sábado, 29 de abril de 2017

Ilan Pappé, historiador israelense, recebe homenagem de árabes e muçulmanos



Illan Pappé é homenageado no Brasil
Vice presidente da Federação das Associações Muçulmanas do Brasil,
 Dr. Ali Hussein El Zoghbi (esq.) entrega homenagem ao escritor Ilan Pappé


Ilan Pappé, esteve no Brasil para o lançamento do seu livro “A limpeza étnica da Palestina”, cujo original em inglês data de 2006.

Os seus estudos e livros lhe renderam a perseguição por parte do regime sionista de Israel e hoje vive exilado na Inglaterra onde é professor na Universidade de Exeter.

Pappé participou de várias palestras de lançamento do seu livro e concedeu uma entrevista para o jornal Folha de São Paulo (https://goo.gl/0EsxKw).

Durante almoço oferecido pela Federação de Associações Muçulmanas do Brasil, o vice presidente, Dr. Ali Hussein El Zoghbi prestou a homenagem ao escritor Pappé na presença de membros da comunidade árabe e muçulmana.

Foi com muita honra que me sentei ao lado de Ilan Pappé e pude conhecer um pouco mais deste corajoso e brilhante intelectual e acadêmico que não compactuou com a narrativa da colonização sionista de ocupação e expulsão do povo palestino de sua pátria palestina. 

Como também, foi uma honra poder compartilhar a mesa com o escritor Milton Hatoum.


Emir Mourad

Editor do Blog 





Illan Pappe, historiador israelense,



Livro de Illan Pappé é lançado no Brasil


Illan Pappé lança seu livro no Brasil "Limpeza étnica da Palestina"


Illan Pappé autografa seu livro


Lançamento de livro de Illan Pappé no Brasil


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Matérias realacionados com Ilan Pappé:




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quarta-feira, 19 de abril de 2017

Centenas de presos palestinos em greve de fome nas prisões de Israel

Atualizado em 29/05/17:

Israel cedeu em 80% das reivindicações dos presos políticos palestinianos

A greve de fome dos prisioneiros palestinianos nos cárceres israelitas foi suspensa na madrugada de sábado, ao 40.º dia, depois de intensas negociações. Tratamentos médicos e visitas de familiares são as principais conquistas.

Palestinos seguram uma bandeira gigante do seu país na manifestação que teve lugar em Ramallah (Margem Ocidental ocupada) para assinalar o 69.º aniversário da Nakba (catástrofe)CréditosAlaa Badarneh / EPA


De acordo com a agência noticiosa palestina Ma'an, o líder do Comité Palestiniano para as Questões dos Prisioneiros, Issa Qaraqe, afirmou este domingo que «80% das exigências foram atendidas» pelo Serviço Prisional de Israel.

Um comité composto por seis presos políticos em greve de fome (entre eles Karim Yunis, o prisioneiro palestiniano há mais tempo encarcerado por Israel, e Marwan Barghouti, dirigente histórico do movimento Fatah) estiveram durante 20 horas em negociações para a suspensão do protesto.

Qaraqe considerou as conquistas como «uma transformação fundamental em termos de qualidade de vida dos prisioneiros». O comité de seis prisioneiros vai manter negociações relativamente às reivindicações que ainda não tiveram resposta, informa ainda a Ma'an.




Prisioneiros palestinos em greve de fome

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Atualizado em 27/05/2017:



DEPOIS DE 41 DIAS, PRISIONEIROS PALESTINOS SUSPENDEM GREVE DE FOME APÓS IMPORTANTE VITÓRIA

VIVA A CORAGEM, A BRAVURA DESSES PRISIONEIROS QUE LUTAM POR LIBERDADE E JUSTIÇA PARA SEU POVO PALESTINO


PARABÉNS AOS PRISIONEIROS E AO POVO PALESTINO!


