domingo, 10 de abril de 2011

A tragédia no Rio, estereótipos e preconceitos

Santayana analisa a carta do suicida de Realengo


Publicado em 08/04/2011



O Conversa Afiada reproduz texto de Mauro Santayana, publicado no JB:

O terrorismo de Columbine


por Mauro Santayana


É difícil separar a emoção da razão, quando escrevemos sobre tragédias como a de ontem. A morte de crianças nos toca fundo:  pensamos em nossos próprios filhos, em nossos próprios netos.  Por mais que deles cuidemos, são indefesos em um mundo a cada dia mais inóspito.


Crianças e professores são agredidos pelos próprios colegas nas escolas. Traficantes de drogas e aliciadores esperam às suas portas a fim de perverter os adolescentes.  Em 1955, baseado em livro de Evan Hunter, Richard Brooks dirigiu um filme forte sobre a brutalidade nas escolas norte-americanas, Blackboard Jungle,  exibido no Brasil com o título de Sementes da Violência.


É difícil entender como um rapaz de 24 anos se arma e volta à escola onde estudara, a fim de atirar contra adolescentes. No calor dos fatos, com a irresponsabilidade comum a alguns meios de comunicação, associaram o crime ao bode expiatório de nosso tempo, o “terrorismo muçulmano”. No interesse dessa ilação, chegaram  a anunciar que isso estava explícito na carta que ele deixou. Ela, no entanto,  revela loucura associada não ao islamismo, mas, sim, às seitas pentecostais, de origem norte-americana, com sua visão obscurantista da fé. São seitas que alimentaram atos de loucura como o de Jim Jones, ao levar 900 de seus seguidores, a Peoples Temple, ao suicídio, na Guiana, em 18 de novembro de 1978. É o que hoje fazem pastores da Flórida, ao queimar um exemplar do livro sagrado dos muçulmanos – e provocar a reação irada de fiéis no Iraque e no Afeganistão. Segundo revelou sua irmã, a mãe adotiva de Wellington, cuja morte o transtornou, pertencia à seita das Testemunhas de Jeová, preocupada com a pureza do corpo, que o assassino menciona em sua carta. A referência à volta de Jesus e ao dogma da Ressurreição dos justos, não deixa  dúvida. Ele nada tinha a ver com o Islã, apesar de suas recomendações lembrarem ritos mortuários comuns às religiões monoteistas.


A carta revela um jovem perturbado pela idéia de pureza. Aos 24 anos, o assassino diz que seu corpo “virgem” não pode ser tocado pelos impuros. Ao mesmo tempo, presumindo-se herdeiro da casa que ocupava em Sepetiba, deixa-a, em legado, para instituições que cuidem de animais abandonados. Os cães, que são a maioria dos bichos de rua no Brasil, são, para os muçulmanos, animais amaldiçoados.


É preciso rechaçar, de imediato, qualquer insinuação de fundamentalismo islamita ao ato de insanidade do rapaz. O pior é que homens públicos eminentes endossaram essa insensatez. O terrorismo de Wellington é o dos atos, já rotineiros, de assassinatos em massa nas escolas norte-americanas, a partir do episódio de Columbine em 20 de abril de 1999. Desde que os meios de comunicação e do entretenimento transformaram o homem nesse ser unidimensional, conforme Marcuse, o modelo  de vida, que o cinema, as histórias em quadrinhos, a televisão e, agora, a internet, nos  trazem, é o da pujante, bem armada e soberba civilização norte-americana. Ela nos prometia a realização do sonho da prosperidade, da saúde, da segurança, do conforto e da alegria, da virilidade e da beleza. Mas essa civilização é apenas pesadelo, contrato faustiano com o diabo, sócio emboscado da morte. O diabo começou a cobrar seu preço, ao levar essa civilização à loucura, no Vietnã; nas muitas intervenções armadas em terra alheia; em Oklahoma, em Columbine, em Waco, e nos demais assassinatos coletivos dos últimos anos.


Limpemos as nossas lágrimas, e reflitamos se vale a pena insistir nessa forma de vida. Se vale a pena continuar sepultando crianças, e com elas, os sentimentos de solidariedade, de humanismo, de civilidade e de justiça. As crianças que morreram ontem, ao proteger as mais fracas com seus corpos,  nos disseram  o que temos a fazer, para que a vida volte a ter sentido. 

