas ainda fomentem certo tipo de ideia que, no limite, flerta com o racismo e, no mínimo, atrapalha a busca pela paz. Foi isso o que fez Flavio Flores da Cunha Bierrenbach, ministro aposentado do Superior Tribunal Militar, em artigo publicado na Folha de S.Paulo no domingo, 6.

No artigo intitulado Palestina, Bierrenbach afirma que “não existe povo palestino”, pois não haveria, “sob qualquer critério utilizado pelas ciências sociais”, uma “característica” que permita atribuir de forma “racional” a alcunha de “povo” aos palestinos. Segundo Bierrenbach, a criação do “povo palestino” é uma “jogada magistral de marketing” de Yasser Arafat, líder da Autoridade Palestina morto em 2004, que teria buscado um “território para exercer poder político” e abrigar grupos cujo “singular fator de unidade era e é o ódio a Israel”. Por fim, Bierrenbach iguala o antissemitismo, o racismo direcionado aos judeus, ao antissionismo, movimento de oposição à formação de um Estado israelense.

O texto de Bierrenbach parece ser produto de dois fenômenos – uma profunda ignorância a respeito da História e uma extensa influência do pensamento da extrema-direita israelense em seu raciocínio.

Há três grandes absurdos em negar a existência dos palestinos.

O primeiro deles é tratar como verdade o slogan “uma terra sem povo para um povo sem terra”, utilizado no fim do século XIX e início do XX por sionistas como argumento para estabelecer Israel. O slogan é notoriamente falso, pois a Palestina histórica, para onde migraram milhares de judeus após o Holocausto, não era uma “terra sem povo”. Era habitada, majoritariamente, por árabes. Segundo a ONU, após a Guerra de 1948, 700 mil refugiados árabes deixaram as terras que hoje são Israel. Em seu texto, Bierrenbach convenientemente esquece esses árabes e lembra apenas dos judeus que moravam na Palestina histórica.

O segundo absurdo é de ordem prática. Ao dizer que os palestinos são um povo “inventado”, Bierrenbach deslegitima o direito dos palestinos de terem um Estado e rompe com a alternativa amplamente consensual de que uma solução de dois Estados (um para os israelenses e outro para os palestinos) deve ser buscada. O consenso a respeito de dois Estados é tão amplo que até mesmo o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, é favorável a ele. Netanyahu assumiu essa posição publicamente em 2009, rompendo com a posição de seu partido, o Likud. Atualmente, a contrariedade à solução de dois Estados é minoritária entre setores moderados, mas majoritária em grupos radicais, como a extrema-direita israelense e o Hamas.

O terceiro absurdo da posição de Bierrenbach é que ela caminha na direção contrária ao estabelecimento da paz entre israelenses e palestinos. No passado, governos israelenses, notoriamente o de Golda Meir, defendiam a tese de que os palestinos foram “inventados”. O argumento era que, inicialmente, a luta na região foi travada entre judeus e árabes, e não entre judeus e um povo palestino específico. Ao longo do tempo, essa tese se tornou ultrapassada.

Para buscar a paz, houve o reconhecimento mútuo de que, assim como a identidade israelense foi forjada na luta para estabelecer um Estado judeu, a identidade palestina foi estabelecida na luta para a criação de um Estado palestino. Ao contrário do que Israel desejava, os árabes refugiados após 1948 não foram absorvidos por países vizinhos como Jordânia, Síria e Egito. Ao contrário, foram também hostilizados em um processo que ajudou a forjar a identidade palestina como a do povo espremido entre Israel e outros Estados árabes.

A argumentação de Bierrenbach é, assim, perigosa e equivocada. Como afirmou o historiador israelense Tom Segev, “não há pessoa inteligente hoje em dia que argumente sobre a existência da população palestina”. Como também afirmou Segev, as “nações são criadas gradualmente”, e o caso palestino é emblemático. Ao contrário do que afirma Bierrenbach, sobram provas no campo das ciências sociais para evidenciar a formação da identidade palestina: o processo histórico ocorreu integralmente no século XX, sob os olhares de todo o mundo, e foi amplamente documentado. A negação deste fenômeno serve apenas para propagar ideias nefastas e fomentar um clima de que a paz é impossível, fortalecendo os radicais dos dois lados e gerando mais violência.




Fonte: Carta Capital


sábado, 5 de julho de 2014

MÊS DO RAMADAN: SITUAÇÕES DE TRISTEZAS E ALEGRIAS



Mês do Ramadã: momentos de tristezas e alegrias



NESSE MÊS SAGRADO DO RAMADAN, MOTIVO DE ALEGRIA PARA TODOS OS ÁRABES E MUÇULMANOS NO BRASIL E NO MUNDO, ISRAEL CONTINUA SEUS MASSACRES E ASSASSINATOS CONTRA O POVO PALESTINO. CRIANÇAS PAGAM O PREÇO DA COLONIZAÇÃO, OCUPAÇÃO, EXPANSIONISMO E APARTHEID ISRAELENSE. ISRAEL CONTINUA A SUA ESTRATÉGIA HISTÓRICA DE LIMPEZA ÉTNICA DA PALESTINA. E OS GOVERNANTES ÁRABES MUÇULMANOS DO PETRÓLEO SILENCIAM, SE OMITEM.

