segunda-feira, 22 de abril de 2013

O Dia da Criança Palestina…

Por Rasem Shaban Mutlaq*

Israel tenta negar a existência da Palestina, afirmando que um povo sem terra chegou a uma terra sem povo, e tentando ignorar a existência do povo Palestino que vive ali há 10 mil anos. Israel pratica contra o povo palestino as mais brutais formas de discriminação racial e assassinatos sistemáticos, e não cumpre o direito internacional, as centenas de resoluções da ONU, as leis humanitárias, incluindo os direitos mais básicos das crianças. Israel, desde a sua criação em 1948, dá continuidade ao plano estratégico de limpeza étnica da Palestina, procurando eliminar o povo palestino e joga-lo fora de sua terra e de seu país.

A Unicef instituiu o dia 05 de abril de cada ano como o Dia da Criança Palestina. O objetivo é o de promover os direitos básicos das crianças de desfrutar da inocência de sua infância e do seu direito a vida. Nossas crianças são vitimas da violência israelense e nesta data renovam sua busca de viver com dignidade como todas as crianças do mundo.

Israel plantou horror e terror nos corações dos nossos filhos, eles crescem com ódio, como resultado das práticas da ocupação e opressão israelenses.Ao invés de mostrar boa intenção, trabalhar lado a lado com os palestinos, tentar conviver de forma pacífica,  Israel continua usurpando e ocupando com violência e crueldade as nossas terras.

Lembro-me de uma história que aconteceu com uma mulher palestina minha amiga, em 2002, quando Israel invadiu as cidades palestinas, causando destruição e assassinatos em massa. Ela estava ensinando seu filho, que tinha 4 anos, cálculos matemáticos de adição e subtração, ela pediu-lhe para identificar o tipo de operação, no montante de 2 +2, ele respondeu espontaneamente: Mãe, você quer dizer, uma operação Militar!


Batla, 4 anos, criança palestina vítima da ocupação israelense
Batla, 4 anos, o direito de desfrutar
da inocência de sua infância
Minha neta Batla, de 4 anos, levando a nacionalidade brasileira, que ganhou de sua mãe, que é a minha filha, estava em Ramallah, em 29 de novembro de 2012, Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino, acompanhada de seus pais. Eles passaram por um policial palestino que ofereceu a Batla um pedaço de chocolate, ela perguntou ao pai: quem é este homem, Ele respondeu: Este é um policial que trabalha para nos proteger, ele é uma boa pessoa.

No caminho de volta para a casa, é obrigatória a passagem por um posto de controle israelense ilegal “Qalandia”, que separa os bairros palestinos de Jerusalém um dos outros. No posto de controle acontecia um evento pacífico para o fim da ocupação israelense dos territórios palestinos. Soldados israelenses dispararam bombas de gás lacrimogêneo em cidadãos desarmados, as bombas causaram azia e dor nos olhos, que por vezes pode levar à morte.

A fumaça do gás lacrimogêneo entrou no carro, apesar do fechamento de todas as janelas. Batla, a criança, não conseguiu resistir ao gás, seus olhos ficaram vermelhos e suas lágrimas foram escorrendo, sua respiração quase parou. Ela estava chorando e chorando, por causa da dor, seus gritos eram cada vez maiores, enquanto ela estava vendo os soldados atirando gás lacrimogêneo sobre os cidadãos e os carros que ali passavam. Ela perguntou a seu pai: por que você mentiu para mim, você disse que o policial é um bom homem. Seu pai estava abraçando-a, tentando aliviar sua dor, pensando consigo mesmo o que ele poderia responder a esta criança e como explicar as diferentes situações aqui e ali. Batla poderia entender o que  seu pai tem a dizer? Abdallah, pai de Batla, não teve como explicar o que aconteceu com sua filha, mas esta experiência dolorosa que ocorreu com Batla, o tempo não apagará de sua memória. Certamente, ela não esquecerá a cena de um soldado israelense apontando sua espingarda em direção a sua infância inocente!

Lembro-me também de uma caricatura de Carlos Latuff que retrata um diálogo entre uma criança palestina e uma criança israelense. A criança israelense conta que seu pai lhe disse que os árabes são maus, terrorista e animais. A criança palestina respondeu que seu pai não lhe disse nada, porque o pai da criança israelense o assassinou.


Charge de Carlos Latuff - crianças judia e palestina



O relatório preparado em 3 de abril 2013, pelo Movimento Global de Defesa da Criança na Palestina, destacou que a ocupação israelense continua  suas violações crescentes contra as crianças palestinas. Israel matou 42 crianças em 2012, incluindo 33 mortos durante o ataque das forças de ocupação contra a Faixa de Gaza.

O relatório aponta um aumento no número de crianças detidas, eram 223 crianças no mês de janeiro de 2013. Em fevereiro o numero se elevou para 236. As crianças são submetidas a várias formas de maus-tratos e tortura durante a detenção e interrogatório. 

Israel está trabalhando para tornar impossível a solução de dois Estados com a construção de novos assentamentos judaicos em terras palestinas e a expansão dos existentes, com a construção do Muro do Aparthied, com os bombardeios contra a população civil, com as execuções e assassinatos seletivos e  uma série de outras ações que violam abertamente o Direito Internacional, as Resoluções da ONU, a Declaração Universal dos Diretos Humanos e a Convenção de Genebra. Uma barbárie monumental se abate diariamente contra nosso povo e suas crianças!

A ocupação israelense é o principal obstáculo para a paz. A comunidade internacional deve cobrar e responsabilizar duramente Israel  por  suas ações e condutas como força de ocupação e tomar medidas urgentes para o fim dessa nefasta e criminosa ocupação. Israel deve cumprir as leis e tratados internacionais!

O povo palestino não pode permanecer refém nas mãos da ocupação israelense, é tempo de justiça e de paz. Em 29 de novembro de 2012, a Assembleia Geral das Nações Unidas admitiu o Estado da Palestina como membro observador da ONU. O próximo passo é o Estabelecimento do Estado da Palestina nos territórios palestinos e para isso a comunidade internacional precisa pressionar para que Israel cumpra com suas obrigações perante a humanidade, o povo palestino e as leis internacionais.

Israel deve se retirar dos territórios palestinos ocupados, a comunidade internacional deve fornecer proteção para a população civil palestina, especialmente as crianças, e deve considerar os comandantes do exército de Israel como criminosos de guerra e  processá-los no Tribunal Internacional.

