segunda-feira, 29 de abril de 2013

Grupo brasileiro encerra agenda para divulgar realidade palestina

Em sua última atividade política na Cisjordânia, a 2ª Missão de Solidariedade ao Povo Palestino encontrou-se nesta quarta-feira (24) com o governador de Jerusalém (reivindicada como a capital da Palestina, mas ocupada por Israel), Adnan Al-Huseini, que falou do apoio do Brasil à causa palestina, das negociações com Israel e do peso da cidade no conflito.



Missão brasileira de solidarieade ao povo palestino em jerusalém
Cidade antiga de Jerusalém
Ao saudar a delegação brasileira, composta por representantes de diferentes entidades, o governador reconheceu o papel do Brasil como um importante parceiro na defesa da causa palestina, “que sabe e apoia nossa justa causa”, completou. 

“Devemos fazer todo o tipo de pressão para dizer que a paz é necessária, e este é o nosso trabalho atual”, disse Al-Huseini, que reconheceu a importância do trabalho da delegação brasileira na divulgação da realidade palestina.

Para o governador, a posição política dos EUA ao defender a negociação é apenas um meio para dar tempo a Israel, que continua ocupando terras palestinas, “em uma nova colonização”.

Assim como a Cisjordânia, Jerusalém também está sob a ocupação militar israelense, e até mesmo a parte palestina é cercada por 26 colônias judias, dentro das fronteiras palestinas (ou seja, já na Cisjordânia). Além disso, há também cerca de 160 colônias judias ao redor da cidade.

As forças do exército invasor podem ser vistas em várias áreas da cidade, inclusive em pontos de peregrinação religiosa. O cerco é tamanho que os judeus e muçulmanos são proibidos de visitar os pontos religiosos da outra religião.

Para entrar na mesquita que representa a cidade, por exemplo, Al-Aqsa (que fica na chamada “esplanada das mesquitas”, onde está também o “muro das lamentações” judeu, parte restante do templo destruído há séculos), os muçulmanos e turistas têm de passar por uma ponte controlada militarmente pelas forças israelenses.

Enquanto os sionistas constroem suas colônias de forma incessante, há muitos tipos de restrições para os palestinos construírem suas residências, e quando o fazem sem a autorização da administração civil israelense, elas são derrubadas.

Para o governador, a política de Israel é forçar a emigração dos palestinos. Em tal quadro, "é muito difícil estabelecer uma política de planejamento para a cidade sitiada”. O plano de Israel é fazer com que apenas 15 ou 20 % da população de 300 mil habitantes continue na cidade, segundo Al-Huseini, para assim ampliar a ocupação.

O governador lembrou que da atual população palestina de 11 milhões de pessoas, seis milhões estão residindo em outros países, como refugiados ou emigrados.

A cidade de Jerusalém é considerada por diversos atores políticos, tanto palestinos e israelenses quanto mediadores internacionais, como um ponto crucial no conflito.

Além de ser reivindicada como a capital oficial por palestinos e israelenses (e destinada a uma partilha entre ambos, de acordo com o consenso internacional para as negociações), a cidade é usada para classificar o conflito, de forma manipuladora e equivocada, como um conflito religioso.

Da redação do Vermelho, Moara Crivelente,
com informações de Galindo Luma, integrante da 2ª Missão de Solidariedade ao Povo Palestino, de Jerusalém.


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Entidades da esquerda palestina: Libertação vencerá a ocupação



Missão brasileira de solidariedade ao povo palestino


A 2ª Missão de Solidariedade ao Povo Palestino reuniu-se nesta terça-feira (23) em Ramallah (Cisjordânia) com entidades do movimento popular. A primeira reunião do dia aconteceu com Wasel Abur Yousef, coordenador do grupo que articula os 13 partidos que integram a Organização para a Libertação da Palestina, e com Sultan Abu Al-Iniem, também da OLP, refugiado no Líbano por cerca de 30 anos e que voltou ao país em 2009.


Al-Iniem fez um agradecimento especial à esquerda brasileira e disse esperar ter o Brasil sempre apoiando a luta por um estado livre, independente e soberano.

A missão encontrou-se também com entidades do movimento popular palestino, com a presença da União Geral dos Trabalhadores Palestinos (GUPW), a maior central sindical do país, a União de Mulheres da Palestina, sindicatos dos professores, economistas, engenheiros e advogados.

Mohmoud Esmaele, membro executivo da OLP, responsável na instituição por dirigir o departamento dos trabalhadores e organizações populares, abriu a reunião fazendo uma dura crítica à globalização financeira e ao imperialismo, dizendo que os trabalhadores só encontrarão a liberdade quando derrotarem as forças que sustentam a ganância e a exploração.

Reafirmou que a ocupação colonialista promovida pelo sionismo, que desrespeita sistematicamente os tratados e as leis internacionais, é um entrave muito grande ao desenvolvimento da Palestina. E concluiu: " estamos cientes de que o imperialismo não dominará o mundo; eles querem nos dominar; querem que todos sejamos os serviçais; o imperialismo vai acabar um dia; esse é o desejo dos povos".

O coordenador da delegação, Lejeune Mirhan, disse esperar voltar ao país em outras oportunidades e encontrar a Palestina livre, ressaltando a representatividade da delegação atual, integrada por representantes dos maiores partidos da esquerda brasileira e pelas maiores centrais sindicais do país.

Falou também que "além do objetivo central de prestar solidariedade ao povo palestino, a delegação tem como tarefa a divulgação no Brasil, de todas as formas possíveis, de tudo que foi visto nas visitas e reuniões que aqui fizemos".

A secretária Geral da União de Mulheres, parte da estrutura da OLP, Nana Alkha Lili, disse que a entidade tem presença em todo o país e em outras nações, que promove atividades diárias de fortalecimento da luta emancipadora; que mantém intercâmbio com várias entidades mundo afora e que tem levantado a luta pela quota de 30% das mulheres na ocupação de cargos nas entidades e partidos.