NESSE MÊS SAGRADO DO RAMADAN, A REDE GLOBO INVESTE CONTRA O ISLÃ, OS MUÇULMANOS LIBANESES E A PRÓPRIA NAÇÃO LIBANESA. SEGUINDO SEU HISTÓRICO CONHECIDO DE PRECONCEITO, RACISMO E ANTIÉTICA EM RELAÇÃO AOS ÁRABES E AO ISLÃ, A DIREÇÃO DE JORNALISMO DESSA EMISSORA NEM SEQUER RESPEITOU O INÍCIO DO MÊS MAIS SAGRADO PARA TODOS OS MUÇULMANOS.

NESSE MÊS SAGRADO DO RAMADÃ, PARCELA IMPORTANTE DA POPULAÇÃO MUNDIAL E DA POPULAÇÃO BRASILEIRA VIVE MOMENTOS DE ALEGRIA POR OCASIÃO DA COPA MUNDIAL, EVENTO DE CONFRATERNIZAÇÃO ENTRE CULTURAS E POVOS. ENQUANTO ISSO, A SELEÇÃO PALESTINA DE FUTEBOL QUE TEVE JOGADORES ASSASSINADOS E IMPEDIDOS DE SE LOCOMOVER PARA TREINOS E COMPETIÇÕES, PEDE À FIFA QUE EXCLUA ISRAEL DE SEUS QUADROS POR CONTRARIAR O SEU ESTATUTO E SUAS REGRAS DE PARTICIPAÇÃO.

NESSE MÊS SAGRADO DO RAMADAN, OS JOGADORES DA SELEÇÃO DE FUTEBOL DA ARGÉLIA DOAM SEU PREMIO DE MAIS DE 20 MILHÕES DE REAIS AO POVO PALESTINO DE GAZA. ISSO É MOTIVO DE ORGULHO PARA TODA A NAÇÃO ÁRABE E MUÇULMANA E DEMONSTRA QUE A SOLIDARIEDADE É UM DOS GRANDES PILARES DE SUSTENTAÇÃO DA RESISTÊNCIA DO POVO PALESTINO EM SUA LUTA POR JUSTIÇA E LIBERDADE.
NESSE MÊS SAGRADO DO RAMADÃ, CHAMAMOS TODOS OS IRMÃOS E IRMÃS, AMIGOS E AMIGAS DO POVO PALESTINO, DOS ÁRABE E MUÇULMANOS, PARA QUE:

1-      DIVULGUEM E INFORMEM, ATRAVÉS DE TODOS OS MEIOS MIDIÁTICOS, AS BARBARIDADES, OS ASSASSINATOS, AS CRUELDADES E AS MENTIRAS QUE ISRAEL COMETE CONTRA O POVO PALESTINO E CONTRA A HUMANIDADE.

2-      BOICOTEM A REDE GLOBO JÁ!  ESSA EMISSORA TEIMA EM CONTINUAR SUAS INVESTIDAS, NÃO MUDA SEUS PADRÕES EM RELAÇÃO AOS ÁRABES E MUÇULMANOS.
NÃO VAMOS DAR AUDIÊNCIA! REFAÇAM SEUS HÁBITOS, MUDEM DE CANAL!

3-      TORÇAM PARA QUE O FUTEBOL CONTINUE SENDO UM EVENTO DE PAZ, CONFRATERNIZAÇÃO E ALEGRIA ENTRE POVOS E NAÇÕES. INCENTIVEM E TORÇAM PARA QUE O FUTEBOL PALESTINO POSSA SER LIVRE E PARTICIPAR NORMALMENTE DE TODOS OS EVENTOS NACIONAIS, REGIONAIS E INTERNACIONAIS.


QUE NESSE MÊS DO RAMADAN TODAS AS ENERGIAS E ORAÇÕES ESTEJAM VOLTADAS A JUSTIÇA E LIBERDADE PARA O POVO PALESTINO E TODOS OS POVOS DO MUNDO.


FEPAL - FEDERAÇÃO ÁRABE PALESTINA DO BRASIL
SECRETARIA GERAL



sexta-feira, 4 de julho de 2014

Seleção argelina anuncia que doará R$ 20 milhões a palestinos de Gaza

A seleção da Argélia, que jogou heroicamente na Copa do Mundo no Brasil, anunciou que doará os US$ 9 milhões (R$ 20 milhões) que recebeu de prêmio por alcançar as oitavas de final à população da Faixa de Gaza. Os palestinos do território densamente habitado enfrentam graves situações humanitárias e as consequências permanentes do bloqueio imposto há anos por Israel, com a maior parte da população vivendo em condições de pobreza.


Getty Images / AFP
Khan Younis- Faixa de Gaza, garotos levam a bandeira da Argélia.
Em Khan Younis, na Faixa de Gaza, garotos levam a bandeira da Argélia.
No muro, "Viva Argélia", junto com a bandeira da Palestina.
O atacante Islam Slimani, da seleção argelina, disse ao jornal britânico Daily Mail que os palestinos de Gaza precisam do dinheiro mais do que os jogadores, cujo time deixou a Copa do Mundo na segunda-feira (30/6), ao perder de 2 a 1 para a Alemanha.

Os argelinos voltaram para casa na quarta-feira (2), quando foram recebidos como heróis pelo desempenho nos jogos, em que a torcida também levantava frequentemente bandeiras da Palestina. Palestinos na Cisjordânia e na Faixa de Gaza também torciam pela seleção da Argélia, o único país árabe representado na Copa do Mundo.

