Esse artigo de Michael Warchawski foi originalmente publicado na revista “Foi et Developpement” - no. 297, de outubro 2001 - publicação do Centre Lebret.
O Blog Sanaúd-Voltaremos publica esse artigo por considerá-lo atual e condizente com análises sobre o fracasso da paz entre palestinos e israelenses.
O artigo é precedido de uma apresentação de Albert Longchamp.
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APRESENTAÇÃO
Por Albert Longchamp
Israelenses e palestinos resvalam, lenta mas firmemente, em
direção ao estado de terror. O espectro da guerra total se delineia atrás do
macabro abate das vitimas, quase todas as manhãs, desde 28 de setembro de 2000.
Nesse dia de sinistra memória, Ariel Sharon provocava a revolta palestina ao
desfilar arrogantemente no Monte do Templo - ou Esplanada das Mesquitas - no
coração mais intimo da Velha Cidade de Jerusalém. No dia seguinte , o sangue
começava a correr sobre a memória de uma esperança morta: o processo de paz.
Quem reencontraria a via da pacificação? E quando? Nenhuma pessoa ousa se
pronunciar. A fatalidade se instala. A hostilidade se transforma em ódio
visceral.
Mulheres e homens, de uma parte ou de outra, recusam-se
entretanto a capitular. Entre eles, o filósofo e jornalista Michael Warchawski.
Nascido em 1949, em Strasburgo, de uma família de judeus ortodoxos, esse
militante da paz israelo-palestina chegou em Jerusalém desde 1965, vindo cursar
a escola talmúdica. Em 1967 - o ano da guerra dos Seis Dias - ele se inscreveu
na Universidade Hebraica, engajando-se também, desde o primeiro dia, na luta
contra a ocupação israelense da Cisjordânia.
Convencido de que a paz não poderia ter outro fundamento
senão o Direito e a Justiça, ele fundou em 1984 o Centro de Informação
Alternativa (AIC - Alternative Information Center) com base em Jerusalém e
Belém, uma ONG conduzida conjuntamente por palestinos e israelenses. Esse homem
corajoso, casado, pai de três filhos, pagou seu combate pacifista com uma
prisão em 1987 por "apoio a organizações palestinas ilegais". Dois
anos mais tarde, ele foi condenado a trinta meses de prisão, uma pena comutada
em 1990 para oito meses de reclusão.
A revista Foi et Developpement oferece a seus leitores, um
ano após o inicio da segunda Intifada, a análise feita por um judeu israelense.
Este artigo é um desafio e uma aposta. Um desfio aos portadores de armas e
lágrimas. Uma aposta sobre as chances de um diálogo entre palestinos e o Estado
hebreu. Michael Warchawski defende a tese audaciosa que Israel "não pode e
não deve se separar de sua circunvizinhança árabe". O futuro da paz, e do
próprio Israel, dependerá de sua vontade de se integrar na região. Raras, muito
raras são as vozes israelenses que pleiteiam com tal transparência a favor da
emergência de uma cultura de paz no Oriente Médio. É urgente escutar a voz de
Michael Warchawski. Sua voz nos traz de volta a esperança.
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O PREÇO DE UMA PAZ VERDADEIRA
Por Michael Warchawski
Depois da guerra do Golfo, o conceito de paz foi usado até o
extremo. Esta guerra, a primeira das guerras imperiais da nova ordem mundial
americana, não teria sido apresentada como um meio de impor a paz no Kuwait? Já
tinha sido o caso, pelo menos 10 anos antes, quando o exército israelense
invadiu o Líbano em nome da operação “Paz na Galiléia”. Tudo se passa como se
na virada deste milênio, os maiores horrores e as agressões mais sanguinárias
não pudessem obter o consentimento das populações a menos que fossem
apresentadas sob o ângulo da paz.
O “PROCESSO DE PAZ”
O conceito de paz, mesmo quando definido de modo mais
preciso, pode ter significados muito diferentes. Pode designar o fim de um
conflito, mas também o desejo de não ser mais incomodado por outrem (“deixe-nos
em paz”); o fruto de um compromisso mais ou menos justo, mas também o
esmagamento total do inimigo (a paz dos cemitérios); o retorno do direito nas
relações bilaterais, mas também a capitulação de uma das partes. Esta questão
da definição da paz torna-se particularmente pertinente no momento em que as
relações israelo-palestinas se desenvolvem no quadro geralmente chamado de
“processo de paz”.
Desde 1991, o Oriente Médio
entrou efetivamente na era do “processo de paz”. Se por trás da palavra “paz”
esconde-se muitas coisas, freqüentemente contraditórias, o conceito de
“processo”, ele mesmo, é ainda mais mistificador. Durante muitos anos, deixou
supor uma dinâmica objetiva, quase natural e independente da ação dos homens e
das mulheres. Raros foram os comentadores que, desde a assinatura da “Declaração
de princípios de Washington” (DOP), em setembro 1993, oficializando os Acordos
de Oslo, duvidaram da “irreversibilidade” do processo iniciado pelo aperto de
mão histórico entre Yitzhak Rabin e Yasser Arafat. E, no entanto, em setembro
de 2000, o processo de paz encalha nos arrecifes de Jerusalém, das colônias
habitacionais e dos refugiados palestinos, isto é, sobre as questões essenciais
do conflito que ele está destinado a resolver. O inevitável não se realizou, o
irreversível se revelou reversível.