Fonte: http://www.conversaafiada.com.br/politica/2011/04/08/santayana-analisa-a-carta-do-suicida-de-realengo/

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Falta de seriedade, de informação e de respeito

Fico espantado com a superficialidade com que se está tratando esta tragédia na escola municipal Tasso da Silveira, em Realengo. O rapaz enlouquecido que fez essa monstruosidade é apresentado de todas as formas preconceituosas possíveis, como portador de HIV ou religioso islâmico e acusado de “passar o dia na internet”.  Ora, nenhuma destas três coisas explica coisa alguma sobre o ataque psicótico que o levou a atacar e matar crianças em uma escola.

Se explicassem, haveria milhares de tragédias assim, pois há milhões de soropositivos, de islâmicos e de nerds.

Só reforça esteriótipos e preconceitos, porque nem Aids, nem fé muçulmana ou internet fabricam este tipo de loucura.

A tão falada carta do homicida a cada hora é usada para achar uma “lógica” num ato ilógico, louco, transtornado. Uma exploração irresponsável, discriminatória e cheia de ódios. Afinal, a carta  apareceu e não faz referência a nada do que se falou na imprensa, irresponsavelmente.

E ficaram falando em “fundamentalismo islâmico”. Que vergonha!

Aliás, não é só a mídia que está agindo com leviandade. O Senador José Sarney perdeu uma boa oportunidade de ficar calado. Suas declarações de que o ato foi “terrorismo” e de que era preciso colocar “segurança pública”  (o que seria isso, artes marciais, defesa pessoal, ou o que?) no currículo das escolas  são lamentáveis.

Como eu disse antes, o colégio era tranquilo, nunca tinha registrado incidentes de violência e até tinha um bom sistema de segurança. ora, ninguém está livre de deixar entrar um louco sob a aparência mais cândida do mundo.

Não é hora de histeria. Todos vocês  lembram dos demagogos que prometiam -parece que se mancaram – colocar um guarda em cada esquina, como se um guarda próximo fosse evitar este massacre. Não evitaria, até porque, casualmente, havia policiais perto e eles agiram rapidamente. A presença de um policial sentado dentro da escola só ia, provavelmente, fazer com que um louco disposto a chacinar começasse por ele, de surpresa.

Posto, aqui embaixo, um trecho da fala da presidenta Dilma Rousseff dizendo o que deve ser dito: que este tipo de acontecimento não era característica de nossos país, nos convidando a repudir esse absurdo e a vivermos juntos a comoção que algo tão bárbaro provoca na gente.


Fonte: http://www.tijolaco.com/falta-de-seriedade-de-informacao-e-de-respeito/

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A escola de Realengo é espetacular !
Os neoliberais não acertam uma

Publicado em 10/04/2011


Na primeira página de caderno de supostos artigos de “alto nível” (“Aliás, a semana em revista”), aparece uma foto do tipo “choca-e-faz-chorar”: gotas de sangue que escorrem e estancam na parede da escola Tasso da Silveira, em Realengo.

O autor da foto é Fernando Gabeira, repórter do Estadão.

Deve ser duro ilustrar a capa de uma gôndola de perfumaria inútil do Estadão, depois de ser chefe do departamento de pesquisa do Jornal do Brasil (quando era, de longe, o melhor jornal do Brasil) e sequestrar o embaixador americano.

A foto do Gabeira deveria ser comprada pelo jornal nacional.

Faz parte da mesma ideologia que descreveu a tragédia do Rio – “previsível”, disse a Globo, enquanto o tsunami do Japão foi “imprevisível” -  como uma prova da incúria do Estado: municipal ( a Tasso é municipal), estadual e, claro, federal.

A Globo sempre tenta pendurar alguma coisa no pescoço da Dilma e/ou do Lula.

Onde já se viu não ter detetor de metais ?, perguntavam os “âncoras matinais” da Globo.

Foi preciso que um especialista da própria Globo considerasse aquilo uma sandice desvairada.

A foto do Gabeira, essa versão Cartier-Bresson no Estadão, tem a mesma leitura subliminar: dramatizar para espinafrar; chocar para desmoralizar.

(Cartier-Bresson fazia fotos em preto e branco, numa Leica, e não admitia que a foto fosse cortada na revelação. Saía pronta da máquina.)

Ou seja, desmoralizar o Estado, o investimento público.