“Que Deus termine com o sofrimento do povo palestino e traga justiça a essa sofrida terra e paz ao mundo todo.”


*Rasem Shaban Mutlaq é palestino e mestre em História pela Universidade da Jordânia.

Palestina: Conflito e desenvolvimento resolvem-se com libertação

A 2ª Missão de Solidariedade ao Povo Palestino encontrou-se neste domingo (21) com várias autoridades da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), em Ramallah, na Cisjordânia. Entre os oficiais que receberam a missão brasileira, o oficial do Ministério das Relações Exteriores Husni Abdel Wahed falou da política internacional, e Yasser Abed Rabbo, secretário-geral do Comitê Executivo da OLP, falou das negociações com Israel. 


Por Moara Crivelente, de Ramallah para o Portal Vermelho



Secretário Geral da OLP, Yasser Abed Rabbo e a delegação do Brasil
Secretário-geral do Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP)
Yasser Abed Rabbo reúne-se com a 2ª Missão de Solidariedade ao Povo Palestino
em Ramallah, neste domingo (21). Foto: Moara Crivelente
Abed Rabbo foi um dos líderes da Frente Popular para a Libertação da Palestina e, depois de uma ruptura, da Frente Democrática para a Libertação da Palestina, embora hoje integre de forma independente o Comitê Executivo da OLP, uma frente ampla que abriga 13 partidos em uma forte unidade política. Além disso, também tem participado ativamente do processo de negociações de paz.

O oficial explicou à missão o funcionamento da OLP e ressaltou a importância da garantia de representatividade a uma ampla variedade de linhas políticas, embora o partido Fatah, ele próprio agregador de várias tendências (com maioria de esquerda), seja majoritário. Além disso, Rabbo enfatizou a busca por uma unidade política entre os palestinos que incluam também partidos islâmicos, como o Hamas, que tem grande expressividade na Faixa de Gaza.

É importante para a causa palestina a demonstração desta unidade, de certa estabilidade política que não possibilite aos israelenses justificar a sua falta de comprometimento com as negociações com uma aparente desestabilidade por parte dos palestinos.

Embora sejam os sucessivos governos sionistas (ou seja, colonialistas, desinteressados em uma solução que contemple as reivindicações palestinas) os que demonstram menos seriedade com relação às negociações, é frequente a instrumentalização que Israel faz de qualquer desacordo político interno para deslegitimar a capacidade dos palestinos para as negociações.

Rabbo falou da visita do presidente dos EUA Barack Obama, que pediu um prazo de dois meses para a retomada das negociações. Neste tempo, de acordo com Obama, os palestinos precisariam abster-se de tomar “medidas unilaterais”, como o pedido oficial levado pelo presidente Mahmoud Abbas à ONU, que garantiu à Palestina o reconhecimento do seu Estado como observador não-membro, em novembro de 2012.

Entretanto, se a seriedade dos Estados Unidos com relação às negociações é questionada, a de Israel é certamente negada. Rabbo disse, por isso, que a constante demonstração de falta de compromisso e a permanência das condições de opressão e ocupação sionista sobre os territórios e o povo palestino são como prenúncios de que a Palestina precisará retomar a sua estratégia: recorrer às organizações internacionais.

Neste sentido, o apoio de países como o Brasil, a China (que desde 1963 apoiou os guerrilheiros do Fatah, acolhendo-os e prestando treinamentos), a Rússia e a Índia tem sido importante para a estratégia.

O reconhecimento da Palestina como Estado observador não-membro da ONU abre o caminho para que ela possa se integrar a mais 64 organizações internacionais, inclusive ao Tribunal Penal Internacional, para o qual poderá enviar denúncia contra os crimes e violações ao direito internacional conduzidos sistematicamente pelo Estado de Israel, mesmo que Israel não seja parte no Tribunal.



Solidariedade sul-americana


Husni Abdel Wahed, oficial do Ministério das Relações Exteriores, ressaltou a importância do apoio do Brasil à causa palestina, assim como têm feito as diversas entidades que têm recebido a missão brasileira na Cisjordânia.


Ministério de Relações Exteriroes da OLP e Delegação Brasileira
O oficial do Ministério das Relações Exteriores da OLP Husni Abdel Wahed; Lejeune Mirhan,
sociólogo e arabista do Comitê pelo Estado da Palestina;e o deputado estadual Álvaro Gomes
(PCdoB-BA), que expressa solidariedade causa palestina, em Ramallah. Foto: Moara Crivelente

Devido à complicada situação das negociações entre Israel e a Palestina, com mediadores ineficientes que têm falhado em pressionar o governo sionista de forma efetiva (como os Estados Unidos e a União Europeia), a parceria do Brasil e de potências como a China e a Rússia é essencial, segundo Wahed.

O diplomata lembrou que as relações do Brasil com a Palestina são já antigas, e mencionou a visita que uma delegação brasileira fez ao líder da resistência palestina e ex-presidente Yasser Arafat (morto em 2004), quando ele estava no Líbano, em 1982. A delegação “demonstrou seu compromisso e solidariedade com o povo e a justiça da causa palestina”, disse Wahed.

Wahed mencionou também a criação do fórum América do Sul – Países Árabes (ASPA) por iniciativa do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a participação dos 22 membros da Liga Árabe e dos 12 membros da Unasul. Neste sentido, Wahed ressaltou o papel do Brasil ao impulsionar a ação de outros países da América do Sul pelo reconhecimento do Estado da Palestina.

“E hoje, quando passamos por um momento profundamente sensível, nos encontramos aqui com nossos amigos brasileiros, que vêm nos prestar solidariedade e apoio ao povo palestino e à sua justa causa”, completou o diplomata.


Delegação brasileira visita a sede da OLP em Ramallah, Cisjordania


Economia palestina sob ocupação


Como Rabbo, também Hanna A. Amireh, chefe do Departamento de Desenvolvimento Social no Comitê Executivo da OLP e membro do Birô Político do Partido Popular Palestino (comunista, fundado em 1982) explicou à missão brasileira a postura de unidade política da organização, aglutinadora e representativa de diversas tendências partidárias. A experiência de uma frente ampla tem se revelado essencial para a causa palestina, de acordo com Amireh.

