sexta-feira, 1 de maio de 2015

Jovens judeus vivem ruptura com sionismo


Por Patricia Dichtchekenian – Opera Mundi


Eles não apoiam o Estado de Israel. Mesmo vindo de famílias judaicas tradicionais, seus corações e mentes são solidários à causa palestina. Parentes e amigos reagem com rancor, mas este grupo de jovens rechaça as crenças sionistas.

 Foto: Sandra Caselato/Divulgação (8.ago.2014)
Grupo de jovens que rompeu com o sionismo
Grupo de jovens que rompeu com o sionismo protesta em frente ao Consulado de Israel, em São Paulo


 Yuri Haasz, Elena Judensnaider, Shajar Goldwaser, Bruno Huberman e Bianca Neumann Marcossi gostam dos quadrinhos pró-palestinos de Joe Sacco e têm simpatia pelo polêmico “A Invenção do Povo Judeu”, de Shlomo Sand. Aplaudem filmes como “Lemon Tree” e documentários como “Defamation” ou “The Gate Keepers”, narrativas críticas ao Estado de Israel.

Para além de um repertório cultural pouco comum entre os judeus, os cinco chamaram atenção quando se reuniram, no dia 8 de julho, junto com outros colegas, para repudiar a ação militar de Israel na Faixa de Gaza. Diante do consulado desse país em São Paulo, ergueram cartazes de protesto que horrorizaram parte da comunidade judaica.

Estes jovens, em roda de conversa com Opera Mundi, relataram sua trajetória de contestação ao sionismo e a reação que sua atitude provoca entre familiares. Discutiram também o que é ser judeu no século 21, problematizando a proposta de dois Estados para dois povos e repensando a própria existência de um lar nacional judaico encarnado por Israel.

“Queremos deixar claro, em nossa condição judaica, que não compactuamos com a opressão ao povo palestino e o massacre de civis em Gaza”, afirma Yuri Haasz. “Israel não atua em autodefesa, mas com a intenção de ocupação territorial, para inviabilizar a criação de dois Estados.”

“Eu queria entender a raiva dos palestinos”

Yuri Haasz rompeu com o sionismo
Yuri é o mais velho integrante deste recém criado grupo de jovens que romperam com o sionismo.  Nasceu na cidade israelense de Haifa, em 1971. Seus pais, filhos de judeus imigrantes que escolheram viver no Brasil, tinham retornado a Israel em 1967, a bordo de um navio, porque acreditavam ter o dever de defender o país na guerra então travada contra nações árabes. Quando chegaram, o conflito já tinha acabado, após seis dias. Mas permaneceram até 1985, quando retornaram ao Brasil.

Quando estava em idade de serviço militar, Yuri repetiu o movimento dos pais. Voltou a Israel por uma temporada e decidiu se alistar na Força Aérea. Era a época da primeira Intifada, irrompida em 1987 e que se estenderia até 1993. Tinha muitos pesadelos e, aos poucos, começou a se sentir atormentado pela escolha que fizera, e decidiu retornar ao Brasil. 

A tensão árabe-israelense, porém, se já não o animava a pegar em armas, continuava a ser de seu interesse como estudo, para entender sua lógica. “Li muito dos novos historiadores israelenses, autores da sociologia crítica e acadêmicos pós-sionistas”, relata. “Eu queria entender a raiva dos palestinos. Fui encontrar essas explicações em escritores como Avi Shlaim, Ilan Pappe, Benny Morris e Tom Segev, que descreviam a criação do Estado de Israel de forma antagônica à narrativa nacionalista convencional, mostrando a expulsão dos árabes de suas terras e o processo de limpeza étnica inerente à construção do Estado judaico.”

Yuri fez mestrado em Relações Internacionais, decidido a estudar resoluções de conflito. Foi parar em Tóquio, já casado com Sandra Caselato, uma brasileira goy (uma não-judia, em hebraico). A bolsa incluía uma pesquisa de campo para passar seis meses em Jerusalém e nos territórios palestinos ocupados na Cisjordânia.

“Foquei minha pesquisa  nos principais ativistas israelenses em ONGs de direitos humanos que lutam por justiça social e histórica para os palestinos, e são altamente críticas das políticas israelenses e como lidavam com sua educação sionista padrão”, explica. “Alguns vinham de famílias religiosas ortodoxas, outros de colônias nos territórios palestinos, e outros de famílias da esquerda sionista, e quase todos tinham experiência militar. Viram absurdos que ocorriam nos territórios palestinos, praticados pelas forças de segurança ou colonos israelenses, e se sentiam em um conflito profundo entre tudo o que sua educação os levou a acreditar, e a realidade em que se encontravam. Alguns entrevistados confessaram tentativas de suicídio em meio à profunda confusão e depressão. Uma situação dramática, na qual se perde a identidade que você sempre acreditou que deveria ter.”

