As primeiras manifestações de rua no Brasil a favor e solidárias com o povo palestino ocorreram durante a invasão israelense ao Líbano em 1982.
O Escritório de representação da OLP- Organização Para a Libertação da Palestina, já havia se instalado no Brasil em 1979, o que deflagrou por parte do movimento sionista no Brasil uma campanha de difamação agressiva, contrariando a posição do próprio governo brasileiro que apoiava as reivindicações palestinas pelo seu estado independente.
O representante da OLP, Dr. Farid Suwwan, apoiado pela comunidade árabe em geral e palestina em particular, apoiado pelos movimentos sociais e partidos, construiu a base de amplo leque de apoio à causa palestina no seio da sociedade brasileira.
Em 1982, Israel cometeu um verdadeiro massacre contra as populações libanesas e palestinas, tudo televisionado e o mundo assistia diariamente aos horrores perpetrados pelo exército israelense.
Durante o cerco a Beirute, capital do Líbano, que durou 70 dias, o exército israelense bombardeou por ar, terra e mar, sem distinguir entre os alvos a população civil de 500 mil habitantes. Uma destruição terrível, uma carnificina estava exposta e adentrava pela TV os lares dos brasileiros. Os mortos chegaram a 30.000, segundo as estimativas oficiais.
Após a retirada dos combatentes da OLP, milícias fascistas libanesas, com o apoio do exercito israelense, que controlava a capital, executaram mais de 2 mil civis nos campos de refugiados palestinos de Sabra e Chatilla. Cenas desse holocausto palestino foram mostradas ao vivo e a cores ao mundo.
Foi nesse contexto de horror e tragédia que a comunidade árabe no Brasil (palestinos, libaneses, sírios e de outras nações árabes), tomada por um sentimento de pesar e revolta, reagiu e foi às ruas da Avenida Paulista, com o apoio, participação e organização dos partidos políticos e entidades da sociedade civil brasileira, para protestar, desabafar e externar a sua dor, sua inconformidade com a tragédia:
“Foi quando em setembro acontece o Massacre de Sabra e Chatila no Líbano”. A mobilização mundial foi muito grande. No Brasil maior ainda. A UNE, os sindicatos, os partidos políticos, foram às ruas e o grito de guerra era “OLP estamos com você”, e “Israel assassino do Povo Palestino”.
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“Muitas manifestações de rua foram realizadas, a maior delas em setembro de 1982 na cidade de São Paulo com a participação de dez mil pessoas pedindo o fim dos massacres e a criação do Estado da Palestina, livre, soberano e democrático.” [1]
Nesse período de intensa mobilização e debates sobre a causa palestina, um grupo de jovens de descendência palestina, síria e libanesa, fundou a Associação Cultural SANAUD, que contou com a contribuição fundamental de Ali El Khatib, histórico militante da causa palestina no Brasil, um grande amigo e companheiro de incontáveis jornadas, desde os idos de 1980:
“Neste momento, 1982, com a juventude árabe se reunindo na sede da Sociedade Árabe Palestina, na Avenida Senador Queirós em São Paulo, surgiu a ideia de formarmos uma a Associação Cultural. Foi então que surgiu a Associação Cultural Sanaud.”
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“Em 1985, nós realizamos o 1º Congresso das Associações Culturais Sanaud e o 1º Encontro da Juventude Árabe-Palestina da América Latina e Caribe, na Fazendinha, no Campus Taquaral da UNIMEP em Piracicaba.” [2]
A Associação Cultural Sanaud de São Paulo foi a primeira a ser fundada e que tive a honra de presidir. Depois foram criadas 17 Associações em todo o Brasil. Um dos momentos históricos da Sanaud foi a participação com faixas, banca de livros e panfletagem, no primeiro comício das Diretas Já, no estádio do Pacaembu, em 1983.
Não é por acaso que o nome desse blog é SANAUD!
Dentre outras atividades e fatos históricos, que tenho o orgulho e honra de ter participado, destaco:
- A criação, em 1982, do primeiro movimento organizado da sociedade brasileira em apoio a causa palestina, o Comitê Brasileiro de Solidariedade ao Povo Palestino, com a participação de representantes de entidade nacionais e dos partidos políticos.