- PRISIONEIROS PALESTINOS ENCERRAM GREVE DE FOME APÓS 41 DIAS


- PRESOS PALESTINOS SUSPENDEM GREVE DE FOME APÓS 40 DIAS


- Palestinian Prisoners End Mass Hunger Strike


-          معا تكشف.. هذا ما جرى في مفاوضات عسقلان

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Atualizado em 30/04/2017:



#ÁguaSalCampanha

Campanha  da “Água e Sal”
As pessoas estão se posicionando em solidariedade com  os prisioneiros palestinos que estão em greve de fome  com a
 #ÁguaSalCampanha


#SaltWaterChallenge

Campaign Salt Water Challenge
People are standing in solidarity with Palestinian prisoners who are on hunger strike with the #SaltWaterChallenge


Greve de fome dos prisioneiros palestinos





“Desde 17/04/2017 (há 13 dias) mais de 1.000 presos palestinos estão em greve de fome, um protesto para denunciar o desrespeito a direitos fundamentais cometido pelo governo sionista de Israel.

Os presos demandam diversas pautas, como visitas regulares de suas famílias, o fim da detenção administrativa e acesso a atendimento médico.

A intenção desse vídeo é chamar a atenção de brasileiros e brasileiras para o que está acontecendo na Palestina.

Esse vídeo é um esforço de um Palestino que está longe de sua terra em apoiar seu povo, sua luta e sua causa.”


O texto acima é de Amjad Milhem, refugiado palestino que chegou ao Brasil em 2014 e que inaugurou seu canal no Youtube “PAPO PALESTINO” com este vídeo em solidariedade aos prisioneiros palestinos









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Atualizado em 27/04/2017


27/04/17 - Palestinos aderem massivamente à greve geral em apoio aos presos em Israel

Lojas, bancos, fábricas e todas as instituições públicas dos territórios palestinos permaneceram fechadas





27/04/17 - Greve geral dos palestinos em apoio aos presos em greve de fome




26/04/17 - Em luta histórica, prisioneiros palestinos convocam apoio mundial

Quase um milhão de palestinos e palestinas passaram pelas prisões de Israel desde o estabelecimento do Estado, em 1948, estimam associações palestinas. Mas esta história remonta ainda à colonização britânica da região, com casos como o de Hassan Al-Labadi, por mais de 40 anos enterrado no cárcere. A greve de fome anunciada há uma semana por prisioneiros palestinos manifesta a resistência persistente e o fortalecimento da causa nacional por libertação.


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Publicado em 19/04/17:

Centenas de presos palestinos  em greve de fome nas prisões de Israel

Maruan Barghuti lidera greve de fome dos prisioneiros palestinos
Os protestos, por melhores condições  de detenção, são encabeçados por Barguti, líder da segunda intifada

São mais de 1500 os presos palestinos em greve de fome, por tempo indeterminado, que protestam contra as condições de detenção nas prisões controladas por Israel. A luta sem precedentes é encabeçada por Maruan Barghuti, dirigente da Fatah e da OLP (Organização para a Libertação da Palestina), que encabeçou a segunda intifada [revoltas de rua e populares contra a ocupação israelense do território da Palestina] (2000-2005).

O dirigente palestino com maior prestígio no seu país, considerado, pelos seus, uma espécie de Mandela palestiniano, está há 15 anos preso e cumpre uma condenação, determinada pelos ocupantes israelenses, de prisão perpétua. Muitos palestinos veem-no como um dirigente não corrupto e com a força moral e ética para ser o futuro presidente de um Estado independente da Palestina. Os seus carcereiros israelenses acusam-no de ter sido o chefe da Tanzim, o braço armado da resistência palestina que segue as orientações da Fatah, partido nacionalista laico. Barghuti foi condenado a cinco prisões perpétuas e mais de 40 anos de prisão por “terrorismo”.

Nas prisões de Israel e de territórios palestinos ocupados militarmente desde a guerra de 1967 estão detidos cerca de 6500 palestinos, incluindo 300 menores de idade. Segundo as organizações de direitos humanos, entre os presos encontram--se 62 mulheres, 13 deputados palestinos e 23 doentes em estado terminal.

Mais de 500 presos estão detidos em regime de detenção administrativa [semelhante às medidas de segurança nos tempos da ditadura em Portugal], que permite que uma pessoa esteja detida por tempo indeterminado sem lhe ser feita qualquer acusação e sem ser sujeita a um julgamento.

O número de palestinos presos não para de aumentar desde 2015, quando os protestos palestino se tornaram violentos, com a chamada intifada das facas ou dos lobos solitários, na sequência da qual foram detidas mais de 10 mil pessoas.