A economia palestina foi resumida por Amireh como uma economia “sob ocupação”. O fato de o governo israelense controlar diversas áreas da Cisjordânia, as fronteiras e o espaço marítimo palestino faz com que o desenvolvimento de projetos econômicos e sociais seja virtualmente impossível.

Os postos de controle, que somam mais de 600 em todo o território da Cisjordânia, assim como o fato de Israel coletar os impostos palestinos (cobrando por isso uma comissão de 3%), tornam a Palestina totalmente refém da boa vontade israelense. Um exemplo do efeito consequente foi quando em 2012, para punir os palestinos pelo pedido de reconhecimento levado à ONU, o governo israelense congelou o repasse desses impostos.

Também por isso, Amireh fala da importância vital da assistência internacional, através de agências de cooperação como a JICA, japonesa, a USAID, dos EUA, e através da União Europeia, embora parte significativa dessa ajuda seja usada como mecanismo de pressão sobre os palestinos e sua postura relativa às negociações com Israel, como contrapartida.

Além disso, o governo israelense controla também o abastecimento de água e de energia elétrica à Palestina. A situação da água tem sido ressaltada frequentemente por meios que se dedicam à causa palestina por ser extremamente significativa não só para as tensões entre israelenses e palestinos, para o desenvolvimento e para o acesso a um bem essencial, mas também pelo fato de que a água é drenada pelos israelenses de fontes palestinas.

Para garantir a compra da água pelos palestinos aos serviços de abastecimento israelenses, os palestinos são impedidos pela administração sionista de furar seus próprios poços, pois a condição para que uma permissão seja emitida é a garantia, pelos palestinos, de que se responsabilizarão pelo abastecimento também das colônias judias nos territórios palestinos.

Os territórios palestinos da Cisjordânia, ocupados por Israel desde a Guerra dos Seis Dias, de 1967, foram divididos pelos Acordos de Oslo, da década de 1990, nas áreas A, B e C. A primeira ficaria sob o controle dos palestinos; na segunda, a administração civil seria exercida pelos palestinos e a “securitária”, ou seja, militar, pelos israelenses; e a terceira seria completamente controlada por Israel, mas o acordo vigoraria por cinco anos, um período transicional, até que uma solução efetiva fosse finalizada, em 1998, o que nunca aconteceu.

Em março de 2012, o Comitê pela Eliminação da Discriminação Racial da ONU publicou um dos relatórios mais incisivos desde a condenação da África do Sul pelo seu regime de apartheid, como conclusão das observações periódicas sobre Israel.

No documento, o comitê afirma que as políticas israelenses na Cisjordânia incluem “segregação entre comunidades judias e não judias”, a falta de “acesso igualitário à terra e à propriedade”, “deslocamento forçado”, “segregação de fato”, e um regime que precisa ser “lembrado sobre a proibição de políticas de apartheid”.

Neste sentido, em uma carta dirigida à secretária da UE para Relações Exteriores Christine Ashton, 19 ex-oficiais europeus pedem que a união pense em novas soluções e tome medidas urgentes frente às estratégias israelenses opressivas que impossibilitam o estabelecimento de um Estado palestino.

Segundo os signatários da carta, dentre os quais estão até antigos primeiros-ministros e diplomatas, o Processo de Oslo não tem mais nada a oferecer, “mas o impasse político atual, enquanto a situação deteriora no terreno, é insustentável”. A carta demonstra ainda a decepção com a “falta de liderança dos Estados Unidos no processo de paz”.

Entre os pontos de relevo é sugerida uma política ativa que inclua o reconhecimento da situação na Cisjordânia como uma ocupação; medidas contra a erosão das fronteiras de 1967 por Israel; e talvez mais importante, uma reavaliação dos acordos financeiros em relação à Autoridade Palestina, que a UE pare de "bancar" a ocupação.


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Brasileiro é preso acusado de atirar pedras em soldados israelenses

Guila Flint

De Tel Aviv para a BBC Brasil

Atualizado em 21 de abril, 2013



O adolescente Majd Hamad, de 15 anos, filho de uma brasileira e que vinha sendo procurando pelo Exército israelense sob acusação de jogar pedras contra as tropas, se entregou neste domingo em uma delegacia de polícia na Cisjordânia.


Acompanhado pela mãe, Najat Hamad, que nasceu em Goiás, e pelo ministro-conselheiro do escritório de Representação do Brasil em Ramallah, João Marcelo Soares, ele chegou pela manhã ao posto policial Binyamin, perto de Ramallah.

Criança, filho de brasileira, preso por atirar pedras em soldados Israel
Majd Hamad, 15 anos, é filho de brasileira de Goiás
que se mudou para a Cisjordânia há 17 anos
Após cerca de uma hora de interrogatório, durante o qual as autoridades não permitiram a presença da mãe ou do diplomata, Majd ficou detido no local e, de lá, deverá ser transferido para a prisão de Ofer.

De acordo com a mãe, "quando saiu do interrogatório, estava muito nervoso e com olhos vermelhos, mas não me deixaram falar com ele".

O adolescente é acusado de jogar pedras contra soldados israelenses durante uma manifestação no dia 11 de abril, nas proximidades do vilarejo de Silwad, onde mora.

Najat Hamad, nascida na cidade de Anápolis, afirma que seu filho não participou da manifestação em questão.

"Naquele dia, eu e meu marido decidimos não deixar Majd sair de casa, pois a situação estava tensa em Silwad, depois que colonos de um assentamento próximo espancaram um agricultor palestino", disse a mãe à BBC Brasil.

Segundo o porta-voz do Exército israelense, capitão Barak Raz, "o Exército não prende ninguém à toa. Se foi preso, é sinal de que há provas contra ele", disse citando a possibilidade de haver vídeos, fotos ou depoimentos envolvendo o nome do adolescente.

Buscas


De acordo com o relato da mãe, soldados israelenses invadiram a casa da familia às 2 horas da manhã do sábado (13).

"A familia inteira estava dormindo quando ouvimos batidas muito fortes na porta", disse a brasileira. "Minha filha de 13 anos foi abrir e se deparou com um grupo de soldados com fuzis apontados para a cabeça dela."

"Eles entraram rapidamente e começaram a revistar a casa. Reuniram a nossa família na sala e começaram a procurar nos quartos", disse a mãe.

