terça-feira, 26 de maio de 2015

Papa canoniza freiras da Palestina e diz que Abbas é um “anjo da paz”

17/05/2015 – O OUTRO LADO DA NOTÍCIA – por Osvaldo Bertolino

Mahmoud Abbas assisti a canonização das Santas da Palestina




O papa Francisco canonizou, neste domingo, duas freiras. As irmãs Mariam Bawardy e Marie Alphonsine Ghattas estavam entre as quatro freiras tornadas santas hoje em uma missa na praça de São Pedro, no Vaticano. O presidente palestino, Mahmoud Abbas, e cerca de 2.000 peregrinos da região, alguns segurando bandeiras palestinas, presenciaram a canonização das primeiras santas da Terra Santa desde os primeiros anos do cristianismo.

Segundo Francisco,  Mahmoud Abbas é um “anjo da paz”. O papa o presenteou com um medalhão e explicou que este representava o anjo da paz “destruindo o espírito mau da guerra”. O Pontífice declarou que considera o presente adequado, já que Abbas “é um anjo da paz”.

Autoridades da Igreja Católica estão apresentando novos santos como um sinal de esperança e encorajamento para os cristãos em todo o Oriente Médio em um momento de violenta perseguição e discriminação, que têm levado muitos deles a deixar a região do nascimento de Cristo.

Em sua homilia, o papa Francisco disse que as duas mulheres – bem como as novas santas Jeanne Emilie de Villeneuve, da França, e Maria Cristina da Imaculada Conceição, da Itália, eram modelos de união e caridade para com todos. “O seu exemplo luminoso nos desafia em nossa vida de cristãos”, declarou.

Mariam Bawardy nasceu em 1843 na aldeia de Ibilin, que hoje é a região da Galileia do norte de Israel. Ela disse ter recebido os “estigmas” – feridas que sangram como as que Jesus Cristo sofreu na cruz – e morreu com a idade de 33 anos na cidade de Bethlehem, na Cisjordânia, onde fundou um mosteiro da ordem das carmelitas que ainda existe. Marie Alphonsine Ghattas nasceu em Jerusalém em 1847, abriu escolas para meninas, combateu o analfabetismo feminino e ajudou a fundar a Congregação das Irmãs do Rosário. A ordem hoje possui dezenas de centros em todo o Oriente Médio, do Egito à Síria, que administram creches, lares de idosos, clínicas médicas e casas de hóspedes.

O papa disse que Bawardy tendo sido “um meio de encontro e de comunhão com o mundo muçulmano”, e que Ghattas “nos mostra a importância de nos tornarmos responsáveis uns pelos outros e de viver uma vida de serviço para o outro”.

Além da delegação palestina presente na missa, Israel enviou uma delegação chefiada pelo seu embaixador para a Santa Sé. França, Itália e Jordânia também enviaram delegações oficiais.


Os cristãos representam menos de 2% da população de Israel e dos territórios palestinos – o berço do cristianismo. Embora os cristãos não tenham experimentado a perseguição violenta que dizimou as comunidades cristãs no resto da região, a população diminuiu gradualmente ao longo de décadas, fugindo de conflitos ou buscando melhores oportunidades no exterior.


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quarta-feira, 20 de maio de 2015

Por que Israel briga com o Papa?

15/05/2015 – Opera Mundi – por Breno Altman



Porque Israel briga com o Papa?


O anúncio do Vaticano, de que reconhecerá oficialmente o Estado da Palestina em novo tratado, provocou muxoxos e esperneios do governo liderado por Benjamin Netanyahu.

A razão é simples, embora pareça apenas simbólica em alguns aspectos.

O estatuto atual da Autoridade Palestina, inferior ao de nação plenamente estabelecida, favorece chantagem exercida pela aliança entre Israel e Estados Unidos.

Ou os palestinos aceitam exigências draconianas apresentadas pela direita sionista ou verão seu futuro nacional adiado para as calendas gregas: tais são os termos praticados por Tel Aviv, com a benção da Casa Branca.

Quando este cerco é rompido, através do estabelecimento de relações diplomáticas integrais, tanto por países quanto por fóruns internacionais, entra em crise a política de asfixia e protelação contra a Palestina.

Não é à toa a reação intempestiva protagonizada por Netanyahu desde 2011, quando Mahmoud Abbas, presidente da AP, solicitou condição de membro pleno na Organização das Nações Unidas.

Os Estados Unidos ameaçaram vetar, no Conselho de Segurança da instituição, qualquer decisão favorável a esta demanda. Acabou-se por atribuir o título de Estado observador à Palestina.

Algumas agências da ONU, no entanto, acataram a proposição de Abbas, como foi o caso da Unesco, imediatamente punida com o corte das contribuições devidas pelos norte-americanos à entidade.

A belicosidade sionista ficou ainda mais exacerbada no mês passado, quando os palestinos passaram a participar do Tribunal Penal Internacional, sediado em Haia.

A medida permite que crimes cometidos nos territórios ocupados por Israel desde 1967 possam ser julgados nessa corte, incluindo o massacre de civis na Faixa de Gaza, levado a cabo em 2014, durante a chamada Operação Margem Protetora.

Vários países e parlamentos seguiram a mesma senda, entre esses o Brasil e diversas outras nações sul-americanas. O papa Francisco agora se soma, oficialmente, ao bloco que pretende esvaziar o jogo sujo patrocinado pelos piores setores do sionismo.

A chancelaria israelense não tardou a demonstrar seu desagrado, em nota oficial: “Esse passo não faz avançar o processo de paz e põe os líderes palestinos ainda mais distantes de um retorno às negociações diretas e bilaterais.”

A redação cifrada não esconde o gosto amargo da derrota diplomática: a cada avanço na recepção incondicional da Palestina em organismos da comunidade internacional, mais se deslegitima o garrote racista de Israel.

A posição do Vaticano também atinge o plano simbólico, ao fixar comunhão entre católicos e muçulmanos a respeito da questão palestina.

Este movimento dificilmente provocará recuos importantes no comportamento de Israel, mas colabora para criar um novo ambiente, de crescente isolamento, no qual podem se multiplicar operações de boicote e pressão capazes de dobrar a coluna vertebral do colonialismo sionista, forçando-o a um acordo de paz justo e permanente.

O medo de Tel Aviv é viver, mais cedo ou mais tarde, sufoco semelhante ao da África do Sul na era do apartheid, tratada como pária pela maioria das nações até bater a mão na lona.


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