- A campanha eleitoral de 1982, quando o primeiro Presidente da Federação Palestina, o saudoso irmão e amigo Souheil Sayegh, foi lançado como candidato a Deputado Estadual pelo PT, tendo como companheiro de chapa Airton Soares – PT (candidato a Deputado Federal). Foi uma campanha intensa, onde a juventude SANAUD e amplos setores da comunidade árabe, cumpriram um papel ativo de mobilização e apoio. Faltaram menos de 800 votos para eleger Sayegh.
- A Campanha pela Libertação de Lâmia, presa em Israel e libertada após 11 anos, com massiva participação popular e da imprensa quando de sua chegada ao Brasil em fevereiro de 1997. A irmã e companheira Lâmia foi fundadora da Associação Cultural Sanaud.
- A aprovação pela Assembleia Legislativa de São Paulo , em 1984,da Lei do Dia Estadual de Solidariedade ao Povo Palestino, iniciativa do Deputado Benedito Cintra (PC do B) e sancionada pelo Governador Franco Montoro.
- O Congresso de Fundação da COPLAC-Confederação Palestina para América Latina e Caribe, realizado em 1984, na cidade de São Paulo, cuja abertura foi na Assembleia Legislativa e contou com a participação da comunidade árabe e palestina, de autoridades governamentais e não governamentais a nível nacional e internacional.
- A inauguração da praça Estado da Palestina pela Prefeita Luiza Erundina, em 1989, que contou com a presença de todas a entidades e lideranças palestinas do Brasil. Apesar das pressões que a prefeita enfrentou, não esmoreceu, não se rendeu e, dignamente, honrou o seu compromisso de solidariedade com o povo palestino.
- A visita, em 1995, de Yasser Arafat ao Brasil. Líder do povo palestino, Presidente da OLP e da Autoridade Nacional Palestina. A comunidade palestina presente em massa em Brasília. Um grupo de jovens, com o lenço palestino aos ombros, aguardavam a chegada de Arafat. Escolheram como local provável um dos hotéis da cidade, tiverem sorte, acertaram. Quase cinco da manha e o Presidente adentrou o hall do hotel e não demonstrando cansaço, recebeu a todos, com um sorriso largo e brilho nos olhos, cumprimentou um por um dos trinta e poucos jovens que lá estavam. Distribuiu abraços e palavras de carinho e emoção.
Nesses 31 anos, foram inúmeros os atos públicos, as sessões solenes comemorando o Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino, as manifestações de rua, os debates, as palestras, as visitas à Palestina ocupada de delegações parlamentares, sindicais, politicas, os congressos nacionais e internacionais da comunidade palestina no Brasil tendo como entidade representativa a FEAPB- Federação de Entidades Árabe-Palestino Brasileiras, fundada em 1980, hoje denominada FEPAL- Federação Árabe Palestina do Brasil.
Na matéria/entrevista de Ali El Khatib, que uso aqui como referencia, podemos ler com mais riqueza de detalhes a história do movimento de apoio ao povo palestino durante o período de 1979 a 2010. Essa história comportaria um livro! Quem sabe o amigo Ali não se motiva para tal empreitada. Seria um prazer poder dar a minha contribuição para esse documentário textual e fotográfico da história dos palestinos no Brasil e da solidariedade brasileira ao povo palestino.
Campanha pelo Estado da Palestina Já: um marco histórico
O ato público e caminhada do dia 20 de setembro tiveram duas constatações inéditas.
Primeiro, não foi uma reação à mais uma das costumeiras brutalidades criminosas com que Israel trata o povo palestino, mas sim uma ação politica de apoio a OLP e ANP no seu objetivo de solicitar a ONU que o Estado da Palestina seja admitido como estado membro de plenos direitos como os demais 193 países que compõem a Assembleia Geral das Nações Unidas.
As mais de duas mil pessoas presentes na caminhada (no auge da caminhada, chegou a 3 mil pessoas) não compareceram motivadas pelo repudio às cenas de brutalidade ou de massacres, mas por uma ação política clara de apoio ao direito do Estado da Palestina integrar o concerto das Nações. Não foi necessário aguardar ou receber a noticia de um novo massacre ou bombardeio contra o povo palestino para que houvesse alguma reação. A ação precedeu a reação!
