Aos meus amigos e amigas muçulmanas, neste inicio do mês
sagrado do Ramadan, inicio de um novo ano, desejo a cada um de vocês e
familiares dias de muita paz interior, um jejum e orações abençoadas e muita
reflexão sobre os destinos da humanidade.
Que a islamofobia , a xenofobia, a discriminação, o racismo
e os preconceitos de qualquer ordem sejam combatidos e eliminados da mente e
coração dos homens.
Os homens nasceram para serem felizes, não nasceram para
serem oprimidos, escravizados, explorados ou odiados por outros homens.
Que o ano que vem, nessa mesma data, possamos orar em Jerusalém (Al Quds),
livre, soberana e independente, capital da Palestina.
Feliz ano novo – Kullu 3am wa antum bikhair كل عام وانتم بخير
20/maio – sábado – 16 h - Esporte Clube Sírio – Entrada franca
Av. Indianópolis, 1192 - Planalto Paulista, São Paulo – SP
É com muito orgulho e satisfação que apresentamos ao público
o filme documentário Sanaúd, que em árabe significa voltaremos.
Em abril de 1980, uma delegação brasileira - formada por
membros da Comissão de Justiça e Paz, deputados, jornalistas, líderes
sindicais, historiadores, representantes da UNE (União Nacional de Estudantes)
e da comunidade negra - viajou para o Oriente Médio. No Líbano, foram recebidos
por Yasser Arafat, líder da OLP (Organização pela Libertação da Palestina) e
acompanharam a dramática situação e luta do povo palestino por justiça e
liberdade.
O documentário foi produzido por uma equipe de cinema
independente, nos campos de refugiados palestinos da Síria e do Líbano, com a
direção e roteiro de José Antonio de Barros Freire e fotografia de Jorge
Bouquet.
O ano de 1982 marcou profundamente um grupo de jovens brasileiros
de descendência árabe: a invasão de Israel ao Líbano que resultou em mais de 17
mil civis mortos e o massacre de Sabra e Chatilla, acampamentos de refugiados localizados em Beirute, onde mais de 3 mil palestinos foram mortos por milícias libanesas
que apoiavam o estado terrorista de Israel.
Em 1983 o grupo de jovens, inspirado no filme Sanaúd e nos
acontecimentos no Libano, fundou a
Associação Cultural Sanaúd, que tive a honra de presidir.
Em 15 de maio de 1948, há 69 anos, mais de 750 mil
palestinos foram expulsos de suas terras e lares e mais de 500 cidades e
aldeias palestinas foram eliminadas do mapa: os palestinos chamam de Nakba, a catástrofe. Hoje, são mais de 5 milhões de refugiados palestinos que tem o direito de
retornar à Palestina negado por Israel. Por isso os refugiados falam, gritam, lutam e
sonham: VOLTAREMOS (SANÁUD). Voltarão à Palestina, livre, soberana, com
Jerusalém Capital.
Não é por acaso que o nome desse blog é PALESTINA-SANAÚD-VOLTAREMOS!
Emir Mourad
Editor do Blog
Cartaz de 1980: apresentação do filme Sanaúd no Sindicato dos Bancários - São Paulo
Há 69 anos, mais de 750 mil palestinos foram expulsos de suas terras e lares. A catástrofe continua hoje como mais de 7 milhões de refugiados palestinos que tem o direito de retornar negado por Israel.
FILME “SANAÚD – VOLTAREMOS “
SEGUIDO DE DEBATE
20/maio – sábado – 16 h - Esporte Clube Sírio – Entrada
franca
Av. Indianópolis, 1192 - Planalto Paulista, São Paulo – SP
Com Emir Mourad – Editor do Blog Sanaúd e ex-secretário
geral da FEPAL - Federação Árabe Palestina do Brasil
Filme Sanaúd
(Voltaremos) – 30 minutos
Em abril de 1980, uma delegação brasileira - formada por
membros da Comissão de Justiça e Paz, deputados, jornalistas, líderes
sindicais, historiadores, representantes da UNE (União Nacional de Estudantes)
e da comunidade negra - viajou para o Oriente Médio. No Líbano, foram recebidos
por Yasser Arafat, líder da OLP (Organização pela Libertação da Palestina) e
acompanharam os conflitos entre israelenses e palestinos que já dizimou
milhares de pessoas. Documentário produzido por uma equipe de cinema
independente, nos campos de refugiados palestinos da Síria e do Líbano.