Todo
mundo, ou quase, está surpreso: as esperanças de paz, de segurança e de
reconciliação desabam em alguns dias para dar lugar a uma nova fase de
conflito, mais violenta que nunca antes. Como chegamos lá? Eis a questão que se
colocam ao mesmo tempo aqueles que estão diretamente envolvidos no conflito e
aqueles que se contentaram em serem observadores, às vezes intermediários, nem
sempre desinteressados, aliás. Questão que eles se colocam, ou deveriam se
colocar, porque numerosos são os israelenses que rapidamente responderam
apontando com um dedo acusador contra os palestinos e seus dirigentes. E
fechando o dossiê por uma condenação da “intransigência” de seus inimigos.
UM IMENSO MAL ENTENDIDO
Houve, entretanto, no curso dos últimos anos, numerosos
sinais anunciadores do impasse no qual se encontra o “processo” depois do
fracasso das negociações de Camp David, em julho de 2000 (1). E se a surpresa é
hoje o sentimento dominante, numerosas foram as tomadas de posição e analises
preconizando o fracasso desse processo. De fato, comprovou-se rapidamente que
todo o período que separa a assinatura da Declaração de Princípios da Cúpula de
Camp David foi caracterizado por um grande mal entendido. Mal entendido sobre a
realidade do conflito, para o qual se procurava negociar a solução, mal
entendido sobre as condições da paz.
Façamos
abstração das posições israelenses extremistas que põem toda a responsabilidade
do conflito nas costas dos palestinos. Estes, na sua oposição irredutível à
existência mesma de uma comunidade judaica no Oriente Médio teriam empreendido,
depois de mais de um século, uma guerra terrorista visando a apagar a
existência judaica na Palestina (2). Uma tal filosofia rejeitava à priori toda
perspectiva de negociar e de encontrar uma solução. O conflito sendo, desde
então, uma luta de morte entre dois povos, a existência de um dependendo da
destruição do outro. Examinemos antes as posições e as percepções que guiaram
os parceiros do processo negociado, sustentados, ambos, pela maioria de suas
opiniões publicas.
Para os
israelenses, o conflito coloca face a face duas entidades assimétricas que
disputam um território do qual cada um reivindica a posse em sua totalidade.
Eles devem, entretanto, encontrar um compromisso razoável capaz de pôr um fim
ao seu litígio. Esta posição é retomada, desde 1994, pelas diferentes
administrações americanas que não falam mais de “territórios ocupados”, mas de
“territórios cujo estatuto final está em negociação”. É lógico que com uma tal
abordagem do conflito a relação de força entre os protagonistas é um dos
elementos a tomar em consideração. O mais fraco devendo assumir mais
compromissos do que o mais forte.
Para os Palestinos, ao contrario, o conflito visa reparar um
erro que foi feito a eles e a recuperar direitos, como aqueles reconhecidos
pelas resoluções da ONU, pela 4a Convenção de Genebra e pela Carta das Nações
Unidas. Consciente da relação de forças, a Organização de Liberação da
Palestina (OLP) já assumiu um imenso compromisso, reconhecendo o Estado de
Israel nas suas fronteiras de 4 de junho de 1967. Que é bem mais do que o
previsto pela resolução da ONU de novembro de 1947 para o futuro estado Judeu.
O processo negociado tem, portanto, para os palestinos, como único objetivo
decidir as modalidades da implementação das resoluções da ONU e do direito
internacional: retirada do exercito israelense da Cisjordânia (inclusive a
parte de Jerusalém que lhes pertence), desmantelamento das colônias habitacionais
consideradas como crimes de guerra pela 4ª Convenção de Genebra, e o retorno
dos refugiados. Estes objetivos não são negociáveis, somente as modalidades e
os ritmos de sua implementação. Pode-se admitir, eventualmente, algumas
exceções: troca de territórios, status particular dos lugares santos judeus em
Jerusalém Oriental...
Contrariamente
à posição israelo-americana, a Cisjordânia (inclusive Jerusalém Oriental) e a
Faixa de Gaza são territórios ocupados, portanto destinados a serem evacuados
tão logo um acordo seja encontrado. As colônias habitacionais, por sua vez, são
entidades ilegais e destinadas a serem desmanteladas. E os refugiados são
refugiados, tendo, portanto, o direito inalienável de voltar a seu país e de
recuperar suas propriedades. É a posição da comunidade internacional, com
exceção dos Estados Unidos e da Micronésia.
