Manifestantes em todo mundo pedem justiça para Rachel
Corrie
28 de Agosto de 2012
A ativista americana Rachel Corrie, 23 anos, se colocou
diante de uma escavadeira do exército de Israel para tentar impedir que casas
palestinas fossem derrubadas em Gaza, em 16 de março de 2003. Não adiantou.
Acabou atropelada e morta pela escavadeira. Nesta terça-feira (28), quando
movimentos pela libertação da Palestina em todo mundo protestam contra sua
morte, o tribunal israelense de Haifa julgou a morte como acidental.
A morte violenta de Corrie, tendo em vista que o piloto da
escavadeira fez questão de passar três vezes em cima de seu corpo, no campo de
Rafah, na Faixa de Gaza, está sendo lembranda durante todo o dia de hoje. A
ativista fazia parte de International Solidarity Movement (ISM) que defende a
causa palestina.
Limpeza étnica
A ação que matou
Rachel Corrie, ativista do ISM (International Solidarity Movement), foi
noticiada um dia depois, pelo jornal israelense Haaretz, como “rotineira”.
Infelizmente, são rotineiros o assédio militar, a tortura e os assassinatos
cometidos pelo exército israelense contra o povo palestino. Milhares de casas
continuam a ser demolidas arbitrariamente nos territórios ocupados, como parte
da estratégia do Estado israelense de dar sequência a um plano deliberado de
expulsão de palestinos, iniciado, segundo historiadores palestinos e
israelenses ainda antes de sua criação, em 15 de maio de 1948. Naquele ano, em
seis meses, foram destruídas 530 aldeias e cidades palestinas e expulsos de
suas casas e terras 800 mil habitantes nativos.
As políticas de
expulsão dos palestinos de suas próprias casas, nunca mais pararam. Neste mês
de agosto Israel anunciou a destruição de 12 comunidades palestinas e a
expulsão de seus mais de 1.500 moradores. Desde o início de 2012 mais de 2 mil
pessoas foram afetadas pelo deslocamento forçado, imposto por Israel. Esses
crimes objetivam tornar impossível o estabelecimento de um Estado Palestino
livre e soberano.
Rachel Corrie não é
uma vítima isolada nem mesmo entre ativistas. Outros já foram assassinados e
feridos por prestar solidariedade à luta palestina. Embora não tenha conseguido
impedir que mais uma casa palestina se somasse à triste estatística das
demolições, Rachel, com seu gesto heróico, fez com que o número de ativistas
internacionais aumentasse, e com que crescesse a solidariedade à Palestina. A
luta de sua família por justiça tem alertado o mundo para a situação dos
palestinos, engrossando as fileiras daqueles que exigem o fim da política de
ocupação, apartheid y limpeza étnica.
Além de sua batalha
nos tribunais israelenses, os pais de Rachel Corrie lutam para que governos e
empresas rompam contratos com a Caterpillar, marca do equipamento que
assassinou sua filha. Recentemente obtiveram uma vitória por meio do movimento
BDS – que reivindica boicote, desinvestimento e sanções a Israel enquanto a
ocupação, o apartheid e a limpeza étnica da Palestina se mantiverem –, quando a
Caterpillar perdeu os investimentos da poderosa TIAA-CREF, fundo de
investimentos estadunidense.
Julgamento
Em uma decisão lida
no tribunal, o juiz Oded Gérson classificou a morte de Corrie como "um
acidente lamentável", mas alegou que o Estado não era responsável pelo
"incidente" e que o mesmo teria ocorrido durante o que ele chamou de
uma "situação em tempo de guerra."
O juiz explicou,
ainda, que os soldados teriam feito o máximo para manter as pessoas longe do
local, advertindo a todo momento os ativistas. Gérson explicou que o campo de
visão do operador do trator era
limitado. "A pessoa estava em um ponto cego e o operador não podia
vê-la", acrescentou.
O Procurador Husain
Abu Husain, que representou a família de Corrie na audiência, disse que,
"O tribunal sancionou o prejuízo de pessoas inocentes e a violação dos
direitos humanos básicos. Esta é uma decisão ruim para os direitos humanos e o
direito internacional." Husain disse que a família pretende recorrer da
decisão para o Supremo Tribunal.
"Estou
ferida," declarou a mãe de Corrie, Cindy, após o veredito.
Fórum Social Mundial Palestina Livre
A solidariedade
internacional ocorre três meses do início do Fórum Social Mundial Palestina
Livre, encontro mundial histórico que será realizado entre 28 de novembro e 1
de dezembro de 2012, em Porto Alegre, e que vem sendo construído por dezenas de
organizações da sociedade civil brasileira, palestina e internacional. Durante
o evento, os movimentos prometem uma grande mobilização para buscar justiça
pela morte de Corrie e milhares de palestinos.
O FSMPL contará com
grandes conferências distribuídas em cinco eixos centrais:
1. autodeterminação e
direito de retorno;
2. direitos humanos e
direito internacional;
3. movimentos sociais
e formas de resistência;
4. por um mundo sem
muros e sem racismo;
5. BDS e estratégias
de luta.
Também estão
programados espetáculos artísticos e mostras culturais. Em 29 de novembro, está
prevista uma grande manifestação para celebrar o Dia Internacional de
Solidariedade ao Povo Palestino. Mais
informações pelo site: http://rachelcorriefoundation.org/trial .
Siga o julgamento no
Twitter: @rcfoundation Siga e participe das manifestações no twitter
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Mais informações
sobre o FSM Palestina Livre em www.wsfpalestine.net
com informações da
Ciranda e do Haaretz
Fonte: http://www.vermelho.org.br/tvvermelho/noticia.php?id_secao=9&id_noticia=192356