terça-feira, 29 de julho de 2014

Onde está a linha moral de Israel em Gaza?


Massacre de Israel em Gaza na Palestina. Charge de Carlos Latuff.



Por Yuli Novak, 32 anos, foi oficial da Força Aérea de Israel de 2000 a 2005, completou o seu serviço até ao posto de primeira-tenente. Desde 2013, é a diretora executiva da associação Breaking the Silence.

Há exatamente 12 anos, em Julho de 2002, a Força Aérea israelita lançou uma bomba de uma tonelada para cima da casa de Salah Shehadeh, chefe da ala militar do Hamas, em Gaza. Não é preciso ser-se um especialista para imaginar o que resta de uma casa atingida por uma bomba de uma tonelada. Não resta muito. Essa bomba matou não só Shehadeh mas também 14 civis, incluindo 8 crianças inocentes.

Nessa altura, eu era oficial de operações na Força Aérea israelita. Como muitos dos meus amigos, dei por mim, aos 20 anos, a carregar o fardo de uma enorme responsabilidade. Era responsável pelo esquadrão de aviação no terreno, passando ordens e informação do quartel-general da Força Aérea aos pilotos, preparando os aviões para operações, e dando apoio aos pilotos durante as saídas.

Depois da operação em que Shahadeh foi assassinado, Israel tremeu. Mesmo quando as Forças de Defesa de Israel insistiram que havia justificação operacional para o ataque, o público não conseguia aceitar este ataque a civis inocentes.

Vários intelectuais fizeram uma petição ao Supremo Tribunal, pedindo que examinasse a legalidade da ação. Poucos meses mais tarde, um grupo de pilotos na reserva publicou uma carta criticando a natureza destas ações de eliminação.

Enquanto soldados e oficiais habituados a levar a cabo as nossas missões sem perguntas desnecessárias, fomos afectados pela crítica do público. Mas Dan Halutz, o comandante da Força Aérea na altura, disse aos pilotos que deveriam “dormir bem à noite – não prestem atenção às críticas.”

Um mês mais tarde, perguntaram a Halutz o que sentia um piloto quando lança uma bomba de uma tonelada sobre uma casa. Ele disse: “Um leve abanão na asa do avião.” Para quem estivesse de fora, esta afirmação poderia soar fria e desligada, mas os meus amigos e eu confiávamos que os nossos comandantes tomassem as decisões moralmente certas, e voltávamos a focar-nos nas “coisas importantes” – a execução precisa das operações seguintes.

Uns meses mais tarde, fui nomeada comandante de um curso para oficiais da Força Aérea. Ensinei aos cadetes como levar a cabo as suas tarefas de modo profissional, e como aceitar responsabilidade pelas suas ações como oficiais. Estudamos as conclusões tiradas de anteriores operações da Força Aérea e as lições aprendidas com elas. Ensinei-lhes que as Forças de Defesa de Israel (IDF) são o exército mais moral do mundo, e que a Força Aérea é a força mais moral dentro das IDF. Tinha 20 anos, acreditava, com todo o meu coração, que estávamos a fazer o que tinha de ser feito. Se houvesse baixas, seriam um mal necessário. Se houvesse erros, seriam investigados, e seriam tiradas lições.

As coisas mudaram e agora não consigo ter esta certeza. Em 2002, o lançamento de uma bomba de uma tonelada numa casa resultando na morte de 14 civis era a excepção. Alguns meses depois do ataque à casa de Shehadeh, as IDF reconheceram que tinham errado ao lançar a bomba. Classificaram o incidente como uma falha de informação e disseram que se soubessem que havia civis na casa não teriam levado a cabo a operação.

Alguns anos depois, durante a operação Chumbo Endurecido [2008-2009], houve utilização generalizada da táctica de bombardear zonas densamente povoadas na Faixa de Gaza. Hoje, na operação Margem Protetora, a Força Aérea gaba-se de ter bombardeado Gaza com mais de 100 bombas de uma tonelada. O que antes era a excepção é hoje a regra.

Isto é o que se passa hoje. Notificamos os habitantes da destruição iminente de uma casa minutos antes de cair uma bomba – via mensagem de texto ou lançando uma pequena bomba como aviso. É o suficiente para transformar a casa num alvo legítimo de um ataque aéreo. Nas últimas duas semanas, dezenas de civis foram mortos através desta prática.

Casas de membros do Hamas tornaram-se alvos legítimos, independentemente do número de pessoas dentro das suas paredes. Ao contrário do que aconteceu em 2002, ninguém se preocupa em justificar ou apresentar uma desculpa. O que é pior é que quase ninguém protesta. Famílias inteiras desaparecem num segundo, e a opinião pública continua indiferente. De ano a ano, de uma operação militar a outra, as nossas linhas vermelhas morais estão a ser empurradas para cada vez mais longe. Já não é claro onde estão, nem sequer se sabemos que as estamos a ultrapassar. Onde estarão na próxima operação? Onde estarão daqui a dez anos?

