sexta-feira, 17 de abril de 2015

Palestina resistente: Brasileiros encontram a luta por libertação

Por Moara Crivelente*

Cruzar a fronteira do rei, da Jordânia para a Palestina, foi como retomar uma longa jornada. A ocupação israelense dos territórios e das vidas dos palestinos é multidimensional, onipresente e traz custos elevadíssimos à dignidade e à humanidade, e precisa ser investigada constantemente. A resistência nacional, entretanto, não se deixa dobrar.


Um grupo de brasileiros representantes de diversos movimentos sociais – inclusive do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz) – viajou à Palestina com o intuito de entrar na Faixa de Gaza. Na véspera, enquanto participávamos do Fórum Social Mundial na Tunísia, recebemos a notícia de que o governo israelense, que controla duas passagens para o estreito território sitiado há oito anos, não permitiria a entrada demandada através da Chancelaria brasileira, alegando “motivos de segurança” e a proximidade do feriado religioso Judaico, o Pessach, no início de abril.

Colônia israelense de Beit El, a ilegalidade da ocupação
Colônia israelense de Beit El


Não bastasse, à entrada da Cisjordânia, dois membros do grupo, Soraya Misleh e Mohamad El-Kadri, da Frente em Defesa do Povo Palestino, foram barrados e banidos do retorno por cinco anos. O Itamaraty pronunciou-se a respeito ; o racismo e a segregação aos quais são submetidos os palestinos já ficaram demonstrados na fronteira Jordânia-Cisjordânia, com a inescrupulosa exclusão de dois descendentes de árabes.

A Faixa de Gaza não ficou esquecida enquanto visitávamos uma vila em dia de protesto contra a ocupação, as famílias de prisioneiros ou recém-libertos – como o caso de Ra’ed Zibar, membro da resistência da Frente Popular pela Libertação da Palestina (FPLP) detido durante a segunda intifada, em 2002, e libertado 13 anos depois – e representantes de entidades sociais, ou da Organização pela Libertação da Palestina (OLP). Embora tivéssemos a nova tarefa de coletar novas informações e expressar apoio firme à luta palestina pela paz e pela libertação, na Cisjordânia, impedidos de entrar em Gaza, a necessidade de abordar a ocupação por completo ficou evidenciada a todo o momento. A estratégia de fragmentação dos territórios, ou melhor, do Estado ocupado da Palestina, serve à tentativa sionista de dar por encerrada a discussão, como se houvesse uma discussão, e não centenas de resoluções da ONU e outras instituições que não só condenam as práticas da ocupação como reconhecem o direito dos palestinos de resistir.

Posto de controle de Calândia, Cisjordânia- Palestina
Posto de controle militar israelense em Calândia


Esses são, claro, temas essenciais no acompanhar da causa palestina, mas às vezes ficam perdidos nas análises mais profundas, também necessárias, sobre os matizes que agudizam as relações entre israelenses e palestinos e a própria ocupação sionista da Palestina. A aliança da maior potência bélica mundial – os EUA, que se apresentam como mediadores sem qualquer legitimidade – está abalada, mas não comprometida. Evidências disso são abundantes. Ainda, a radicalização da sociedade israelense assusta alguns observadores. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e seu partido de extrema-direita reeleito, Likud, agravaram a retórica para rechaçar agora abertamente o Estado da Palestina. Entretanto, a ponderação sobre a expressiva votação da Lista Conjunta de partidos árabes e um misto nas eleições de março em Israel e o maior número de votos para partidos ditos de “esquerda” é de elevada importância.

Netanyahu disse o que achou necessário para recobrar o postonas eleições. Por outro lado, isso lhe custou maior apoio internacional à causa palestina, agora levada aos tribunais internacionais para desvelar décadas de crimes de guerra na base de sustentação da ocupação. Em 1º de abril se efetivou a adesão do Estado da Palestina ao Estatuto de Roma, constitutivo do Tribunal Penal Internacional (TPI), iniciativa que custou a suspensão do repassasse de mais de US$ 130 milhões por mês, desde dezembro, em impostos recolhidos pela administração israelense, como sanção. Os salários de milhares de palestinos ficaram comprometidos.

Brasileiros com Mustafa Barghouti na Palestina
Brasileiros encontram Mustafa Barghouthi em Ramallah


Mesmo assim, inúmeros casos foram dirigidos ao TPI como amostras dos crimes perpetrados não só pelo Exército como por todo o aparato administrativo israelense nos territórios palestinos ocupados. Naquele dia, a reunião em Ramallah com Mustafa Barghouthi, diretor da Iniciativa Nacional Palestina, expunha mais uma vez, em imagens e números, a devastação na Faixa de Gaza, na terceira grande ofensiva israelense em cinco anos – que matou mais de 2.270 palestinos, sendo 83% civis e 580 crianças, com 91 famílias dizimadas, além de jornalistas e pessoal médico; são flagrantes crimes de guerra, apesar do contorcionismo israelense para justificá-los. Uma comissão de inquérito do Conselho de Direitos Humanos da ONU investiga as denúncias com grande dificuldade.