Nana disse também que "as mulheres têm de assegurar o direito de participar das decisões políticas".

Mohammad Yahya, representando a CUPW informou que a central tem na base 156 mil trabalhadores, organizando os trabalhadores em comitês contra a ocupação. De acordo com Yahya, o desemprego é muito grande em decorrência da ocupação, e "os trabalhadores do mundo têm uma única causa, a luta pela superação da exploração". Ao final, foi sugerida e aprovada a proposta de a delegação e os palestinos indicarem três pessoas cada para o início de intercâmbios entre os movimentos sociais dos dois países.

Solidariedade brasileira


Al-Iniem agradeceu ao Brasil por ter sediado o Fórum Social Mundial Palestina Livre, em 2012, e denunciou os problemas provocados pela ocupação. Sultan, que foi o comandante da resistência armada no Líbano e é atualmente membro do Comitê Executivo da OLP, disse que o atual momento clama pela defesa da democracia e por igualdade, o que só será plenamente possível com a saída do exército invasor.


A missão brasileira visitou a cidade de Beytunia, que fica a três quilômetros da capital e tem cerca de 30 mil habitantes. É uma cidade histórica localizada no centro do país e, como as demais, é vítima da cruel ocupação estrangeira: as colônias judias estão ao redor do município.

As forças do exército mantém nas proximidades uma prisão com aproximadamente 1.000 presos, julgados e condenados por um tribunal militar israelense e vítimas permanentes de torturas físicas e psicológicas.

A delegação brasileira pelo prefeito Ribhi Dola, ex-preso político, por 13 vereadores e membros da administração. No auditório do prédio municipal, com a presença do embaixador do Brasil, Paulo Roberto França, o gestor registrou o prazer de receber os brasileiros, falou das dificuldades resultantes da ocupação, e seus secretários apresentaram os projetos de desenvolvimento da cidade.

O embaixador agradeceu a presença da delegação do comitê e sugeriu que iniciativas desse tipo tenham prosseguimento, ressaltando que o Brasil é parceiro na luta pela constituição do estado palestino.

Uma pequena carreata com bandeiras do Brasil se dirigiu a um parque, onde houve um almoço de confraternização. Na abertura, com um público de mais de 100 pessoas, um líder religioso muçulmano fez uma introdução com versículos do corão, seguido de apresentação dos hinos nacionais do Brasil e da Palestina.

O prefeito voltou a falar do prazer em receber os brasileiros e em tom emocionado se dirigiu aos presentes: "espero que vocês levem para o Brasil a mensagem de que um dia seremos livres e independentes". O coordenador do comitê brasileiro Lejeune Mirhan disse esperar que em tempo o mais breve possível o povo palestino seja livre, soberano, independente, democrático e laico.

Às 19h ocorreu o encontro com o presidente do Partido da Frente Árabe-Palestina na sede da União de Mulheres Palestinas. Jamil Shadah disse sentir-se honrado com a visita da delegação brasileira, e que essa iniciativa é uma colaboração valiosa na luta contra a ocupação.

O dirigente partidário afirmou que a Palestina vive “um dos momentos mais duros da ocupação, com a violência praticada diariamente contra a população local pelas forças e ocupação”, e que o partido tem concentrado esforços para atrair o Hamas (no governo da Faixa de Gaza) para compor a frente, "uma tarefa muito difícil, mas não impossível", afirmou.

Às 21h, a Organização pela Libertação da Palestina (OLP) organizou um jantar de confraternização com os brasileiros integrantes da missão. Mohmoud Esmaele, secretário executivo da OLP, assim com várias lideranças da frente política, conclamou solidariedade entre povos e governos pela democracia e contra qualquer forma de opressão.

Disse que “muitos passos ainda serão dados no caminho da conquista dos objetivos estratégicos, mas que a liberdade do povo palestino virá mais cedo do que se imagina”.

Da redação do Vermelho,
com informações de Galindo Luma, da 2ª Missão de Solidariedade ao Povo Palestino, de Jerusalém


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terça-feira, 23 de abril de 2013

Missão brasileira avalia ocupação israelense da Cisjordânia

Em percurso pela Cisjordânia nesta segunda-feira (22), a 2ª Missão de Solidariedade ao Povo Palestino de entidades brasileiras da esquerda visitou o campo de refugiados de Aida, administrado pela agência da ONU para refugiados palestinos, encontrou-se com o governador da província de Hebron, um microcosmo da ocupação israelense, e foi recebida pelo embaixador do Brasil para a Palestina em Ramallah, Paulo Roberto França. 


Por Moara Crivelente, de Ramallah para o Portal Vermelho


Missão brasileira visitou o campo de refugiados de Aida - Palestina
A 2ª Missão de Solidariedade ao Povo Palestino visitou o campo de refugiados de Aida. Na foto,
menção à Resolução 194 da ONU, que reconhece o direito palestino ao retorno à seus lares e
propriedades, e desenhos de palestinos detidos em prisões israelenses. Foto: Moara Crivelente
A missão teve a oportunidade de conhecer o campo de refugiados de Aida, onde a Agência da ONU de Trabalhos e Assistência aos Refugiados palestinos (UNRWA, em inglês) administra, através de Ibrahim Issa Abu-Srour, a vida dos palestinos que tiveram de deslocar-se quando Israel foi estabelecido como Estado, em 1948. São os chamados “refugiados de 48”, provenientes das diversas vilas ocupadas ou destruídas pelo sionismo.

A UNRWA é quase tão antiga quanto a própria ONU, e lida especificamente com o caso palestino, seja na Cisjordânia, Faixa de Gaza, ou nos países vizinhos que recebem refugiados, como Líbano, Síria e Jordânia.