De acordo com o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, os quase dois milhões de palestinos que habitam a Faixa de Gaza, um território de 360 quilômetros quadrados (com uma densidade habitacional de 5.046 pessoas por quilômetro quadrado), enfrentam também frequentes situações de punição coletiva, uma grave violação do direito internacional, principalmente quando o governo israelense decide lançar operações militares contra o que classifica de "alvos terroristas".

Foi o caso das operações Chumbo Fundido (entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009, com cerca de 1.400 palestinos mortos e grande destruição de casas e infraestrutura civil) e Pilar de Defesa (novembro de 2012, com mais de 160 mortes palestinas), além dos recentes bombardeios que também já mataram e causaram ferimentos, nas últimas semanas.

Questões como o empobrecimento acelerado e massivo da população de Gaza - onde cerca de 80% dos palestinos dependem da ajuda financeira da Agência das Nações Unidas para Assistência e Trabalhos para Refugiados Palestinos (UNRWA) e grande parte da juventude está desempregada - são reflexos do bloqueio israelense, que condiciona até mesmo a entrada de ajuda humanitária, além de impedir o desenvolvimento da economia interna e de subsistência, por exemplo, com ataques frequentes a pescadores e diminuição ilegal do espaço para pesca, importante atividade em Gaza.

Solidariedade histórica

As relações de solidariedade entre argelinos e palestinos são fortes e históricas. Desde a independência da Argélia, colonizada pelos franceses, em 1962, o país norte-africano é um dos mais firmes apoiadores da causa palestina e do chamado processo de paz, defendendo a autodeterminação do povo da Palestina. Além disso, vários palestinos também lutaram ao lado dos argelinos nas duras batalhas contra as tropas francesas, entre 1954 e 1962.

Uasser Arafat - Abu Ammar
A Argélia apoiou e recebeu a liderança da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) - como o ex-presidente Yasser Arafat - principalmente durante a década de 1970, enquanto ela ainda se dedicava à resistência armada contra a ocupação israelense e era classificada de “organização terrorista”.

O país norte-africano apoiou diversas ações palestinas no contexto do direito internacional contra a ocupação sionista e sediou eventos históricos importantes para a questão, como a 7ª Cúpula da Liga Árabe, em 1988, que focou no apoio à Primeira Intifada (levante palestino contra a ocupação), impulsionada um ano antes.

Foi também formulada em território argelino a Declaração de Independência da Palestina, ou Declaração da Argélia, em 15 de novembro de 1988, pelo Conselho Nacional Palestino, renunciando à violência e reconhecendo o direito de Israel à existência. O Conselho é um importante órgão da OLP, que completou 50 anos de luta e resistência em 2014.


Moara Crivelente, da Redação do Vermelho,
Com informações de agências de notícias e da emissora Al-Arabiya


Fonte: Portal Vermelho

sábado, 14 de junho de 2014

Ainda existe humanismo na defesa da Palestina, diz ídolo de Gaza


Desde a Faixa de Gaza, os jovens palestinos continuam lutando por sonhos, saltando o bloqueio e alcançando o mundo. É assim que Mohammed Assaf, o jovem cantor que venceu o concurso Ídolo Árabe, fez ressoar a voz e a causa do seu povo e chegou ao Brasil, onde cantou no Congresso da Fifa, às vésperas da Copa do Mundo. Nesta quarta-feira (11), Mohammed também falou da sua trajetória e do seu papel enquanto representante da juventude palestina.


Por Moara Crivelente, do Portal Vermelho


      Foto: Moara Crivelente / Portal Vermelho
Mohammed Assaf no Brasil
Mohammed falou da sua trajetória e do seu papel enquanto representante da juventude palestina.

Mohammed começou a cantar aos cinco anos de idade, logo após voltar à Faixa de Gaza com a sua família. O jovem nasceu refugiado, na Líbia, mas voltou para a sua terra e cresceu em Khan Younis, onde estudou nas escolas da Agência das Nações Unidas para Assistência e Trabalhos para os Refugiados Palestinos (UNRWA). Depois de enfrentar os obstáculos impostos pelo bloqueio israelense, Mohammed chegou aos testes do concurso "Arab Idol", que acabou por vencer em junho de 2013, levando a voz dos palestinos para outros cantos do globo.

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Na sede da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, em São Paulo, Mohammed contou, em um pequeno encontro com a imprensa, como se tornou cantor, falou sobre a sua apresentação no dia anterior, no 64º Congresso da Fifa e sobre a causa do seu povo e da sua terra, a Palestina. Um dos grandes sucessos de Mohammed é a música Ally Al-Kufiyyeh, do compositor iraquiano Jamal Al-Najjar, e que ele cantou aos 11 anos de idade, em 2005. “Ela se tornou quase um hino para os palestinos,” conta o jovem. “Não só na Palestina, ela é conhecida em todo o mundo árabe. Vejo isso porque, quando começo a cantá-la, o público continua e eu paro.”

Mohammed conta sobre a sua infância no território ocupado, os sonhos da juventude bloqueada e os planos que passam sempre, em primeiro lugar, pelos meios possíveis e pelos obstáculos a serem transpostos. “Pobreza,” diz ele, quando se refere à realidade do território completamente cercado e enclausurado. E os soldados estão sempre lá.