“O problema de fundo é o sistema erguido pelo sionismo”

Shajar Goldwaser rompeu com o sionismo“Apesar de não ser religioso, sou muito judeu”, brinca Shajar Goldwaser, de 21 anos. Assim como Yuri, ele nasceu em Israel. Mais precisamente, em Jerusalém. Aos quatro meses, partiu para Buenos Aires e em 2001 chegou a São Paulo, sempre frequentando escolas judaicas tradicionais. “Volto para Israel ao menos uma vez por ano. Sempre falei hebraico em casa, é minha língua materna”, conta. 
O estudante de Relações Internacionais relata que um momento decisivo para sua guinada crítica foi quando participou da Marcha da Vida, em 2011. Trata-se de uma viagem de duas semanas que engloba colégios judaicos de todas as partes do mundo com o intuito de conhecer antigos campos de concentração na Polônia e destinos sagrados em Israel.

“Na volta da viagem, a professora pediu para escrevermos uma redação e ‘A hipocrisia judaica’ foi o título que dei a meu trabalho”, relata Goldwaser. “A viagem me fez questionar se o sentimento dos palestinos não seria, atualmente, o mesmo dos judeus naquela época.”

 A partir de suas reflexões acerca dessa experiência, Shajar começou a repensar o papel de Israel. Militante do Dror, movimento juvenil sionista alinhado com setores mais progressistas, seus questionamentos passaram a ir além de questionar eventualmente politicas do governo israelense. “O problema de fundo é o sistema erguido pelo sionismo, cujos resultados não podem ser diferentes que a segregação e o colonialismo”, ressalta.


Saindo do armário

“Falar que deixou de ser sionista, na maioria dos ambientes judaicos, é como sair do armário: você já sabe, sempre sentiu, mas quando fala para a família, é pura tensão”, brinca a socióloga Elena Judensaider, de 22 anos.

Elena Judensaider rompeu com o sionismoEmbora tenha frequentado o clube Hebraica na infância, Elena se desligou da instituição após a separação dos pais e se afastou da convivência com a comunidade judaica. Por muito tempo manteve-se distante de qualquer discussão sobre o tema Israel-Palestina.

“Sabia que, se fosse enfrentar esta questão, iria me incomodar com suas contradições”, relata Elena. “Um dia, porém, acordei assim, do nada, e decidi estudar esse conflito – e meu trabalho de conclusão do curso foi sobre isso. Minha opinião era clara: o Estado de Israel era a origem de tanto ódio e sofrimento do povo palestino.” Lembra-se que não demorou a sofrer retaliações, na medida em que começou a difundir suas opiniões críticas nas redes sociais.

“Uma amiga de infância colocou mensagens em hebraico, no mural do meu Facebook”, recorda. “Eram frases do tipo ‘você tem que morrer com esses terroristas’. Até uma prima me ligou chorando e berrando que eu era antissemita.”

Sua relação com a mãe, porém, passou por transformações positivas. “Nunca tínhamos conversado a respeito de Israel”, conta Elena. “Quando eu passei a estudar sobre o tema, ela via os filmes e lia os livros que eu deixava no meu quarto. Um dia, escreveu em seu blog que, pelo exemplo da filha, tinha mudado a cabeça em seis meses sobre temas que tinha acreditado por 40 anos.”

“Pra quê você foi para a Palestina?”

Bianca Neumann Marcossi rompeu com o sionismoAo contrário de Elena, a professora de história Bianca Neumann Marcossi, de 25 anos, teve uma formação sionista forte. Após o suicídio da mãe e do pai, a comunidade judaica foi um dos seus principais alicerces. “Aprendi na escola que tinha que salvar Israel e tinha pesadelos com palestinos”, relata.

A mudança viria ao ingressar no curso de história, na USP (Universidade de São Paulo). O ambiente crítico às atitudes tomadas pelo governo de Israel foi um verdadeiro choque. “Fiquei assustada. Ou eu estava no meio de antissemitas e precisava sair dali ou era a ignorante e precisava estudar”, conta.