Abu-Srour falou do funcionamento administrativo do campo de refugiados, onde hoje vivem cerca de 5.000 pessoas em edifícios sólidos, e em que há 6.000 palestinos no total. Aida, que é um dos campos de refugiados mais antigos, oficializado pela UNRWA em 1953, fica a sete quilômetros de Jerusalém, separado da região pelo muro segregador construído pelo governo de Israel entre 2001 e 2003, e é vizinho de um dos maiores assentamentos judeus.

O campo sofre das mais básicas privações, desde a constante falta de água e eletricidade até o desemprego, que chega a 25% da população. Ainda assim, Abu-Srour fala das atividades culturais, das duas escolas, dos cursos profissionalizantes e outras práticas realizadas e organizadas pela pelos próprios habitantes.


We will return, sanaud, voltaremos - Palestina - Palestine
O símbolo da luta dos refugiados é a chave das casas que tiveram que deixar e o mapa da Palestina, com os nomes das vilas de onde são os refugiados que vivem em Aida. “Nós voltaremos”, dizem, referindo-se às vilas e terras de onde foram expulsos, em grupos que chegam a 1 milhão de pessoas, entre 1948 e 1953, de acordo com Abu-Srour.

As principais funções da UNRWA no campo são o fornecimento de produtos alimentícios, educação e saúde. Segundo o responsável, há cerca de 1.500 estudantes na escola, da 1ª à 9ª série. Para completar os estudos, conta Abu-Srour, os jovens têm de deixar a região.

Hebron ocupada


A província de Hebron é um detalhe separado nas negociações entre Israel e Palestina. De acordo com o Protocolo de Hebron, assinado no fim da década de 1990, a cidade ficou dividida em H1, em que vivem palestinos, sob a administração palestina, e H2, sob a administração e o controle militar israelense, em que vivem cerca de 400 colonos judeus, protegidos por 2.000 soldados do exército israelense.

Há postos de controle militar dentro da cidade, entre os bairros. São 18 deles no interior, e 102 em toda a província de Hebron, para o acesso à cidade, que obrigam os palestinos a serem revistados frequentemente. Ainda assim, há ruas que eles não podem acessar de carro, e outras em que não podem sequer caminhar.

Kamil Hmeid, governador da província (a maior da Palestina, com cerca de 700.000 habitantes), em encontro com a missão brasileira, falou da importância da visita aos territórios, já que esta realidade não é conhecida. “Há animais nas fazendas que são melhor tratados que os palestinos”, disse.

O governador falou do trabalho do seu governo, que consiste em “tentar fazer com que a vida dos palestinos seja menos difícil, proteger as crianças que vão para a escola, consertar coisas que os colonos destroem. Isso faz com que não haja progresso; para onde vamos, sob ocupação?”

A violência dos colonos judeus contra os palestinos foi ressaltada, para além dos postos de controle militar. Vários exemplos do confronto entre os habitantes palestinos e os moradores dos sete bairros ocupados pelos colonos foram citados, ainda que o controle militar seja imposto aos primeiros.

Apesar disso, o governador e membros do Comitê de Revitalização de Hebron mostraram à delegação brasileira o trabalho que fazem na cidade, reformando e revitalizando casas, praças e mercados, incentivando os palestinos que deixaram a região pela insegurança a voltar, reabrir suas lojas e viver em Hebron. De acordo com o governo, o número de habitantes na cidade chegou a reduzir-se a algumas centenas, mas volta a aumentar consideravelmente com essas medidas.

Embaixada brasileira


Em encontro com Paulo Roberto França, o embaixador brasileiro em Ramallah desde novembro de 2012, a missão de solidariedade falou das atividades que vem realizando durante a viagem à Cisjordânia, dos pedidos que ouviu das entidades palestinas com que se encontrou e das propostas para um apoio ainda mais efetivo ao povo palestino.

O embaixador falou das atividades realizadas pela iniciativa brasileira na Palestina, para além do apoio político enfático dado ao reconhecimento de um Estado palestino observador não-membro na Assembleia Geral da ONU em 2012.

Assim como as entidades palestinas com quem a missão encontrou-se, o embaixador ressaltou o papel do Brasil na diplomacia e nas conversações com diversos parceiros internacionais para que a votação pelo reconhecimento da Palestina fosse massiva, como ocorreu: mais de 130 países votaram a favor, na ONU.

Além disso, França falou do mais recente caso de detenção de um garoto palestino e brasileiro, cuja mãe é brasileira. Majd Hamad, de 15 anos, era procurado pelas forças israelenses por ser suspeito de atirar pedras contra um soldado judeu, durante uma manifestação contra a violência de colonos contra um agricultor palestino.


Embaixador brasileiro em Ramallah Paulo Roberto França
O garoto apresentou-se ao centro de delegacia israelense para prestar declarações, e foi acompanhado da mãe e do diplomata brasileiro João Marcelo Soares, mas acabou ficando detido para interrogatório sem a presença de advogados, da mãe ou do representante brasileiro, e corria o risco de ser enviado à prisão militar Ofer.

Entretanto, devido à interferência da embaixada brasileira, Hamad seria liberado ainda nesta segunda-feira (22), de acordo com o embaixador.

Neste sentido, o fortalecimento das relações entre o Brasil e a Palestina foi ressaltado na reunião com os representantes das entidades brasileiras que integram a missão de solidariedade.

 Por isso, o grupo comprometeu-se com a expansão dos comitês de solidariedade, para a construção de propostas concretas, desde iniciativas fundamentais como o maior apoio aos brasileiros palestinos que vivem na Cisjordânia até itens mais estruturais da agenda política internacional, que fundamentem a libertação da Palestina com a oficialização do seu Estado independente e soberano.