Estas profundas divergências sobre a natureza do conflito e,
portanto, sobre o objetivo das negociações, tiveram, com certeza, repercussões
sobre a natureza da paz. Esta, é preciso lembrar sempre, está destinada a ser o
objetivo último das negociações israelo-palestinas. Para os palestinos, a paz é
o resultado da concretização – mesmo que imperfeita – do direito. Para os
israelenses, ao contrario, a paz é a neutralização da luta nacional palestina e
a separação. Tudo o que puder garantir mais separação é um passo à frente em
direção à paz, não importa que opinião os palestinos façam disso. O bloqueio
dos territórios ocupados, colocado em prática desde o inicio do processo
negociado, é vivido pelos palestinos como uma verdadeira agressão contra sua
liber-dade de movimento. Para a maioria dos pacifistas israelenses, ele é visto
como um dos avanços mais significativos da paz, porque ele é um inicio da
realização do “nós em nossas casas e eles nas deles”.
Quando a paz de uns é vivida como uma agressão pelos outros,
as chances de desembocar em “negociações de paz” são evidentemente mínimas.
RELAÇOES DE DOMINADORES COM DOMINADOS
“Não se preocupem, nada vai mudar”. É com estes termos, no
mínimo surpreendentes, que o primeiro ministro Yitzhak Rabin tentou convencer a
opinião publica israelense a aceitar as grande linhas dos Acordos de Oslo. O
que é grave é que, no fundo, nada mudou. Ora, depois de cem anos de conflito –
como o lembra com precisão o preâmbulo da Declaração de Princípios - tudo devia
mudar. Sobretudo se o objetivo é de conseguir não somente o fim das
hostilidades, mas também a reconciliação. Temos dificuldade para compreender a
existência de uma tal margem entre o objetivo último – a reconciliação – e a
decisão que nada deve mudar, do ponto de vista israelense, entenda-se.
Entretanto, se quisermos passar de um conflito mais do que
centenário para a paz, é preciso que tudo, ou quase tudo, mude. E começando na
relação com o outro. Ora, como indicou o jornalista Uri Avneri em varias
ocasiões, depois de reconhecido o fracasso de Camp David, “o que se confirma,
na incapacidade atual dos pacifistas israelenses de compreender a
responsabilidade israelense no fracasso do processo de paz, é o fato que nós
não soubemos, durante estes seis últimos anos, tratar os palestinos em pé de
igualdade.”
As negociações e a construção dos acordos reproduziram a
relação Dominadores-dominados: Israel ditou suas condições, impôs sua leitura
dos acordos e sua concepção de segurança, fixou seus parâmetros das
negociações. E se retraiu cada vez que precisou, a seus olhos, “punir” os
palestinos.
As forças militares não mudaram em nada sua atitude em
relação aos habitantes palestinos da Cisjordânia e de Gaza (menos para os VIPs
que recebiam um tratamento de favor dado... e retomado, segundo o arbítrio das
forças de ocupação); os tribunais militares continuaram como se nada tivesse
acontecido em Washington em setembro de 1993. A recusa em libertar todos os
presos políticos é, neste sentido, muito simbólica: só depois de longas
negociações é que a maioria dos prisioneiros, detidos por lutarem contra a
ocupação, foi libertada. Muitos permanecem na prisão até hoje.
A relação de forças nunca deixou de se exprimir, perpetuando
uma assimetria cada vez mais humilhante: os palestinos devendo mostrar
permanentemente suas intenções pacificas, particularmente reprimindo as forças
políticas hostis aos acordos, enquanto que em Israel a extrema direita e os
colonos estavam no governo e promoviam uma campanha cheia de ódio contra os
Acordos de Oslo. Os palestinos se viam castigados (reforço do bloqueio,
supressão da permissão de trabalho, anulação das cartas VIP, recusa do acerto
de dívidas devidamente assinadas) se não conseguissem prender tal líder
islâmico suspeito, com ou sem razão, de ser responsável por um atentado.
Enquanto os israelenses libertavam – se é que eles os tivessem aprisionados –
os assassinos notórios de civis palestinos.
Jamais compreendemos como isso se devia. A violação
sistemática dos acordos assinados não decorria unicamente, da parte de Israel,
de uma simples má vontade ou de uma desonestidade gratuita, mas muito mais de
uma atitude: a do professor frente ao aluno, do pai frente à criança, do
diretor da prisão frente ao prisioneiro. Em todos os casos dessa imagem, seria
preciso delimitar uma linha divisória que revele quem tem o poder, o direito e
os meios de aplicá-lo. É uma atitude tipicamente colonial.
