domingo, 20 de julho de 2008

FEPAL- Boletim nº40- Refugiados




FEPAL - FEDERAÇÃO ÁRABE PALESTINA DO BRASIL
Gestão 2007-2009
FORTALECENDO DEMOCRÁTICAMENTE AS COMUNIDADES PALESTINAS NA DIÁSPORA


Boletim nº. 40 – 07 de julho de 2008


Reunidos em Porto Alegre, nos dias 21 e 22 de junho de 2008, o Conselho das Sociedades e Comunidades Palestinas da Região Sul do Brasil e a Diretoria da FEPAL – Federação Árabe Palestina do Brasil, num total de 30 membros, em homenagem às vitimas da Nakba, decidiram sobre:

1- Fundação do Comitê Brasileiro pelo Direito ao Retorno – SANAÚD
2- Avaliação da situação dos refugiados palestinos no Brasil
3- Plano financeiro
4- Plano de atividades


COMITE BRASILEIRO PELO DIREITO AO RETORNO – SANAÚD

ATA DE FUNDAÇÃO

Reunidos em Porto Alegre, nos dias 21 e 22 de junho de 2008, com a presença do Embaixador da Palestina no Brasil, Sr. Ibrahim Al Zeben, o Conselho das Sociedades e Comunidades Palestinas da Região Sul do Brasil e a Diretoria da FEPAL – Federação Árabe Palestina do Brasil, fundaram o Comitê Brasileiro pelo Direito ao Retorno – SANAÚD, com o objetivo central de defender o direito ao retorno dos refugiados palestinos à sua pátria Palestina, de acordo com o Direito Internacional e as resoluções das Nações Unidas, em especial a resolução 194 da ONU.

FEPAL – Federação Árabe Palestina do Brasil

Sociedades Árabe Palestino Brasileiras de:
- Grande Porto Alegre
- Uruguaiana
- Rio Grande
- Foz do Iguaçu
- Quarai
- Barra do Quarai
- Santana do Livramento
- Santa Maria
Comunidades Palestinas de:
- Venâncio Aires
- Carazinho
- Torres
- Representação dos refugiados palestinos.

Todas as entidades, movimentos e comitês da sociedade civil brasileira, militantes dos Direitos Humanos, militantes pela autodeterminação dos povos, autoridades e parlamentares, que queiram aderir ao Comitê, favor enviar e-mail para fepal@globo.com.


OS REFUGIADOS PALESTINOS NO BRASIL


A presença dos refugiados palestinos no Brasil tem uma origem: 1948, ano em que as forças sionistas em sua guerra de ataque colonialista e expansionista, promoveram a limpeza étnica na Palestina, expulsando 800 mil palestinos (88% da população) de suas terras. Hoje, esses refugiados são 5 milhões, metade da população palestina. Vivem em 58 acampamentos de refugiados na Cisjordânia, Faixa de Gaza, Líbano, Jordânia e Síria.

Israel foi criado na base da conquista militar de territórios palestinos e na destruição de 515 cidades, vilas e aldeias, num total de 1000 existentes na Palestina. Terrorismo, expulsão, destruição e ocupação sionista: a catástrofe palestina, Al Nakba.

A primeira diáspora palestina chega ao Brasil no fim do século 19 e inicio do século 20, fugidos da perseguição do Império Otomano. Hoje essa diáspora representa a segunda maior comunidade palestina no Brasil, localizada em Recife e Rio Grande do Norte. A partir da Catástrofe de 1948, muitos chegam ao Brasil procurando um lugar seguro, provisório, na esperança que o conflito logo se resolvesse e pudessem retornar aos seus lares na Palestina: no Rio Grande do Sul está a maior comunidade palestina.

A cada guerra, mais palestinos foram chegando ao Brasil. Os refugiados recém chegados são parte direta dessa tragédia do povo palestino. Em 2003, por motivo da eclosão da guerra de ocupação dos Estados Unidos no Iraque, passam a sofrer perseguições étnicas e religiosas, e refugiam-se num acampamento de barracas de lonas em pleno deserto jordaniano, fronteira com o Iraque. Muitos dos 108 refugiados que aqui chegaram a partir de setembro de 2007, já passaram por vários países, na trágica rota de fuga das perseguições, guerras e discriminações. Da Palestina, a partir de 1948, para o Líbano, depois para a Síria, depois para o Iraque e várias outras rotas. Os avós, os pais, os filhos e agora os netos.