"Eu tinha certeza de que eles estavam procurando meu marido e fiquei muito surpresa quando um dos soldados me disse que vieram prender Majd."

Embaixador João Soares acompanhou adolescente na Cisjordânia
João Marcelo Soares (dir.) acompanhou o adolescente
e sua mãe à delegacia na Cisjordânia
"Eu disse a ele que Majd tinha ido dormir na casa de parentes e que ele é muito pequeno, só tem 15 anos", afirmou.

Ao fim da operação de busca, a mãe prometeu aos militares que entregaria seu filho às autoridades israelenses neste domingo.


Fiança


O diplomata brasileiro João Marcelo Soares, que acompanhou a apresentação do adolescente à delegacia, disse à BBC Brasil que "as autoridades israelenses me informaram que os interrogatórios ainda estão em curso e, ao final, haverá uma decisão sobre o pedido de libertação sob fiança".

"Caso o pedido seja negado, amanhã (segunda-feira), os menores serão levados a um tribunal militar, que deverá reconsiderar o pedido", acrescentou.

Majd Hamad foi preso juntamente com mais quatro colegas da mesma classe, todos de 15 ou 16 anos.

Sua mãe, Najat Hamad, que mudou-se para a Cisjordânia há 17 anos, disse que "não esperava que aqui prendessem crianças desse jeito".

"O que são pedras diante das metralhadoras e dos veículos blindados do Exército israelense?", perguntou.

O Exército israelense define o lançamento de pedras como "atentados terroristas que podem matar".

Unicef


Em março, o Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef) publicou um relatório acusando Israel de violar os direitos de crianças e adolescentes palestinos presos.

O relatório afirma que "menores de idade palestinos detidos por militares israelenses são sujeitos a maus tratos que violam a lei internacional".

De acordo com o Unicef, a cada ano cerca de 700 menores palestinos, entre 12 e 17 anos, são interrogados e detidos pelo Exército, pela polícia e por agentes de segurança de Israel.

Segundo o presidente da Associação dos Prisioneiros Palestinos, Kadura Farez, atualmente há cerca de 200 menores palestinos presos em cadeias israelenses.

Farez disse à BBC Brasil que, nas cadeias israelenses, os menores "têm o mesmo tratamento que os adultos, não há prisões especiais para as crianças".

domingo, 21 de abril de 2013

OLP e partidos palestinos: apoio do Brasil à libertação é crucial

O chefe de gabinete da Autoridade Nacional Palestina (ANP) e da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) Hussein Al-Araj recebeu a 2ª Missão de Solidariedade ao Povo Palestino em Ramallah, Cisjordânia, neste sábado (20). O grupo apresentou as entidades que o compõem e falou da importância da causa palestina no Brasil, enquanto Al-Araj ressaltou o papel do governo brasileiro no reconhecimento do Estado da Palestina.


Por Moara Crivelente, de Ramallah para o Portal Vermelho 


Gabinete da Presidencia da ANP e OLP - Delegação brasileira
Antônio Barreto de Souza, representante do Cebrapaz, entrega documentos a Hussein Al-Araj,
chefe de gabinete do presidente da OLP e da ANP Mahmoud Abbas. Foto: Moara Crivelente
O oficial representa o presidente da ANP e da OLP, Mahmoud Abbas, que está na Jordânia. Em seu nome,Al-Araj reconheceu o empenho do Brasil pela causa palestina e agradeceu pelo apoio, primeiro, quando o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugurou o reconhecimento do Estado da Palestina na América Latina, em 2010.

Os membros das entidades que formam o Comitê pelo Estado da Palestina, organizador da missão, falaram da causa palestina e da solidariedade que prestam ao povo palestino na sua luta pela
libertação contra a ocupação sionista, promovida pelo governo de Israel, e ressaltou o objetivo primordial de estabelecimento e reconhecimento internacional do Estado independente e soberano da Palestina.

  
Al-Araj falou da estratégia que a OLP escolheu empregar, abdicando da luta armada pelo investimento nas parcerias estratégicas com países como o Brasil, assim como pelo direito internacional, através das agências da ONU e através do Tribunal Internacional de Justiça, para o qual uma denúncia contra Israel é elaborada pela ANP.

A OLP é formada por 13 partidos políticos palestinos, entre os quais está o Fatah, partido do presidente Abbas e do ex-presidente e líder da resistência palestina, Yasser Arafat; a Frente de Libertação da Palestina; o Partido Popular Palestino; a Frente Popular de Libertação da Palestina; a Frente de Luta Popular Palestina; entre outros.

Entre os maiores partidos palestinos, estão ausentes da OLP apenas o Hamas, que governa a Faixa de Gaza desde 2007; a Jihad Islâmica e o Partido de Libertação. Entretanto, Al-Araj garantiu que as negociações de aproximação entre esses partidos e a OLP seguem ativas, com previsões otimistas para que eleições nacionais sejam realizadas ainda antes de outubro de 2013, já que os três partidos representam 23% do eleitorado palestino na Cisjordânia.

A OLP foi estabelecida em 1964 e é declarada pelos partidos que a integram, assim como pela comunidade internacional, como o único representante legítimo do povo palestino. Por isso, foi incorporada como entidade observadora na Assembleia Geral da ONU e reconhecida até mesmo por Israel, através dos Acordos de Oslo da década de 1990, como “o único representante do povo palestino”.

Representações políticas


A missão brasileira também se reuniu com outros membros do Conselho Nacional Palestino, entre representantes do partido Fatah, da Frente Popular para a Libertação da Palestina, do Partido de Luta Popular, da União Geral de Mulheres Palestinas e da Juventude do Fatah.

Partidos políticos da OLP - Delegação brasileira - sede da Al Fatah
Omar Shehade, Mohamed Odeh e Abdallah Abdallah, membros de
partidos integrantes da OLP, falam da ocupação israelense e das
negociações à 2ª Missão de Solidariedade ao Povo Palestino
em Ramallah, na sede do partido Fatah.

Na sede do Fatah, Mohamed Odeh, presidente do Comitê da América Latina, também falou sobre o apoio dado pelo governo brasileiro à causa palestina e à criação de um Estado independente, em contraposição à negligência imperialista de potências como os Estados Unidos e outras europeias.