Durante a formação universitária, Bianca descobriu um programa que tinha como objetivo levar pessoas estrangeiras para passar uma temporada na Cisjordânia e reportar os problemas da região para ONGs de direitos humanos. “Estar na Palestina mudou tudo. Ficou tudo muito claro. Ver as leis da ocupação, as terras roubadas. Sofri bastante”, suspira.

O problema mesmo viria depois da excursão. Bianca dava, à época, aulas de História Geral em um colégio judaico. Quando voltou da viagem aos territórios ocupados, foi informada que tinha sido demitida. A direção da escola não lhe deu satisfações sobre os motivos, mas descobriu que muitos pais pediram para ela ser afastada.  “Foi um choque muito grande quando voltei. Eu tinha tanto a dizer, mas ninguém queria ouvir minhas histórias”, conta.

“Nem vamos conversar que vai dar merda”

Bruno Huberman rompeu com o sionismo
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O espaço para discutir sobre a vivência na região também afetou o jornalista e mestre em Relações Internacionais Bruno Huberman, de 26 anos. Ele conta que em 2011 foi pela primeira vez a Israel por meio do Taglit, uma excursão de 10 dias organizada por entidades judaicas. “Foi uma imersão sionista, uma lavagem cerebral”, classifica.

Huberman aproveitou a viagem para fazer um especial sobre territórios palestinos para a revista Carta Capital. “Foi o primeiro choque. Muitos primos me xingaram”, conta. A tensão na família piorou depois do ato diante do consulado. “Fui ao aniversário de uma priminha e minha tia já veio falando: ‘nem senta aqui, nem vamos conversar que vai dar merda’.”

Como a recusa ao sionismo é encarada como uma verdadeira subversão, situações como essas com familiares e amigos fazem parte da rotina de Yuri, Shajar, Elena, Bianca e de Bruno. “Eles não querem entrar em uma discussão sobre o conflito. Se entrarmos em uma conversa mais profunda, nem sei aonde isso vai chegar”, rebate Bruno.

Voz dissidente

Aos poucos estes cinco jovens judeus, ao lado de mais duas ou três dezenas de outros colegas com trajetórias similares, foram se agrupando para estudar coletivamente o tema e organizar sua participação no debate dentro da comunidade.

O primeiro espaço no qual se aglutinaram foi no Forum 18, surpreendentemente incentivado pela B’nai B’rith, a mais antiga organização sionista e dedicada a temas de direitos humanos. Disposta a enfrentar o debate sobre um conflito que permeia a juventude judaica no Brasil, a entidade resolveu abrir uma série de seminários que abrigassem as distintas narrativas sobre Israel e a questão palestina. Incluindo os pontos de vista não-sionistas.

“Aqueles que haviam rompido com o sionismo foram criando uma nova identidade, dissidente da posição majoritária na comunidade”, explica Yuri Haasz. “Não nos definimos por uma solução específica para o problema, ainda que sejamos favoráveis à autodeterminação palestina. A verdade, porém, é que não acreditamos no comprometimento de Israel com essa solução. Dentre as várias correntes que existiram no início do movimento sionista, a que se consolidou e deu forma ao Estado foi a corrente que promove a exclusividade judaica, o expansionismo e a colonização, e é contrária à existência de um Estado palestino. Muita gente se assusta, mas essa situação nos faz entender claramente a resistência do povo palestino.”

Fotos: Mikhail Frunze/Opera Mundi
Elena, Shajar, Yuri, Bianca e Bruno: eles romperam com o sionismo e apoiam a causa palestina


O grupo não tem nome, mas se identifica com grupos como o Jewish Voice for Peace, que nos EUA já conta com milhares de apoiadores da comunidade judaica. Vários de seus integrantes trabalham em programas de educação focados em direitos humanos, como a FFIPP (antiga Faculty for Israeli-Palestinian Peace, renomeada como Educational Network for Human Rights in Palestine/Israel). A associação organiza anualmente estágios  com ONGs de direitos humanos nos Territórios Palestinos Ocupados e em Israel, para quem quiser conhecer de perto a realidade do conflito, a partir de um roteiro que se desafia a narrativa oficial Israelense.

“Nós trabalhamos e nos organizamos para denunciar os crimes cometidos pelo Estado de Israel”, afirma Haasz. “Queremos que mais judeus possam enxergar o que se passa e romper com dogmas de sua formação, abrindo-se para a solidariedade anticolonial com o povo palestino, na busca por soluções na região que atendam à dignidade de todos, tanto judeus quanto palestinos."


quarta-feira, 29 de abril de 2015

Entrevista exclusiva com o Presidente da Palestina, Mahmoud Abbas

27/04/2015 - Em entrevista exclusiva a Roberto D'Avila, o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, contou sobre a pobreza na infância e disse o que está faltando para a criação de um Estado palestino - para ele, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu é o maior impedimento para a paz entre os dois povos.