Vivendo por mais de 4 anos no acampamento de Ruweished, sob as condições mais adversas e cruéis, desembarcaram no Brasil com a promessa de reconstruírem suas vidas com segurança e a assistência necessária para que o período de adaptação seja o mais curto e produtivo possível.

No campo, todos contam que a vida nos últimos quatro anos foi dura. Diarréia, falta de água, e desidratação foram problemas constantes. Durante o dia, as ondas de calor não poupavam os palestinos. Pela noite, nem todos tinham roupas suficientes para agüentar o frio que faz no deserto. Isso sem contar com tempestades de areia. Mas todos concordam que o pior sofrimento foi mesmo psicológico. Segundo os funcionários da ONU que estiveram no local nos últimos anos, o pior momento do campo foi quando o governo canadense anunciou em2006 que iria dar asilo para os palestinos, mas que aceitaria apenas cerca de 50.

Os que não foram selecionados para deixar o local se sentiram rejeitados e a depressão tomou conta do campo diante de mais um abandono. Um deles até sofreu um ataque cardíaco e não sobreviveu. "Ele não suportou a informação que recebeu", afirmou Rashida Uma Adnana, mãe da vítima e que está hoje sozinha no campo com 75 anos. "Sou corajosa e sei que poderei me adaptar ao Brasil. Afinal de contas, já é a quinta vez que mudo de país", afirmou. [1]

A vinda dos refugiados ao Brasil foi resultado de negociações entre o Governo Brasileiro e a ACNUR (Agencia da ONU para os Refugiados), já que nenhum governo dos países árabes aceitou recebê-los.

O Programa de Assentamento dos refugiados palestinos no Brasil estabelece três organismos responsáveis: ACNUR, CONARE (Governo brasileiro) e Sociedade Civil (Cáritas em São Paulo e Associação Antonio Viera no Rio Grande do Sul).

O ACNUR tem duas funções principais no Brasil: colaborar com o governo quanto à aplicação da Convenção de 1951 sobre o Estatuto dos Refugiados, e trabalhar junto com a sociedade civil e com os refugiados para facilitar seu processo de integração através de uma rede nacional de apoio. [2]

Além de seu direito de gozar dos mesmos serviços públicos que os cidadãos brasileiros quanto à saúde, educação, etc. O ACNUR, junto com a Cáritas Rio de Janeiro, Cáritas São Paulo e a Companhia de Jesus, Sociedade Antônio Vieira em Porto Alegre, promovem a integração dos refugiados na sociedade mediante atividades especialmente planejadas para eles. Estas incluem orientação legal e social, cursos de idioma, assistência na procura por emprego e moradias. [2]
O CONARE (Comitê Nacional para os Refugiados) é o organismo público responsável em receber as solicitações de refúgio, e determinar se os solicitantes reúnem as condições necessárias para serem reconhecidos como refugiados. É uma comissão interministerial sob o âmbito do Ministério de Justiça. [2]

O CONARE outorga às pessoas que reconhece como refugiados, documentação que lhes permite residir legalmente no país, trabalhar, e a ter acesso aos serviços públicos, tais quais saúde, educação, etc. [2]
Mesmo não tendo responsabilidade oficial pelo acordo da vinda dos refugiados ,a FEPAL acompanhou e acompanha de perto a situação dos refugiados, tanto os que foram para o Rio Grande do Sul, como os que estão no Município de Mogi das Cruzes – SP. A Fepal, na condição de entidade que representa a comunidade palestina no Brasil, considera os refugiados uma parte integrante da comunidade palestina e isso nos confere uma responsabilidade moral. Na chegada do primeiro grupo de refugiados, em 20/09/07 no Aeroporto de Guarulhos-SP, a FEPAL distribuiu para a imprensa uma nota:

BRASIL RECEBE REFUGIADOS PALESTINOS

Agradecemos o gesto do governo brasileiro em dar acolhida aos refugiados palestinos. Este gesto demonstra o caráter humanitário do governo brasileiro.