Odeh comentou sobre a visita do presidente dos EUA Barack Obama a Israel e à Palestina, quando tentou reavivar as conversações de paz com declarações retóricas e carentes de conteúdo efetivo, em março.

Os assessores de Obama foram enviados à sede do Fatah, segundo Odeh, para perguntar qual é a postura do partido e o que espera das negociações. Indignado com a motivação da visita, uma vez que os EUA têm se envolvido diretamente nas negociações entre Israel e Palestina principalmente desde as negociações de Oslo e já sabem qual é a postura palestina, Odeh pergunta: “mas o que os EUA estiveram fazendo nesses 20 anos em que se dizem mediadores? O que queremos é ser tratados como seres humanos”.

 Abdallah Abdallah, membro do Conselho Legislativo palestino, também do Fatah, reafirmou a importância das parecerias internacionais para a luta palestina por um Estado independente, embora Omar Shehade, da Frente Popular para a Libertação da Palestina (de orientação marxista-leninista, fundada em 1967), disse não acreditar em uma “solução de dois Estados”, uma vez que Israel faz de tudo para não permitir que isso aconteça, principalmente através da construção de colônias judias em território palestino.

Muna Namura- União Geral das Mulheres Palestinas
Convidada à sede da Frente de Luta Popular Palestina por Muna Namura, membro do partido e da União Geral de Mulheres Palestinas que apresentou a postura da Frente dentro da OLP e no governo palestino, a missão brasileira encontrou-se com Riziq Namura para conhecer a linha geral do partido (socialista, estabelecido em 1967 e que forma parte importante da OLP), e da unidade da luta palestina contra a ocupação israelense.

Pontos gerais para o Brasil


As reuniões deste sábado com representantes de importantes entidades palestinas teve um importante ponto em comum com relação ao papel do Brasil, para além do apoio e da solidariedade: o pedido para que as entidades brasileiras organizem campanhas legais contra o complexo militar-industrial e o comércio internacional que se fortalece entre Israel e o Brasil.

A denúncia da estreita relação militar e comercial entre os dois países, através de exemplos como os treinamentos policiais dados por israelenses a policiais brasileiros, a venda de armas pesadas de Israel ao Brasil (que chega a estar entre os maiores compradores de materiais bélicos israelenses) e acordos comerciais entre o Mercosul e Israel foram ressaltados, apesar do reconhecimento pelo apoio geral do governo brasileiro à causa palestina.

 A preocupação pelas relações comerciais internacionais com Israel foi ressaltada por praticamente todas as entidades com que a missão se reuniu, já que é clara a ligação entre as empresas militares e comerciais israelenses (sejam de “equipamentos de segurança” ou construtoras que participam no estabelecimento dos assentamentos) e a ocupação dos territórios palestinos, assim como a própria opressão das forças armadas e das instituições administrativas israelenses contra o povo palestino.


Mausoléu de Yasser Arafat, homenagem da Delegação Brasileira
2ª Missão de Solidariedade ao Povo Palestino presta homenagem no mausoléu do ex-presidente da ANP e da OLP e líder da resistência palestina Yasser Arafat. Foto: Leandro Taques


Neste sentido, a missão reafirmou não só a solidariedade ao povo palestino e sua luta pela liberdade anti-imperialista e anti-colonialista, em resistência contra o sionismo, mas também o compromisso com os esforços necessários para o reconhecimento efetivo e o estabelecimento de um Estado palestino independente e soberano, por ver nisso um passo crucial para a libertação do povo palestino, através da autodeterminação.

Neste sábado, o grupo também visitou o mausoléu do ex-presidente Yasser Arafat e o museu do maior poeta palestino, Mahmoud Darwish, cuja obra foca na resistência, na expulsão e na vida palestina em exílio, traduzida para 22 línguas. Darwish nasceu na Palestina, morou no Líbano, depois da criação do Estado israelense, em 1948, e morreu em 2008.

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MISSÃO BRASILEIRA DE SOLIDARIEDADE VAI À PALESTINA







sábado, 20 de abril de 2013

وفد برازيلى يزور فلسطين تضامناً مع الشعب الفلسطينى ودعماً لقضيته


DELEGAÇÃO BRASILEIRA DA 2ª MISSÃO INTERNACIONAL DE SOLIDARIEDADE É RECEBIDA PELO GABINETE DA PRESIDÊNCIA DA AUTORIDADE NACIONAL PALESTINA 


وفد برازيلى يزور فلسطين - Brazilians visit palestine


اليوم السابع  - السبت، 20 أبريل 2013

التقى رئيس ديوان الرئاسة الفلسطينى حسين الأعرج، اليوم السبت، وفداً برازيلياً لبحث آخر تطورات الأوضاع السياسية المتعلقة بالشأن الفلسطينى، والجهود المبذولة لإحياء عملية السلام وفق المرجعيات الدولية، وذلك بمقر الرئاسة فى رام الله.

وقال الأعرج، خلال اللقاء مع الوفد النقابى والعمالى والبرلمانى من الائتلاف اليسارى الحاكم فى البرازيل، "على إسرائيل أن تعلم أن الشعب الفلسطينى ليس وحيداً، بل لديه الكثير من الأصدقاء المؤمنين بعدالة قضيته والمستعدين للوقوف إلى جانب حقوقه المشروعة على غرار الشعب البرازيلى الصديق" .

وقدم الأعرج شرحاً مفصلاً للوفد حول ممارسات سلطات الاحتلال بحق الشعب وما يعنيه الأسرى داخل السجون الإسرائيلية، وأعرب عن شكره وتقديره للبرازيل رئيسا وحكومة وشعبا على وقوفها الدائم إلى جانب الشعب الفلسطينى وقضيته العادلة.

ومن جانبه، أكد رئيس الوفد البرازيلى لوجان ميهيرى، أن اللجنة الوطنية البرازيلية لدعم الدولة الفلسطينية ستعمل على إرسال الوفود إلى فلسطين، تعبيرا منها عن تضامن الشعب البرازيلى مع نظيره الفلسطينى، كما ستنظم حملة لإطلاق سراح الأسرى الفلسطينيين بمن فيهم مروان البرغوثى فى شهر مايو المقبل..مشيرا إلى أن الوفد سيعمل على حث البرلمان البرازيلى على مقاطعة منتجات المستوطنات الإسرائيلية.