ASSISTA A ENTREVISTA >>>>  http://goo.gl/aAUT4N


Mahmoud Abbas, Presidente do Estado da Palestina



Mahmoud Abbas é entrevistado por Roberto D'Avila

 "Precisamos ser pacientes ou perderemos a esperança", diz Abbas a Roberto D'Avila



ASSISTA A ENTREVISTA >>>>  http://goo.gl/aAUT4N



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Breve historia del Sr. Mahmoud Abbas, Presidente del Estado de Palestina

Mahmoud Abbas nació en Safad, Galilea en 1935. Como consecuencia de la Guerra de 1948 entre Israel y los países árabes limítrofes, emigró junto a su familia a Siria, formando parte de la emigración forzada de más de un millón de palestinos de la Palestina Histórica, hecho posteriormente conocido como la Catástrofe («Nakba» en lengua árabe).

A los 13 años de edad se vio obligado a trabajar para ayudar a su familia, luego culminó sus estudios de nivel secundario y trabajó como profesor, mientras estudiaba el bachillerato.

Realizó estudios de Derecho en la Universidad de Damasco, Siria, donde obtuvo la licenciatura en 1958. Recibió el título de Doctor, en el Instituto de Estudios Orientales de Moscú en 1982.

A mediados de los años 50 participó, junto con otros luchadores palestinos, en la fundación de una organización patriótica clandestina, que dio lugar a la creación, el 1ro. de enero de 1965, del Movimiento para la Liberación Nacional de Palestina (FATAH).

Es miembro del Comité Central de FATAH desde el año 1964, y actualmente su Comandante General, cargo para el que fue electo por unanimidad en el 6to. Congreso General de esa organización, celebrado el pasado 4 de agosto de 2009, en la Ciudad de Belén.

Desde 1996 ocupa el cargo de Secretario del Comité Ejecutivo de la Organización para la Liberación de Palestina (OLP). Encabezó la dirección del Departamento de Relaciones Internacionales de la OLP entre los años 1984 y 2000. En el año 2004, fue elegido Presidente del Comité Ejecutivo de la Organización.

En abril del 2003 fue nombrado Primer Ministro, y posteriormente es elegido presidente en enero de 2005.


El Consejo Central de la OLP, en su sesión del 14 de octubre de 2008, lo eligió como Presidente del Estado de Palestina.


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sábado, 18 de abril de 2015

17 de abril - Dia dos Prisioneiros Palestinos

Dia dos Prisioneiros palestinos marca a luta pela libertação


Nesta quinta-feira (17) se comemora o Dia dos Prisioneiros, questão central na luta dos palestinos pela libertação da ocupação militar israelense. Movimentos populares denunciam não apenas o abuso prático das forças israelenses, mas também o aparato jurídico sobre o qual se sustentam “detenções administrativas” arbitrárias e torturas. No fim das negociações entre Autoridade Palestina e Israel, o tema inclui-se no debate sobre o fracasso da diplomacia.


Por Moara Crivelente, da Redação do Vermelho


Protestos em apoio e pala libertação dos Prisioneiros palestinos
Milhares de palestinos participavam de protestos em toda a Cisjordânia e na Faixa de Gaza para marcar o Dia dos Prisioneiros, nesta quinta-feira (17). Foto: Maan


Ao menos 10 palestinos foram presos pelas forças israelenses, nesta quinta, de acordo com a agência palestina de notícias Ma'an, quando milhares participavam de protestos em toda a Cisjordânia e na Faixa de Gaza para marcar o Dia dos Prisioneiros. Grandes manifestações foram relatadas em Hebron, Jenin, Nablus e Ramallah, assim como na Cidade de Gaza, com casos diversos de repressão dos soldados israelenses.

O regime militar imposto por Israel à maior parte da Cisjordânia caracteriza-se, também, pelo encarceramento de mais de cinco mil palestinos, em grande parte por motivos declaradamente políticos. Desde 1967, quando a ocupação passou a expandir-se de forma acelerada, a partir da chamada Guerra dos Seis Dias, Israel aprisionou aproximadamente 800 mil palestinos.