Chamamos a comunidade palestina e árabe em geral para ajudar e colaborar para que a vida dos refugiados palestinos no Brasil seja a mais normal possível.

Chamamos o governo brasileiro, as organizações humanitárias e as organizações solidárias com o povo palestino para que afirmem, apóiem e contribuam para a solução definitiva dos refugiados palestinos nos marcos do direito inalienável do povo palestino ao retorno aos seus lares e/ou propriedades, isto é, na Palestina, de onde foram expulsos a partir de 1948.

Todas as medidas são paliativas e humanitárias. A solução definitiva para o drama dos refugiados palestinos é terminar com seu caráter de refugiado: voltar aos seus lares na Palestina com liberdade e dignidade. Confiamos que o Brasil, com seu histórico de respeito e aplicação do direito internacional, fará todos os esforços e ações para apoiar o retorno dos refugiados aos seus lares na Palestina, conforme a resolução 194 da ONU.


FEPAL – Federação Árabe Palestina do Brasil
20/set/2007

Após as primeiras visitas da FEPAL, várias entidades e membros da comunidade palestina iniciaram seus contatos e visitas aos refugiados para apoiá-los em suas necessidades humanitárias, sociais e econômicas. Estiveram presentes em Mogi, o Presidente da Sociedade Árabe Palestino Brasileira de São Paulo, membros do MOPAT e membros da comunidade palestina em geral. Constatamos que por mais que fossem oferecidas essas ajudas não coordenadas, o programa de assistência da ACNUR continha falhas estruturais e o atendimento da Cáritas não era condizente com a especificidade dos refugiados. Os problemas constatados, especialmente em Mogi das Cruzes, não tinham por parte da Cáritas e da Acnur uma agilidade de solução e uma readaptação do programa.

Tentamos unir os esforços da comunidade em São Paulo, a nível das entidades, movimentos e pessoas que haviam visitado os refugiados, para que numa reunião pudéssemos dirigir nossa ajuda aos refugiados de forma mais coordenada, mas não tivemos resposta:

4/12/2007
Companheiros e companheiras,

Estive com os refugiados em três ocasiões na cidade de Mogi.

Conheci algumas famílias e conversamos muito sobre as diversas situações que passaram e também sobre os problemas atuais.

A responsabilidade de implementação do programa assistencial é da Acnur, como vocês todos sabem, mas a FEPAL em seu comunicado sobre os refugiados, chama as entidades árabes e solidárias a fazerem o possível para que os refugiados tenham uma vida a mais normal possível aqui no Brasil.

Os refugiados não querem esmola e nem piedade, querem trabalhar, querem que seus filhos estudem. Só o trabalho e a educação podem proporcionar uma vida digna e honrada para qualquer ser humano. Então temos dois níveis de atuação possível junto à questão dos refugiados: o tema do direito ao Retorno, consagrado pela resolução 194 da ONU , o tema da assistência social e a tema cultural.

Sobre o Direito ao Retorno esta tem sido a tônica principal de divulgação e ação da FEPAL e das diversas entidades árabes e solidárias no decorrer dos anos.

Mas agora temos os refugiados entre nós e a realidade é que não basta denunciar a situação de refugiados e direito ao retorno, é necessário que ajudemos para que tenham uma vida digna e para isso é necessário construir programas, projetos e situações para proporcionar trabalho/renda e educação.

Convoco os companheiros e companheiras a nos reunirmos para , em conjunto, estabelecermos uma discussão inicial sobre esses temas.

Aguardo sugestões de local e data.