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segunda-feira, 22 de abril de 2013

O Dia da Criança Palestina…

Por Rasem Shaban Mutlaq*

Israel tenta negar a existência da Palestina, afirmando que um povo sem terra chegou a uma terra sem povo, e tentando ignorar a existência do povo Palestino que vive ali há 10 mil anos. Israel pratica contra o povo palestino as mais brutais formas de discriminação racial e assassinatos sistemáticos, e não cumpre o direito internacional, as centenas de resoluções da ONU, as leis humanitárias, incluindo os direitos mais básicos das crianças. Israel, desde a sua criação em 1948, dá continuidade ao plano estratégico de limpeza étnica da Palestina, procurando eliminar o povo palestino e joga-lo fora de sua terra e de seu país.

A Unicef instituiu o dia 05 de abril de cada ano como o Dia da Criança Palestina. O objetivo é o de promover os direitos básicos das crianças de desfrutar da inocência de sua infância e do seu direito a vida. Nossas crianças são vitimas da violência israelense e nesta data renovam sua busca de viver com dignidade como todas as crianças do mundo.

Israel plantou horror e terror nos corações dos nossos filhos, eles crescem com ódio, como resultado das práticas da ocupação e opressão israelenses.Ao invés de mostrar boa intenção, trabalhar lado a lado com os palestinos, tentar conviver de forma pacífica,  Israel continua usurpando e ocupando com violência e crueldade as nossas terras.

Lembro-me de uma história que aconteceu com uma mulher palestina minha amiga, em 2002, quando Israel invadiu as cidades palestinas, causando destruição e assassinatos em massa. Ela estava ensinando seu filho, que tinha 4 anos, cálculos matemáticos de adição e subtração, ela pediu-lhe para identificar o tipo de operação, no montante de 2 +2, ele respondeu espontaneamente: Mãe, você quer dizer, uma operação Militar!


Batla, 4 anos, criança palestina vítima da ocupação israelense
Batla, 4 anos, o direito de desfrutar
da inocência de sua infância
Minha neta Batla, de 4 anos, levando a nacionalidade brasileira, que ganhou de sua mãe, que é a minha filha, estava em Ramallah, em 29 de novembro de 2012, Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino, acompanhada de seus pais. Eles passaram por um policial palestino que ofereceu a Batla um pedaço de chocolate, ela perguntou ao pai: quem é este homem, Ele respondeu: Este é um policial que trabalha para nos proteger, ele é uma boa pessoa.

No caminho de volta para a casa, é obrigatória a passagem por um posto de controle israelense ilegal “Qalandia”, que separa os bairros palestinos de Jerusalém um dos outros. No posto de controle acontecia um evento pacífico para o fim da ocupação israelense dos territórios palestinos. Soldados israelenses dispararam bombas de gás lacrimogêneo em cidadãos desarmados, as bombas causaram azia e dor nos olhos, que por vezes pode levar à morte.

A fumaça do gás lacrimogêneo entrou no carro, apesar do fechamento de todas as janelas. Batla, a criança, não conseguiu resistir ao gás, seus olhos ficaram vermelhos e suas lágrimas foram escorrendo, sua respiração quase parou. Ela estava chorando e chorando, por causa da dor, seus gritos eram cada vez maiores, enquanto ela estava vendo os soldados atirando gás lacrimogêneo sobre os cidadãos e os carros que ali passavam. Ela perguntou a seu pai: por que você mentiu para mim, você disse que o policial é um bom homem. Seu pai estava abraçando-a, tentando aliviar sua dor, pensando consigo mesmo o que ele poderia responder a esta criança e como explicar as diferentes situações aqui e ali. Batla poderia entender o que  seu pai tem a dizer? Abdallah, pai de Batla, não teve como explicar o que aconteceu com sua filha, mas esta experiência dolorosa que ocorreu com Batla, o tempo não apagará de sua memória. Certamente, ela não esquecerá a cena de um soldado israelense apontando sua espingarda em direção a sua infância inocente!

Lembro-me também de uma caricatura de Carlos Latuff que retrata um diálogo entre uma criança palestina e uma criança israelense. A criança israelense conta que seu pai lhe disse que os árabes são maus, terrorista e animais. A criança palestina respondeu que seu pai não lhe disse nada, porque o pai da criança israelense o assassinou.


Charge de Carlos Latuff - crianças judia e palestina



O relatório preparado em 3 de abril 2013, pelo Movimento Global de Defesa da Criança na Palestina, destacou que a ocupação israelense continua  suas violações crescentes contra as crianças palestinas. Israel matou 42 crianças em 2012, incluindo 33 mortos durante o ataque das forças de ocupação contra a Faixa de Gaza.

O relatório aponta um aumento no número de crianças detidas, eram 223 crianças no mês de janeiro de 2013. Em fevereiro o numero se elevou para 236. As crianças são submetidas a várias formas de maus-tratos e tortura durante a detenção e interrogatório. 

Israel está trabalhando para tornar impossível a solução de dois Estados com a construção de novos assentamentos judaicos em terras palestinas e a expansão dos existentes, com a construção do Muro do Aparthied, com os bombardeios contra a população civil, com as execuções e assassinatos seletivos e  uma série de outras ações que violam abertamente o Direito Internacional, as Resoluções da ONU, a Declaração Universal dos Diretos Humanos e a Convenção de Genebra. Uma barbárie monumental se abate diariamente contra nosso povo e suas crianças!

A ocupação israelense é o principal obstáculo para a paz. A comunidade internacional deve cobrar e responsabilizar duramente Israel  por  suas ações e condutas como força de ocupação e tomar medidas urgentes para o fim dessa nefasta e criminosa ocupação. Israel deve cumprir as leis e tratados internacionais!