Os números são relativamente consensuais, mas fornecidos pela Associação palestina de Apoio aos Prisioneiros e de Direitos Humanos, Addameer (“Consciência”, em árabe), e pela Sociedade Acadêmica Palestina para Estudos de Assuntos Internacionais (Passia), que fazem compilações abrangentes de dados e leis israelenses que servem de suporte às diversas expressões de uma força de ocupação.

Crianças palestinas são presas por tropas israelenses
Entre os prisioneiros contabilizados por Addameer estavam 210 crianças, 21 mulheres e 11 membros do Conselho Legislativo Palestino, instância legislativa da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) – da qual a Autoridade Palestina (AP) é o Executivo. A detenção das crianças e de parlamentares palestinos é condenada internacionalmente, reconhecida não apenas como violações graves, mas também como uma estratégia de desestabilização social e política.

De acordo com a Addameer, até 1º de março deste ano, havia 5.224 palestinos em prisões israelenses, em grande parte militares, instaladas na Cisjordânia. Um de três exemplos deste tipo é a prisão de Ofer (as outras duas são Megiddo e Ktzi'ot), próxima à sede administrativa do governo palestino, a cidade de Ramallah.

Dessa prisão, a jovem Mariam Barghouti, de 20 anos de idade, estudante de literatura, foi liberada nesta quinta, após quase uma semana detida sob a acusação de “atirar pedras”, bastante comum contra manifestantes palestinos – inclusive crianças – em suas expressões de resistência, mas negada pela jovem. Mariam foi detida enquanto acompanhava jornalistas no protesto semanal organizado pelo comitê de resistência popular da vila de Nabi Saleh, na Cisjordânia.

Após as eleições de 2006, que resultaram em uma crise política em processo de superação pelos palestinos, as forças israelenses prenderam aqueles eleitos pela plataforma do partido islâmico Hamas, que o governo de Israel classifica de “organização terrorista”. Sua base jurídica é outra das controvérsias: as Regulações Emergenciais de Defesa, em vigor desde a criação do Estado de Israel, em 1948 e, de fato, herdada da potência colonial no Mandato Britânico sobre a Palestina, inaugurado em 1922-1923.

Marwan Barghouti, lider do Al fatah preso por Israel
Marwan Barghouti
Outros parlamentares que continuam detidos incluem Marwan Barghouti (importante liderança do partido governista Fatah, na foto, condenado a cinco penas de prisão perpétua, detido desde 2002) e Ahmad Sa’adat (líder da Frente Popular para a Libertação da Palestina, também preso em 2002), entre os nomes cujas campanhas por libertação têm grande peso internacional.

Além disso, em março havia também 183 palestinos em “detenção administrativa”, uma classificação jurídica cheia de irregularidades que regulamentam, de forma distorcida, um processo ilegal que viola direitos civis e políticos mais básicos. Sob esta classificação, palestinos “suspeitos” podem ser detidos por períodos de seis meses renováveis indefinidamente e julgados em cortes militares.



Negligência, tortura e outros maus-tratos

Nas prisões, as condições são condenadas amplamente, inclusive por jornalistas israelenses. As denúncias de torturas – “métodos avançados de interrogatório”, debatidos e supostamente “justificados” por autoridades israelenses que parecem ter aprendido a lição de seus aliados mais extremistas nos Estados Unidos – e maus tratos, além da própria negligência médica sistemática, estão entre as mais veiculadas pelos movimentos de solidariedade e as organizações de defesa dos direitos humanos.

Nestes casos de negligência médica e tortura, três palestinos morreram sob a custódia israelense, no ano de 2013. Além destes, outros 12 foram mortos durante operações de detenção, que frequentemente se dão de forma violenta, com confrontos e invasões militares com soldados e carros blindados do Exército nas comunidades palestinas.

Mães palestinas pedem a libertação de seus filhos “A situação dos prisioneiros continua a deteriorar, enquanto eles enfrentam uma vasta gama de violações. Tanto os detidos quanto os prisioneiros continuam a sofrer de maus tratos e tortura de forma sistemática, inclusive as crianças. Desde 1967, 71 prisioneiros morreram como resultado da negligência médica e 53 morreram em consequência da tortura. O último foi Arafat Jaradat, torturado até a morte em fevereiro de 2013”, explica a organização Addameer, em sua página oficial.