 وقام أعضاء الوفد البرازيلى بتسليم الأعرج رسالة إلى الرئيس الفلسطينى محمود عباس مقدمة من الأحزاب والقوى النقابية البرازيلية أعربوا فيها عن دعمهم وتأييدهم للقيادة الفلسطينية والشعب الفلسطين

Palestina: 2ª Missão de solidariedade participa de protesto e reuniões

O grupo brasileiro na 2ª Missão de Solidariedade ao Povo Palestino participou nesta sexta-feira (19) do tradicional protesto de Bil’in, na Cisjordânia, contra o muro segregador e contra a ocupação israelense dos territórios palestinos. Os membros das entidades integrantes do Comitê pelo Estado da Palestina (CEP), que organiza a missão, também se encontraram com autoridades e famílias de prisioneiros políticos palestinos.


Por Moara Crivelente, de Ramallah para o Portal Vermelho

Na manhã desta sexta, a missão dirigiu-se à vila de Bil’in, a menor vila palestina, próxima de Ramallah, para participar nos protestos realizados todas as sextas-feiras contra o "muro da vergonha", que corta a Cisjordânia com cerca 800 quilômetros de concreto, separando famílias das suas terras de cultivo e dificultando a vida dos palestinos em trânsito, alegadamente por “motivos de segurança”.

Delegação brasileira de Solidariedade ao Povo Palestino
             2ª Missão de Solidariedade ao Povo Palestino participa do protesto de Bil'in                
contra o muro segregador construído por Israel na Cisjordânia. Foto: Rafael Oliveira
No protesto, a missão acompanhou o grupo palestino rumo ao muro, onde já estavam posicionados soldados israelenses e judeus ortodoxos, habitantes da colônia vizinha, protegida pelo exército israelense, dentro do território palestino. Os protestantes manifestaram-se contra o governo sionista de ocupação e contra a usurpação dos recursos palestinos por Israel.

Em resposta, os soldados israelenses atiraram bombas de gás lacrimogêneo, bombas de som e gás de pimenta, pelos quais os membros da missão, que levavam bandeiras palestinas, brasileiras e das entidades que integram também foram afetados, enquanto parte do protesto.

Segundo organizadores, esta é a programação habitual das sextas-feiras, quanto jovens que lançam pedras e exigem dignidade, em revolta contra o governo militar israelense que os controla, são covardemente correspondidos pelos soldados com esses recursos.

Também compareceram ativistas internacionais de várias nacionalidades e israelenses que apoiam a causa palestina, opondo-se à ocupação e a opressão do seu governo sobre o território e o povo palestino.

Abdallah Abu Rahma, coordenador do Comitê de Luta Popular
Para preparar-se para o protesto, a missão encontrou-se com Abdallah Abu Rahma, coordenador do Comitê de Luta Popular, que organiza os protestos desde 2005. A construção do muro israelense na Cisjordânia completa já 10 anos, e os comitês de resistência popular, que se organizam em diversas vilas, embora com uma luta unificada, continuam protestando e pensando em novas estratégias.

Uma delas, como exposto por Abu Rahma, é a escolha pelo método de luta e resistência não-violenta, que vem angariando adeptos em diversos movimentos de resistência popular pelo mundo. Abu Rahma esteve na liderança da Primeira Intifada Palestina, iniciada em 1987, e conta que a resistência não-violenta vem ganhando cada vez mais força desde então.

Apesar disso, ele já foi preso pelas autoridades israelenses quatro vezes, e chegou a ficar encarcerado por um ano e meio, através de frágeis testemunhos sobre o seu envolvimento nos protestos. Muitos desses testemunhos foram conseguidos pelas forças israelenses com crianças que detiveram por até dois dias, e como indicado e até exigido pelos interrogadores, o papel de Abu Rahma na organização dos protestos e no fornecimento de materiais foi relatado.

O muro segregador unifica os comitês populares


Abu Rahma explica a tática usada pelo comitê como uma forma abrangente e bem estruturada de luta, oferecendo cursos de direito internacional e de resistência não-violenta, por exemplo, e trabalhando com advogados pela causa contra o muro e contra a ocupação israelense.

Na busca por uma postura mais ativa, por exemplo, o coordenador exibiu vídeos à missão sobre a construção instantânea de uma vila, Bab Al-Shams (Porta do Sol), em um território na Cisjordânia que já estava nos planos da ocupação sionista. Em três horas, como um vídeo que ficou internacionalmente conhecido mostra, um grande grupo de palestinos montou uma vila de tendas, com o apoio de ativistas internacionais. Segundo Abu Rahma, a atenção midiática trabalhou significativamente a favor da iniciativa.

Um exemplo da importância da atenção midiática, segundo ele, foi dado quando estava em cativeiro e recebeu a notícia de que, devido à atenção que havia ganhado internacionalmente, atores famosos e a própria secretária de Relações Exteriores da União Europeia (UE), Christine Ashton, declarou-o defensor dos direitos humanos. Com isso, representantes da organização acabaram por comparecer ao julgamento de Abu Rahma, o que resultou numa pressão positiva sobre o caso.

Ainda assim, em 2007 o muro foi considerado uma construção ilegal por uma decisão judicial israelense, mas passaram-se quatro anos até que a sua construção fosse desviada dos planos originais, para evitar a área. Através desta decisão, contudo, ao invés de perderem 58% das suas terras com a construção do muro que os separaria delas, conforme os planos originais, os residentes da região de Bil’in ainda perderam 25% delas para a ocupação israelense.

“O que fazemos agora é trabalhar a terra, depois de destruída pelo exército israelense, que arrancou árvores e destruiu tudo”, disse Abu Rahma, que lembra que os protestos têm sido bem-sucedidos mesmo que “ os soldados tenham feito muito para tentar parar os comitês, ‘experimentando’ armas, usando os nossos corpos”. Ele menciona o uso de novas balas de borracha, novos tipos de gás de efeito moral, bombas de som, de produtos químicos altamente nocivos, entre outros.

Além disso, como muitos outros palestinos, Abu Rahma denuncia o hábito de os soldados israelenses invadirem as casas palestinas durante a noite, “assustando as nossas famílias, destruindo coisas, assustando as crianças, que acordam com soldados usando máscaras pretas dentro de casa”.