O povo palestino não pode permanecer refém nas mãos da ocupação israelense, é tempo de justiça e de paz. Em 29 de novembro de 2012, a Assembleia Geral das Nações Unidas admitiu o Estado da Palestina como membro observador da ONU. O próximo passo é o Estabelecimento do Estado da Palestina nos territórios palestinos e para isso a comunidade internacional precisa pressionar para que Israel cumpra com suas obrigações perante a humanidade, o povo palestino e as leis internacionais.

Israel deve se retirar dos territórios palestinos ocupados, a comunidade internacional deve fornecer proteção para a população civil palestina, especialmente as crianças, e deve considerar os comandantes do exército de Israel como criminosos de guerra e  processá-los no Tribunal Internacional.

“Que Deus termine com o sofrimento do povo palestino e traga justiça a essa sofrida terra e paz ao mundo todo.”


*Rasem Shaban Mutlaq é palestino e mestre em História pela Universidade da Jordânia.

Palestina: Conflito e desenvolvimento resolvem-se com libertação

A 2ª Missão de Solidariedade ao Povo Palestino encontrou-se neste domingo (21) com várias autoridades da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), em Ramallah, na Cisjordânia. Entre os oficiais que receberam a missão brasileira, o oficial do Ministério das Relações Exteriores Husni Abdel Wahed falou da política internacional, e Yasser Abed Rabbo, secretário-geral do Comitê Executivo da OLP, falou das negociações com Israel. 


Por Moara Crivelente, de Ramallah para o Portal Vermelho



Secretário Geral da OLP, Yasser Abed Rabbo e a delegação do Brasil
Secretário-geral do Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP)
Yasser Abed Rabbo reúne-se com a 2ª Missão de Solidariedade ao Povo Palestino
em Ramallah, neste domingo (21). Foto: Moara Crivelente
Abed Rabbo foi um dos líderes da Frente Popular para a Libertação da Palestina e, depois de uma ruptura, da Frente Democrática para a Libertação da Palestina, embora hoje integre de forma independente o Comitê Executivo da OLP, uma frente ampla que abriga 13 partidos em uma forte unidade política. Além disso, também tem participado ativamente do processo de negociações de paz.

O oficial explicou à missão o funcionamento da OLP e ressaltou a importância da garantia de representatividade a uma ampla variedade de linhas políticas, embora o partido Fatah, ele próprio agregador de várias tendências (com maioria de esquerda), seja majoritário. Além disso, Rabbo enfatizou a busca por uma unidade política entre os palestinos que incluam também partidos islâmicos, como o Hamas, que tem grande expressividade na Faixa de Gaza.

É importante para a causa palestina a demonstração desta unidade, de certa estabilidade política que não possibilite aos israelenses justificar a sua falta de comprometimento com as negociações com uma aparente desestabilidade por parte dos palestinos.

Embora sejam os sucessivos governos sionistas (ou seja, colonialistas, desinteressados em uma solução que contemple as reivindicações palestinas) os que demonstram menos seriedade com relação às negociações, é frequente a instrumentalização que Israel faz de qualquer desacordo político interno para deslegitimar a capacidade dos palestinos para as negociações.

Rabbo falou da visita do presidente dos EUA Barack Obama, que pediu um prazo de dois meses para a retomada das negociações. Neste tempo, de acordo com Obama, os palestinos precisariam abster-se de tomar “medidas unilaterais”, como o pedido oficial levado pelo presidente Mahmoud Abbas à ONU, que garantiu à Palestina o reconhecimento do seu Estado como observador não-membro, em novembro de 2012.

Entretanto, se a seriedade dos Estados Unidos com relação às negociações é questionada, a de Israel é certamente negada. Rabbo disse, por isso, que a constante demonstração de falta de compromisso e a permanência das condições de opressão e ocupação sionista sobre os territórios e o povo palestino são como prenúncios de que a Palestina precisará retomar a sua estratégia: recorrer às organizações internacionais.

Neste sentido, o apoio de países como o Brasil, a China (que desde 1963 apoiou os guerrilheiros do Fatah, acolhendo-os e prestando treinamentos), a Rússia e a Índia tem sido importante para a estratégia.

O reconhecimento da Palestina como Estado observador não-membro da ONU abre o caminho para que ela possa se integrar a mais 64 organizações internacionais, inclusive ao Tribunal Penal Internacional, para o qual poderá enviar denúncia contra os crimes e violações ao direito internacional conduzidos sistematicamente pelo Estado de Israel, mesmo que Israel não seja parte no Tribunal.



Solidariedade sul-americana


Husni Abdel Wahed, oficial do Ministério das Relações Exteriores, ressaltou a importância do apoio do Brasil à causa palestina, assim como têm feito as diversas entidades que têm recebido a missão brasileira na Cisjordânia.


Ministério de Relações Exteriroes da OLP e Delegação Brasileira
O oficial do Ministério das Relações Exteriores da OLP Husni Abdel Wahed; Lejeune Mirhan,
sociólogo e arabista do Comitê pelo Estado da Palestina;e o deputado estadual Álvaro Gomes
(PCdoB-BA), que expressa solidariedade causa palestina, em Ramallah. Foto: Moara Crivelente

Devido à complicada situação das negociações entre Israel e a Palestina, com mediadores ineficientes que têm falhado em pressionar o governo sionista de forma efetiva (como os Estados Unidos e a União Europeia), a parceria do Brasil e de potências como a China e a Rússia é essencial, segundo Wahed.

O diplomata lembrou que as relações do Brasil com a Palestina são já antigas, e mencionou a visita que uma delegação brasileira fez ao líder da resistência palestina e ex-presidente Yasser Arafat (morto em 2004), quando ele estava no Líbano, em 1982. A delegação “demonstrou seu compromisso e solidariedade com o povo e a justiça da causa palestina”, disse Wahed.