Saudações Fraternas,


Emir Mourad
Secretário Geral


Constatamos, também, que muito se disse sobre os refugiados através de comunicados que, em vez de somar esforços para a busca de soluções práticas para os refugiados, acabam dividindo e dispersando a possibilidade de ações conjuntas e coordenadas. Muito se fala, mas pouco se faz através de comunicados que tem a perspectiva de fomentar disputas alheias à realidade brasileira e à busca de soluções práticas para os problemas enfrentados pelos refugiados. A FEPAL se orientou primeiro na ajuda humanitária dos refugiados, sem perder de vista que a solução de todos os refugiados palestinos está no seu direito ao retorno e autodeterminação , assim como consta do comunicado final do 9º Congresso das Entidades e Comunidades palestinas, realizado em janeiro de 2007.

A entidade Antonio Vieira, que executa o Programa de Assistência aos Refugiados no Rio Grande do Sul, mesmo antes da chegada dos refugiados, manteve uma postura aberta e receptiva quanto ao relacionamento com a FEPAL e pudemos sempre apresentar nossas sugestões. O mesmo não aconteceu em São Paulo, onde não tínhamos a porta aberta ao dialogo com a Cáritas.

Após a vinda do novo representante da Acnur no inicio de 2008, a Fepal manteve uma série de contatos e reuniões com o mesmo, procurando articular soluções para as falhas do programa de assistência e o atendimento mais ágil de questões pontuais de cada família e de cada refugiado.

A postura da FEPAL desde a chegada dos refugiados foi a de ouvir os mesmos e tudo que apresentamos a ACNUR baseia-se no relato, anseios, reclamações e reinvidicações dos refugiados. Em abril deste ano, após a visita de quatro dias do nosso Presidente Elayyan a Mogi das Cruzes, acompanhado do Secretário Geral, Emir Mourad e do Dr. Issam , refugiado que reside em Pelotas, visitamos cada casa e conversamos com cada refugiado, procurando avançar na busca de soluções para os mais diversos problemas.

Após essa visita, foi feito um relatório de 12 páginas contendo, na visão dos refugiados, os problemas de ordem estrutural do Programa de Assistência e as reclamações de cada caso separado das famílias e indivíduos. O relatório foi enviado para a ACNUR e o presidente Alayyan esteve em Brasília para discutir com a ACNUR esse relatório e buscar agilizar os encaminhamentos das soluções e buscar respostas eficientes.

Houve duas reuniões conjuntas da ACNUR, FEPAL e refugiados em Mogi. O novo embaixador da Palestina, recém chegado ao Brasil, também visitou os refugiados em Mogi, mantendo reunião com os mesmos e com o Representante da ACNUR no Brasil. O Conselheiro da Embaixada, Sr. Salah Alqataa também esteve com os Refugiados em Mogi antes da chegada do embaixador.

Hoje podemos ver alguns resultados: a melhoria da bolsa auxilio (100 reais a mais para cada membro da família que freqüente as aulas de português), mudança de casas para outras melhores, mudanças de famílias de Mogi para outras cidades, custeadas pela ACNUR, acompanhamento mais detalhado e agilidade no atendimento de saúde, separação dos filhos de 18 anos para receberem a bolsa auxilio integral.

Todos os esforços realizados por todos aqueles que se preocuparam com a questão dos refugiados e que estiveram acompanhando mais de perto o problema dos refugiados, possibilitou que alcançássemos avanços substancias e hoje ainda restam alguns problemas, sendo o maior deles, o dos refugiados que estão acampados em frente à sede da ACNUR em Brasília, pedindo para sair do Brasil para destinos como Canadá, Europa, etc. A solução passa pelo aceite desses países o que até o momento não aconteceu.

A visão da FEPAL é que os refugiados não precisam de esmola, precisam de atendimento digno. Precisam de auxilio para se integrarem o mais rápido possível e poderem estudar , trabalhar e ter uma vida honrada.

A questão dos refugiados palestinos é a dimensão mais importante da questão palestina: não haverá paz no Oriente Médio enquanto Israel não reconhecer sua responsabilidade histórica pela catástrofe do povo palestino e reconhecer os direitos inalienáveis do povo palestino ao retorno e autodeterminação, em conformidade com as resoluções da ONU.