Este ansioso blogueiro tem o péssimo hábito de ser repórter.

Ele testemunhou o fracasso retumbante na ocupação do Alemão.

Viu que a política Cabral-Beltrame era, de fato o desastre anunciado pelo PiG (*) e seus dominicais colonistas (**), quando foi conhecer a tenente Priscila, na UPP que fica no alto do morro Dona Marta.

Um horror !

(O candidato a prefeito Fernando Gabeira defendia a política do Soweto para as favelas do Rio – “Quem está fora não entra, quem está dentro não sai”. Um jenio !)

Este ansioso blogueiro foi à Escola Tasso da Silveira, em Realengo.

Ela tem câmera.

(Quem poderia ter filmado a ação interna, com atirador, as crianças a correr, e o tiro no abdômen do suicida, desfechado pelo Sargento Alves. A Globo ?)

A escola tem interfone.

A escola tem grade que separa a porta da rua da parte interna do colégio, onde ficam as crianças.

A escola tem porteiro durante todo o período de funcionamento.

Por que o atirador entrou com tanta facilidade ?

Como ex-aluno, uma semana antes ele foi pedir o histórico escolar.

Voltou para recebê-lo.

E disse que queria falar com a professora Dorotéia, a decana da escola: está lá desde a fundação há quarenta anos.

De fato, subiu à sala de leitura, falou rapidamente com a professora, que estava numa outra tarefa.

Pediu que ele esperasse um pouco.

Levantou-se para concluir o trabalho.

Ele se levantou, foi para o corredor e começou a matança.

Este ansioso blogueiro entrevistou professora da Tasso.

Está na escola há 13 anos.

Conhece muitos pais e mães de alunos pelo nome.

Diz que as reuniões de pais e mestres são respeitadas pelas famílias.

Que a disciplina é rigida

Este ano, no primeiro dia de aula, repreendeu um aluno indisciplinado e mandou chamar a mãe do menino.

No dia seguinte, ela estava lá, para enquadrar o filho, na frente da professora.

Nunca houve ali um caso de violência ou de consumo de droga.

A escola fica numa posição elevada no ranking das escolas municipais do Rio.

Tem alunos cegos e surdos.

Eles recebem aulas especiais e regulares.

Ela, por exemplo, tem uma excelente aluna cega.

(É esse sistema de integração de aulas especiais com aulas regulares que o Ministro Haddad vai instalar no Instituto dos Surdos, no Rio, apesar da feroz resistência do Globo)

A escola Tasso da Silveira é exatamente o que o PiG (*) diz que NÃO são as escolas públicas.

O PiG descreve a escola pública – como a saúde pública – como um desastre irrecuperável.

Logo, para que dar dinheiro ao Estado, se o Estado não dá nada em troca ?

E melhor deixar a grana na mão do livre empreendedor, na mão do Di Gênio, que saberá educar nossas crianças melhor que a professora Dorotéia.

É assim que funcionam os neoliberais.

Com a ajuda de um certo repórter do Estadão.

Quem nasceu para Gabeira não vai ser o Cartier-Bresson, nunca.


Paulo Henrique Amorim



(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(**) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.


Fonte: http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2011/04/10/a-escola-de-realengo-e-espetacular-os-neoliberais-nao-acertam-uma/


sábado, 9 de abril de 2011

Veja semeia odio contra arabes e muculmanos! 01


Terça-feira, Abril 05, 2011

A rede do teror no Brasil - Revista não "Veja"
Khalled : divulgando sua lan house na Veja
A revista "Veja" tem se pautado por uma trajetória sombria, fazendo de suas páginas semente do sectarismo religioso, que tenta plantar entre os brasileiros.   Abandona o pódio de grande veículo de comunicação assumindo a postura  panfletária de um mercador que vai á rua oferecer o medo e o terror como produto de ocasião para incautos transeuntes .    Com redações e textos "estéticos" maquiando a verdade com meias verdades e roteiros de filme americano a "Veja" tenta subir o gráfico de suas vendas enquanto desce a ladeira do descrédito embalada pela  imparcialidade jornalistica.   A apelação sensacionalista não mede consequências ao  mergulhar seus leitores  em medos imaginários a partir de fatos corriqueiros reais ou irreais estampando em sua capa folclóricos personagens típicos do cinema mudo,mas sem a sutileza e a graça  do grande mestre Charles Chaplin.

