sábado, 1 de agosto de 2015

Cebrapaz condena aumento da violência e impunidade israelense na Palestina ocupada

Atualizado em 06/08/2015


Ministério das Relações Exteriores

Nota nº 321 / 3 de agosto de 2015



Situação na Palestina e em Israel



O Governo brasileiro acompanha com extrema preocupação os casos de violência contra a população civil nos Territórios Palestinos Ocupados, condena o ato terrorista que provocou a morte de um bebê e ferimentos em seus familiares no último dia 30 de julho e lamenta que a ausência da necessária solução política para o longo conflito continue a provocar vítimas de ambos os lados.



O Governo brasileiro considera essencial a pronta retomada do processo de paz, de modo a permitir a realização da solução de dois Estados, Israel e Palestina, vivendo lado a lado, em paz e segurança.
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Bebê palestino de 18 meses morre queimado por colonos judeus

O Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz) repudia veementemente a violência perpetrada por soldados e colonos israelenses na Palestina ocupada. Recebemos com consternação a notícia sobre o assassinato de Ali Saad Dawabsha, um menino de 18 meses de idade, em Duma, na Cisjordânia palestina. Ali foi vítima de um ataque terrorista por colonos que queimaram a sua casa em 30 de julho, deixando feridos também seus pais e irmão. A brutalidade contra os palestinos tem se intensificado devido à impunidade com que os colonos e os soldados atacam os palestinos, cotidianamente, no contexto de uma intensificada política de colonização ilegal da Palestina, em violação flagrante do direito internacional humanitário.

Colonos judeus assassinam criança palestina de 1,5 anos de idade
Funeral de Ali Saad Dawabsha na Cisjordânia


Estendemos nossos profundos pêsames à família Dawabsha, à família de Laith al-Khaldi - de 17 anos de idade, morto em 31 de julho por soldados israelenses em Al-Jalazun - e a outras famílias que também nesta semana perderam jovens vidas nas mãos da repressão israelense. Também acompanhamos com profunda preocupação as notícias sobre ataques, confrontos e a repressão dos soldados contra os palestinos e notamos com pesar e repúdio que, neste ano, cerca de 20 palestinos, sobretudo jovens, já foram assassinados. Grande parte das mortes é provocada pelo uso de munição letal pelos soldados contra aqueles que resistem e protestam contra a ocupação das suas terras e das suas vidas com os meios de que dispõem, sobretudo pedras.

De acordo com a Organização pela Libertação da Palestina (OLP), foram mais de 11 mil os ataques perpetrados por colonos israelenses desde 2004, que seguem, em geral, impunes. Esta cultura e a crescente incitação por parte de um dos governos mais extremistas e racistas da história de Israel culminam na “normalização” da violência contra os palestinos. O fato enquadra-se na manutenção da ocupação da Palestina através da brutalidade de um regime militar sionista que se crê superior ao direito internacional humanitário e aos direitos humanos.

Reafirmamos nosso engajamento e saudamos a crescente solidariedade internacional ao povo palestino na luta pelo fim da ocupação e por seu Estado independente e soberano, repudiando nos mais firmes termos a violência e a impunidade com que soldados e colonos a perpetram.


Ainda assim, apelamos aos movimentos sociais, organizações internacionais e governos solidários à justa causa do povo palestino - inclusive através de campanhas - que se somem ao clamor mundial pelo fim da impunidade da liderança sionista de Israel. Seguimos determinados na condenação de um regime racista e colonialista e exigimos que seja responsabilizado pelos crimes de guerra que comete cotidianamente na Palestina ocupada, como condição para uma paz justa e para a libertação do povo palestino.

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A FEPAL – Federação Árabe Palestina do Brasil – publicou uma nota, em 26/07/2015, já denunciando o aumento do terrorismo dos colonos judeus na Palestina Ocupada, com várias fotos dos acontecimentos:



OS ATUAIS DESDOBRAMENTOS DO TERRORISMO ISRAELENSE EM JERUSALÉM REFLETEM AS ULTIMAS PROVOCAÇÕES DOS COLONOS JUDEUS, QUANDO RECENTEMENTE PROFANARAM O TEMPLO DAS MESQUITAS EM JERUSALÉM, NUMA PURA VIOLAÇÃO E OFENSA RELIGIOSA E TOTAL DESRESPEITO ÀS NORMAS DE CONVIVÊNCIA RELIGIOSA.