Neste sentido, nos últimos 12 meses, houve um aumento das greves de fome. Em 2013, quase 40 palestinos prisioneiros começaram este tipo de protesto por diversas razões, sobretudo pela extensão de suas “detenções administrativas”, pela repetição da sua prisão ou pelos maus tratos nos centros carcerários. Naquele ano, o caso de Samir Issawi ficou conhecido devido ao longo período de nove meses em greve de fome e, atualmente, apenas Ayman Tbeisheh continua o seu protesto, que já dura 48 dias.


Arbitrariedade “regulamentada” e negociações

Assim como a Addameer, a organização israelense de defesa dos direitos humanos B'Tselem também denuncia os processos arbitrários conduzidos pelas cortes de Israel na determinação da prisão e da sentença dos palestinos. Segundo a Ordem Militar 1651, por exemplo, aqueles presos novamente são levados a um comitê militar extraordinário que tem o poder de adicionar à nova pena o restante de uma sentença anterior não cumprida devido a acordos ou outras opções, com base em evidências completamente secretas.

Tropas da ocupação israelense e sua covardiaAs campanhas populares palestinas e globais contra a situação dos prisioneiros e as leis israelenses incluem uma denúncia à empresa privada de segurança G4S, envolvida não apenas nos sistemas de segurança das colônias ilegais em territórios palestinos e do muro de segregação (que já tem cerca de 700 quilômetros de extensão, engolfando trechos consideráveis da Cisjordânia), mas também “em muitas das prisões e centros de detenção em que os prisioneiros políticos palestinos são interrogados, torturados e aprisionados,” afirma a Addameer.

A organização também apela ao desenvolvimento de uma estratégia nacional de proteção a todos os palestinos detidos por questões políticas, para garantir a sua libertação; “isto é particularmente relevante devido à recente assinatura [pela OLP] de 15 tratados e convenções internacionais, inclusive a Quarta Convenção de Genebra,” que inclui a proteção aos prisioneiros e civis.

Esta estratégia, continua a Addameer, “é necessária para contrapor-se às tentativas israelenses de usar os prisioneiros como moeda de troca, o que ficou evidente recentemente, quando [Israel] recusou-se a libertar o último grupo de 30 prisioneiros, em 29 de março,” conforme acordado nas pré-negociações que levaram à retomada do processo diplomático entre a AP e Israel, em julho de 2013.

A recusa israelense em liberar o último grupo em uma lista de 104 palestinos detidos ainda antes dos Acordos de Oslo, do início da década de 1990, é apontada pela AP como a principal causa da suspensão das negociações, que têm como prazo final o dia 29 de abril, após um longo período sem qualquer avanço diplomático e de expansão destrutiva da ocupação, com o aumento das colônias israelenses em território palestino, em detrimento dos diálogos e da resolução da questão.

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A inocência perdida, Israel prende e tortura crianças palestinas





Israel prende crianças palestinas






Israel tortura as crianças palestinas







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INFORME SOBRE LAS CONDICIONES DE LOS PRESOS PALESTINOS EN LAS CÁRCELES DE LA OCUPACIÓN ISRAELÍ



Desde el comienzo de la ocupación israelí del Territorio Palestino en 1967, más de 850.000 ciudadanos palestinos han sido detenidos. Entre ellos, 15.000  mujeres y decenas de miles de niños.
Desde el año 2000 hasta este día, más de 85.000 casos de detenciones han sido registrados. Entre ellos más de 10.000 son niños (menores de 18 años) y aproximadamente 1.200 son mujeres, más de  65 ministros o miembros del Consejo Legislativo Palestino y más de 24.000 bajo detenciones administrativas que pueden renovarse varias veces.

La detención de los palestinos no está restringida a una categoría o estrato específico. Incluye a todos los estratos y categorías de la sociedad palestina (niños, jóvenes, ancianos, mujeres, madres, esposas, enfermos, discapacitados, trabajadores, académicos, miembros del Consejo Legislativo, Ministros, dirigentes políticos, sindicales, estudiantes universitarios y secundarios, escritores y artistas).

Las detenciones son acompañadas y seguidas de numerosas violaciones al derecho internacional, como ser los métodos, lugar y condiciones de la detención, torturas y métodos utilizados para extraer confesiones. Conforme a los hechos y los testimonios de detenidos, 100% de aquellos que tuvieron la experiencia de ser detenidos o arrestados aseguraron que sufrieron algún tipo de tortura física o psicológica, abuso e insultos ante otras personas o miembros de su familia, y la mayoría sufrió varias de ellas.