Tropas de ocupação israelense em Jerusalém
Tropas de ocupação israelense em Jerusalém


Barghouthi também explicou os vários instrumentos da segregação nos territórios palestinos, com referência ao uso desigual da energia elétrica e dos recursos aquíferos – em grande parte retirado dos próprios reservatórios palestinos, a quem a água é vendida por valor superior ao da taxa cobrada às colônias israelenses. Além disso, a malha rodoviária exclusiva para israelenses corta a Cisjordânia obrigando os palestinos a mais uma vez desviarem dos seus caminhos, além de já terem de mover vilas e plantações de lugar para a passagem do muro construído desde 2002 – a “barreira de segurança”, no linguajar israelense – com oito a 12 metros de altura e 800 quilômetros de extensão. As permissões para movimentação ou a construção, a emissão de documentos de identidade e até mesmo a configuração das famílias passam pelo crivo das autoridades israelenses. Bases e “áreas militares fechadas” roubam ainda mais terras, além daquelas dedicadas às cerca de 140 colônias – algumas consideradas ilegais pelo próprio governo israelense, mas que recebem luz e água – onde residem quase 600 mil israelenses.

Tentar criar uma realidade irreversível é o principalintuito da ocupação, cujas leis usam termos religiosos – como “Eretz Israel”, a Grande Israel de onde a Palestina seria eliminada – para expandir o controle a frações importantes, como a cidade de Jerusalém, anexada em 1967 e em 1980 – embora a Lei de Jerusalém não use abertamente o termo “anexação”. Numa conversa, um policial israelense que tentava ser simpático – uma raridade – à entrada da esplanada das mesquitas, onde fica Al-Aqsa, alegava que “Israel quer a paz e, por isso, permite que a Jordânia controle a esplanada e respeita o local, só adentrando quando necessário”. O policial, que parecia acreditar no título de Jerusalém, “capital una e eterna de Israel”, referia-se 1) a um reduzido local de Jerusalém Oriental, palestina, mas ocupada, onde os policiais e soldados israelenses não deveriam entrar, segundo acordo com a Jordânia e 2) às vezes em que a presença de israelenses leva a confrontos e à invasão dos soldados para conter, principalmente, os palestinos, que acabam sendo banidos do local por alguns dias.

Base militar da ocupação israelense na Cisjordânia


A fragmentação é um dos principais instrumentos, físicos e imaginários, para “quebrar a resistência” e a unidade nacional entre os palestinos. Não tem funcionado, porém. Alternativas nascem em grande dinâmica dos partidos políticos e dos movimentos sociais. É o caso dos comitês populares e de organizações como a União da Juventude Palestina, que realiza projetos nas áreas rurais mais impactadas pela ocupação para apoiar a geração de renda, a produção de comida – em alternativa ao consumo de produtos israelenses – e a permanência das pessoas, em resistência contra a expulsão.

As autoridades palestinas também intensificam esforços internos, como a recente resolução do Comitê Central da OLP, que adere ao boicote aos produtos israelenses e insta ao fim da chamada “cooperação securitária” com Israel, prevista nos Acordos de Oslo da década de 1990 e que aos palestinos tem se evidenciado como uma aceitação da ocupação, imposta por Israel e por seus parceiros “mediadores” . A resistência fortalece-se nas iniciativas nacionais e no aumento da solidariedade internacional. Se as portas da diplomacia com Israel são fechadas pela própria liderança israelense – a contragosto de uma grande porção da sociedade, que fique claro – o mundo deve oferecer alternativas e intensificar esforços pelo fim da impunidade e da ocupação israelenses na Palestina.


*Moara Crivelente é Cientista política, jornalista e membro do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz), assessorando a presidência do Conselho Mundial da Paz.


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quarta-feira, 15 de abril de 2015

Fallece Eduardo Galeano: el escritor amigo de la causa palestina

Eduardo Galeano, amigo da causa palestina


Su piel aún estaba tersa y sus ojos celestes parecían ver todo con la misma claridad con la que escribía sus artículos.Tal vez, el único rastro evidente de sus 74 años, era su virulenta calvicie y la tinta blanca del cabello que aún seguía en pié.

Hace años que el cáncer se había alojado en sus pulmones, es por eso que no fue sorpresa cuando, durante el viernes recién pasado, Galeano debió internarse en el Centro de Asistencia del Sindicato Médico del Uruguay. Ahí se quedó, en un hospital de su país natal, esperando definiciones. Definiciones que llegaron durante el día de ayer, cuando el Cáncer terminó de ganar la batalla, creando un ambiente de conmoción en el mundo artístico y generando un gran aplauso mundial.