Em seus 24 anos de idade, Mohammed já viu períodos intensos da violência de Israel contra os palestinos: em 2008-2009, durante a Operação Chumbo Fundido, em que mais de 1.400 residentes de Gaza foram mortos – e houve denúncias não só da destruição disseminada, como também do uso de armas químicas como o fósforo branco em áreas habitadas – e durante a Operação Pilar de Defesa, que deixou quase 200 mortos, em 2012. Em ambos os casos, Mohammed conta ter perdido amigos e parentes.

“Todos viram como foi desumano e horroroso”, diz o jovem, que também lembra a Segunda Intifada (“levante” contra a ocupação), impulsionada no início dos anos 2000, “quando respondíamos com pedras” aos ataques israelenses. “Coisas que não se podem ver nem em filmes, eu vi, ao vivo”, enfatiza; “foi uma infância difícil, com pobreza, problemas políticos e uma vida quase inexistente. Mas apesar disso tudo, somos um povo que continua vivendo, continua existindo, com alegria.”


Mohammed Assaf agita a bandeira palestina

Mohammed cita um censo realizado pela Liga dos Estados Árabes segundo o qual o povo palestino é o que mais estuda, mais inventivo e destacado nas ciências, por exemplo. “Este é o segredo do povo palestino”, diz o jovem, “persistir.” Para ele, manter a esperança é fundamental, e declara, como mensagem aos jovens da sua idade: “Se há um objetivo, um sonho de chegar a algum lugar, o jovem precisa lutar até conseguir”.

O cantor empolga-se ao falar de música, mas ainda mais de futebol. Ele conta que é um jogador federado, arriscando palpites sobre a Copa: torcerá pela Argélia, único time árabe classificado, mas diz que o Brasil é certamente o favorito para vencer. Sobre sua apresentação no Congresso da Fifa, que já considera ter sido uma grande oportunidade, afirma, sem entrar em detalhes, que “contornos foram feitos” para que ele, enquanto árabe e palestino, não cantasse na abertura da Copa do Mundo no Brasil, como foi planejado antes.

Solidariedade à causa palestina

No contexto da crescente conscientização global sobre a situação dos palestinos, quase dois anos após o reconhecimento do Estado da Palestina por mais de 130 países, a Organização das Nações Unidas declarou 2014 como o Ano Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino. “Isso prova que ainda há humanismo na defesa dos direitos neste mundo”, diz Mohammed. O jovem ressaltou a importância do apoio à causa palestina e saudou, em mensagem de vídeo, a solidariedade do Comitê pelo Estado da Palestina, que agrega mais de 80 entidades brasileiras. Assista a seguir:







Apesar da maior presença na mídia mundial, após vencer o concurso, Mohammed ressalva, “continuo sendo palestino”, e continua sendo difícil tanto viver quanto sair de Gaza, apesar de algumas facilidades, desde que se tornou embaixador regional da juventude pela UNRWA. Ainda que apresentando o passaporte emitido pela ONU, Mohammed é interpelado, quando tenta deixar o território: “Mas você é palestino”, disse em uma das vezes o agente israelense no posto de controle da fronteira. “Há muitos que carregam este passaporte e limpam banheiros”, o soldado provocou.

“Força de ocupação, é força de ocupação”, afirma Mohammed. “É algo imundo, sujo, até as coisas belas e tranquilas a ocupação tenta aniquilar. Isso é natural para eles, estão acostumados com isso.” Por isso, diz o cantor, “deixo a ocupação com a minha música, porque a arte é uma mensagem civilizacional”.

Mohammed dá grande importância para o seu papel enquanto embaixador regional da juventude pela UNRWA. “Enquanto alguém que representa mais de cinco milhões de palestinos, esta é uma grande responsabilidade. Qualquer coisa relacionada à causa palestina me alegra muito.” O jovem participa de muitos congressos e reuniões com associações beneficentes para apoiar os palestinos e os trabalhos da UNRWA em educação, saúde e alimentação, uma assistência prestada há cerca de 70 anos. “Estou satisfeito em realizar este esforço, e continuo devendo, pois esta é uma missão enorme.”

A “justa causa” do povo palestino, continua o cantor, torna-se conhecida. “O mundo inteiro sabe dos problemas enfrentados pelo povo palestino, temos o direito de ter um Estado independente. De qualquer forma, queremos o que a comunidade internacional quer: conviver de forma pacífica, harmoniosa. Queremos nossa autodeterminação, viver em paz e em tranquilidade.” Mohammed também gravou mensagens de solidariedade e agradeceu, em vídeo, ao ativo Comitê pelo Estado da Palestina, brasileiro, pelo apoio à causa do seu povo.




Fonte: Portal Vermelho



domingo, 8 de junho de 2014

CARTA ABERTA À FIFA PEDE EXPULSÃO DE ISRAEL


Futebol Palestino Livre - Free Palestinian Football



2014 - Ano Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino


CARTA ABERTA À FIFA E AOS DELEGADOS DO SEU 64º CONGRESSO


Os árabes e seus descendentes no Brasil somam mais de 12 milhões, é uma comunidade ativa e que contribui desde o fim do século 18 para o progresso e desenvolvimento do Brasil. Essa laboriosa comunidade, integrada em todos os setores da sociedade civil brasileira, é solidária e apoia o direito nacional do povo palestino em estabelecer seu estado livre e independente conforme as resoluções da ONU e do Direito Internacional.



O Brasil e mais de 130 países reconhecem o Estado da Palestina e o povo brasileiro oferece demonstrações constantes de sua solidariedade com o povo palestino.