Uma delas foi a matéria publicada na edição nº 1870 com o título "Os Madraçais (sic) do MST"  que entre outras pérolas do jornalismo da desinformação  afirmava: "Assim como os internos muçulmanos,as escolas dos sem-terra ensinam o ódio e instigam a revolução contra os infiéis .  No caso os infiéis somos todos nós"  A frase revela a o esforço de separar o mundo em dois grupos : "nós e os muçulmanos inimigos". Com deplorável desonestidade intelectual "Veja" distorce a verdadeira natureza do islã e revela  desconhecimento do significado de palavra de origem árabe "madrassi", que traduzida para o português significa "escola". 

A matéria mirava no MST mas atirava no islamismo, dando como fato consumado ,como verdade absoluta a suposta  belicosidade da religião islâmica que estaria contida na grade escolar.  De forma subliminar,  "Veja" incentiva a desconfiança e o ódio contra o islamismo,  apresentando-o como ameaça aos não islâmicos no Brasil, país eminentemente católico.   Os editores da revista abraçam o ridículo afirmando que "O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra criou sua versão das madraçais - internatos religiosos muçulmanos em que crianças aprendem a recitar o Corão e dar a vida em nome do Islã."  De forma leviana e irresponsável "Veja" dissemina para seus leitores a ideia que escolas em países de maioria islâmica induzem suas crianças á prática de suicídio em nome de teses e conceitos religiosos, associando esta prática ao conteúdo do livro sagrado dos muçulmanos.  


Arte e arquitetura islamica - Andalusia

Em suas edições para satanizar a segunda maior religião do mundo, a Editora Abril tem ignorado a própria história da humanidade  que revela um islã marcado pela  tolerância e pelo respeito á diversidade cultural das nações sob domínio islâmico como na Penisula Ibérica,  quando registrou um período de florescência,na arquitetura, arte,musica,comércio e na livre prática de todas as religiões.   Andaluzia e Córdoba foram berço da diversidade cultural da humanidade no período das trevas da idade média.   O islamismo contemporâneo continua mostrando a grandeza da criação divina , o ser humano ,com as  fantásticas realizações de Abu Dhabi e Dubai nos Emirados Árabes onde 80% dos moradores são estrangeiros vindos dos quatro cantos do planeta. O Islã é a religião que mais cresce no planeta, talvez porque um dos preceitos alcorãnicos mais importantes seja  justamente a tolerância e o respeito á cultura de outras nações. 

Estudei até os sete anos de idade na Síria.   Filho de pai islâmico "sunni" e mãe brasileira católica minha "madrassi" era um colégio católico tradicional na cidade portuária de Tartous dirigida por freiras fransicanas.  Lá existem madrassi's públicas e particulares podem ser alauitas,católicas ,muçulmanas,judias ou baptistas.    Existe "madrassi" de música","madrassi" de arte, "madrassi" de dança ,"madrassi" de teatro,etc... 

Madrassi ou escola é palavra universal, que lembra educação, usada por todas as nações, cada uma em sua respectiva língua.  Madrassi só é sinonimo de ódio religioso no dicionário da revista "Veja".


Escola em árabe significa madrassi
"Madrassi" palavra árabe que significa escola 
 Visitei "madrassi's"  nos acampamentos de refugiados palestinos "mie ou mie" (100%)  e  "ayun halue" (olhos bonitos) na cidade da Saida no sul do Líbano.  Nas madrassi's palestinas estudavam crianças católicas,muçulmanas e agnósticas.  Inteligência de um povo sofrido que não embarcou no sectarismo religioso para evitar  a desintegração de sua identidade e sua cultura,maior elo de sua unidade nacional , já que o território lhes foi tomado.

Bem que a "Veja" podia aprender com o sofrimento alheio.

Na primeira semana de abril nova edição da revista "Veja" estampando sua quixotesca "cruzada tupiniquim" que tenta importar e semear o sectarismo religioso no Brasil.   Com texto tão pobre quanto suas intenções a revista usa o velho e surrado clichê de apresentar  "personagens maquiados " para encaixar no sensacional título da reportagem, acrescentando  "recheio" bombástico a fato trivial , que o genial Nelson Rodriguez chamaria de "o óbvio ululante".

