quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Presidente Mahmud Abbas na ONU: a bandeira palestina e os Acordos de Oslo


Pela primeira vez, a bandeira da Palestina é hasteada na sede da Organização das Nações Unidas - ONU.

Em 10 de setembro passado,  a ONU autorizou os palestinos a hastearem a sua bandeira na sede da organização, em Nova York. A Assembleia Geral da ONU aprovou uma resolução neste sentido, com 119 votos a favor e oito contra, entre os quais os dos Estados Unidos e de Israel, e 45 abstenções.

O dia 30 de setembro fica instituído como o dia da Bandeira do Estado da Palestina.

Segue o discurso de presidente palestino Mahmoud  Abbas (vídeo) na cerimônia de hasteamento da bandeira :

“Em nome do povo palestino, eu ergo a bandeira do Estado da Palestina na sede das Nações Unidas.
Nessa ocasião histórica de nossa luta nacional pela liberdade e independência, digo ao meu povo em todos os lugares onde estiverem, ergam bem alto a bandeira da Palestina, ela representa a sua identidade nacional.
Hoje é um dia de orgulho e de honra nacional, oferecemos esse dia aos mártires, prisioneiros e feridos que tombaram em luta enquanto tentavam erguer essa bandeira.
E digo aos filhos da Palestina, ao meu povo paciente que resiste nos acampamentos de refugiados e em todos os lugares: a vitória se aproxima, é inevitável!
Declaro que esse dia 30 de setembro, será comemorado, a cada ano, como o dia da Bandeira Palestina.”

Minutos antes do hasteamento da bandeira, Mahmud Abbas, proferiu seu discurso no plenário da Assembleia Geral da ONU (vídeo). Abbas inicia denunciando a situação de Jerusalém, onde nos últimos dias Israel invadiu a mesquita de Al Aqsa impedindo o acesso dos fiéis muçulmanos. Alertou que Israel  é responsável pela perigosa situação de transformar a situação num conflito religioso,  indesejável para a região e toda a humanidade.

O ponto mais importante do discurso do presidente palestino foi quando denunciou o Acordos de Oslo e sua desobrigação de continuar vinculado à esse acordo:

“O Acordo de Oslo de transição e os seus anexos, e os acordos posteriores assinados com Israel, estipulou que os acordos seriam implementadas no prazo de cinco anos, a terminar em 1999, com a independência total para o Estado da Palestina e do término da ocupação israelense. Mas Israel parou a conclusão do processo de retirada das suas forças das áreas classificadas como "B" e "C", que representam mais de 60% do território da Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental. Em vez disso, intensificou suas atividades de liquidação em todos os lugares.
(...)
Assim, declaramos que, desde que Israel se recusa a se comprometer com os acordos assinados conosco, que nos tornam uma autoridade sem poderes reais, e desde que Israel se recusa a cessar atividades de assentamento e liberar o quarto grupo de prisioneiros palestinos em conformidade com nossos acordos, eles não nos deixam outra opção senão a insistir que não continuaremos ser os únicos comprometidos com a implementação destes acordos, enquanto Israel  os viola continuamente. Nós, portanto, declaramos que não podemos continuar a ser vinculados por estes acordos e que Israel deve assumir todas as suas responsabilidades como potência ocupante, porque o status quo não pode continuar e as decisões do Conselho Central Palestino em março passado são específicos e vinculativos.”

Depois dessa importante declaração do Presidente Abbas,  a cena interna palestina poderá ganhar novos rumos estratégicos na luta de libertação nacional do povo palestino.

Se a bandeira da Palestina está hasteada na ONU, vê-la tremulando em Jerusalém, capital do Estado da Palestina, livre e independente da ocupação israelense, parece ser uma questão de tempo, não muito distante!

Ano que vem em Jerusalém livre!


Emir Mourad

Editor do Blog 

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