[1]–Jornal O EstadodeSãoPaulo -18/09/07 http://www.estadao.com.br/geral/not_ger53737,0.htm

[2] http://www.onu-brasil.org.br/agencias_acnur.php

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Ali Abu Taha

Atacante

Primeiro árabe palestino a atuar como jogador de futebol profissional no Brasil http://www.anba.com.br/noticia_esportes.kmf?cod=7432100

Taha assina contrato com o Brazsat, que vai disputar a Série C do
campeonato do DF

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NOTA DE IMPRENSA DA BRAZSAT – JOGADOR ALI TAHA:


“RONALDINHO DE BAGDÁ” O PRIMEIRO JOGADOR DE FUTEBOL ARÁBE A SER CONTRATADO PARA DISPUTAR UM CAMPEONATO DE FUTEBOL PROFISSIONAL NO BRASIL.

Brasília, 16 de Maio de 2008


Ali Khaled Abu Taha, refugiado palestino de 18 anos nascido no Iraque, será a primeira contratação internacional do Brazsat Futebol Clube (www.brazsat.com.br) para a disputa do Campeonato de Futebol Profissional Estadual da Série “C” na temporada de 2008.

Após passar por inúmeras dificuldades no campo de refugiados de Ruweished, na Jordânia, Ali foi acolhido como refugiado pelo governo brasileiro, chegando ao nosso País no início deste ano, sendo alojado no município paulista de Mogi das Cruzes. Impedido de estudar durante os anos de sofrimento em Ruweished, Ali encontrou no futebol o único instrumento que permitiu a manutenção dos seus sonhos de criança.

Hoje os sonhos de Ali se tornam realidade e toda a sua paixão pelo Brasil será ainda mais intensa agora atuando como jogador de futebol profissional. O apelido de “Ronaldinho do Iraque” foi conquistado graças às jogadas de rara habilidade em meio às pedras e destroços espalhados pelo campo de refugiados de Ruwaished.

Ali desembarcou em Brasília na manhã desta sexta-feira dia 16 de Maio de 2008 para uma nova fase em vida e foi recebido no aeroporto de Brasília pela diretoria do Brazsat Futebol Clube assim como membros da comissão técnica, acompanhados pelo Chefe da Missão Palestina junto ao Governo Brasileiro o Primeiro Conselheiro Sr. Salah M. M. El-Qatta. Estamos confiantes no sucesso do Ali atuando no futebol profissional brasileiro e de que a sua vinda ao Brazsat será um marco de uma nova fase para o futebol da Capital Federal.


Brasil e Palestina: Povos amigos e países irmãos!

Brazsat Futebol Clube


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Prezado Presidente,
João Gilberto Vaz,


Com muito orgulho e alegria recebemos a noticia da profissionalização do jovem Ali.
Quero parabenizá-lo pela iniciativa e isso com certeza amplia os horizontes de tantos jovens que aspiram fazer parte do mundo do futebol.
Nossa entidade representa a comunidade palestina no Brasil e estaremos, via nosso boletim informativo, comunicando a comunidade sobre o fato da contratação do Ali.
Estive em Mogi das Cruzes várias vezes e da última vez constatei a alegria e felicidade do pai e mãe do Ali.
Em meu nome pessoal e do nosso Presidente Alayyan, que está em viagem ao Chuí, coordenando ações de auxilio aos refugiados palestinos, agradecemos sua iniciativa pioneira.
Receba nossas mais sinceras saudações palestino brasileiras,

Emir Mourad
Secretário Geral
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AYEDA RAJAI NASRI AMA

Abandonamos também todos os nossos móveis e eletrodomésticos, um Fiata bege de 1974,a fábrica de botões do meu pai e um estili de vida de classe média.