Nos protestos, de acordo com o coordenador, 1.500 pessoas ficaram feridas e duas pessoas foram mortas: em 2007, Bassem Abu Rahma, que foi atingido no peito com uma bomba de gás lacrimogêneo e morreu instantaneamente, e dois anos depois, a sua irmã Jawaher também morreu nos protestos, por intoxicação.

Entre os protestos de ação não-violenta, para além da construção de vilas como Bab Al-Shams, os treinamentos em direito internacional e resistência e a parceria internacional, Abdallah Abu Rahma também menciona a obstrução de estradas segregadoras, construídas pelos e para os israelenses que ocupam os territórios palestinos, mas que não podem ser usadas pelos próprios palestinos.

Famílias em resistência


Em Nabih Saleh, vila que fica na “Área C” da Cisjordânia, segundo os Acordos de Oslo da década de 1990 (em que os israelenses têm o controle militar efetivo), Basim Tamimi, também detido pela ocupação israelense, recebeu a missão brasileira para contar sobre os protestos realizados na região.

Basim Tamimi - Nabi Saleh - prisioneiros
Neijar Tamimi, Basim Tamimi e Manal Tamimi exibem a camiseta da 2ª Missão de Solidariedade
Internacional ao Povo Palestino, em encontro em Nabih Saleh, Cisjordânia- Foto: Rafael Oliveira


Sua casa está na lista israelense para a demolição, o que pode acontecer a qualquer momento, apesar de lá viverem várias pessoas de sua família. Mesmo assim, Tamimi fala da importância de “deslocalizar” a luta, “que é contra a ocupação; lutamos juntos entre as vilas”.

O ativista também exibiu vídeos de protestos realizados recentemente, de incursões ilegais e ataques das forças policiais israelenses contra casas palestinas. A casa de Tamimi chegou a ser alvo de ofensivas criminosas quando soldados lançaram bombas de gás para dentro, mesmo quando lá estavam crianças e mulheres.

Manal Tamimi, esposa de Basim, também comenta um vídeo em que teve de remover as crianças, junto com outras mães na casa, através das janelas, para fugir dos efeitos do gás. Além disso, conta do episódio da prisão de um garoto de 10 anos que foi interrogado e torturado, detido por 72 horas, para dar informações sobre os líderes ativistas da região.

Manal mostrou procedimentos da polícia israelense nas prisões violentas que fazem diante das famílias, traumatizando crianças e humilhando indivíduos e comunidades. Além disso, também falou dos constantes avanços tecnológicos usados pelo exército israelense contra os protestantes, mencionando o uso de produtos químicos e lança-granadas altamente eficientes, que disparam bombas de gás lacrimogêneo muitas vezes aleatoriamente.

“Uma vez tentamos contar quantas bombas de gás tinham sido lançadas, e chegamos a cerca de 1.500 em apenas uma sexta-feira”, disse Manal.

Prisioneiros palestinos em luta pela liberdade


Foto: Rafael Oliveira
Marwan Barghouti - Prisioneiros palestinos em luta pela liberdade
No mesmo dia, a missão também esteve na vila Kober, de onde é um dos prisioneiros palestinos mais influentes da atualidade, Marwan Barghouti, e um membro da Federação Árabe-Palestina do Brasil, integrante do CEP, Ualid Rabah, cuja família recebeu a missão com um jantar e uma reunião sobre os prisioneiros políticos palestinos.

A esposa de Barghouti, Fadwa Barghouti, também compareceu para falar da campanha que organiza pela libertação de Marwan, que está detido há já 11 anos. A Campanha pela Libertação de Marwan Barghouti já é internacional, mas recebeu e declaração de compromisso das entidades brasileiras integrantes da missão, que debaterá sobre a criação de uma campanha de peso no Brasil.

Também presentes estavam os prisioneiros retratados no Guiness, o livro dos recordes: as pessoas que passaram mais tempo detidas e que ainda estão vivas, pois cumpriram 34 anos de prisão. Ambos contaram as suas histórias e o impacto que o encarceramento tem não só na vida dos presos, mas também de suas famílias e comunidades. Membros da missão intervieram para declarar solidariedade e apoio à luta palestina pela liberdade, e para explicar a forte ligação das suas entidades com a causa palestina.

A 2ª Missão de Solidariedade ao Povo Palestino está na Palestina para conhecer a realidade do conflito e da ocupação sionista que já dura mais de seis décadas, e para encontrar-se com membros de organizações sociais e da Autoridade Nacional Palestina (ANP), com o objetivo de reafirmar a solidariedade brasileira e informar os brasileiros sobre a questão palestina.

O compromisso de continuidade das missões de solidariedade e com as campanhas palestinas pela liberdade dos presos políticos, contra a ocupação israelense e pela criação de um Estado palestino independente e soberano foram uma das marcas dos encontros que o grupo teve nesta sexta-feira.

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sexta-feira, 19 de abril de 2013

وفد برازيلي يزور قرية النبي صالح ويطلع على اوضاعها

DELEGAÇÃO BRASILEIRA DA 2ª MISSÃO INTERNACIONAL DE SOLIDARIEDADE VISITA A ALDEIA DE NABI SALEH - PALESTINA


رام الله - دنيا الوطن - تميمي برس


زار وفد من اللجنة البرازيلية لدعم الدولة الفلسطينية المستقلة قرية النبي صالح واجتمع مع قيادة المقاومة الشعبية في القرية واطفال ونساء وشباب من القرية وتحدث لهم القيادي بالمقاومة الشعبية باسم التميمي ورحب بهم بأسم الشعبي الفلسطيني عامة
واهالي النبي صالح خاصة والمقاومة الشعبية لحضورهم ودعمهم وتضامنهم مع شعبينا الفلسطيني واكد ان الشعب البرازيلي والقيادة البرازيلية من اكثر الشعوب دعما لشعبنا اللفلسطيني ونضالة الوطني 



 وفد برازيلي يزور قرية النبي صالح Brazil -Nabi Saleh - Palestine - image 1

وشمل الوفد اعضاء من اللجنة البرازيلية لدعم الدولة الفلسطينية المستقلة وبرلمانيين واتحادات ونقابات واكبر ستة ائتلافات واتحادات برازيلية وتحدث رئيس اللجنة واعرب عن دعمة المتواصل ودعم الشعب البرازيلي بكافة اشكالة واطيافة للشعب الفلسطيني واقامة دولته المستقلة