Tipicamente colonial, igualmente, é a falta de escuta do
outro. Do ponto de vista do colonizador, o colonizado não tem uma palavra
autônoma, também não tem o verdadeiro conhecimento da realidade. Tal como uma
criança, é preciso lhe dar a palavra, convencê-lo daquilo que ele é e deve ser,
ensinar-lhe o que é bom e o que é ruim, inclusive o que é bom para ele. Esta é
a razão profunda pela qual não se negocia, dita-se, dá-se... E repreende-se
para punir. Felicitá-se quando os palestinos demonstram que aprenderam bem e os
repreendem quando eles se fazem de surdos. Uma tal atitude não é somente típica
de negociadores teimosos e de militares obtusos, é própria de toda a sociedade
israelense, inclusive de seus intelectuais de esquerda. É o que o editor do
Haaretz, Doron Roseblum, denunciou com ironia pelo vocábulo “estilo didático”.
É isto que explica também os limites de autocrítica
israelense face aos cem últimos anos de conflito. Ela não concerne nunca o
fundamento das relações israelo-palestinas (racismo, colonização...) mas sobre
o fato de nunca ter prova de uma inteligência suficiente para compreender que é
extremamente difícil impor sua posição unicamente pela força. Como os bons
mestres do fim do século XIX, teria sido necessário saber usar a cenoura e o bastão,
a firmeza e a doçura, as recompensas e as punições.
A NECESSÁRIA REVOLUÇÃO DAS MENTALIDADES
Mas tudo isso é coerente. Se a paz é sinônimo de calma na
sala de aula e não de ruptura da relação entre mestre e aluno, tudo depende
exclusivamente da maneira correta de manejar as recompensas e as punições. Se,
pelo contrário, como indica o bom senso, a paz requer relações de
reciprocidade, de igualdade e de respeito mútuo, uma verdadeira revolução
cultural é necessária para passar do estado de dominação ao estado da paz. Uma
revolução das mentalidades e dos comportamentos. Uma tal mudança não se escreve
em uma declaração de princípios e não deve ficar imobilizada num calendário tão
fechado como aquele previsto pelos acordos de Oslo. Ele exige uma tomada de consciência
da sociedade e da direção política, intelectual e espiritual. Todas coisas que
fizeram uma imensa falta na ultima década.
Longe de confiar em um “processo”, a paz necessita de um
trabalho, de uma ação consciente e firme para substituir uma cultura colonial
de guerra e de dominação por uma cultura de paz.
A assinatura da Declaração de princípios, em 1993, havia
provocado muitas esperanças. Pela primeira vez, israelenses e palestinos
reconheciam que era impossível, ou pelo menos não era desejável, impor sua
existência exclusiva sobre a Terra Santa. E se engajaram para resolver seu
contencioso em volta da mesa de negociações. Entretanto, para que essa
declaração de intenções, como seu nome indica, se transforme em realidade,
seria preciso preencher um imenso déficit: cem anos de conflito, de relações
coloniais e de cultura de guerra. Não seria ambicioso, ou mesmo pretensioso,
tentar preencher este déficit em seis anos? Porque o calendário era apertado e
o objetivo, maximalista: o fim do conflito e a reconciliação. Nada de menos!
Para os israelenses, durante a maior parte deste século de
conflito entre os dois povos, os palestinos simplesmente não existiam. O slogan
do sionismo era: “uma terra sem povo para um povo sem terra”. E em 1973, Golda
Meir (3) teria afirmado: “Os palestinos? Isto não existe”. Era, no máximo, um
problema ecológico do qual era necessário se livrar, à semelhança dos mangues
do Vale do Jordão, dos mosquitos ou da malária. “Fazer florescer o deserto”:
outro mito. Aquele de um país árido e desértico que só o sionismo era capaz de
valorizar, desprezando os campos de oliveiras, da cultura em terraços, das
figueiras de barbárie que o judeu europeu que emigra de sua Polônia natal
acredita terem caído diretamente do céu.
De 1948 a 1967, e particularmente após a depuração étnica de
1948 onde mais de 700.000 palestinos são rechaçados para fora das fronteiras do
Estado Judeu, essa negação total do outro se fortaleceu. A minoria palestina
que permanecerá no Estado Judeu representa então menos de 5% da população do
país e vive, até 1965, confinada em verdadeiras reservas, sob o controle de um
governo militar que a trata não apenas como um quinta-coluna, mas sobretudo
como um acidente de percurso, um erro num Estado que se pretendia etnicamente puro. Estes 150.000 homens e mulheres, que em cinqüenta anos se tornarão um
milhão, são como indica a lei israelense “presentes-ausentes”.
Portanto um arbítrio quase total e a ausência de direitos
humanos elementares – sobretudo o direito à propriedade da terra – mesmo se
essa população goza, paradoxalmente, de direitos civis.
A ocupação da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, em junho de
1967, e a emergência de um forte movimento nacional (OLP) vão dar uma
visibilidade ao povo palestino, mesmo se precise esperar mais de duas dezenas
de anos para que esta se imponha à maioria da população israelense. Porém as
dezenas de anos de ocupação militar, de arbítrio e de repressão
institucionalizada não são sem efeitos sobre o ocupante. Este vai desenvolver
uma cultura caracterizada por um racismo cada vez mais aberto e declarado que
permitirá justificar uma desumanização do outro e uma negação permanente dos
seus direitos humanos os mais elementares. O reforço espetacular de Israel, em
termos econômicos e militares, vai ainda acentuar um sentimento de
superioridade que não poupa quase ninguém.