O movimento de solidariedade contrapõe a fase da reação e salta para a etapa da ação positiva, evidenciando maior maturidade e afirmando a sua compreensão do atual estágio de luta e resistência do povo palestino.
Segundo, pela primeira vez, tanto no ato de lançamento do Comitê pelo Estado da Palestina Já, no dia 29 de agosto, como no ato e caminhada do dia 20 de setembro, tivemos a participação de todas as centrais sindicais, das entidades estudantis e de mulheres. Na caminhada, participaram partidos políticos, parlamentares, religiosos, artistas, escritores, jovens, entidades da comunidade árabe e dos mais variados extratos do movimento social. Estiveram presentes 64 entidades nacionais e partidos políticos.
Uma das cenas mais emocionantes da caminhada, foi quando jovens, homens e mulheres do MST desfraldaram a bandeira palestina de 40 metros de comprimento, evidenciando o seu compromisso com a causa palestina e externando sua alegria e determinação em manter a bandeira erguida durante todo o trajeto da caminhada.
O Embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Al Zeben, quando do seu discurso no ato de lançamento do Comitê, no Sindicato dos Engenheiros, agradeceu os presentes pela solidariedade e disse: “agradeço a solidariedade de todos, vejo aqui quadros representativos do povo brasileiro, aqui vejo todo o Brasil, vejo toda a América Latina, vejo a humanidade”
O Comitê da Campanha terá uma reunião de avaliação no próximo dia 28 e decidirá os próximos rumos. O movimento de solidariedade sai fortalecido e proponho que o próximo passo seja a construção do Primeiro Encontro Nacional de Solidariedade ao Povo Palestino em novembro desse ano, onde várias entidades e partidos já vêm discutindo esse assunto desde 2009 e o momento não poderia ser mais propicio para a sua concretização
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Fiz um apanhado de fotos e vídeos do ato e caminhada do dia 20, apreciem e divulguem em seus blogs, e-mails e redes sociais.
Parabéns a todos e todas, aos companheiros(as) do Comitê pelo Estado da Palestina Já e a todos aqueles que no anonimato fizeram possível o sucesso da Campanha.
Estado da Palestina Já na ONU e na terra santa da Palestina, Capital Jerusalém , pelo retorno dos refugiados, desmantelamento das colonias judaicas e libertação dos prisioneiros.
Emir Mourad
Secretário Geral da FEPAL
Federação Árabe Palestina do Brasil
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مسيرة حاشدة للقوى البرازيلية المناصرة لفلسطين في ساو باولو
نظمت القوى المناصرة لفلسطين مساء اليوم مسيرة حاشدة مساء اليوم ٢٠ سبتمبر بمشاركة قرابة 3000 مواطن وأربعة وستون مؤسسة ومنظمة مدنية وحزبية ونقابية ودينية ، تمثل كافة الأطياف السياسية والاجتماعية البرازيلية.
وقد ترافقت المسيرة التي انطلقت من امام مبنى المسرح الوطني بث لاغاني وطنية فلسطينية وبرازيلية والنشيد الوطني الفلسطيني . وجابت المسيرة ثلاثة شوارع رئيسية حيث حمل المتظاهرون اللافتات التضامنية وعلم فلسطيني ضخم اعد لهذه المناسبة توسط المظاهرة وقمصان كتب عليها ( دولة فلسطين الان) وفورا ) ، وانتهت المسيرة المنظمة بحفل خطابي حاشد امام مبنى البرلمان حيث افتتحه رئيس لبرلمان بكلمة تضامنية اكدت وقوف الشعب البرازيلي خلف قيادته السياسية الداعمة لانضمام دولة فلسطين لمنظمة الامم المتحدة . وتناول الخطباء اهمية هذا الحدث التاريخي مؤكدين ان انضمام فلسطين هو قرار عادل وانساني تم تاجيله قسرا لعدة عقود دفع خلالها الشعب الفلسطيني خيرة أبناءة من اجل الحرية والاستقلال .
واختتم الحفل الجماهيري بالنشيد الوطني الفلسطيني وبكلمة شكر للسفير ابراهيم الزبن اكد فيها شكره للبرازيل التي فتحت الأبواب لسلسلة من الاعترافات بدولة فلسطين وشكر فيها الرئيس السابق لويس ايناسيو لولا داسيلفا والرئيسة الحالية ديلما روسيف اللذان عبرا بسياستهما التضامنية عن روح هذا الشعب الصديق الحريص على مباديء العدل والسلم.