FAZ POUCO MAIS DE MEIO ANO QUE A PALESTINA AYEDA RAJAI NASRI AMA, DE 26 ANOS, FOI TRANSPLANTADA DO ORIENTE MÉDIO PARA MOGI DAS CRUZES, NOS ARREDORES DE SÃO PAULO. ELA E SUA FAMÍLIA FAZEM PARTE DO GRUPO DE 107 REFUGIADOS PALESTINOS QUE DEIXARAM O IRAQUE EM GUERRA, VIVERAM EM CAMPOS NA FRONTEIRA COM A JORDÂNIA E, EM SETEMBRO PASSADO, ACABARAM REASSENTADOS NO BRASIL. A ACLIMATAÇÃO DE AYEDA EM MOGI VAI DA CURIOSIDADE AO RECEIO, DO PROSAICO AO PROFUNDO. COMO ÂNCORAS PARA NÃO SE PERDER NESSA TRAVESSIA DE VIDA, ELA TEM A DETERMINAÇÃO, A FAMÍLIA E A OBSESSÃO PELA EDUCAÇÃO



Ayeda Rajai Nasri Ama [Uma palestina em Mogi, p. 14] é engenheira. Filha de palestinos, ela nasceu e cresceu no Iraque e, há oito meses, se refugiou com a família no Brasil. Tradução de Paulo Daniel Farah e Emir Mourad.

http://www.revistapiaui.com.br/quem.aspx?anteriores=1&anterior=42008


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AVALIAÇÃO DE DURBAN 2001

RUMO A CONFERENCIA MUNDIAL EM 2009

Durante os dias 13, 14 e 15 de junho de 2008, a FEPAL – Federação Árabe Palestina do Brasil participou da Conferencia da Sociedade Civil das Américas – Preparatória para a Conferencia Mundial da Revisão de Durban, que ocorrera em 2009 em Genebra.

O Secretário Geral da FEPAL, Emir Mourad, representou a entidade no evento e nos conta como a questão palestina e os temas pertinentes ao Continente Americano foram apresentadas e os resultados finais da Conferencia:

“Primeiramente, é preciso voltar a 2001, quando houve a Conferencia Mundial em Durban, convocada pela ONU, para tratar do racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerâncias Correlatas”.

Em Durban-2001, foram aprovados uma Declaração e um Programa de Ação. Os governos de Israel e Estados Unidos se retiraram oficialmente desta conferencia. Neste ano de 2008, vários continentes e regiões estarão realizando varias Conferências, tanto a nível de sociedade civil como a nível governamental, para avaliar os avanços e resultados do Programa de ação de Durban. São encontros preparatórios para a Conferência Mundial de 2009 que será realizada em Geneve.

A FEPAL atua de forma coordenada com várias organizações palestinas no mundo, tais como a Stop the Wall e Badil, acompanhando os movimentos racistas e denunciando as atrocidades cometidas contra o povo palestino e seus descendentes na diáspora..

Na Conferência da Sociedade Civil das Américas, a FEPAL, integrou os grupos de discussão que trataram dos mais variados temas que preocupam os diversos grupos étnicos do continente americano e suas especificidades, e o plenário aprovou uma Declaração que será entregue aos governos dos países do continente americano, que estarão reunidos em Brasília de 17 a 19 de junho de 2008.

Um dos itens aprovados foi uma recomendação: “Instamos os Governos a serem solidários aos povos vitimas do Imperialismo, como o povo do Afeganistão, Cuba, Iraque e Palestina”.

Foi aprovada também a seguinte Moção:

Considerando que em 09 de maio de 2007, a FEPAL – Federação Árabe Palestina do Brasil, através de oficio, remeteu a Ouvidoria da SEPPIR a denuncia de que brasileiros de descendência palestina estavam sendo deportados por autoridades do governo israelense do aeroporto de Ben Gurion, vetando a entrada desses brasileiros nos territórios palestinos ocupados por Israel;

Considerando que a SEEPIR responde ao oficio em 14 de junho (anexo) afirmando que a denuncia foi encaminhada ao Departamento de Comunidades Brasileiras no Exterior, do Ministério de Relações Exteriores;

Considerando que a FEPAL, até o presente momento, não obteve nenhuma resposta oficial sobre o assunto;

Considerando que esta situação está separando pais de filhos e esposas de maridos, causando graves problemas familiares;

Denunciamos esta situação como grave delito de discriminação étnico-racial, uma violação dos direitos humanos de ir e vir e cerceamento da liberdade;

Solicitamos ao Ministério de Relações Exteriores uma resposta a este oficio encaminhado pela Seppir e que procedam à investigação e apuração das denúncias.