Sei por experiência própria quão difícil é fazer perguntas durante alturas de conflito ativo quando se é um soldado. A informação que os oficiais no terreno e no ar obtêm em tempo real é sempre parcial. Por isso é que a responsabilidade de traçar a linha vermelha moral, e alertar quando a ultrapassamos, é da opinião pública.


Fonte: http://www.publico.pt/mundo/noticia/onde-esta-a-linha-moral-de-israel-em-gaza-1664390

segunda-feira, 28 de julho de 2014

BRASIL-PALESTINA: FERIADO DO TÉRMINO DO RAMADAN, EID AL FITR.




Criança palestina e o ramo de oliveria da paz





Que a palavra de Allah no sagrado Alcorão e as mensagens do Profeta Muhammad (SAW) tragam saúde, alegria, paz e prosperidade para todos os muçulmanos, para todos os amigos e amigas de todas as religiões, etnias e nacionalidades.

Hoje, ao término do sagrado mês do Ramadan para todos os muçulmanos no mundo, oramos para que a cada ano se renovem as esperanças e energias para continuarmos a árdua jornada de construção de um mundo mais justo e solidário.

Oramos para que os governantes árabes reflitam e revejam as suas prioridades, que as riquezas produzidas e os poderes conquistados estejam a serviço dos povos, que as suas consciências sejam iluminadas pelos clamores de sua população pobre e oprimida.

Oramos para que o povo e governo brasileiro continuem trilhando o caminho da eliminação da miséria e das desigualdades sociais. Continuem elevando os níveis de desenvolvimento da economia, da distribuição de renda, da saúde e educação. Que cada brasileiro possa continuar tendo orgulho dele mesmo e do seu país, gigante que é, não se apequene.

Oramos pelo sofrido e heróico povo palestino para que no próximo Ramadan seja hasteada  a bandeira palestina em Jerusalém livre, capital do Estado da Palestina soberano e independente. Que reine a justiça, a liberdade e a paz na Palestina e em todo o oriente médio.

Oramos para que os direitos nacionais inalienáveis do povo palestino ao retorno e autodeterminação sejam implementados conforme o direito internacional e as resoluções da ONU – Organização das Nações Unidas.

Oramos para que os governantes de Israel e dos Estados Unidos da América parem de massacrar o povo palestino, seus homens e mulheres, crianças e idosos. Que nunca mais usem suas armas para matar a Palestina nação, a Palestina história e cultura.

Oramos para que entre o céu e a terra, nenhum país, nenhum governante, nenhum ser humano apresente consideração politica, militar, religiosa, econômica ou de segurança que justifique o  genocídio de um povo, a limpeza étnica que se comete na palestina.

No início desse mês sagrado do Ramadan nossa mensagem tratou de situações de tristezas e alegrias. As tristezas aumentaram e a esperança também!

Depois da oração, a fé verdadeira determina ação.

Vimos essa fé pela justiça e contra as barbaridades que Israel comete contra a população palestina transformada em ações dignas do Brasil,  um ator politico e diplomático  de moral gigante, nobre, respeitador e amigo dos povos e nações, desafiando, com a força do direito e da legitimidade, um gigante anão imoral, transgressor das leis internacionais , colonizador e ocupante de terras que não lhe pertencem, nem por força de lei divina e nem pelas leis do direito internacional.

Agradecemos ao governo brasileiro pelas atitudes históricas de apoio à Palestina e as recentes decisões, a nível nacional e internacional,  para que o sofrimento trágico do povo palestino seja abreviado e se estabeleça o cessar fogo e se investigue a situação dos direitos humanos na faixa de gaza.

Agradecemos ao povo brasileiro e suas entidades civis pelo apoio e solidariedade histórica com o povo palestino e pelas manifestações que acontecem em inúmeras cidades de norte a sul do país.

Pedimos que esse clamor por paz, justiça e liberdade para o povo palestino continue aumentando. Que a voz do Brasil não se cale até que Israel ponha fim ao bloqueio econômico e geográfico da faixa de gaza por ar, mar e terra e que dura sete anos. Até que cessem os ataques, até que os direitos nacionais do povo palestino sejam respeitados e cumpridos.

Pedimos que as bandeiras do brasil e da palestina sigam levantadas em todo o país.



Que a cada ano vocês estejam em paz, saúde e prosperidade!

Kullu a’am ua antum bikhair!



FEDERAÇÃO ÁRABE PALESTINA DO BRASIL



FEPAL - Federação Árabe Palestina do Brasil











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CARTA DA FEPAL À PRESIDENTE DILMA

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