Na última edição com titulo "A Rede do Terror no Brasil" a revista relata a existência de uma "célula terrorista" em nosso país, e para dar credibilidade ás suas afirmações, se agarra em   relatórios de investigação do FBI e da CIA, mesmos órgãos que investigaram e localizaram armas de "destruição em massa" usados como argumento para  justificar a invasão do Iraque. Oito anos depois, 4.000 soldados americanos e mais de um milhão de iraquianos mortos, ninguém achou as "armas de destruição em massa".   Os EUA estão procurando até hoje...só acharam petróleo!

A primorosa matéria da "Veja" postada no alto começa com: "Khelled Hussein nasceu em 1970,no leste do Líbano. Seguidor da corrente sunita do islamismo,prestou serviço militar. Depois,sumiu. No inicio dos anos 90, reapareceu em São Paulo."  Quanto mistério!

Khaled   nasceu na década de 70 ,"sumiu "depois de prestar serviço militar" e  "reapareceu nos anos 90"?  Hora, o serviço militar no Líbano é prestado até os 20 anos de idade,   Khalled,que segundo a revista nasceu em 1970 em 1990  tinha 20 anos de idade! Ele reapareceu no inicio dos anos 90. Aí fica uma pergunta: afinal quando foi que ele sumiu? 

Todos os árabes que conheci no Líbano tem paixão pelo Brasil.  Khalled não é diferente.
Lá no leste do Líbano ele "sumiu" ?  A revista Veja esteve no leste do Líbano e descobriu que ele tinha sumido?

Kibe e esfiha

Estive no leste do Líbano na cidade de Baalbek no vale de Beeka ,de maioria xiita.    Estive nas montanhas Chouf território dos Drusos, em Tripoli no norte e nas encantadoras localidades de June e Biblos reduto predominantemente católico.   Também circulei nas partes oriental e ocidental de Beirute em 1982,83,84 e 87 compartilhando dos sonhos de paz do povo libanês e das generosas refeições feitas  em bandejas de cizal onde traziam a saborosa  comida árabe. As conversas que assumiam ares filosoficos giraram em torno da origem do vento,da vida e da derrota da seleção brasileira para Itália com 03 gols de Paulo Rossi, sem falar nos  efeitos medicinais de azeitona ou da beleza das montanhas e desembocavam em piadas e grandes gargalhadas. É um povo que ri,chora,dança,canta, ama e é amado como todos as  nações da terra. A marca daquele povo é a  hospitalidade.   Ser brasileiro nos países árabes garante a qualquer um  tratamento  vip dado ás celebridades.  

Mas ,aqui,em terras tupiniquins , quem transforma anonimos da multidão em celebridade é a revista da Editora Abril.  Foi o que fez com Khelled Ali ,que posou sorridente para o fotografoda "Veja" diante da perspectiva de fazer propaganda gratuita de sua lan house, como bom árabe que é. De graça,Khaled, pega até onibus errado. Segundo a revista , "Ali reapareceu em São Paulo na década de 90 casou-se teve uma filha. Graças a ela ,obteve, em 1998,o direito de viver no Brasil. Mora em Itaquera,na zona leste paulistana,sustenta sua família com os lucros de uma lan house".   Esta história pode se enquadrar perfeitamente na vida dos próprios donos da Editora Abril judeus que conheceram os horrores da intolerância e da perseguição ,que hoje, a revista "Veja" tenta disseminar.  Milhões de imigrantes de origem árabe abriram um negócio no Brasil, casaram, tiveram filhos com  brasileiras e fincaram suas raízes neste país.  Milhões de brasileiros poderão  olhar para o vizinho ao lado e encontrar alguém com o perfil do personagem que "Veja" tenta  rotular como "terrorista".

Provérbio árabe?
Provérbio ou piada árabe?
A matéria envereda pelos caminhos do imponderável e do humoristico quando afirma: "Ali leva uma vida dupla. É um dos chefes do braço propagandístico da Al Qaeda, a organização terrorista comandada pelo saudita Osama Bin Laden".   Ele é dono de uma lan house e certamente deve  trabalhar com computador,como faria um açogueiro que trabalha com carne, o padeiro com pão ou um nomade com seus camelos. A CIA, FBI, Tesouro americano e o  "Inspetor Closeau" que além de trabalhar com a pantera cor de rosa presta serviços para a revista chegaram a "óbvia" conclusão publicada pela Veja. 