Direção e roteiro: JOSÉ ANTONIO DE BARROS FREIRE
Fotografia: JORGE BOUQUET
15 de maio de 1948: A guerra que não terminou
Vinicius Valentin Raduan Miguel*
Todos os anos, nesta data, é relembrado o que os
árabes/palestinos chamam de Al'Nakba (A Catástrofe) ou o que os
judeus-israelenses comemoram como a Guerra de Independência, quando o Estado de
Israel foi criado.
Uma problemática acompanhou a criação do Estado de Israel:
Israel é um projeto que prega a exclusividade étnica e lingüística de um grupo
(judeu/hebraico) em detrimento de todos os outros. A questão posta nos anos
iniciais da colonização era "como lidar com a população árabe que lá
vivia?". A solução encontrada foi uma deliberada e metódica eliminação
física e cultural dos povos tradicionais, uma prática que encontra seu conceito
jurídico na definição de "limpeza étnica". Desta forma, no ano de
1948, 531 vilas, 11 áreas urbanas e 30 cidades foram totalmente destruídas. No
total, aproximadamente 800.000 pessoas (mais do que metade da população na
época) foram expulsas (1) formando a atual massa de quatro milhões de
refugiados que habitam os países vizinhos.
Palestinos expulsos carregando seus pertenencias durante a Nakba, en 1948. Foto: Fred Csasznik
Relembrar este dia é fundamental, pois marca uma data que
tragicamente não terminou. A Guerra de 1948 não terminou por duas razões: (a)
Israel se recusa a reconhecer o crime que cometeu e, desta maneira, aceitar as
responsabilidades advindas de sua prática, como aceitar o retorno dos
refugiados e/ou indenizar os sobreviventes expulsos de suas terras e; (b) o
fator ideológico que motivou a guerra persiste. Em outras palavras, o projeto
de Israel enquanto Estado sem árabes continua e a prática de limpeza étnica é
um fantasma constante.
A analogia com o apartheid (2) é evidente: um Estado de
brancos sem negros é inaceitável, mas um Estado de judeus sem árabes é
permissível. Esta é a origem de todos os conflitos na região - muito além da
concepção reducionista de embate apocalíptico-religioso em que uma aliança
"Européia/Ocidental/Cristã" da "bondade" enfrenta os
"malvados" "Orientais/Muçulmanos/Anti-Cristãos"3. Mas
contestar esta prática racista é violência e a violência do fraco, mesmo que
injustificada e em resposta a uma prévia violência, é terrorismo. Em
contrapartida, a violência do poderoso se justifica e apresenta-se como
legítima defesa!
Falar em enfrentamento entre Israel e Palestina esconde
ainda outros problemas, não menos sutis. Mascara-se propositalmente que Israel
é um Estado e a Palestina não existe enquanto tal. A Palestina persiste em um
limbo jurídico definido como "territórios ocupados", uma condição em
que a potência ocupante é responsável de fato pela administração. É sob estes fatos
ignorados e falsificados pela mídia que é preciso entender os últimos
acontecimentos na região, como a guerra em 2006 contra o Líbano e o recente
massacre em Gaza, iniciado em dezembro de 2008.
A violência israelense, como todas as agressões
colonialistas são desproporcionais. Na Guerra de 2006 contra o Líbano, por
exemplo, são 44 civis israelenses mortos contra 1191 civis libaneses; na Guerra
de 2008-2009 contra Gaza foram (3) civis israelenses contra 926 civis
palestinos. Mas não só de nefastas estatísticas que se faz a
desproporcionalidade. A cobertura histórica também é desproporcional e são
poucas as menções feitas à tragédia árabe-palestina de 1948, contribuindo para
seu "apagamento".
Neste sentido, a maior eliminação provocada por este
verdadeiro crime de limpeza étnica foi a supressão do acontecimento da
História, de maneira que ninguém sequer menciona este outro holocausto (4).