Durante los últimos cuatro años, ha comenzado a quedar claro que los niños palestinos son objetivos de detenciones. Se registraron más de 3.755 casos de detenciones a niños, de los cuales 1.266 ocurrieron durante 2014. Durante el primer trimestre del año en curso, más de 200 casos de detenciones a niños han sido registrados sin consideración a su edad o debilidad física y sin atender a sus necesidades básicas. Han sido tratados duramente, torturados, sus derechos humanitarios básicos negados, sentenciados y condenados a prisión, multados y confinados en sus hogares. Más de 95% de los niños liberados de las cárceles aseguran que han sufrido torturas y maltrato durante el interrogatorio y la detención. Estas acciones suponen una amenaza real a la niñez palestina y su futuro.

Detenidos en números

Más de 6.500 presos políticos palestinos se encuentran aún en las cárceles de la ocupación israelí. Entre ellos:



Los presos políticos palestinos están distribuidos en 22 cárceles y centros de detención israelíes, las más destacadas son Nafha, Remon, Asqalan, Beir Sabee, Hadareem, Jalbou, Shata, Ramlah, Damoun , Hasharoon, Hadarim, Naqab, Ofar y Majedo.

Presas

Durante el proceso de detención, las presas palestinas son expuestas a golpes, insultos, humillaciones y desconsideración. No son informadas de su destino durante su traslado a la prisión. Durante el interrogatorio y la investigación, son expuestas a amenazas, intimidaciones, maltratos y golpizas.
El sufrimiento continúa a través del aislamiento, la negación de las visitas familiares, confiscación de productos adquiridos en la cantina del establecimiento, inspecciones provocativas, negación a tratamientos y educación. A siete detenidas se les niega encontrarse, visitar o comunicarse con sus esposos o hermanos presos en otras cárceles.

Detenidos enfermos

Más de 1.500 presos políticos palestinos en las cárceles de la ocupación israelí sufren diferentes enfermedades por las duras condiciones de vida, desnutrición, la contaminación, el trato cruel, la mala atención médica y la negligencia médica. Dieciséis de ellos se encuentran casi de forma permanentemente en el llamado hospital de la prisión “Al-Ramlah” en duras condiciones, sufriendo enfermedades graves (lisiados, con necesidad de intervenciones quirúrgicas, y al mismo tiempo se les prohíbe a médicos de afuera visitar a los enfermos y presentar el debido tratamiento). Asimismo, hay más de 80 casos que padecen de enfermedades crónicas, y 25 de los presos enfermos sufren cáncer y hay docenas de discapacitados mentales y físicos.

Muchos de los presos sufren enfermedades tanto físicas como psicológicas por las condiciones de vida insalubres, propagación de insectos, desnutrición, falta de higiene, poca ventilación, humedad, poca iluminación, hacinamiento, heridas durante la detención y golpes en las heridas para forzar confesiones. Las enfermedades más extendidas en las prisiones son las enfermedades de la piel, infecciones respiratorias, úlceras, tumores cancerígenos, insuficiencia renal, hernias de disco y de médula espinal, reumatología, presión arterial, diabetes, discapacidad visual, problemas dentales y enfermedades psicológicas. Los cuerpos de los presos enfermos se han convertido en campos de prueba para la práctica de médicos israelíes y compañías farmacéuticas.

Detención Administrativa

La detención administrativa es el enemigo desconocido de los presos palestinos. Es castigo sin cargos. Ella implica la detención sin juicio, sin el derecho a la defensa por parte de un abogado o la auto-defensa por falta de evidencia incriminatoria, y está basada en la llamado “archivo secreto” provisto por la agencia de inteligencia de la ocupación israelí.

El tiempo de detención administrativa va desde uno a seis meses. Es emitida por jefes militares en el territorio ocupado palestino, basadas arbitrariamente en órdenes militares. En muchos casos, la detención administrativa puede ser renovada varias veces y muchas de ellas llegan a diez. En ese caso, las víctimas (hombres o mujeres, jóvenes o viejos) pueden llegar a pasar más de cinco años en prisión sin cargos y juicio basado en el “archivo secreto”. La mayoría de los palestinos objetivo de detenciones administrativas son médicos, ingenieros, profesores universitarios, periodistas, diputados del Consejo Legislativo.