É inadmissível que a Palestina continue sob ocupação militar de Israel. É inadmissível que o esporte mais popular do mundo, que transmite valores de cooperação, paz e convivência pacifica entre os povos, seja vítima dessa ocupação militar. O povo palestino, o futebol palestino e seus atletas não devem ser vítimas da ocupação israelense!



A Delegação da Federação Palestina de Futebol chegou ao Brasil para participar do 64º do Congresso da FIFA em São Paulo (dias 10 e 11 de junho em São Paulo), tendo a frente o seu Presidente Jibril Rajub e jogadores da Seleção Palestina de Futebol.



A Delegação palestina irá fazer um relato aos delegados do Congresso sobre as infrações, transgressões e violações que Israel comete em relação aos direitos humanos, tais como o uso de armas de fogo para ferir gravemente os atletas, o bombardeio a centros esportivos, as detenções arbitrárias, as humilhações em postos de controle militar e a interrupção de jogos e treinos à força.



Por essa vergonhosa, ilegal e brutal ação que Israel comete com o futebol da Palestina e seus atletas é que solicitamos ao Presidente da FIFA, Senhor Joseph S. Blatter, aos seus Diretores e aos delegados do 64º Congresso que:



1-      Escutem e apreciem com a devida atenção a Delegação Palestina presente ao Congresso que apresentará um relato sobre as violações israelenses;



2-      Envidem os esforços necessários, de acordo com o regimento interno da FIFA e seus estatutos, para que Israel seja devidamente punida pelas violações que comete.



Não ficaríamos surpresos caso a punição seja a IMPUGNAÇÃO DE ISRAEL DOS QUADROS DA FIFA.




Assinam:




Aziz Jarjour - Presidente da FEARAB BRASIL – Federação de Entidades Árabes do Brasil



Elayyan Aladdin – Presidente da FEPAL – Federação Árabe Palestina do Brasil





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Coletiva de imprensa com a Seleção Palestina de Futebol sobre violações de Israel

Uma comissão esportiva enviada ao Brasil pela Autoridade Palestina estará no Brasil para pedir a impugnação de Israel durante o Congresso da Fifa, que acontece entre os dias 10 e 11 de junho, em São Paulo. Opresidente da Federação Palestina de Futebol, Jibril Rajub, e jogadores daseleção palestina oferecerão uma coletiva de imprensa prévia ao evento paraapresentar aos jornalistas as denúncias das constantes violações dos direitoshumanos cometidas contra os atletas.


Segundo os esportistas, as ações violentas do exércitoisraelense nos territórios ocupados da Cisjordânia e de Gaza são um totaldesrespeito dos direitos básicos previstos nos estatutos da Fifa e da CartaOlímpica.


A delegação pretende mostrar alguns dos exemplos dastransgressões sofridas pelos jogadores, dentre elas, as detenções arbitrárias,o bombardeio a centros esportivos, as humilhações em postos de controlemilitar, a interrupção de jogos e treinos à força e o uso de armas de fogo paraferir gravemente os atletas.

A reunião será no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (SJSP),na Rua Rego Freitas, 530, sobreloja, às 14h.

Informações adicionais:

Coletiva de imprensa Seleção da Palestina

Data: 09/06/2014

Endereço: Rua Rego Freitas, 530 - Auditório Vladmir Herzog

Horário: 14h



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The Arrival of General Jibril Rajoub to Sao Paulo This Morning, General Rajoub said that: " This is the time for FIFA to raise the Red Card for Israel" . It was a great moment because all the people in the airport because all the people sharing us this event and show the Brazilians Solidarity with Palestine (VIVA Brazil, VIVA Palestina )


O presidente da Federação Palestina de Futebol, Jibril Rajoub, declarou aos jornalistas durante a sua chegada ao Brasil (07/6) no Aeroporto de São Paulo: "É hora da Fifa erguer o cartão vermelho para Israel". O Presidente agradeceu a calorosa recepção e a solidariedade dos brasileiros com a Palestina.



Presidente da Federação Palestina de Futebol, Jibril Rajoub

sábado, 7 de junho de 2014

Refugiado da Palestina canta na abertura do 64ª Congresso da FIFA em São Paulo

Mohammed Assaf se apresentará na abertura do encontro, que reunirá federações nacionais de futebol nos dias 10 e 11 de junho na capital paulista. Ele é ganhador do reality show Arab Idol.


Palestino, Mohammed Assaf canta na abertura da copa FIFA 2014


Vencedor da segunda edição do “Arab Idol” – versão dos países árabes do popular reality show americano “American Idol” – o palestino de 24 anos Mohammed Assaf, virá ao Brasil para se apresentar na 64ª de abertura do congresso da FIFA, que acontece em São Paulo no dia 10 de junho. Assaf é o primeiro cantor árabe a participar em um evento mundial da FIFA.

Filho de pais palestinos, Assaf nasceu na Faixa de Gaza e, quando tinha quatro anos, sua família se mudou para o campo de refugiados de Khan Yunis.

A vitória de Assaf no “Arab Idol” causou grande emoção no Oriente Médio. Milhares de palestinos foram às ruas em comemoração pela conquista do jovem refugiado na competição internacional. Antes de se tornar um sucesso, Assaf cantava em festas de casamento. Agora, com concertos organizados em várias partes do mundo, e seus vídeos vistos por milhões de pessoas, ele se tornou um ídolo para os palestinos.