UM MOVIMENTO CONTAMINADO DA PAZ
É sobre a base de uma verdadeira mentalidade racista e de
comportamentos de conquistadores que Israel reconheceu, em 1993, a OLP e tenta
resolver o conflito em seis anos. Compreende-se que havia motivo para ser
céptico sobre uma solução positiva para o processo de Oslo e o sucesso do
calendário. A existência de um forte movimento da paz em Israel teria talvez
podido ajudar a realizar o impossível e criar relações de forças em favor de
uma paz incluindo o direito, a equidade e a justiça. Infelizmente, este era,
também, fortemente contaminado pelos efeitos perversos da ocupação e do
colonialismo e dividia, sobre o fundamental, a concepção da paz defendida pelos
dirigentes do país. Uma paz cujo objetivo era de se livrar das conseqüências da
ocupação e não da ocupação como tal, de se livrar dos palestinos e não de lhes
devolver seus direitos. E de fato, desde a assinatura da Declaração de princípios,
a concepção de paz defendida pela grande maioria dos pacifistas israelenses
aparece em toda sua fraqueza, como indicam estes extratos de uma “Carta aberta
a um amigo do Paz Agora”, que escrevi em setembro de 1993 (4). Ela começa por
descrever o tipo de paz que encheu de alegria o pacifista israe-lense.
“Você dançou na rua porque estava feliz com essa paz. Não
somente a paz, mas uma mistura de paz, segurança, de palestino abjurando suas
faltas (renúncia ao terrorismo) e esperando concessões mais importantes para
mais tarde. Uma paz da qual poderias ficar orgulhoso. Uma paz pela qual você se
alegrava. Não tínhamos cedido nada (“ Apenas um pouquinho”, cochichava o
Primeiro-ministro) e ganhamos muito: o reconhecimento, uma maior segurança , o
fim da Intifada, a renúncia ao terrorismo, o alivio da pressão árabe e mais
ainda. Estás feliz com essa espécie de paz e me convidas para dançar em sua
honra. Não, obrigado!
De fato, para o pacifista israelense, a paz não tem nada a
ver com a realização dos direitos legítimos dos palestinos. Ela é apenas um
meio de pôr fim aos efeitos do conflito, aqueles que lhe concernem, mas não
aqueles que concernem à população ocupada. Numa tal perspectiva, está claro que
quanto menos se assumir compromissos, melhor. Trata-se, com efeito, de uma
negociação de barganha: “Paras de bater em troca de uma retirada militar a mais
modesta possível”.
E a carta continua: “Desde que te conheci – há já quinze
anos – lutavas por uma paz que não era um valor em si, mas um meio para nós, os
israelenses, de garantir nossa segurança. És a favor da retirada dos
Territórios Ocupados com a finalidade de assegurar uma maioria judaica em
Israel. Protestas contra Sharon porque te preocupas com o futuro da juventude
judaica e aceitas as negociações com a OLP porque sem isso teríamos de negociar
com o Hamas. Eu, ao contrario, vejo a paz como um fim e não simplesmente como
um meio. Peço que se deixem os Territórios Ocupados porque não temos nada a
fazer lá, mesmo se essa ocupação não nos custasse nenhuma vítima e nem mesmo um
centavo. E sou contra o assassinato de crianças e adultos simplesmente porque é
proibido atirar em crianças e civis.”
Em oposição a uma tal concepção mercantilista da paz,
trata-se de pôr fim a uma longa negação de direitos cometida por Israel, por
princípio mas também porque é o único meio de pôr fim ao que leva os palestinos
a continuar o combate, como eu o sugiro ao meu interlocutor: “Então o que
poderia ser melhor para ti que essa paz? Tu te livras de Gaza, separas os
israelenses dos palestinos, deixa-lhes o trabalho sujo e, em troca, não lhes
prometes nem mesmo a retirada militar ou um verdadeiro Estado. Uma paz poderia
ser comprada a um melhor preço? Para ti, o acordo israelo-palestino sempre foi
um jogo com resultado nulo: tudo o que lhes dermos, irá nos faltar. Ele ganha,
eu perco. Si fosses capaz de pensar realmente em termos de paz, compreenderias
a que ponto te enganas: quanto mais os palestinos receberem de independência,
de orgulho, mais lucraremos. Quanto mais formos avaros, mais perderemos...”
Se quisermos criar as condições de uma verdadeira paz e não
apenas de um cessar-fogo, não podemos nos contentar em cortar a pêra em duas
partes. Ou, pior, de reduzir ao máximo as concessões a fazer pela parte
responsável pela ocupação. É preciso devolver aquilo que foi tomado, completamente.