وبهذا الحفل تكون قد بدات بالفعل الحملة الوطنية لنصرة فلسطين التي ستشمل كافة الولايات والمدن البرازيلية خلال الاسبوع الحالي. هذا ويترافق مع الانشطة التضامنية تغطية إعلامية غير مسبوقة تتسم بالتوازن والتضامن مع المطالب المشروعة للشعب الفلسطيني.
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TV CULTURA
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A caminhada e a poesia do maior poeta palestino, Mahmud Darwish.
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CUT, centrais, movimentos sociais e partidos populares unidos pela Palestina livre e soberana
20/09/2011
Mar de solidariedade inundou as ruas de São Paulo nesta terça-feira pelo reconhecimento do Estado palestino
Escrito por: Leonardo Severo
Uma multidão tomou as ruas da capital paulista no final da tarde desta terça-feira (20) em apoio ao reconhecimento do Estado da Palestina, já! Convocada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), centrais sindicais, movimentos sociais e partidos populares, a manifestação - realizada em vários países do mundo - antecede a abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), onde a presidenta Dilma Rousseff, primeira mulher a abrir o evento, defenderá o direito do povo palestino à sua Pátria, soberana, livre da opressão israelense.
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Manifestantes pedem reconhecimento do Estado da Palestina
Da assessoria do deputado Hamilton Pereira
Cerca de 3 mil pessoas reuniram-se no centro da capital paulista, na tarde de terça-feira, 20/9, em ato pela admissão do Estado da Palestina como o 194º membro da Organização das Nações Unidas (ONU). O deputado Hamilton Pereira (PT) participou da manifestação ao lado dos companheiros de bancada Adriano Diogo e Marcos Martins.
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TVT
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Renato Rabelo discursa em defesa do Estado palestino em SP
O presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, participou ontem do ato em defesa da criação do Estado Palestino. Em frente à Câmara Municipal, o dirigente comunista saudou a luta do povo palestino e o apoio do Brasil à iniciativa, expressada pela presidente Dilma na Assembleia da ONU.
Ato pelo Estado Palestino reúne dois mil na capital paulista
JORNAL HORA DO POVO
23/09/11
Em nome do PSB, Arnaldo Saldanha, frisou que ao votar pelo reconhecimento do Estado palestino o governo brasileiro está manifestando o seu compromisso com a paz, o desenvolvimento e a justiça. Representando o Partido Pátria Livre (PPL), Nathaniel Braia destacou que “chegou a hora do alvorecer de uma nova era dos povos, livres do imperialismo”.
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Entre os vereadores presentes ao ato estava o presidente da Câmara José Police Neto, o vereador Jamil Murad, Eliseu Gabriel, Juliana Cardoso e Netinho de Paula.
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São Paulo (SP): Ato pelo reconhecimento do Estado Palestino
Qua, 21 de Setembro de 2011
Assessoria de Imprensa da Força Sindical
A manifestação foi organizada pelas centrais sindicais e movimentos sociais
A Força Sindical, demais centrais sindicais e os movimentos sociais, entre os quais a UNE e o MST realizaram na tarde desta terça-feira, dia 20, uma manifestação pelo reconhecimento do Estado Palestino pela Organização das Nações Unidas (ONU).O ato reuniu cerca de 2 mil pessoas e teve como ponto de concentração a Praça Ramos de Azevedo, em frente ao Teatro Municipal, em São Paulo. De lá os manifestantes seguiram em passeata até a Câmara Municipal de Vereadores.
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CTB marca presença em ato pela criação do Estado da Palestina
22 September 2011
Mais de 1.500 pessoas participaram nesta terça-feira (20) do ato organizado em São Paulo pela criação do Estado da Palestina. A CTB marcou presença no evento, que foi realizado em diversas cidades ao redor do planeta – em virtude da proximidade da votação na Organização das Nações Unidas (ONU) a respeito dessa questão.
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Entrevista com o Embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben.e cenas da manifestação.
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Dilma defende o Estado palestino em discurso na ONU
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Encerramento do ato com o discurso do Embaixador da Palestina
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