Por sua história de vida e a força de suas músicas como forma de expressão artística e representação dos refugiados da Palestina, em junho de 2013, Assaf aceitou o convite para ser o embaixador da Juventude da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) e gravou uma música especialmente para a Agência.

Leia sobre  Mohammed Assaf, o novo herói do povo palestino


A música que Assaf tocará no evento da FIFA – intitulada Assaf 360 – foi produzida especialmente para a ocasião por Rodney “Darkchild” Jerkins, mundialmente conhecido por seus trabalhos com Michael Jackson, Mariah Carey e Whitney Houston. Os produtores libaneses Michel Fadl e Walid Al Fayed também colaboram na produção musical, bem como o letrista Nizar Francis. A composição mistura vários gêneros musicais e a letra fala sobre esperança, juventude e união.

A música faz parte da campanha “Give for Food” (Doe para a alimentação), da UNRWA, que tem por objetivo levantar fundos para ajudar aproximadamente um milhão de refugiados da Palestina na Síria, no Líbano, na Jordânia, na Cisjordânia e em Gaza. Para participar da campanha basta baixar o tema via Anghami+ ou iTunes. A renda desses downloads será 100% direcionada para a campanha.

Assista ao vídeo no youtube: http://youtu.be/y7Iiu1DvApg
Durante sua curta estadia em São Paulo, Assaf vai também se encontrar com os diretores da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, uma instituição que já apoia a UNRWA por meio de campanhas de arrecadação de fundos no Brasil, em apoio aos serviços de saúde oferecidos pela Agência.

A UNRWA proporciona assistência para cerca de 5 milhões de refugiados da Palestina na Jordânia, no Líbano, na Síria, na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, onde o jovem Mohammed frequentou a escola.


Mais informações:

Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio)

Valéria Schilling e Gustavo Barreto

(21) 2253-2211 e (21) 98202-0171 | (21) 98185-0582

unic.brazil@unic.org | valeria.schilling@unic.org | barretog@un.org


Fonte: ONU BR


terça-feira, 27 de maio de 2014

Papa Francisco atrai atenção à ocupação israelense da Palestina

A visita do Papa Francisco a Israel e à Palestina gerou entusiasmo. Para os que esperavam que ele se posicionasse contra a ocupação israelense e às violações dos direitos dos palestinos, o Papa não poderia ter sido mais literal e emblemático: prostrou-se diante do muro que representa a segregação, construído por Israel para cercar a Cisjordânia, e rezou.


Por Moara Crivelente, da Redação do Vermelho



Papa reza no Muro do Apartheid e da Vergonha contruido por Israel
A parada diante do muro da segregação – que continua confiscando terras
palestinas e deve atingir 800 quilômetros e oito metros de altura em grande
parte da sua extensão,mais alto que o muro de Berlim – foi um recado claro.
Enquanto visitava os locais sagrados em Jerusalém, nesta segunda-feira (26), último dia da viagem que começou no sábado (24), o Papa instou cristãos, judeus e muçulmanos a trabalharem juntos pela paz. Ele visitou o recinto da importante mesquita Al-Aqsa e o Muro Ocidental judeu, também conhecido por "Muro das Lamentações", que teria feito parte do Templo Judeu, destruído pela segunda vez no ano 70 d.C pelos romanos.


Enquanto guiava o Papa pela mesquita Al-Aqsa, o xeique Mohammad Hussein entregou uma carta que denuncia o sofrimento dos palestinos e o tratamento aos locais sagrados islâmicos e cristãos em Jerusalém, que passa por um processo de "judaização" amplamente denunciado. O xeique também abordou os efeitos destrutivos do muro que o governo israelense constrói desde 2002 para cercar os palestinos, pedindo o fim da ocupação, a paz e a segurança para todos.

O Papa Francisco surpreendeu os que o seguiam, enquanto passava pelo muro próximo a Belém, que fica na Cisjordânia palestina. O representante da Igreja Católica e do Estado do Vaticano pediu uma parada inesperada e aproximou-se para rezar. Para Ualid Rabah, diretor de Relações Institucionais da Federação Árabe Palestino-Brasileira (Fepal), a ocasião é oportuna para a divulgação do que é, para os palestinos, o seu “Muro das Lamentações”.

Francisco havia dito que a sua visita de três dias, iniciada pela Jordânia, não teria caráter político, enquanto grupos extremistas judeus atacaram locais cristãos. Mas em seu discurso, o Papa condenou o antissemitismo, a intolerância religiosa e aqueles por trás dos conflitos no Oriente Médio, de acordo com a agência palestina de notícias Maan. “Trabalhemos pela paz” disse ele, em Jerusalém, mas o pontífice não se deteve nas declarações gerais.


Papa Francisco é recebido pelo presidente Mahmoud Abbas
Papa Francisco é recebido pelo presidente palestino Mahmoud Abbas
em Belém. Foto: Palestine News Network (PNN)


A parada diante do muro da segregação – que continua confiscando terras palestinas e deve atingir 800 quilômetros e oito metros de altura em grande parte da sua extensão, mais alto que o muro de Berlim – foi um recado claro. Ainda assim, o Papa convidou os presidentes de Israel e da Autoridade Palestina para rezarem com ele no Vaticano pelo fim de um conflito “cada vez mais inaceitável”.