A POLITICA ISRAELENSE SEMPRE FOI DE ANEXAR JERUSALÉM. PARA ISSO CONSTRÓI COLONIAS JUDAICAS NOS TERRITÓRIOS PALESTINOS EM JERUSALÉM. ASSIM CRIA UM CORDÃO DE ISOLAMENTO À CUSTA DE TERRAS E PROPRIEDADES PALESTINAS.
AS COLONIAS JUDAICAS DESDE DÉCADAS SÃO DECLARADAS ILEGAIS PELO DIREITO INTERNACIONAL E POR INÚMERAS RESOLUÇÕES DA ONU.

OS COLONOS JUDEUS TEM PERMISSÃO PARA ANDAR ARMADOS E CONTAM COM A PROTEÇÃO DAS FORÇAS ARMADAS DE ISRAEL. COMETEM TODAS AS FORMAS DE VIOLÊNCIA E TERRORISMO CONTRA A POPULAÇÃO CIVIL PALESTINA.

OS PALESTINOS PROCURAM RESISTIR AO TERRORISMO E PEDEM SOLIDARIEDADE INTERNACIONAL PARA CONTER ESSA POLITICA ISRAELENSE DE GENOCÍDIO E DE LIMPEZA ÉTNICA CONTRA O POVO PALESTINO.

ISRAEL PRECISA PARAR, O MUNDO PRECISA CONTER ESSE ESTADO TERRORISTA ANTES QUE MAIS UMA GUERRA DE LARGA ESCALA TENHA INÍCIO.

ENQUANTO ISSO, RICOS PAÍSES ÁRABES PRODUTORES DE PETRÓLEO, AO SE OMITIREM OU SE ALIAREM AO ESTADO TERRORISTA DE ISRAEL, SÃO CÚMPLICES NAS MORTES, MASSACRES E LIMPEZA ÉTNICA DO POVO PALESTINO.



Junto a nota da FEPAL (acima), de 26/07/2015, foram publicadas as seguintes fotos: 


Terrorismo israelense ataca palestinos

Terrorismo israelense ataca palestinos

Terrorismo israelense ataca palestinos

Terrorismo israelense ataca palestinos

Terrorismo israelense ataca palestinos

Terrorismo israelense ataca mesquita em jerusalém

Terrorismo israelense ataca mesquita em Jerusalém



A foto abaixo,  publicada pela FEPAL em 01/08/2015, denuncia o assassinato do bebê de 18 meses, vítima do ataque terrorista de colonos israelenses.

Terrorismo israelense mata bebê de 18 meses queimado vivo

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sábado, 11 de julho de 2015

Um ano da ofensiva de Israel contra Gaza, o massacre anunciado


DEBATE COM O EMBAIXADOR DA PALESTINA NO BRASIL

SÃO PAULO –QUARTA-FERIA -  22/JUL -  18:30 h

SINDICATO DOS JORANALISTAS – AUDITÓRIO VLADIMIR HERZOG

Rua Rego Freitas, 530 – Centro – São Paulo


Embaixador da Palestina no Brasil participa de debate


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Balanço da destruição do massacre de Israel a Gaza


Os tambores da guerra israelense já anunciavam uma ofensiva contra a Faixa de Gaza dias antes do seu lançamento, em 8 de julho de 2014. Há exatamente um ano, Israel inaugurou a “Operação Margem Protetora”, com 51 dias de bombardeios por ar, terra e mar contra 1,8 milhão de palestinos no território sitiado. Uma série de artigos analisará a terceira grande ofensiva de Israel contra Gaza em cinco anos e o desenrolar das denúncias de crimes de guerra.


Por Moara Crivelente*, para o Portal Vermelho


Benjamin Netanyahu e o ministro da Defesa, Moshe Yaalon.
Premiê Benjamin Netanyahu e o ministro da Defesa de Israel, Moshe Yaalon.
GPO
Um "script" conhecido explica a escalada que culminou na chamada “Operação Margem Protetora”. Em hebraico, a ofensiva foi denominada “Tzuk Eitan”, ou “Penhasco Resoluto”, nome que um casal de Tiberíades, no norte, também deu ao seu bebê nascido naquela terça-feira. O nome, disse no mesmo dia, ao Times of Israel, o professor de sociologia, política e comunicação da Universidade Aberta de Israel, Yagil Levy, “sinaliza o poder, o comprometimento e a resiliência do povo israelense.” Já Steven Poole, que analisou a linguagem da “guerra moderna” num artigo para o diário britânico The Guardian, interpretou a mensagem como uma “garantia da inutilidade da resistência”.