Em artigo publicado no “The New York Times”, o líder palestino preso, Maruan Barghuti, defende que a greve de fome iniciada nesta segunda-feira tem como objetivo “pôr fim aos abusos nos centros penitenciários” e que “Israel estabeleceu um apartheid judicial que garante a impunidade dos israelitas que cometem crimes contra os palestinos e criminaliza a existência de uma resistência palestina”. Barghuti denuncia a situação nas cadeias em que estão detidos os presos palestinianos como elementos da política do Estado hebreu para liquidar fisicamente os palestinos: “Os prisioneiros sofrem torturas, tratamentos degradantes e inumanos, falta de assistência médica [em consequência de tudo isso] alguns morrem durante a sua prisão.”

Fonte: SolSapo
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Matérias do arquivo do Blog:





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segunda-feira, 27 de março de 2017

Palestina: o Dia da Terra


Atualizado em  05/04/17:


Entidades sindicais realizam audiência pública em solidariedade ao povo palestino



A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e demais entidades sindicais filiadas à Federação Sindical Mundial (FSM) promoveram, nesta terça-feira (4) na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, uma audiência pública como parte das ações do Dia de Solidariedade ao Povo Palestino.

O evento contou com a participação do embaixador da Palestina do Brasil, Ibrahin Alzeben, que fez um resgate histórico sobre a resistência do povo daquele país e agradeceu o apoio internacional. Ele lembrou que o que ocorre na região “não é guerra é genocídio”, ao se referir ao poder belicista de Israel.


Saiba mais sobre a Audiência Pública: https://goo.gl/qa91cx


Conheça o documento de solidariedade ao povo palestino assinado pelas entidades entregue ao embaixador da Palestina no Brasil ao término da Audiência Pública: https://goo.gl/fNIwN5

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Comemoração do Dia da Terra da Palestina





Palestinos: O Dia da Terra

Publicado na Folha de S. Paulo em 29.03.1985.

Por Maurício Tragtenberg*

 Amanhã, dia 30, o povo palestino comemora o “Dia da Terra”, que surgiu como lembrança histórica da resistência que em 1976, os vários palestinos da Galiléia (território ocupado em 1948) manifestaram contra a invasão e ocupação de suas terras pelo Estado em Israel.

 Como acontece nessas ocasiões houve repressão e violência por parte das autoridades militares de ocupação, onde foram indiscriminadamente atingidos homens, mulheres, velhos e crianças. É impossível destruir um povo que por mais de trinta séculos construiu sua cultura, suas obras materiais e espirituais.

 Enquadrada no plano da destruição da cultura e identidade do povo palestino estão as universidades palestinas construídas nas ‘zonas ocupadas’ pelo Estado em Israel.

  Através da Ordenança Militar 854, uma das 1.080 ordenações militares que modificam a legislação jordaniana, em vigor na Cisjordânia, o Estado detém em suas mãos a permissão de funcionamento de qualquer instituição educacional, que implica no controle pelas autoridades do pessoal acadêmico, dos programas e manuais de ensino.

  Uma das iniciativas que afetou gravemente o funcionamento das universidades palestinas nas ‘zonas ocupadas’ foi que a partir de 1983 os professores estrangeiros –na realidade palestinos com passaportes de diversas nacionalidades estrangeiras – tenham que assinar uma declaração, segundo a qual, comprometem-se a não dar apoio algum à OLP nem a qualquer organização terrorista. Ante a recusa unânime do corpo de professores em assinar tal ignominioso papel, a repressão foi terrível.

  A Universidade d’An-Najah teve dezoito professores expulsos, enquanto outros três que estavam no Exterior foram proibidos de ingressar na Cisjordânia. Bir-Zeit perdeu cinco e a Universidade de Bethléem perdeu doze de seus professores.

  O fechamento temporário de universidades é outra medida que as “autoridades” de ocupação lançam mão; entre 1981/2 a Universidade de Bir-Zeit ficou fechada sete meses. A Universidade de An-Najah em 1982/3 ficou fechada durante três meses consecutivos, as Universidades de Bethléem e Hebron conheceram igual destino.

  Com o fim de vencer a resistência cultural palestina, a detenção de estudantes pelos motivos mais fúteis é coisa comum em todas as universidades da Cisjordânia. Os detidos são confinados na prisão de Fara’a, no Vale do Jordão. Segundo a advogada Lea Tsemel, o detido, conforme a “lei de urgência” (do período do Mandato Britânico) pode ficar incomunicável durante dezoito dias, sem culpabilidade definida nem visita de advogado. Por trazer consigo um panfleto ilegal o detido pode assim ficar durante 48 dias.