Para alguns observadores, a oportunidade de mediação foi lançada. Meses depois da retomada de mais um episódio em um “processo de paz” ineficiente, que só tem o aumento da ocupação como resultado, o posicionamento do Papa retoma a proposta: é preciso um mediador alternativo, já que os Estados Unidos mostram-se claramente tendenciosos em sua negligência face às violações israelenses dos direitos humanos palestinos.

O presidente palestino Mahmoud Abbas e outras autoridades receberam o Papa no domingo (25), quando ele chegou a Belém. Ambos pediram a paz na região e as garantias de justiça e dignidade para os palestinos e israelenses. Abbas também disse que saudaria as sugestões do Papa para a resolução da questão e garantiu que continua disposto a retomar a diplomacia com Israel.


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sábado, 17 de maio de 2014

Nakba: palestinos marcam 66 anos de exílio, ocupação e resistência

Os palestinos marcam, nesta quinta-feira (15), o Dia da Nakba, a Catástrofe. São 66 anos desde a criação do Estado de Israel, baseado na ideologia colonialista, fundada sobre um nacionalismo religioso artificial que forçou centenas de milhares de árabes ao exílio e à morte, inaugurando um longo período de ocupação militar e opressão. O Portal Vermelho conversou sobre a Nakba com representantes palestinos e do movimento judeu contra o sionismo.

Por Moara Crivelente, da Redação do Vermelho

Palestinos se manifestam no dia da Al Nakba
Como parte do memorial, vários grupos participaram de marchas pelas ruínas de vilas destruídas durante a colonização israelense, na Cisjordânia palestina, na última semana. Nas manifestações desta quinta-feira (15), fontes locais denunciaram a morte de dois palestinos pelas forças israelenses. Muhammad Audah Abu al-Thahir, de 22 anos, e Nadim Siyam Nuwarah, de 17, ambos de vilas próximas à sede administrativa da Palestina, a cidade de Ramallah, foram atingidos com munições letais no peito, uma amostra da fatalidade da repressão contra os palestinos em suas próprias terras.

Cerca de 530 vilas (embora apenas 418 tenham sido oficialmente registradas) foram arrasadas por grupos sionistas de atuação terrorista, organizados principalmente contra a gestão britânica, enquanto potência colonial na Palestina, até 1947. Por isso é que, para os israelenses, o motivo de comemoração foi o evento que caracterizam como uma vitória contra as tropas britânicas durante a Guerra de 1948 e a “independência de Israel”, após os episódios que mudaram significativamente o mapa da região.

Assim, uma das principais bandeiras levantadas pelos palestinos é a do direito dos refugiados ao retorno - luta da qual o maior símbolo são as chaves guardadas, de casas em grande parte já destruídas - conforme previsto pelo direito internacional e, especificamente, pela resolução 194 da Assembleia Geral das Nações Unidas, de dezembro de 1948.

Numéros da Al Nakba, a catástrofe palestina


A criação do Estado de Israel foi um grande projeto colonizador impulsionado desde a Europa, assentado na ideologia sionista, que foi propagada no fim do século 19. Esta é a conclusão de diversos estudiosos, inclusive historiadores judeus (Ilan Papé, Shlomo Sand e muitos outros) e palestinos, como o acadêmico Edward Said. Não foi novidade, neste caso, o uso da religião ou das diferenças identitárias enquanto ferramentas mobilizadoras para o objetivo político de colonização.

Em documento divulgado pelo Departamento de Assuntos das Negociações da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), por ocasião da Nakba, estima-se que cerca de 800 mil pessoas – ou quase 67% da população, em 1948 – foram expulsas das suas terras, tornando-se refugiadas. “Até os dias de hoje, Israel ainda não reconheceu a sua responsabilidade pelo papel que desempenhou na criação e perpetuação da Nakba,” elaborada especificamente através do chamado Plano Dalet, pela milícia sionista Haganah, de acordo com o documento da OLP, após a resolução das Nações Unidas sobre a partilha da palestina, aprovada em 29 de novembro de 1947. Aproximadamente 15 mil palestinos foram mortos nas operações de “limpeza” de locais como Jerusalém e a cidade de Jaffa, além de centenas de vilas.

Rabino Dovid Feldman da "Judeus Unidos Contra o Sionismo"

Instrumentalizar a religião



O rabino Dovid Feldman, da organização "Judeus Unidos Contra o Sionismo", disse ao Vermelho que as elites sionistas “interpretam falsamente” seus textos religiosos para justificar as suas agendas. Os sionistas, disse o rabino, “lançaram uma guerra para tomar a terra e expulsar os palestinos. Os judeus acreditam em justiça, decência e respeito propriedade alheia. Os sionistas roubaram a terra dos palestinos e construíram seu Estado sobre ela.” Além disso, os colonos que se instalam ilegalmente nos territórios palestinos “também usam o judaísmo para aprofundar seus crimes,” continua.
 O rabino comentou sobre os judeus ortodoxos que ainda não são obrigados a servir o Exército israelense, uma questão em intenso debate atualmente, no país. Para ele, a busca por integrar a comunidade ortodoxa à conscrição é uma tentativa de emprestar maior caráter religioso ao Estado de Israel. 

“Estas são as formas com que os sionistas usam o judaísmo para se legitimarem. Assim, expulsam os palestinos porque almejam um Estado judeu, mas a terra em que o estabeleceram, em 1948 (quase 80% da Palestina) tinha mais árabes do que judeus. Com uma maioria de árabes, como poderiam estabelecer um Estado judeu?”