Wahed mencionou também a criação do fórum América do Sul – Países Árabes (ASPA) por iniciativa do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a participação dos 22 membros da Liga Árabe e dos 12 membros da Unasul. Neste sentido, Wahed ressaltou o papel do Brasil ao impulsionar a ação de outros países da América do Sul pelo reconhecimento do Estado da Palestina.

“E hoje, quando passamos por um momento profundamente sensível, nos encontramos aqui com nossos amigos brasileiros, que vêm nos prestar solidariedade e apoio ao povo palestino e à sua justa causa”, completou o diplomata.


Delegação brasileira visita a sede da OLP em Ramallah, Cisjordania


Economia palestina sob ocupação


Como Rabbo, também Hanna A. Amireh, chefe do Departamento de Desenvolvimento Social no Comitê Executivo da OLP e membro do Birô Político do Partido Popular Palestino (comunista, fundado em 1982) explicou à missão brasileira a postura de unidade política da organização, aglutinadora e representativa de diversas tendências partidárias. A experiência de uma frente ampla tem se revelado essencial para a causa palestina, de acordo com Amireh.

A economia palestina foi resumida por Amireh como uma economia “sob ocupação”. O fato de o governo israelense controlar diversas áreas da Cisjordânia, as fronteiras e o espaço marítimo palestino faz com que o desenvolvimento de projetos econômicos e sociais seja virtualmente impossível.

Os postos de controle, que somam mais de 600 em todo o território da Cisjordânia, assim como o fato de Israel coletar os impostos palestinos (cobrando por isso uma comissão de 3%), tornam a Palestina totalmente refém da boa vontade israelense. Um exemplo do efeito consequente foi quando em 2012, para punir os palestinos pelo pedido de reconhecimento levado à ONU, o governo israelense congelou o repasse desses impostos.

Também por isso, Amireh fala da importância vital da assistência internacional, através de agências de cooperação como a JICA, japonesa, a USAID, dos EUA, e através da União Europeia, embora parte significativa dessa ajuda seja usada como mecanismo de pressão sobre os palestinos e sua postura relativa às negociações com Israel, como contrapartida.

Além disso, o governo israelense controla também o abastecimento de água e de energia elétrica à Palestina. A situação da água tem sido ressaltada frequentemente por meios que se dedicam à causa palestina por ser extremamente significativa não só para as tensões entre israelenses e palestinos, para o desenvolvimento e para o acesso a um bem essencial, mas também pelo fato de que a água é drenada pelos israelenses de fontes palestinas.

Para garantir a compra da água pelos palestinos aos serviços de abastecimento israelenses, os palestinos são impedidos pela administração sionista de furar seus próprios poços, pois a condição para que uma permissão seja emitida é a garantia, pelos palestinos, de que se responsabilizarão pelo abastecimento também das colônias judias nos territórios palestinos.

Os territórios palestinos da Cisjordânia, ocupados por Israel desde a Guerra dos Seis Dias, de 1967, foram divididos pelos Acordos de Oslo, da década de 1990, nas áreas A, B e C. A primeira ficaria sob o controle dos palestinos; na segunda, a administração civil seria exercida pelos palestinos e a “securitária”, ou seja, militar, pelos israelenses; e a terceira seria completamente controlada por Israel, mas o acordo vigoraria por cinco anos, um período transicional, até que uma solução efetiva fosse finalizada, em 1998, o que nunca aconteceu.

Em março de 2012, o Comitê pela Eliminação da Discriminação Racial da ONU publicou um dos relatórios mais incisivos desde a condenação da África do Sul pelo seu regime de apartheid, como conclusão das observações periódicas sobre Israel.

No documento, o comitê afirma que as políticas israelenses na Cisjordânia incluem “segregação entre comunidades judias e não judias”, a falta de “acesso igualitário à terra e à propriedade”, “deslocamento forçado”, “segregação de fato”, e um regime que precisa ser “lembrado sobre a proibição de políticas de apartheid”.

Neste sentido, em uma carta dirigida à secretária da UE para Relações Exteriores Christine Ashton, 19 ex-oficiais europeus pedem que a união pense em novas soluções e tome medidas urgentes frente às estratégias israelenses opressivas que impossibilitam o estabelecimento de um Estado palestino.

Segundo os signatários da carta, dentre os quais estão até antigos primeiros-ministros e diplomatas, o Processo de Oslo não tem mais nada a oferecer, “mas o impasse político atual, enquanto a situação deteriora no terreno, é insustentável”. A carta demonstra ainda a decepção com a “falta de liderança dos Estados Unidos no processo de paz”.

Entre os pontos de relevo é sugerida uma política ativa que inclua o reconhecimento da situação na Cisjordânia como uma ocupação; medidas contra a erosão das fronteiras de 1967 por Israel; e talvez mais importante, uma reavaliação dos acordos financeiros em relação à Autoridade Palestina, que a UE pare de "bancar" a ocupação.


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Brasileiro é preso acusado de atirar pedras em soldados israelenses

Guila Flint

De Tel Aviv para a BBC Brasil

Atualizado em 21 de abril, 2013



O adolescente Majd Hamad, de 15 anos, filho de uma brasileira e que vinha sendo procurando pelo Exército israelense sob acusação de jogar pedras contra as tropas, se entregou neste domingo em uma delegacia de polícia na Cisjordânia.


Acompanhado pela mãe, Najat Hamad, que nasceu em Goiás, e pelo ministro-conselheiro do escritório de Representação do Brasil em Ramallah, João Marcelo Soares, ele chegou pela manhã ao posto policial Binyamin, perto de Ramallah.

Criança, filho de brasileira, preso por atirar pedras em soldados Israel
Majd Hamad, 15 anos, é filho de brasileira de Goiás
que se mudou para a Cisjordânia há 17 anos
Após cerca de uma hora de interrogatório, durante o qual as autoridades não permitiram a presença da mãe ou do diplomata, Majd ficou detido no local e, de lá, deverá ser transferido para a prisão de Ofer.