É preciso que o ocupado sinta que o ocupante de ontem fez a escolha de mudar
por completo sua atitude e seus objetivos.
E a carta conclui: “Assinamos um acordo de cessar-fogo e foi
bom que o tivéssemos assinado. Mas a paz está ainda longe, porque a paz exige
honestidade, a paz exige a igualdade. Vocês querem forçá-los a mentir, querem
que eles capitulem para ter a paz, vocês celebram uma paz entre o senhor e o
escravo. Em tais condições vocês terão talvez a pacificação e a tranqüilidade,
mas vocês não terão a paz. Não enquanto não estivermos prontos para uma paz
entre parceiros iguais”.
Oito anos se passaram e o mundo inteiro pôde se dar conta de
que Oslo não engendrou a paz. Se a Declaração de Princípios permitiu, durante
um certo tempo, pacificar os Territórios Ocupados, foi apenas um adiamento da
violência, como demonstram os acontecimentos destes últimos meses. Paz e
capitulação são complemente incompatíveis, da mesma maneira que a paz e a
dominação.
A falta de escuta do outro – escuta que se define como uma
das condições prévias a uma nova cultura de paz – fez-se sentir particularmente
durante estes últimos oito anos. Porque os palestinos não cessaram de dizer,
nas ruas e em volta da mesa de negociações, o que são, aos seus olhos, as condições
necessárias a uma paz israelo-palestina. Porém quanto mais a segurança se
impunha sobre o terreno, graças aos acordos interinos assinados com os
palestinos, mais se fortalecia nos israelenses a ilusão de uma paz pela metade
do preço e a certeza que eles poderiam impor aos palestinos um preço menor que
aquele delineado nas primeiras fases das negociações. A recusa ou a
incapacidade de escutar o outro levou não somente ao impasse de Camp David, mas
também à imensa decepção das forças pacifistas israelenses. E à sua raiva atual
contra os palestinos que não aceitaram jogar a partilha que os israelenses lhes
ditavam. É desse modo que voltamos ao ponto de partida.
COMO CONSTRUIR A PAZ ?
No contexto israelo-palestino, uma estratégia de construção
da paz é exatamente o oposto do que deixa entender o conceito de “processo”.
Ela necessita de um trabalho de base que ataque os preconceitos e as percepções
presentes e não hesite em colocar em questão interesses estabelecidos e
alianças existentes. Uma tal estratégia se articula em torno de cinco objetivos
que se completam mutuamente.
Desvendar as raízes do conflito
Trata-se inicialmente, de fazer compreender o que motiva, de
uma parte e de outra, as hesitações, e até a recusa da paz. E de mostrar quais
são os componentes da paz a que cada uma das duas comunidades aspira. Em outros
termos, a primeira condição, necessária, porém sem dúvida, não suficiente, é de
mostrar que o conflito não é nem um mal entendido lamentável, nem o resultado
de um ódio irracional, mas sim a expressão de interesses reais e de escolhas
contraditórias: a vontade colonizadora do sionismo, de um lado, a aspiração do
povo palestino à liberdade e à independência, do outro. Por trás desses
objetivos eminentemente políticos, há também, e é preciso que se compreenda,
comportamentos e, em particular, angústias das quais algumas têm suas antigas
raízes na história e na memória coletiva dos povos. Trabalhar a paz consiste
inicialmente em racionalizar a conduta do outro aos olhos de cada uma das
comunidades. Trata-se, portanto, de um trabalho de informação que se deve fazer
sem compromissos: mostrar o outro, tal qual ele é, inclusive no seu ódio, e não
como gostaríamos que ele fosse.
Definir a paz
O segundo objetivo consiste em definir os parâmetros da paz
na qual acreditamos, de tal maneira que ela possa ser viável e o mais justa
possível. Esses parâmetros são, por falta de melhores, os do direito tal qual é
definido pelas resoluções e as convenções internacionais. Na falta de algo
melhor, porque o direito também é o resultado de uma certa relação de forças e
nem sempre a expressão de uma justiça histórica plena e inteira. Ele implica o
direito ao retorno dos refugiados, o direito à autodeterminação, o “não
direito” representado pelas colônias habitacionais ou pela anexação de
territórios ocupados. Eis a base de uma paz israelo-palestina que poderia ser
viável.
Trabalho de memória e arrependimento
Terceiro, é preciso criar uma ponte entre política e ética,
entre direito e justiça, através dos conceitos de responsabilidade e perdão. A
paz é o resultado de um compromisso político que, certamente, se define sobre a
base do direito, mas continua o produto de uma negociação. Porém de um
compromisso que é raramente simétrico. Se os palestinos estão prontos a fazer
compromissos sobre a aplicação de seus direitos, em troca eles não estarão
jamais dispostos a aceitar uma paz que apague a responsabilidade da injustiça
histórica da qual eles foram as vitimas. Em primeiro lugar, é necessário que os
historiadores, os educadores desmistifiquem a história sobre a formação do
Estado de Israel e a redefinam. Porém não trata-se apenas de história. O
político não pode fazer economia de uma volta ao passado e de um pedido de
perdão.