Mártires detenidos

Muchos de los presos palestinos murieron en las cárceles de la ocupación israelíes como resultado de las duras y crueles condiciones en las que vivieron, como torturas, negligencia médica, aislamiento, disparos y las agresiones nocturnas a las habitaciones con gases. De acuerdo a los casos documentados en el registro de la Comisión de Presos y ex – Presos, 206 de los presos fueron asesinados luego de su arresto desde 1967. El último caso registrado es el del mártir Raed Aljabari de Hebrón. La causa de muerte de los mártires es como sigue: 71 por torturas, 54 como resultado de negligencia médica, 74 asesinados deliberadamente luego de la detención, 7 por disparos directos de soldados dentro de la celda. Además de decenas de presos que fueron martirizados heredados de las cárceles, tal como: Hayel Abu Zeid, Murad Abu Sakut, Fayez Zaidat, Ashraf Abu Tharea,  Zakariya Issa entre otros.


El poder judicial israelí

El poder judicial israelí implementa las leyes militares israelíes en violación al derecho internacional. Ello afecta la imparcialidad del procedimiento legal. La legislación israelí no incluye leyes condenatorias de los crímenes de guerra o de lesa humanidad.

El poder judicial discrimina a los ciudadanos palestinos al dictar las sentencias en relación a los ciudadanos israelíes. La Suprema Corte de Justicia desechó miles de quejas presentadas por  presos y abogados en representación de detenidos que sufrieron torturas y malos tratos durante la detención. El poder judicial israelí no ha condenado a ningún oficial israelí de la agencia de inteligencia que haya cometido crímenes de lesa humanidad o asesinado a palestinos durante una detención.

Durante el año 2014, el gobierno israelí se concentró en emitir y aprobar nuevas leyes en el parlamento; medidas legislativas arbitrarias contra los prisioneros como las siguientes:

•         Ley de alimentación por la fuerza a los prisioneros en huelga           de hambre
•         Ley de evitar la amnistía para prisioneros
•         Ley del combatiente ilegal
•         Aumento de las penas para niños a 20 años de prisión
•         La privación de la educación secundaria y terciaria para los              prisioneros
•         Detención de niños menores de 18 años
•         El uso de la tortura bajo el pretexto de riesgos de seguridad
•         Imposición de fianzas y compensaciones financieras a los                 prisioneros

Derecho internacional

La ocupación israelí no reconoce la implementación de la tercera y cuarta convenciones de Ginebra sobre los presos. Trata a los prisioneros políticos palestinos como terroristas y criminales y les implementa sus leyes militares internas. Estas leyes privaron a los presos de sus derechos básicos y quitaron la legitimidad de su lucha contra la ocupación aprobada por resoluciones de las Naciones Unidas.

Contrariamente a la Cuarta Convención de Ginebra, Israel aún mantiene a prisioneros palestinos en prisiones dentro de Israel a los que priva de las visitas familiares, de ropa de abrigo durante el invierno, el acceso a libros, imposición de castigos individuales y colectivos como la compra de objetos necesarios para cubrir las necesidades básicas.

Por último, Palestina, como Estado reconocido por las Naciones Unidas, se ha incorporado a numerosas convenciones y tratados internacionales. En particular, las cuatro Convenciones de Ginebra y la Corte Penal Internacional. Por ello, se ha hecho necesario llamar a las Altas Partes Contratantes a la Convención de Ginebra a reunirse y obligar a Israel a implementar estos acuerdos en el territorio palestino ocupado y a los presos. Es importante tomar las medidas legales necesarias y activar las herramientas del derecho internacional para procesar a los israelíes en relación a las violaciones cometidas contra prisioneros.

Israel no puede permanecer como un Estado por encima de la ley, violando los derechos de los prisioneros y las convenciones humanitarias internacionales. El tema de los prisioneros es una cuestión humanitaria de justicia. Hay responsabilidad internacional de exigir a Israel que respete el derecho humanitario internacional en el trato a los prisioneros.

A nivel político, el tema de los prisioneros ocupa un lugar importante en la sociedad palestina relacionado con los derechos y la lucha legítima por la libertad, dignidad y auto-determinación. Cualquier paz normal y genuina en la región debe incluir la liberación de los prisioneros como parte de una solución o acuerdo político y estabilidad en la región.

El gobierno de Israel debe hacerse responsable de detener las negociaciones políticas a fines de 2013 luego de negar la liberación de la tercera grupo de prisioneros detenidos antes de los Acuerdos de Oslo, y de esta manera no adherir a los acuerdos en ese punto, además de continuar construyendo asentamientos en Cisjordania y Jerusalén.


La detención administrativa implica la detención sin juicio, sin el derecho a la defensa por parte de un abogado o la auto-defensa por falta de evidencia incriminatoria, y está basada en la llamado “archivo secreto” provisto por la agencia de inteligencia de la ocupación israelí.

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