Importa é que a narrativa israelense para a opção por mais uma guerra contra Gaza – a 12ª desde 1948, quando do estabelecimento do Estadode Israel, contabiliza o historiador francês Jean Pierre Filiu para um dossiê do Journal of Palestine Studies – é paulatina e cuidadosamente construída pelos oficiais e pela mídia massiva nacional e internacional. Pouco ou nenhum questionamento é veiculado sobre os fatos repassados pelas fontes oficiais, frequentemente do Exército ou do gabinete de segurança. Quando há questionamento, disse o colunista Gideon Levy do diário Haaretz, em entrevista por telefone, os próprios leitores, mobilizados por uma narrativa nacionalista de guerra particular em Israel, acossam a dissidência.

Uma ofensiva contra a Cisjordânia precedeu em quase um mês o ataque a Gaza, um estreito território litorâneo, o mais densamente habitado do mundo, sitiado desde 2007. Gaza é, desde aquele ano, governada pelo Hamas, taxado de “organização terrorista” por Israel e alguns dos seus aliados. Aí, explica a jurista Lisa Hajjar, em artigo para o portal Jadaliyya, está a explicação da permissão autoconcedida pelas autoridades israelenses para matar indiscriminadamente, segundo soldados israelenses que deram depoimentos à organização de veteranos Breaking the Silence ("Quebrando o Silêncio"), na série intitulada "This was How we Fought in Gaza" ("Foi assim que lutamos em Gaza").


A escola Sobhi Abu Karsh foi destruída por Israel
A escola Sobhi Abu Karsh foi substancialmente atingida, na Cidade de Gaza. 5 de agosto 2014. Foto: AFP


A operação militar na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental – denominada, com uma referência bíblica, “Guardião Fraterno” – fora lançada em12 de junho para buscar por três jovens colonos que haviam desaparecido. Desde a partida, o Hamas foi acusado pelo sequestro de Eyal Yifrach, Gilad Shaar e Naftali Fraenkel, residentes de Gush Etzion – um bloco de 22 colônias com mais de 70 mil habitantes, entre Jerusalém e Belém, na Cisjordânia ocupada. Poucos dias depois, os três adolescentes foram encontrados mortos.

Em 10 dias, as forças israelenses prenderam quase 350 palestinos e a violência, tanto por parte dos soldados quanto dos colonos, consumou-se, hedionda. Em 2 de julho, o palestino Mohamed Abu Khdeir, de 16 anos de idade, foi sequestrado em Shufat (Jerusalém Oriental), espancado e calcinado por colonos israelenses. Outros ataques seguiram-se motivados por “vingança”, de acordo com os próprios perpetradores, que ficam, em grande parte, impunes. Entre junho e agosto, 27 palestinos foram mortos, centenas foram presos arbitrariamente e a retomada oficial das demolições de casas como “medida punitiva” – mantida a nível informal – marcou a posição generalizada das autoridades israelenses; 27 pessoas ficaram sem lar (inclusive 13 crianças), de acordo com a organização israelense de defesa dos direitos humanos B’Tselem.


Nova guerra contra Gaza


Israel mata mais de 500 crianças
Neste contexto, desde a Faixa de Gaza, brigadas palestinas lançaram foguetes contra o território israelense. Como de costume,
a narrativa israelense explicava que, devido aos ataques palestinos, totalmente removidos de contexto, o Exército – denominado “Forças de Defesa de Israel” – decidira lançar uma grande ofensiva contra Gaza, para “dissuadir” o Hamas de futuras ações armadas.

“Os ataques serão mais fortes”, dizia “um oficial” ao Haaretz em 7 de julho, quando Israel já lançava mísseis contra o território. “Cada dia que passa será pior para o Hamas. Vamos intensificar os ataques para deixar claro para eles que é do seu interesse encerrar o lançamento de foguetes.” Os túneis subterrâneos – muitas vezes usados para contornar o bloqueio completo do território e importar bens essenciais e até possibilitar o trânsito de pessoas, do contrário presas – foram retratados como grandes ameaças ao povo israelense – “vítimas civis inocentes”, repetiam os noticiários, enquanto os palestinos eram “terroristas”, “escudos humanos” do Hamas ou outros termos que justificassem suas mortes.