WIESENTHAL CENTER AT BRASILIA PREPARATORY CONFERENCE FOR "DURBAN II"


16 June 2008BRASILIA: A motion by the Simon Wiesenthal Center for NGO’s to express "Solidarity with Latin American victims of Palestinian terrorism, and victims of all terrorism in the Americas, especially mentioning the Buenos Aires AMIA Community Center" was rejected in a subcommittee on refugees at a preparatory conference for Durban II, currently underway in the capital of Brazil.
At the same time a motion put forward by representatives of the Brazilian-Palestinian Federation (FEPAL) condemning Israel for "denying entry to Brazilians of Palestinian origin" was passed.
"Once again, we are witnessing an attempt to hijack the Durban banner of human rights to single out Israel and reject solidarity with Jewish victims of terror. These worrying signs create an important threshold for the Governmental Conference, as many States adopt the language of the most radical NGOs," stated Shimon Samuels, Wiesenthal Center International Relations Director who served as head of the delegation of Jewish organizations during the infamous Durban Conference in 2001.
The Wiesenthal Center also reported on the circulation of an "Open Letter to the Latin American People, its Governments, Movements and Organizations", signed "Steering Committee of the Palestinian National Committee, Campaign for Boycott, Divestment and Sanctions (BDS) against Israel, June 2, 2008" (http://www.badil.org/Publications/Press/2008/press481-08.htm), which stated in part:
- The process towards 'Durban 2' is already highly contested. The world's imperial powers, with United States and Israel at the forefront, are putting pressure on states, members of the Human Rights Council, and the preparatory committee to dilute the agenda and to silence the principled voices of the victims of racism that shape the agenda of the civil society conference at Durban in 2001...
- ... the US and Israel withdrew... because civil society had identified Israel's regime as a form of apartheid and called a concerted campaign of BDS, and because the US was unwilling to address is [sic] own record of slavery, racism and colonialism...
-The struggle against Israel's colonial apartheid regime is one of the cornerstones of the struggle against state-sponsored racism and ongoing colonial policies worldwide...Knowing that we share a history of struggle against colonialism and racism with the people across Latin America, we have full confidence in your active support of the Palestinian people. In solidarity..."
"We cannot draw definitive conclusions on the ultimate impact of 'Brasilia' in the Durban process. Nevertheless, we have obtained assurances from Brazilian officials that language targeting Jews and Israel have no place in the Brasilia final document," Sergio Widder added.

http://www.wiesenthal.com/site/apps/nlnet/content.aspx?c=fwLYKnN8LzH&b=312458&content_id=%7bD31C250F-08E5-4E09-8316-4DA3E9AAD1BC%7d&notoc=1

ARTIGO-“E humildemente, Israel pede perdão.” Uri Avneri

“E humildemente, Israel pede perdão.”*

Uri Avnery
14.6.08

ESTA SEMANA, o primeiro-ministro do Canadá, em discurso dramático ao Parlamento, pediu desculpas aos povos autóctones de seu país, pelas injustiças que sucessivos governos canadenses cometeram, ao longo de muitas gerações.

Assim, o Canadá branco tenta fazer a paz com os povos nativos, cujas terras os primeiros brancos lá chegados conquistaram e cuja cultura os legisladores recém-chegados tentaram varrer do continente americano.

PEDIR DESCULPAS por erros passados tornou-se parte da cultura política moderna.

Pedir desculpas não é fácil. Alguém mais cínico dirá que tampouco é assim tão difícil. São palavras e palavras são mercadoria barata. Sim. Mas pedir desculpas também é ato que carrega uma significação profunda. Os seres humanos – e mais ainda as nações – sempre penam muito, antes de admitir as atrocidades que cometam. Pedir desculpas implica reescrever a narrativa histórica que é a base da coesão nacional. Pedir desculpas obriga a reescrever os livros escolares e altera a auto-imagem nacional. Raramente os governos pedem desculpas oficiais, por culpa, em grande parte, dos nacionalistas demagogos e xenófobos que infestam todas as nações.