“Esperamos pelo dia em que esse estado chegue a um fim pacífico, quando todos os palestinos sejam livres para retornar aos seus lares e judeus e árabes vivam novamente como vizinhos na Palestina e em todo o Oriente Médio, como fizeram há séculos.”
 

Abdallah Abu Rahma, coordenador da luta popular da vila da Bil’in

Resistência e luta pela libertação


Abdallah Abu Rahma, coordenador do comitê de luta popular da vila da Bil’in, também explicou ao Vermelho o esforço de resistência dos palestinos em suas terras, contra a expansiva ocupação israelense.

“A violação do direito internacional humanitário é exemplificada pela construção do Muro de Apartheid e a política de confiscação das nossas terras para a construção de colônias”, disse Abu Rahma. O coordenador refere-se ao projeto de um “muro de segurança”, como denominado pelo governo israelense, que, quando completo, deve alcançar cerca de 800 quilômetros de extensão, com oito metros de altura, engolfando porções significativas da Cisjordânia palestina. O comitê popular realiza protestos semanais contra o muro, quando também denuncia a repressão israelense, que lança bombas de efeito moral e detém ativistas com violência, muitas vezes de forma arbitrária e com acusações vagas.

 O projeto foi do muro lançado em 2002 e a construção já alcançou cerca de 700 km, mas foi detida por alguns períodos devido à pressão de grupos como o comitê popular de Bil’in, que contestou na justiça a captura de 58% da área da vila, reduzindo a perda a 28% do território, por decisão emitida em 2007, acatada em 2011.

“Até agora, são contínuas as violações de Israel, com a morte de civis e a detenção de crianças e mulheres, além dos ataques dos colonos aos agricultores, às mesquitas, às propriedades. Por tudo isso, continuamos lutando para deter a ocupação e as violações, através da nossa resistência não violenta.”



Embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Al-ZebenSolidariedade e dignidade


 Durante um recital de poesias em homenagem ao povo palestino, organizado pelo Comitê pelo Estado da Palestina (CEP) em São Paulo, nesta quarta-feira (14), o embaixador Ibrahim Al-Zeben, que representa a Palestina no Brasil, disse ao Vermelho: “São 66 anos em que a chama da luta pelo direito seguirá acesa, neste ciclo que foi interrompido com a criação do Estado de Israel e a sua negação à criação do Estado palestino, conforme definido pela ONU há 67 anos,” em 1947.
“Para nós e para todos os que lutamos pela justiça, com o tempo, a ocupação e a arbitrariedade de Israel não impede o nosso povo de continuar fazendo todo o possível, tudo o que está ao seu alcance para recuperar o seu direito a uma vida em território pátrio,” afirmou. 

Israel, continuou o embaixador, “fez tudo o que pôde para impedir que a identidade palestina seja restaurada. Com isso, ocupou territórios, cometeu massacres, destruiu vilas, assassinou líderes, mantém presos mais de cinco mil lutadores pela liberdade, armou um Exército visível e invisível em todo o mundo, para impedir que o povo palestino não seja reconhecido.”

“Mas a força da justiça e do direito está vencendo, lentamente. Estamos conquistando aqueles espaços que nos correspondem. O que marca, realmente, é o fato de termos que esperar 66 anos para alcançarmos isso. O preço tem sido muito elevado, com o impacto nacional, com a destruição das nossas bases socioeconômicas, enfim. Pagamos um preço alto, mas a luta é esta. Cabe a nós, como palestinos, enfrentar este fenômeno, o mais desastroso dos séculos, me parece: a limpeza étnica.”

Por outro lado, o embaixador saudou, em discurso no evento do CEP, a solidariedade crescente à causa palestina, especialmente no Brasil. Al-Zeben garantiu: “o povo palestino está confiante de que o futuro nos pertence. A paz será alcançada e esperamos que seja o mais breve possível, para evitar mais derramamento de sangue, mais desperdício de energias nacionais, tanto dos palestinos quanto dos povos árabes, dos nossos amigos em todo o mundo e também do povo israelense, que se dedica a uma posição de guerra que só leva a mais destruição.”

Quantos e onde estão os refugiados palestinos
O embaixador ressalta, entretanto, o impacto generalizado sobre o povo palestino, “que paga muito mais caro” pelo estado das coisas. “Estamos sem pátria, sem paz, sem bases socioeconômicas, vivemos sob ocupação, perseguidos, presos. Esperamos poder recuperar nossa dignidade, nossa unidade nacional e o direito ao retorno. É absurdo e desumano continuarmos vivendo em campos de refugiados, em que alguns já o são pela quarta vez, como os da Síria, do Iraque ou do Líbano. Ao longo desses 66 anos, os palestinos viveram um refúgio atrás do outro e esta agonia precisa terminar, temos de recuperar os nossos direitos a uma vida digna, em conjunto com todos os povos da região.”

 No documento divulgado pelo Departamento de Assuntos das Negociações, a OLP também afirma que a Nakba “é uma história contínua de deslocamento, destituição e exílio. Israel precisa reconhecer a sua responsabilidade na criação e a perpetuação da questão dos refugiados. A Nakba continua a ser uma realidade para o povo palestino, e a sua negação por Israel não fará seus efeitos desaparecerem: apenas uma paz justa baseada no direito internacional pode curar as feridas abertas há 66 anos.”




  

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