De acordo com a mãe, "quando saiu do interrogatório, estava muito nervoso e com olhos vermelhos, mas não me deixaram falar com ele".

O adolescente é acusado de jogar pedras contra soldados israelenses durante uma manifestação no dia 11 de abril, nas proximidades do vilarejo de Silwad, onde mora.

Najat Hamad, nascida na cidade de Anápolis, afirma que seu filho não participou da manifestação em questão.

"Naquele dia, eu e meu marido decidimos não deixar Majd sair de casa, pois a situação estava tensa em Silwad, depois que colonos de um assentamento próximo espancaram um agricultor palestino", disse a mãe à BBC Brasil.

Segundo o porta-voz do Exército israelense, capitão Barak Raz, "o Exército não prende ninguém à toa. Se foi preso, é sinal de que há provas contra ele", disse citando a possibilidade de haver vídeos, fotos ou depoimentos envolvendo o nome do adolescente.

Buscas


De acordo com o relato da mãe, soldados israelenses invadiram a casa da familia às 2 horas da manhã do sábado (13).

"A familia inteira estava dormindo quando ouvimos batidas muito fortes na porta", disse a brasileira. "Minha filha de 13 anos foi abrir e se deparou com um grupo de soldados com fuzis apontados para a cabeça dela."

"Eles entraram rapidamente e começaram a revistar a casa. Reuniram a nossa família na sala e começaram a procurar nos quartos", disse a mãe.

"Eu tinha certeza de que eles estavam procurando meu marido e fiquei muito surpresa quando um dos soldados me disse que vieram prender Majd."

Embaixador João Soares acompanhou adolescente na Cisjordânia
João Marcelo Soares (dir.) acompanhou o adolescente
e sua mãe à delegacia na Cisjordânia
"Eu disse a ele que Majd tinha ido dormir na casa de parentes e que ele é muito pequeno, só tem 15 anos", afirmou.

Ao fim da operação de busca, a mãe prometeu aos militares que entregaria seu filho às autoridades israelenses neste domingo.


Fiança


O diplomata brasileiro João Marcelo Soares, que acompanhou a apresentação do adolescente à delegacia, disse à BBC Brasil que "as autoridades israelenses me informaram que os interrogatórios ainda estão em curso e, ao final, haverá uma decisão sobre o pedido de libertação sob fiança".

"Caso o pedido seja negado, amanhã (segunda-feira), os menores serão levados a um tribunal militar, que deverá reconsiderar o pedido", acrescentou.

Majd Hamad foi preso juntamente com mais quatro colegas da mesma classe, todos de 15 ou 16 anos.

Sua mãe, Najat Hamad, que mudou-se para a Cisjordânia há 17 anos, disse que "não esperava que aqui prendessem crianças desse jeito".

"O que são pedras diante das metralhadoras e dos veículos blindados do Exército israelense?", perguntou.

O Exército israelense define o lançamento de pedras como "atentados terroristas que podem matar".

Unicef


Em março, o Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef) publicou um relatório acusando Israel de violar os direitos de crianças e adolescentes palestinos presos.

O relatório afirma que "menores de idade palestinos detidos por militares israelenses são sujeitos a maus tratos que violam a lei internacional".

De acordo com o Unicef, a cada ano cerca de 700 menores palestinos, entre 12 e 17 anos, são interrogados e detidos pelo Exército, pela polícia e por agentes de segurança de Israel.

Segundo o presidente da Associação dos Prisioneiros Palestinos, Kadura Farez, atualmente há cerca de 200 menores palestinos presos em cadeias israelenses.

Farez disse à BBC Brasil que, nas cadeias israelenses, os menores "têm o mesmo tratamento que os adultos, não há prisões especiais para as crianças".

domingo, 21 de abril de 2013

OLP e partidos palestinos: apoio do Brasil à libertação é crucial

O chefe de gabinete da Autoridade Nacional Palestina (ANP) e da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) Hussein Al-Araj recebeu a 2ª Missão de Solidariedade ao Povo Palestino em Ramallah, Cisjordânia, neste sábado (20). O grupo apresentou as entidades que o compõem e falou da importância da causa palestina no Brasil, enquanto Al-Araj ressaltou o papel do governo brasileiro no reconhecimento do Estado da Palestina.


Por Moara Crivelente, de Ramallah para o Portal Vermelho 


Gabinete da Presidencia da ANP e OLP - Delegação brasileira
Antônio Barreto de Souza, representante do Cebrapaz, entrega documentos a Hussein Al-Araj,
chefe de gabinete do presidente da OLP e da ANP Mahmoud Abbas. Foto: Moara Crivelente
O oficial representa o presidente da ANP e da OLP, Mahmoud Abbas, que está na Jordânia. Em seu nome,Al-Araj reconheceu o empenho do Brasil pela causa palestina e agradeceu pelo apoio, primeiro, quando o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugurou o reconhecimento do Estado da Palestina na América Latina, em 2010.

Os membros das entidades que formam o Comitê pelo Estado da Palestina, organizador da missão, falaram da causa palestina e da solidariedade que prestam ao povo palestino na sua luta pela
libertação contra a ocupação sionista, promovida pelo governo de Israel, e ressaltou o objetivo primordial de estabelecimento e reconhecimento internacional do Estado independente e soberano da Palestina.

  
Al-Araj falou da estratégia que a OLP escolheu empregar, abdicando da luta armada pelo investimento nas parcerias estratégicas com países como o Brasil, assim como pelo direito internacional, através das agências da ONU e através do Tribunal Internacional de Justiça, para o qual uma denúncia contra Israel é elaborada pela ANP.