Galeano y Palestina

No es secreto que Galeano amaba las letras: era periodista y escritor. A pesar de que había nacido en el seno de una familia de clase alta y católica, escribió innumerables artículos y participó como columnista en diversos medios críticos, entre ellos, la revista literaria "Contra Punto". Desde aquella tribuna, aprovechó la ligereza de su pluma para escribir sobre temas cotidianos y otros que le parecían preocupantes: habló sobre fútbol, feminismo y política. En su publicación "Las Venas Abiertasde América Latina" (1971), traducida en 18 idiomas, retrató la opresión del continente americano; y en reiteradas oportunidades, aprovechó de analizar la crítica situación que viven los palestinos producto de las crueldades israelíes. Esto hace que Galeano se haya convertido en un gran amigo de la causa Palestina, los dejamos con parte de sus escritos.


"En Gaza, de cada diez daños colaterales, tres son niños. Y suman miles los mutilados, víctimas de la tecnología del descuartizamiento humano, que la industria militar está ensayando exitosamente en esta operación de limpieza étnica. Y como siempre, siempre lo mismo: en Gaza, cien a uno. Por cada cien palestinos muertos, un israelí. Gente peligrosa, advierte el otro bombardeo, a cargo de los medios masivos de manipulación, que nos invitan a creer que una vida israelí vale tanto como cien vidas palestinas. Y esos medios también nos invitan a creer que son humanitarias las doscientas bombas atómicas de Israel, y que una potencia nuclear llamada Irán fue la que aniquiló Hiroshima y Nagasaki"



"Los colonos invaden, y tras ellos los soldados van corrigiendo la frontera. Las balas sacralizan el despojo, en legítima defensa. No hay guerra agresiva que no diga ser guerra defensiva. Hitler invadió Polonia para evitar que Polonia invadiera Alemania. Bush invadió Irak para evitar que Irak invadiera el mundo. En cada una de sus guerras defensivas, Israel se ha tragado otro pedazo de Palestina, y los almuerzos siguen. La devoración se justifica por los títulos de propiedad que la Biblia otorgó, por los dos mil años de persecución que el pueblo judío sufrió, y por el pánico que generan los palestinos al acecho. Israel es el país que jamás cumple las recomendaciones ni las resoluciones de las Naciones Unidas, el que nunca acata las sentencias de los tribunales internacionales, el que se burla de las leyes internacionales, y es también el único país que ha legalizado la tortura de prisioneros.


¿Quién le regaló el derecho de negar todos los derechos? ¿De dónde viene la impunidad con que Israel está ejecutando la matanza de Gaza? El gobierno español no hubiera podido bombardear impunemente al País Vasco para acabar con ETA, ni el gobierno británico hubiera podido arrasar Irlanda para liquidar a IRA.¿Acaso la tragedia del Holocausto implica una póliza de eterna impunidad? ¿O esa luz verde proviene de la potencia mandamás que tiene en Israel al más incondicional de sus vasallos? El ejército israelí, el más moderno y sofisticado del mundo, sabe a quién mata. No mata por error. Mata por horror. Las víctimas civiles se llaman daños colaterales, según el diccionario de otras guerras imperiales"


"Esta guerra, esta carnicería de civiles, se desató a partir del secuestro de un soldado. ¿Hasta cuándo el plagio de un soldado israelí podrá justificar el secuestro de la soberanía palestina? ¿Hasta cuándo el plagio de dos soldados israelíes podrá justificar el secuestro de Líbano entero?


La cacería de judíos fue, durante siglos, deporte preferido de los europeos. En Auschwitz desembocó un antiguo río de espantos, que había atravesado toda Europa. ¿Hasta cuándo seguirán los palestinos y otros árabes pagando crímenes que no cometieron?


Hezbollah no existía cuando Israel arrasó Líbano en sus invasiones anteriores. ¿Hasta cuándo seguiremos creyendo el cuento del agresor agredido, que practica el terrorismo porque tiene derecho a defenderse del terrorismo? Irak, Afganistán, Palestina, Líbano... ¿Hasta cuándo se podrá seguir exterminando países impunemente?


Israel ha desoído 46 recomendaciones de la Asamblea General y de otros organismos de Naciones Unidas. ¿Hasta cuándo el gobierno israelí seguirá ejerciendo el privilegio de ser sordo?


Naciones Unidas recomienda, pero no decide. Cuando decide, la Casa Blanca impide que decida, porque tiene derecho de veto. La Casa Blanca ha vetado, en el Consejo de Seguridad, 40 resoluciones que condenaban a Israel.¿Hasta cuándo Naciones Unidas seguirán actuando como si fueran otro nombre de Estados Unidos?
Desde que los palestinos fueron desalojados de sus casas y despojados de sus tierras, mucha sangre ha corrido. ¿Hasta cuándo seguirá corriendo la sangre para que la fuerza justifique lo que el derecho niega?


La historia se repite, día tras día, año tras año, y un israelí muere por cada 10 árabes que mueren. ¿Hasta cuándo seguirá valiendo 10 veces más la vida de cada israelí? "


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