Contra isso, celebrar o Dia da Catástrofe é lembrar. É um projeto educativo
denunciando a limpeza étnica da Palestina como um projeto inacabado de Israel.
Lembrar os métodos e práticas israelenses que se arrastam do passado até os
dias de hoje devem servir para impedir que o plano de eliminação da Palestina
se concretize. Repetindo o mantra que já nos acostumamos a ouvir: Nunca mais!
(1) PAPPE,
Ilan. The ethnic cleansing of Palestine. Oneworld Publications, Oxford:
2007.
(2) Para mais informações, o website
http://ApartheidNaPalestina.blogspot.com/ possui uma valiosa coletânea de
artigos sobre o assunto.
(3) Não esquecer que existem outros grupos religiosos entre
os palestinos, como cristãos
.
(4) Existem projetos de leis no parlamento israelense que
buscam inclusive proibir manifestações lembrando o dia!
*Vinicius Valentin Raduan Miguel é cientista social pela
Universidade Federal de Rondônia e mestrando em Ciência Política pela
Universidade de Glasgow, Escócia.
Nota do Blog: Este artigo foi publicado em 2009 e mantém a sua atualidade, pois Israel continua ocupando a Palestina, realizando a limpeza étnica e negando/impedindo o direito de retorno dos refugiados à seus lares e sua terras.
DOCUMENTÁRIO: A HISTÓRIA SIONISTA (THE ZIONIST STORY)
Do autor Renen Berelovich: "Recentemente
concluí um documentário independente, A história Sionista, no qual quero
apresentar não apenas a história do conflito Israel/Palestina, mas também as
razões centrais do mesmo: a ideologia sionista, seus objetivos (passados e
atuais) e seu firme controle não somente da sociedade israelense mas também, e
de modo crescente, da percepção que os ocidentais têm do Oriente Médio.”
O autor combina com êxito imagens de arquivo com comentários
próprios e de outros, como Ilan Pappe, Jeff Halper, Terry Boullata e Alan Hart.
A LIMPEZA ÉTNICA DA PALESTINA E OS MITOS DA CRIAÇÃO DE
ISRAEL
Assista a entrevista (legendada em português) com o
historiador israelense ILAN PAPPE, onde discorre sobre como o sionismo, de
forma planejada, executou e continua executando a limpeza étnica da Palestina:
ocupação e roubo da terra, eliminação física e expulsão dos palestinos,
apagamento da cultura e da história palestina. O mito da "guerra de
defesa" de 1948. O mito que os palestinos abandonaram seus lares e terras.
. A lógica sionista do massacre de Deir Yassin. O mito da democracia
israelense. As perspectivas para o futuro.A perseguição que sofreu na
Universidade Uma entrevista de um judeu que foi em busca da verdade e enfrentou
todas as pressões com altivez e coragem.
A INVENÇÃO DA TERRA DE ISRAEL
Nesta conferência, o historiador israelense Shlomo Sand
expõe a essência de seu novo livro, A invenção da terra de Israel, e debate com
o público presente as ideias por ele desenvolvidas nesta obra e em seu livro
anterior (A invenção do povo judeu).
Com sua costumeira contundência, Shlomo Sand desconstroi por
completo a mitologia erguida pelos sionistas através da manipulação de citações
bíblicas. O propósito de tal manipulação é de tentar justificar com argumentos
religiosos a ocupação da Palestina e a expulsão de grande parte dos habitantes
autóctones para, em seu lugar, assentar os contingentes de pessoas de
ascendência judaica (majoritariamente oriundos da Europa oriental) que o
sionismo conseguiu levar para lá.
Freud, que manteve uma correspondência com Einstein sobre a
guerra e as pulsões que levam os homens a matar e exterminar seus semelhantes,
nunca defendeu o sionismo.
Pelo que vemos se desenhar no horizonte com a nova aliança
Trump-Netanyahu - que no encontro de ontem, em Washington, prepararam o mundo
para o fim do sonho de criação do Estado Palestino - a caixa de Pandora está
prestes a ser aberta. Em Israel, uma multidão de fundamentalistas fanáticos
prega a demolição da Mesquita de Al-Acqsa, em Jerusalém, para a construir no
local o novo Templo de Salomão.