Porque não poderia haver reconciliação sem o reconhecimento
por Israel, seus dirigentes e sua população, da injustiça cometida, por eles e
em seu nome, contra o povo palestino. E sem um pedido de perdão. Não se trata
somente de uma divida moral a pagar às vitimas de mais de um século de
colonização e espoliação, mas também da necessidade, para o povo israelense, de
apreender as raízes do conflito. E de tomar a medida da generosidade, não de seus
próprios dirigentes, mas dos palestinos que oferecem um compromisso. A paz e a
reconciliação são incompatíveis com a amnésia. Elas exigem, ao contrario,
reavaliar sua própria história e de se olhar no espelho, sem filtro e sem
concessões. Apenas um pedido de perdão sincero e global pelos crimes cometidos
pode criar as bases de uma igualdade real entre aqueles que perpetraram esses
crimes e suas vítimas. É um condição não contornável para que a paz seja o
ponto de partida de uma verdadeira reconciliação.
Expressar a solidariedade
Trabalhar a paz em Israel-Palestina implica traduzir numa
realidade concreta e no tempo presente os valores sobre os quais essa paz
poderia se apoiar para tornar-se uma realidade. Tratando-se de uma paz entre
duas entidades não simétricas, isto é, entre um Estado que é o produto de um
movimento colonizador e um povo que foi a vitima, o conceito de solidariedade
se impõe como elemento mediador entre o presente, feito de repressão e de
dominação, e o futuro, feito de respeito e igualdade.
Para que um dialogo de paz se estabeleça, é preciso que a
parte israelense se engaje, reconheça sua responsabilidade especifica nos atos
presentes de seu governo. E esteja disposto a traduzir em ações de
solidariedade seu reconhecimento dos direitos dos palestinos
.
Promover a coexistência
Enfim, trabalhar a emergência de uma cultura de paz exige
lutar contra a filosofia da separação. Esta filosofia, no coração do projeto
sionista, acredita apenas em entidades etnicamente homogêneas e como tal é um
obstáculo maior a uma verdadeira paz israelo-palestina. Israel não pode, Israel
não deve se separar de sua circunvizinhança árabe, seu futuro – se este aspira
a um futuro de paz – dependerá de uma vontade de se integrar na região, num
espirito de parceria, de reciprocidade e de igualdade. A recusa de cooperação
significará continuar a ser e a querer ser um corpo estranho e hostil. Isto
apenas serviria para provocar a hostilidade do mundo árabe face ao povo
israelense.
Essa revolução que representaria o lugar de Israel no mundo
árabe começa, bem evidentemente, por uma atitude radicalmente diferente face os
palestinos, sejam eles cidadãos de Israel ou cidadãos de um eventual Estado
palestino. Uma atitude baseada sobre a cooperação e não mais sobre a separação
étnica e que cessa de ser obcecada pelo “perigo demográfico” que representam os
palestinos. Uma concepção da cidadania baseada sobre o solo e não mais sobre o
pertencimento étnico ou religioso permitirá abordar sem medo a questão do
direito de retorno dos refugiados palestinos.
A COMPLACÊNCIA DA COMUNIDADE INTERNACIONAL
Fazer avançar a paz não é unicamente a tarefa dos atores
diretamente implicados, palestinos e israelenses. Esse objetivo concerne também
à comunidade internacional. De fato, ela tem não apenas interesse no Oriente
Médio – e em particular aqueles ligados aos perigos que poderiam representar
para o mundo inteiro uma explosão generalizada da violência – mas também
responsabilidades. Inicialmente, porque foi através de uma ação da comunidade
internacional que Israel nasceu e que os palestinos tiveram sua pátria
confiscada. Assumindo, em novembro de 1947, a decisão de dividir a Palestina em
um Estado judeu e um Estado árabe, a Assembléia Geral das Nações Unidas assumiu
também a responsabilidade que uma tal resolução não se traduzisse pela negação
dos direitos individuais e coletivos das populações judaicas e árabes.
Esses direitos, no que concerne aos palestinos, foram
escarnecidos por completo: expulsão em massa, expropriações etc. Foi para
tentar reparar esses efeitos, facilmente previsíveis, da resolução de 1947, que
as Nações Unidas adotaram a resolução 194 a qual exige, entre outras coisas, o
retorno dos refugiados e a restituição dos bens confiscados. O apoio por Israel
dessa resolução foi mesmo a condição de sua aceitação na ONU. Ora, nada foi
feito depois.
A complacência da comunidade internacional face à não
aplicação por Israel das diferentes resoluções da ONU e a violação sistemática
da 4ª Convenção de Genebra, assim como o verdadeiro estado de impunidade de que
goza o Estado hebreu, não contribuem em nada para a paz, muito pelo contrario.