O problema é que o raciocínio lógico não fecha a conta! Bin Laden que tem 10 vezes mais dinheiro que a Editora Abril , poderia ter contratado um publicitário ou um jornalista que goza de intimidade com a lingua portuguesa para fazer propaganda da Al Qaida. Mas este tal de Osama ( Mister) Bin Laden deve ser amador ou mal assesorado,  foi contratar logo um libanes de sotaque carregado que mal pronuncia algumas palavras em portugues para fazer propaganda no Brasil!??   Pior ,o cara virou capa da revista Veja ,estampando no rosto um largo sorriso de quem vai divulgar seu negócio para o Brasil inteiro. Ele está mais para um comerciante sortudo do que para um terrorista da Al Qaeda.  Imaginem o Khaled Ali  falando: " Brimo fala pro titia bassa la no meu casa, bra come a beru na natal".   Ou ainda falando em código ao fazer fézinha no jogo do bicho para levantar dinheiro para a organização terrorista: "Nós vai joga na bicho que começa com o letra "b". Todo mundo da organização joga na borboleta". Só ele joga na "Beru". 

Agora estou preocupado.   Diante deste teclado ,nome, descendencia árabe e islâmica, dono de computador expressando indignação com os irresponsáveis que semeam ódio religioso em território brasileiro, eu seria enquadrado no grupo de "suspeitos" de "envolvimento com terrorismo", segundo os critérios da "Veja".

A seriedade que a revista tentou dar a esta última publicação,certamente foi levada em conta pelo Ministério Público Federal.  Foi por isso que o MPF mandou  soltar o "brimo" Khalled Ali e arquivar o processo.

Para frustração de "Veja" revista conhecida em Minas Gerais como "Óia"  

Mas o que entrará para o anedotário jornalistico é sem dúvida a pérola publicada pela Veja que acusa um árabe muçulmano de "disseminar ódio contra judeus e negros"! 
A Veja mente - Revista Veja
campanha contra a veja
Negros? Como assim? Que vergonha para a Editora Abril e para a revista "Veja". Usar a bandeira da tolerância para incitar a intolerancia religiosa e racial no Brasil. 

Mais de 80% dos islamicos no mundo são negros.   Sudão,Argélia,Tunisia,Somália são alguns das dezenas de países de população árabe-negra muçulmana do mundo. É como alguem dar tiro no próprio pé. O personagem na capa da revista "Veja" ,Khalled, não me parece um branquinho de olho azul....

Esta revista não se corrige.

Depois reclama das campanhas de movimentos sociais que a acusam de mentirosa e manipuladora. 

Veja foi protagonista da maior farsa jornalística da história do Estado da Bahia quando transformou um traficante de drogas conhecido como Luís Henrique Franco Timóteo em celebridade, bublicando fantasiosa versão de que um "ataque de bioterrorismo" teria disseminado a praga da vassoura da bruxa nas  plantações  de cacau no sul da Bahia na década de 90.  Segundo a matéria da "Veja" Luis Henrique Franco Timóteo que seria militante de esquerda teria se reunido com um grupo do PT para "destruir as elites economicas do cacau que davam sustentação aos seus adversários politicos"


Traficante virou celebridade da Revista Veja
Luis Henrique: traficante virou celebridade da Veja
Na inverossímil versão, Luís Henrique com outros personagens, incluindo o ex prefeito de Itabuna Geraldo Simões atualmente Deputado Federal pelo PT da Bahia, teriam viajado até Rondônia para buscar os fungos de vassoura de bruxa e uma vez retornando á Bahia teriam espalhado o fungo nas plantações de cacau.   A fantasiosa versão foi desmentida por biólogos e especialistas que provaram a impossibilidade técnica de contaminação das plantações de cacau através deste processo. A revista foi processada pelo Dep. Geraldo Simões que desmentiu o factóide midiático .

Mais tarde descubriu-se que tudo não passava de uma farsa ,com objetivos politico eleitorais, que renderam uma "graninha" para o traficante de drogas. Luis Henrique junto com a homicida Sandra Cássia Souza de Oliveira Santos,mãe do ex goleiro Bruno do Flamengo,fraudaram escritura de um terreno na localidade de Santo André em Santa Cruz Cabrália -Bahia para tentar surrupiar o terreno deste que vos escreve.

Ao ler a revista "Veja" conhecida como "Òia" em Minas Gerais...veja bem...!!

Artigo de  Abdul Haikal

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