Ora, essa mesquita é o terceiro lugar mais sagrado do Islã e
foi construída no século VII, onde Maomé teria sido arrebatado ao céu.
O roteiro do apocalipse pode estar começando a ser escrito,
uma vez que os países muçulmanos não vão ver a destruição da mesquita Al-Acqsa
de braços cruzados. Sem falar do projeto de Trump de transferir a embaixada
americana para Jerusalém. Como se sabe,
a parte Leste da cidade, hoje ocupada por Israel, seria a capital do
sempre adiado Estado Palestino.
Freud, que manteve uma correspondência com Einstein sobre a
guerra e as pulsões que levam os homens a matar e exterminar seus semelhantes,
nunca defendeu o sionismo.
Ao contrário, manifestou-se contra a criação de um Estado
para os judeus na Palestina. Uma carta na qual ele expressa claramente sua
pouca simpatia pelo projeto sionista foi escondida deliberadamente durante
décadas pelos defensores da causa sionista.
As cartas de Freud são um capítulo à parte na sua obra. A
maior parte delas é conhecida e estudada exaustivamente. Um terço das cartas,
classificadas como confidenciais por seus descendentes e herdeiros, faz parte
do “Arquivo Freud” e encontra-se na Biblioteca do Congresso, em Washington.
A carta em que Freud faz restrições ao sionismo foi escrita
em 26 de fevereiro de 1930 e endereçada a Chaim Koffler, membro da Fundação
para a Reinstalação dos Judeus na Palestina (Keren Hayesod). Koffler havia
pedido a Freud, como a outros intelectuais judeus, um texto de apoio à causa
sionista.
Traduzida por Jacques Le Rider para o francês, ela foi
publicada pela revista Le Nouvel Observateur em dezembro de 2004, depois de ter
sido revelada pelo jornal italiano Corriere della Sera, em julho de 2003. Em 1978, fora citada em inglês num artigo
dedicado a Freud e a Herzl e em 1991, depois de ter sido mencionada em uma
revista semanal argelina para mostrar que Freud não tinha simpatia pelo
sionismo, ela foi finalmente traduzida em inglês pelo psicanalista americano
Peter Loewenberg, para provar que Freud fora vencido pela História.
Nenhum olho humano deve ler essa carta
O texto da carta mostra o quanto Freud era cético em relação
ao projeto sionista de reinstalação dos judeus na Palestina. Por isso mesmo,
ela foi cuidadosamente escondida por tanto tempo para cumprir a promessa de
Abraham Schwadron a Koffler de que “nenhum olho humano a veria”. Dada a
autoridade moral do autor, a carta poderia ser uma pedra no caminho dos que
construíam o projeto sionista.
Em um dos trechos, Freud diz: “não penso que a Palestina
possa vir a tornar-se um Estado judaico”. Como lembra a historiadora da
psicanálise Elisabeth Roudinesco, Freud combatia todas as formas de religião,
inclusive o judaísmo. “Ele aceitava dificilmente a idéia de um Estado judaico
viável, pois tal Estado feito por e para os judeus não poderia ser, no seu
entender, um Estado secular”.
No final da carta, Freud fala do sionismo como de “uma
esperança injustificada” e diz que não se sente capaz de exercer o papel de
consolador de um povo “perturbado” por essa esperança.
Eis o texto que traduzo para o português a partir da
tradução francesa de Le Rider:
Viena, 19 Berggasse,
26 de fevereiro de 1930.
