Atualizado em 05/04/17:
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Entidades sindicais realizam audiência pública em
solidariedade ao povo palestino
A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)
e demais entidades sindicais filiadas à Federação Sindical Mundial (FSM)
promoveram, nesta terça-feira (4) na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo,
uma audiência pública como parte das ações do Dia de Solidariedade ao Povo
Palestino.
O evento contou com a participação do embaixador da
Palestina do Brasil, Ibrahin Alzeben, que fez um resgate histórico sobre a
resistência do povo daquele país e agradeceu o apoio internacional. Ele lembrou
que o que ocorre na região “não é guerra é genocídio”, ao se referir ao poder
belicista de Israel.
Saiba mais sobre a Audiência Pública: https://goo.gl/qa91cx
Conheça o documento de solidariedade ao povo palestino assinado pelas entidades entregue ao embaixador da Palestina no Brasil ao término da Audiência Pública: https://goo.gl/fNIwN5
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Palestinos: O Dia da Terra
Publicado na Folha de S. Paulo em 29.03.1985.
Por Maurício Tragtenberg*
Amanhã, dia 30, o
povo palestino comemora o “Dia da Terra”, que surgiu como lembrança histórica
da resistência que em 1976, os vários palestinos da Galiléia (território
ocupado em 1948) manifestaram contra a invasão e ocupação de suas terras pelo
Estado em Israel.
Como acontece nessas
ocasiões houve repressão e violência por parte das autoridades militares de
ocupação, onde foram indiscriminadamente atingidos homens, mulheres, velhos e
crianças. É impossível destruir um povo que por mais de trinta séculos
construiu sua cultura, suas obras materiais e espirituais.
Enquadrada no plano
da destruição da cultura e identidade do povo palestino estão as universidades
palestinas construídas nas ‘zonas ocupadas’ pelo Estado em Israel.
Através da Ordenança
Militar 854, uma das 1.080 ordenações militares que modificam a legislação
jordaniana, em vigor na Cisjordânia, o Estado detém em suas mãos a permissão de
funcionamento de qualquer instituição educacional, que implica no controle
pelas autoridades do pessoal acadêmico, dos programas e manuais de ensino.
Uma das iniciativas
que afetou gravemente o funcionamento das universidades palestinas nas ‘zonas
ocupadas’ foi que a partir de 1983 os professores estrangeiros –na realidade
palestinos com passaportes de diversas nacionalidades estrangeiras – tenham que
assinar uma declaração, segundo a qual, comprometem-se a não dar apoio algum à
OLP nem a qualquer organização terrorista. Ante a recusa unânime do corpo de
professores em assinar tal ignominioso papel, a repressão foi terrível.
A Universidade
d’An-Najah teve dezoito professores expulsos, enquanto outros três que estavam
no Exterior foram proibidos de ingressar na Cisjordânia. Bir-Zeit perdeu cinco
e a Universidade de Bethléem perdeu doze de seus professores.
O fechamento
temporário de universidades é outra medida que as “autoridades” de ocupação
lançam mão; entre 1981/2 a Universidade de Bir-Zeit ficou fechada sete meses. A
Universidade de An-Najah em 1982/3 ficou fechada durante três meses
consecutivos, as Universidades de Bethléem e Hebron conheceram igual destino.
Com o fim de vencer
a resistência cultural palestina, a detenção de estudantes pelos motivos mais
fúteis é coisa comum em todas as universidades da Cisjordânia. Os detidos são
confinados na prisão de Fara’a, no Vale do Jordão. Segundo a advogada Lea
Tsemel, o detido, conforme a “lei de urgência” (do período do Mandato
Britânico) pode ficar incomunicável durante dezoito dias, sem culpabilidade definida
nem visita de advogado. Por trazer consigo um panfleto ilegal o detido pode
assim ficar durante 48 dias.
O “tratamento” é o
mais degradante possível: duchas frias, golpes, insultos.
O presidente do
Conselho de Estudantes de An-Najah, condenado a seis anos de prisão em 1974,
não só afirmou ter sido torturado como também afirmou: “todos os prisioneiros
palestinos são torturados.”
Porém, a
Universidade de Bir-Zeit é um foco de resistência cultural palestina; organiza
atividades culturais fundada na cultura popular palestina. Possui uma
biblioteca significativa aberta à consulta pública.
Os dados a respeito
da situação de resistência cultural palestina acima descrita nos foram
fornecidos por Sônia Dayan-Herzbrun e Paul Kessler, que testemunham: “O fato de
sermos judeus não afeta nossa objetividade em relação ao tema tratado. A
consciência de nossa identidade judaica e das responsabilidades inerentes a ela
nos levaram a participar do Centro de Cooperação com a Universidade Bir-Zeit.”
(Le Monde Diplomatique, julho de 1984)
É o que também pensamos. O “Dia da Terra” é a reafirmação de
um povo que pode ser expropriado, espezinhado, torturado, caluniado;vencido
nunca.
* Maurício
Tragtenberg, 54, professor do Departamento de Ciências Sociais da Fundação
Getúlio Vargas SP) e da PUC-SP, escreveu, entre outros livros, “Administração,
Poder e Ideologia.
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