A inércia da comunidade internacional, ou mais precisamente
dos estados ocidentais, se explica primeiro pelo sentimento de culpa da Europa
face ao genocídio dos judeus na ultima guerra mundial. Uma Europa que não pôde,
ou não quis, defender os judeus ante a barbárie nazista. A solução sionista
tinha, alem disso, a vantagem para os estados ocidentais, os EUA inclusive, de
resolver o problema dos sobreviventes da Europa do Leste que se encontravam
fora das fronteiras do mundo ocidental. Depois de terem deixado massacrar os
judeus, se livraram dos sobreviventes, enviando-os à Palestina. Com, além
disso, o sentimento de fazer uma boa ação.
É sobre esse cenário de culpabilidade que os Estados
ocidentais apoiaram não somente a criação do Estado de Israel, mas igualmente
sua economia e sua força militar. Sem uma ajuda internacional maciça, Israel
não se teria tornado a potência que é hoje, e provavelmente, não poderia ter se
permitido desenvolver ambições hegemônicas no Oriente Médio. Continuando a
sustentar Israel, quando este tornou-se hoje um verdadeiro fora-da-lei
regional, a comunidade internacional se faz cúmplice da agressão israelense contra
os palestinos e do fracasso das tentativas de paz entre Israel e o mundo árabe.
Mas é também prestar um mau serviço a Israel e a seu povo
continuar a tratá-los como as crianças mimadas do ocidente a quem se perdoa
quase tudo... Com a finalidade de se fazer perdoar a infância infeliz de seus
pais. Quem ama verdadeiramente tem o dever, quando for preciso, de colocar
limites àquele para quem quer o bem. E isto pode levar às vezes a dar uma
palmada nos dedos. No contrário, à força de mimá-lo e de deixá-lo fazer o que
quiser, contribuímos para a sua perda.
O apoio quase incondicional dos países ocidentais a Israel
não é somente o resultado da história. Ele participa igualmente do conflito,
mais ou menos latente, entre Norte e Sul. É muito natural que a Europa e os
Estados Unidos se identifiquem com Israel que é, a seus olhos, a expressão do
progresso, da democracia, da modernidade e do bom direito, em nome dos quais
eles justificam sua política através do mundo. O mundo árabe, ao contrario, é
identificado com o fanatismo, o terrorismo e a ditadura. Não é preciso, assim,
entrar em detalhes. A ilegalidade flagrante da colonização, o uso de mísseis
contra populações civis, a ausência de liberdade de culto ou de movimento, são
precisamente questões de detalhes em um conflito cujas grandes linhas são
aquelas do conflito entre o bem e o mal, entre o Norte e o Sul.
A identificação espontânea dos jovens dos subúrbios (5) com a
luta dos palestinos não decorre de um antijudaismo atávico, mas precisamente do
fato de que eles sentem, no discurso dos políticos e, sobretudo na cobertura
midiática, uma semelhança de tratamento: fala-se dos palestinos como fala-se
deles. Aqueles que eles vêem bombardeados em Ramalah ou a Beit Sahour são os
excluídos da nova ordem regional, da mesma forma que eles são excluídos da
democracia e da prosperidade.
Um retorno crítico sobre a nova ordem mundial, sobre essa
nova forma de guerra fria que é a mundialização neoliberal, é indispensável
para que a comunidade internacional desempenhe um papel construtivo em favor da
paz no Oriente Médio. Uma nova cultura de paz é necessária tanto na Europa
quanto nas regiões da periferia. E ela passa igualmente por uma necessária
mudança na maneira de olhar o outro, por uma exigência de solidariedade. E pela
elaboração de uma estratégia de coexistência baseada sobre a igualdade, o
respeito e a cooperação. Se uma tal retomada em questão da desordem mundial
atual não acontecer num futuro relativamente próximo, as guerras do sul, e em
particular o conflito israelo-árabe atravessarão as suas fronteiras e se
estenderão, como um lençol de petróleo em chamas, da periferia para o coração
das metrópoles.
Michael Warchawski
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1) Reencontro entre Bill Clinton, Ehud Barak e Yasser Arafat
que, devido à falta de discussão sobre a essência, levou ao fracasso das
negociações.
(2) O primeiro Congresso Sionista, reunido em Báli em 1897
por iniciativa de Theodor Herzl, estipulava que o objetivo do sionismo era de
“criar um lar para o povo judeu na Palestina”.
(3) eleita Primeira-ministra de Israel, de 1969 a 1973, ela
teve de pedir demissão em conseqüência de uma Comissão de inquérito sobre a
falta de preparo do exército israelense quando da guerra do Yom Kippur.
4) Esta carta foi
publicada em “News From Within”.
(5) Ndlr: O autor faz aqui referência aos jovens dos
subúrbios franceses saídos da segunda geração de imi-grantes e sensíveis ao
desencadeamento da segunda Intifada, jovens que conheceu quando de suas visitas
à França.
Publicação do Centre Lebret, “Foi et Developpement” - no.
297, de outubro 2001