  O “tratamento” é o mais degradante possível: duchas frias, golpes, insultos.

  O presidente do Conselho de Estudantes de An-Najah, condenado a seis anos de prisão em 1974, não só afirmou ter sido torturado como também afirmou: “todos os prisioneiros palestinos são torturados.”

  Porém, a Universidade de Bir-Zeit é um foco de resistência cultural palestina; organiza atividades culturais fundada na cultura popular palestina. Possui uma biblioteca significativa aberta à consulta pública.

  Os dados a respeito da situação de resistência cultural palestina acima descrita nos foram fornecidos por Sônia Dayan-Herzbrun e Paul Kessler, que testemunham: “O fato de sermos judeus não afeta nossa objetividade em relação ao tema tratado. A consciência de nossa identidade judaica e das responsabilidades inerentes a ela nos levaram a participar do Centro de Cooperação com a Universidade Bir-Zeit.” (Le Monde Diplomatique, julho de 1984)

É o que também pensamos. O “Dia da Terra” é a reafirmação de um povo que pode ser expropriado, espezinhado, torturado, caluniado;vencido nunca.



* Maurício Tragtenberg, 54, professor do Departamento de Ciências Sociais da Fundação Getúlio Vargas SP) e da PUC-SP, escreveu, entre outros livros, “Administração, Poder e Ideologia.


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sábado, 11 de março de 2017

Apresentador israelense denuncia apartheid de Israel na Palestina

Assaf Harel criticou os seus conterrâneos por ignorarem a ocupação israelita em território palestino, num discurso emocionante.


Assef Harel faz dura critica a ocupação da Palestina



Assaf Harel não te deve ser um nome familiar. Trata-se de um humorista israelense de 41 anos, conhecido pelas declarações polêmicas que faz sobre o seu próprio país. Desta vez foi mais longe e tornou-se viral pelos melhores motivos.

Foi no monólogo final do último episódio do seu talkshow “Good Night With Assaf Harel” que o israelense denunciou a forma como Israel tem tratado a Palestina.



Pediu aos israelenses que abram os olhos e se apercebam que o que se passa entre os dois países é um verdadeiro Apartheid. O discurso é claramente dirigido aos seus conterrâneos, que critica por ignorarem a ocupação israelense em território palestino: “Como estamos do lado bom, nunca nos preocupamos”, “Nós temos abusado dos palestinos diariamente durante anos, temos-lhes negado direitos básicos”, “Nós estamos bem. Mas há milhões de pessoas por quem somos responsáveis que vivem num estado horrível.”

Harel atacou alguns dos assuntos mais tabu em Israel e o vídeo da sua intervenção tem sido muito partilhado nas redes sociais e chega numa momento político crucial para a região.

Depois de anos de um relacionamento frio entre Washington e Israel, quando tomou posse Donald Trump declarou que está do lado do primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu. Passado pouco tempo recuou. Os confusos compromissos diplomáticos entre os dois países já afetaram assuntos como a mudança da embaixada dos Estados Unidos de Telavive para Jerusalém, a construção de novos colonatos judaicos ou a polémica “solução de dois estados” para resolver o conflito israelo-palestino.

No meio de tudo isto, não fica claro em que fase está o processo de paz.

Os últimos desenvolvimentos com os Estados Unidos têm encorajado a direita radical israelense a achar que assistimos a uma “nova era”.

Importa dizer que “Good Night With Assaf Harel” era um dos programas mais controversos emitidos pela televisão israelense e que não vai ser renovado para mais uma temporada na sequência das fracas audiências – apesar de ter sido altamente seguido nas redes sociais.

O programa chegou a ser multado por causa de um episódio em que Harel ridicularizou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

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sábado, 4 de março de 2017

Em novo livro, Judith Butler faz crítica judaica ao sionismo


Novo livro de Judith Blair critica sionismo





RIO - Mais conhecida no Brasil por seus estudos sobre gênero, Judith Butler reflete sobre sionismo e identidade em seu último livro publicado no Brasil, “Caminhos divergentes: judaicidade e crítica do sionismo”. Na obra, a filósofa pós-estruturalista americana, que causou polêmica ao defender posições pró-Palestina e apoiar uma campanha internacional de boicote cultural, econômico e político a Israel, argumenta que é possível, como ela vem fazendo, criticar as posições do país no conflito Israel-Palestina, e, ao mesmo tempo, reafirmar a sua própria cultura judaica.