وتم اطلاع الوفد على ما يتعرض له شعبنا الفلسطيني من قمع وانتهاك للحقوق والحريات عبر عرض لفيديو يلخص ما تتعرض له قرية النبي صالح من ممارسات الاحتلال


من جانبها رحبت حركة المقاومة الشعبية الفلسطينية انتفاضة بزيارة الوفد البرازيلي ودعمة لقضيتنا ونضالنا واكدت حركة التضامن الدولية لهي دليل على حق شعبنا الفلسطيني ورسالته العادلة بالحرية والاستقلال مثل باقي شعوب العالم



وفد برازيلي يزرر قرية النبي صالح Brazil -Nabi Saleh - Palestine - image 2


وفد برازيلي يزرر قرية النبي صالح Brazil -Nabi Saleh - Palestine - image 3


Missão Internacional presta solidariedade ao povo palestino

A 2ª Missão Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino chega nesta quinta-feira (18) a Ramallah, na Cisjordânia (Palestina), onde terá reuniões com autoridades nacionais, líderes de organizações sociais e movimentos de resistência palestinos contra a ocupação militar do governo sionista de Israel. O Portal Vermelho acompanha a missão direto de Ramallah.


Por Moara Crivelente, de Ramallah para o Portal Vermelho

                                                                                                                                              Paulo Fanaia
Entre as atividades previstas está a participação, nesta sexta-feira (19), nos
protestos de Nabih Saleh e Bil’in contra o muro segregador, que as autoridades israelenses chamam eufemisticamente de “muro de separação”. A estrutura foi alegadamente construída por “motivos de segurança”, mas efetiva a ocupação israelense dos territórios palestinos, separando famílias, e as famílias de suas terras de cultivo ou vilas natais.


Missão internacional de solidariedade ao povo palestino - foto 1
2ª Missão Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino chega à
Cisjordânia nesta quinta-feira (18) e entrega camisetas ao
governador de Jericó, Majed Al-Fityani. 
Várias entidades da esquerda brasileira fazem parte da delegação, das quais algumas participaram da 1ª Missão, realizada em 2012 e recebida por representantes nacionais, inclusive pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP) e da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Mahmoud Abbas.

A organização da missão é do Comitê pelo Estado da Palestina (CEP), que tem o objetivo de “prestar solidariedade ao povo palestino, levar representantes da sociedade civil brasileira para conhecer a realidade da ocupação sionista das terras palestinas, e trazer informações sobre a Palestina, repercutindo nos meios de comunicação do Brasil”, de acordo com o projeto.

Ao total, são 70 entidades nacionais, estaduais e regionais integrando o CEP, que foi lançado oficialmente em agosto de 2011, em apoio ao esforço palestino para o reconhecimento do seu Estado pela ONU (apesar de um histórico muito mais longo de solidariedade). O impulso foi dado por membros do PCdoB, do PT, da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), do MST, da CUT, da Federação das Entidades Árabes de SP, do Brasil e das Américas (Fearab), da Federação das Entidades Árabe-Palestinas do Brasil (Fepal), da Força Sindical, do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Lutas pela Paz (Cebrapaz), entre outras, com reuniões frequentes.

Atravessando fronteiras em solidariedade internacional


Ao atravessar a fronteira Rei Hussein (chamada de Allenby pelos israelenses) entre a Jordânia e a Palestina (embora controlada por Israel), a delegação enfrentou dificuldades diariamente noticiadas sobre a burocracia securitária e militarista israelense e experimentou uma pequena amostra do efeito que a ocupação tem na vida dos palestinos que chegam ao território.


Missão internacional de solidariedade ao povo palestino - foto 2
 Por outro lado, bem recebida por  representantes palestinos já na  Cisjordânia, a missão dirigiu-se à  sede do governo do distrito de Jericó,  onde foi recebida pelo governador de  Jericó e Al-Aghwar, Majed Al-Fityani,  acompanhado de representantes de  outros setores do governo local,  integrado à Autoridade Nacional  Palestina (ANP).

  O sociólogo e arabista Lejeune  Mirhan apresentou a delegação e a  missão de solidariedade, expondo as motivações das entidades que apoiam a causa palestina, enquanto membros das organizações e partidos presentes detalharam a missão de cada um deles em relação à causa palestina. Entres estes, membros do Cebrapaz, do PCdoB, da CTB, da APP-Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública no Paraná, da Força Sindical, entre outros.

A ligação direta e a identificação geral com esta causa por movimentos de resistência e luta, de emancipação e de esquerda marxista, por exemplo, já foi ressaltada extensiva e oportunamente, inclusive por autores palestinos como Edward Said, que traçam um panorama sobre a "questão palestina".

Neste sentido, as centrais sindicais que representam milhões de trabalhadores brasileiros, assim como partidos históricos da esquerda e movimentos de luta pela paz e pela solidariedade internacional, formam a base desta identificação com a causa palestina para a missão.

Em resposta, o governador Al-Fityani também deu declarações sobre a situação palestina e sobre o papel do Brasil, que vem recebendo cada vez maior reconhecimento por sua política internacional.

“O que nós queremos é ter uma vida normal, mas não conseguimos. O que desejamos é poder ter paz, não só para nós, mas também para os nossos vizinhos; quando a paz for decretada, poderemos viver, cantar e dançar, porque nós palestinos também gostamos da vida”, disse o governador, em menção ao carnaval brasileiro.

Al-Fityani falou da importância de visitar a Palestina para experimentar e reconhecer os efeitos da ocupação israelense, pois “só mesmo estando aqui para saber”.

Entre os eventos recentes que rememoram a ocupação sionista estão a comemoração local dos 65 anos da “proclamação” do Estado de Israel, ou da Nakba, a Catástrofe palestina (quando em 1948 o Estado israelense foi estabelecido sobre as casas palestinas destruídas e às custas da expulsão de milhares de palestinos de suas terras) e o Dia do Prisioneiro, nesta quarta-feira (17), que relembrou o número de 5.000 palestinos, prisioneiros políticos em cárceres israelenses, com greve de fome e protestos diante da prisão militar de Ofer, na Cisjordânia.

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Integrantes da 2ª Missão de Solidariedade ao Povo Palestino
Integrantes da 2ª Missão de Solidariedade ao Povo Palestino
Aeroporto de Cumbica - 16/03/2013





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