De acordo com o relatório publicado em junho deste ano pela comissão de inquérito do Conselho de Direitos Humanos da ONU, que trabalhou enfrentando as barreiras impostas pelas autoridades israelenses, decididas a não cooperar com a investigação, 1.462 das cerca de 2.200 pessoas mortas pelos bombardeios eram civis, inclusive mais de 500 crianças. Dos 72 israelenses mortos, 66 eram oficiais ou soldados em combate e seis eram civis; um trabalhador tailandês também foi morto.

Bombardeios por ar, terra e mar provocaram uma devastação assombrosa, como mostra a gravação abaixo, feita em março deste ano por um drone. Mais de 10 mil lares, mesquitas, igrejas, escolas, clínicas e cemitérios foram destruídos, assim como a infraestrutura essencial para a sobrevivência. A única planta de energia elétrica de Gaza foi atingida, deixando 1,8 milhão de pessoas, em geral, com apenas três horas de energia por dia, dependentes de geradores movidos a combustível escasso. Os palestinos de Gaza buscavam contarsua história, e o fizeram de forma instrumental para aqueles que se viam confrontados com uma cobertura jornalística simplista, ou determinada pela propaganda de guerra.




  
Hospitais abarrotados tampouco escaparam dos bombardeios, contou o Dr. Belal Dabour, que atendeu à ligação para a entrevista desde o telhado do hospital Al-Shifaa, o maior de Gaza, onde a equipe trabalhava, em alerta, em turnos de 24 horas. Em 21 de julho, o número de vítimas fatais já passava de 460 pessoas; as autoridades palestinas buscavam publicar listas com seus nomes, idades e residência, para que não se tornassem apenas estatísticas.





Fim da impunidade?


Mustafa Barghouthi, da Iniciativa Nacional Palestina, acompanhando o caso palestino diante do Tribunal Penal Internacional (TPI), mostrou a uma delegação brasileira que visitou a Cisjordânia em abril deste ano dezenas de fotos que evidenciam a devastação e o uso de “bombas de barril” – que causam dano indiscriminado – pelas forças israelenses. Este é exemplo dos crimes de guerra de que é acusado o Exército de Israel, uma vez que o princípio de discriminação dos “alvos” é fundamental no Direito Internacional Humanitário, aquele que regula a guerra.

Barghouthi mostra à delegação brasileira imagens da Faixa de Gaza
Barghouthi (dir.) mostra à delegação brasileira imagens da Faixa de Gaza logo após a ofensiva israelense.   Foto: Moara Crivelente


A juíza Mary McGowan Davis, chefe da comissão de inquérito, considerou que “a extensão da devastação e o sofrimento humano em Gaza foram inéditos e impactarão as gerações futuras.” Na semana passada, o Conselho de Direitos Humanos da ONU aprovou uma resolução – com apenas um voto negativo, o dos EUA – em consequência do relatório publicado em 22 de junho, sobre a situação na Faixa de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Leste.

Todos os membros europeus do Conselho, inclusive o Reino Unido, França e Alemanha, votaram a favor do documento, que enfatiza “a necessidade de garantir-se que todos os responsáveis por violações do direito internacional humanitário e dos direitos humanos internacionais sejam responsabilizados, através de mecanismos de justiça penal apropriados, imparciais e independentes, domésticos ou internacionais.”

Desde 1º de abril de 2015, o Estado da Palestina é membro efetivo do TPI e, mesmo que Israel não o seja, o caso já é avaliado, em “exames preliminares”, pela promotoria. Assim como o Conselho de Direitos Humanos da ONU, o TPI sofre represálias das autoridades israelenses e aliados. Os EUA, por exemplo, que tampouco integram a corte e tentaram impedir o estabelecimento da comissão de inquérito, com o único voto negativo durante a votação no Conselho dos Direitos Humanos, em julho de 2014, consideram a medida “contraprodutiva”. É preciso acompanhar e demandar que, desta vez, a histórica impunidade, na base de sustentação deste ciclo de massacre e devastação e da própria ocupação da Palestina, seja por fim interrompida



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*Moara Crivelente é cientista política, jornalista e membro do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz), assessorando a presidência do Conselho Mundial da Paz

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