Nos princípios éticos judaicos que fizeram a sua formação, escreve ela, tenta encontrar ferramentas para “contestar a subjugação colonial que o sionismo tem exercido sobre o povo palestino”. Para isso, apoia-se em pensadores judeus e elabora as condições para uma convivência possível entre israelenses e palestinos.

Em entrevista ao GLOBO por e-mail, Judith fala sobre os conflitos provocados por suas posições contra as políticas recentes do Estado de Israel, sobre a sobrevivência do multiculturalismo após a eleição de Trump e as obrigações morais da coabitação dos povos.

Por que é importante fazer uma crítica judaica ao Estado de Israel? Que valores judaicos podem ser usados na crítica às políticas israelenses?

É importante entender que há muitas visões de Israel entre os judeus. O povo judeu é internamente complexo. Eles vêm de muitos lugares do mundo e nem sempre se veem representados pelo Estado de Israel. Na verdade, se pensarmos nos valores judeus de justiça, igualdade e hospitalidade, vemos que o Estado de Israel é contra princípios chaves da Ética Judaica.

Embora reafirme sua formação judaica, a senhora também defende a necessidade de ir além do judaísmo. Por quê?

Eu me oponho à ocupação, da mesma forma que muitas pessoas se opõem à ocupação. A maioria das leis internacionais condena a ocupação, então minha oposição não é muito diferente da de um não judeu que se opõe à ocupação como uma violência dos direitos humanos. Mas porque se diz frequentemente que aqueles que se opõem ao Estado de Israel se opõem ao povo judeu, é importante saber que o povo judeu também se opõe ao Estado de Israel em muitos aspectos, clamando por direitos humanos internacionais e direitos democráticos para todas as pessoas, incluindo os palestinos.

Em 2014, sua palestra sobre Kafka no Museu Judaico de Nova York foi cancelada após reclamações sobre seu envolvimento com o movimento BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções contra Israel). Como reagiu à notícia?

Na verdade, eu até tenho tido sorte, já que minhas participações em eventos são raramente canceladas. Mas está havendo, sim, um esforço para criminalizar a posição política do BDS. Boicotes são reconhecidos como instrumentos legais de expressão de pontos de vista políticos, então é uma perspectiva horrível que se diga às pessoas que assumem este ponto de vista de que o ponto de vista delas sequer pode ser ouvido. Sabemos que muitas pessoas tiveram suas participações em eventos canceladas e que há uma ampla campanha para silenciar quem tem opiniões críticas a Israel.

No livro, a senhora diz que é importante pensar em uma solução de Estado único para o conflito Israel-Palestina, mesmo que muitos a considerem impraticável...

Na história do mundo, certamente muitas ideias foram vistas como impraticáveis: a abolição da escravidão, os direitos iguais para mulheres e minorias, o fim da guerra... E, ainda assim, aqueles que continuam a luta por liberdade, igualdade e não violência tiveram que persistir. Se seguíssemos apenas opções práticas, perderíamos nossos princípios e nossa esperança.

A senhora acredita que, se não pensarmos na coabitação, nosso mundo empobrecerá radicalmente. Mas o que significa viver com o outro? Quais são nossas obrigações morais quando coabitamos com aqueles que não escolhemos?

No fim das guerras ou no fim legal do apartheid, sociedades são confrontadas com o difícil problema de viver com aqueles que foram seus inimigos. É uma tarefa difícil viver junto com o ódio duradouro, a raiva, onde não há amor. Mas se todos afirmarem a obrigação de viverem juntos, então eles têm essa obrigação em comum, e essa obrigação passa a representar o presente e o futuro da vida compartilhada.

Como vê o futuro do pluralismo na era Trump?

O movimento emergente de resistência inclui populações multiétnicas e multirraciais que estão se unindo para combater o racismo, a xenofobia e a misoginia. Este movimento de resistência representa o futuro da pluralidade neste momento. Minha crença é que, com o tempo, ele vai ganhar.


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