Senhor Doutor,
Não posso fazer o que o senhor deseja. Minha dificuldade em
despertar o interesse do público por minha personalidade é impossível de
superar e as circunstâncias críticas atuais não me parecem favorer essa
empreitada. Quem quer influenciar o maior número de pessoas deve ter algo de
empolgante a dizer, e isso meu julgamento pouco entusiasmado pelo sionismo não
me permite. Tenho com certeza os melhores sentimentos de simpatia pelos
esforços consentidos livremente, sinto-me orgulhoso pela nossa universidade de Jerusalém
e me regozijo da prosperidade dos estabelecimentos dos nossos colonos. Mas, por
outro lado, não penso que a Palestina possa vir a tornar-se um Estado judaico
nem que o mundo cristão, como o mundo islâmico, possam um dia estar dispostos a
confiar seus lugares santos aos cuidados dos judeus. Me pareceria mais sensato
fundar uma pátria judaica sobre um solo não conotado historicamente; decerto,
sei que para um objetivo tão racional, jamais seria possível suscitar a
exaltação das massas nem a cooperação dos ricos. Admito também, com pesar, que
o fanatismo irrealista de nossos compatriotas tenha sua parte de
responsabilidade no despertar da desconfiança dos árabes. Não posso ter a
mínima simpatia por uma piedade mal interpretada que faz de um pedaço do muro
de Herodes uma relíquia nacional e por causa dela desafie os sentimentos dos
habitantes da região.
Julgue o senhor mesmo se, com um ponto de vista tão crítico,
eu posso ser a pessoa certa para fazer o papel de consolador de um povo
perturbado por uma esperança injustificada. Freud.
Dezessete anos depois de escrita a carta, o Estado de Israel
deixou de ser um sonho dos sionistas para se tornar realidade.
Lugares santos no centro da querela
Mas quem pode dizer que Freud não anteviu a catástrofe?
Elisabeth Roudinesco assinala que “Freud teve a intuição
magistral de que a questão da soberania dos lugares santos estaria um dia no
centro de uma querela quase insolúvel, entre os três monoteísmos. Ele temia,
com razão, que “uma colonização abusiva acabasse por opor, em torno de um
pedaço de muro idolatrado, os árabes fanáticos e anti-semitas aos judeus
fundamentalistas e racistas”.
Num magnífico artigo publicado no jornal Le Monde de 18 de
agosto de 2006, o filósofo Etienne Balibar e o físico Jean-Marc Lévy-Leblond
percorrem a história de Israel para analisar a atualidade política do Oriente
Médio e todas as ameaças que pesam sobre o mundo, em função do barril de
pólvora em que se transformou a região.
No terceiro parágrafo do brilhante texto, os dois
intelectuais escrevem: “A segunda guerra mundial foi um ponto de ruptura: ela
trouxe o enfraquecimento do império britânico e levou à Palestina centenas de
milhares de pessoas que escaparam à exterminação dos nazistas. O que conferiu
ao Estado de Israel, criado pela “partilha” de 1947, uma nova legitimidade
moral, sancionada pelo reconhecimento internacional quase unânime e pela
admissão às Nações Unidas. O que não impede que o Estado que se proclamou como
“Estado judaico” (apesar da presença em seu seio de uma grande minoria árabe
muçulmana e cristã) e se deu por missão reunir no seu solo o maior número
possível de judeus religiosos ou leigos do mundo inteiro (imigrantes recentes
ou assimilados há muitos anos em seus países respectivos, vindos de culturas
diversas e sendo vítimas de anti-semitismo em graus muito diferentes) tenha
nascido na guerra e mesmo no terrorismo. Isso por causa da hostilidade
irredutível (ao menos até a iniciativa do presidente Sadat) dos Estados árabes
que o cercavam, por causa do próprio nacionalismo e panarabismo ascendente que
os levavam a recusar a instalação de Israel na Palestina, depois a desejar sua
destruição e padecer sua intenção simétrica, mais ou menos confessada, de
expulsar a população árabe autóctone.
Balibar e Lévy-Leblond continuam: “A frase de Golda Meir:
‘uma terra sem povo para um povo sem terra’ – em total contradição com a
realidade – trazia em si uma lógica de eliminação, que continha em germe os
elementos da catástrofe atual. Essa lógica de eliminação foi imediatamente
denunciada por certos intelectuais (como Einstein, Buber, Arendt ou o fundador
da universidade hebraica de Jerusalém, Judah Magnes)”.
*Leneide Duarte-Plon é autora de « A tortura como arma de
guerra-Da Argélia ao Brasil : Como os militares franceses exportaram os
esquadrões da morte e o terrorismo de Estado » (Editora Civilização Brasileira,
2016)».