A OLP é formada por 13 partidos políticos palestinos, entre os quais está o Fatah, partido do presidente Abbas e do ex-presidente e líder da resistência palestina, Yasser Arafat; a Frente de Libertação da Palestina; o Partido Popular Palestino; a Frente Popular de Libertação da Palestina; a Frente de Luta Popular Palestina; entre outros.

Entre os maiores partidos palestinos, estão ausentes da OLP apenas o Hamas, que governa a Faixa de Gaza desde 2007; a Jihad Islâmica e o Partido de Libertação. Entretanto, Al-Araj garantiu que as negociações de aproximação entre esses partidos e a OLP seguem ativas, com previsões otimistas para que eleições nacionais sejam realizadas ainda antes de outubro de 2013, já que os três partidos representam 23% do eleitorado palestino na Cisjordânia.

A OLP foi estabelecida em 1964 e é declarada pelos partidos que a integram, assim como pela comunidade internacional, como o único representante legítimo do povo palestino. Por isso, foi incorporada como entidade observadora na Assembleia Geral da ONU e reconhecida até mesmo por Israel, através dos Acordos de Oslo da década de 1990, como “o único representante do povo palestino”.

Representações políticas


A missão brasileira também se reuniu com outros membros do Conselho Nacional Palestino, entre representantes do partido Fatah, da Frente Popular para a Libertação da Palestina, do Partido de Luta Popular, da União Geral de Mulheres Palestinas e da Juventude do Fatah.

Partidos políticos da OLP - Delegação brasileira - sede da Al Fatah
Omar Shehade, Mohamed Odeh e Abdallah Abdallah, membros de
partidos integrantes da OLP, falam da ocupação israelense e das
negociações à 2ª Missão de Solidariedade ao Povo Palestino
em Ramallah, na sede do partido Fatah.

Na sede do Fatah, Mohamed Odeh, presidente do Comitê da América Latina, também falou sobre o apoio dado pelo governo brasileiro à causa palestina e à criação de um Estado independente, em contraposição à negligência imperialista de potências como os Estados Unidos e outras europeias.

Odeh comentou sobre a visita do presidente dos EUA Barack Obama a Israel e à Palestina, quando tentou reavivar as conversações de paz com declarações retóricas e carentes de conteúdo efetivo, em março.

Os assessores de Obama foram enviados à sede do Fatah, segundo Odeh, para perguntar qual é a postura do partido e o que espera das negociações. Indignado com a motivação da visita, uma vez que os EUA têm se envolvido diretamente nas negociações entre Israel e Palestina principalmente desde as negociações de Oslo e já sabem qual é a postura palestina, Odeh pergunta: “mas o que os EUA estiveram fazendo nesses 20 anos em que se dizem mediadores? O que queremos é ser tratados como seres humanos”.

 Abdallah Abdallah, membro do Conselho Legislativo palestino, também do Fatah, reafirmou a importância das parecerias internacionais para a luta palestina por um Estado independente, embora Omar Shehade, da Frente Popular para a Libertação da Palestina (de orientação marxista-leninista, fundada em 1967), disse não acreditar em uma “solução de dois Estados”, uma vez que Israel faz de tudo para não permitir que isso aconteça, principalmente através da construção de colônias judias em território palestino.

Muna Namura- União Geral das Mulheres Palestinas
Convidada à sede da Frente de Luta Popular Palestina por Muna Namura, membro do partido e da União Geral de Mulheres Palestinas que apresentou a postura da Frente dentro da OLP e no governo palestino, a missão brasileira encontrou-se com Riziq Namura para conhecer a linha geral do partido (socialista, estabelecido em 1967 e que forma parte importante da OLP), e da unidade da luta palestina contra a ocupação israelense.

Pontos gerais para o Brasil


As reuniões deste sábado com representantes de importantes entidades palestinas teve um importante ponto em comum com relação ao papel do Brasil, para além do apoio e da solidariedade: o pedido para que as entidades brasileiras organizem campanhas legais contra o complexo militar-industrial e o comércio internacional que se fortalece entre Israel e o Brasil.

A denúncia da estreita relação militar e comercial entre os dois países, através de exemplos como os treinamentos policiais dados por israelenses a policiais brasileiros, a venda de armas pesadas de Israel ao Brasil (que chega a estar entre os maiores compradores de materiais bélicos israelenses) e acordos comerciais entre o Mercosul e Israel foram ressaltados, apesar do reconhecimento pelo apoio geral do governo brasileiro à causa palestina.

 A preocupação pelas relações comerciais internacionais com Israel foi ressaltada por praticamente todas as entidades com que a missão se reuniu, já que é clara a ligação entre as empresas militares e comerciais israelenses (sejam de “equipamentos de segurança” ou construtoras que participam no estabelecimento dos assentamentos) e a ocupação dos territórios palestinos, assim como a própria opressão das forças armadas e das instituições administrativas israelenses contra o povo palestino.


Mausoléu de Yasser Arafat, homenagem da Delegação Brasileira
2ª Missão de Solidariedade ao Povo Palestino presta homenagem no mausoléu do ex-presidente da ANP e da OLP e líder da resistência palestina Yasser Arafat. Foto: Leandro Taques


Neste sentido, a missão reafirmou não só a solidariedade ao povo palestino e sua luta pela liberdade anti-imperialista e anti-colonialista, em resistência contra o sionismo, mas também o compromisso com os esforços necessários para o reconhecimento efetivo e o estabelecimento de um Estado palestino independente e soberano, por ver nisso um passo crucial para a libertação do povo palestino, através da autodeterminação.

Neste sábado, o grupo também visitou o mausoléu do ex-presidente Yasser Arafat e o museu do maior poeta palestino, Mahmoud Darwish, cuja obra foca na resistência, na expulsão e na vida palestina em exílio, traduzida para 22 línguas. Darwish nasceu na Palestina, morou no Líbano, depois da criação do Estado israelense, em 1948, e morreu em 2008.

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