O presidente da França pediu desculpas, em nome dos franceses, pelos erros do regime de Vichy, que entregou judeus aos exterminadores nazistas. O governo tcheco pediu desculpas aos alemães pela expulsão em massa da população alemã no final da II Guerra Mundial. A Alemanha, é claro, pediu desculpas aos judeus pelos crimes inomináveis do Holocausto. Recentemente, o governo australiano pediu desculpas aos povos aborígenes. E até em Israel já houve uma pálida tentativa de curar uma chaga doméstica, quando Ehud Barak pediu desculpas aos judeus orientais pela discriminação de que foram vítimas por muitos anos.

Mas em Israel o problema é muito mais difícil e complexo. Pedir desculpas, neste caso, tem a ver com as raízes da existência de Israel como nação, na parte do mundo onde está hoje.
CREIO que a paz entre Israel e o povo palestino – paz verdadeira, baseada em autêntica conciliação – começa por um pedido de desculpas.

Fecho os olhos e, em imaginação, vejo o presidente de Israel ou o primeiro-ministro, em sessão extraordinária e especialíssima do Knesset, o Parlamento israelense, pronunciando um discurso que faria história, mais ou menos nos seguintes termos:

Digníssima presidente do Parlamento israelense.
Senhores e senhoras parlamentares.

Em nome do Estado de Israel e de todos os cidadãos de Israel, dirijo-me hoje aos filhos e filhas do povo palestino, estejam onde estiverem em todo o mundo.

Reconhecemos que cometemos contra os senhores, as senhoras, seus filhos, filhas, netos e netas, uma injustiça histórica. E humildemente Israel pede perdão.

Quando o movimento sionista decidiu estabelecer um lar nacional neste país – “a terra de Israel”, para nós; e “Filastina”, para vocês – ninguém sabia que teria de construir o novo Estado sobre as ruínas de outro povo. De fato, até então, praticamente ninguém, no movimento sionista, jamais pusera os pés na terra de vocês, antes do I Congresso Sionista, em 1897, e ninguém tinha sequer idéia do que aqui havia.

O ardente desejo dos pais fundadores do movimento sionista era salvar os judeus europeus, sobre os quais se armavam as nuvens tempestuosas do ódio. Na Europa Ocidental, já havia pogroms. E por toda a Europa viam-se sinais do processo que, adiante, levaria ao horror do Holocausto e à morte de 6 milhões de judeus.

A isto se somou a devoção profunda que liga os judeus, por muitas gerações, à terra na qual se escreveu a Bíblia, texto que define o povo judeu; e à cidade de Jerusalém, cidade para a qual se voltam os judeus, há milhares de anos, em suas orações.

Os sionistas fundadores que aqui chegaram eram pioneiros, dos que carregam no coração os mais ferventes ideais. Acreditavam na libertação nacional, na liberdade, na justiça e na igualdade entre os homens. Israel orgulha-se deles. Nenhum deles jamais supôs que se cometeria aqui a injustiça que aqui se cometeu, de tão imensa dimensão histórica.

NADA DISTO justifica o que foi feito na Palestina, depois. A criação do lar nacional dos judeus neste país fez-se ao preço de uma terrível injustiça contra os povos que aqui já viviam há muitas gerações.

Já não se pode continuar a ignorar que, na guerra de 1948 –, que os israelenses chamam de “Guerra da Independência” e foi a Nakba para os palestinos –, cerca de 750 mil palestinos foram expulsos das próprias casas e da própria terra. Consideradas as específicas circunstâncias desta tragédia, proponho que se constitua um “Comitê para a Verdade e a Reconciliação”, que reunirá especialistas israelenses e palestinos, e cujas conclusões serão incorporadas aos textos escolares israelenses e palestinos.

Já não se pode continuar a ignorar que até hoje – e já são 60 anos de conflitos e guerra –, os palestinos continuam impedidos de exercer seu direito à independência e a um Estado nacional livre. Este direito é assegurado aos palestinos pela Resolução de 29/11/1947 da Assembléia Geral da ONU, o mesmo documento que dá fundamento legal ao Estado de Israel.
Por tudo isto, Israel deve aos palestinos um pedido de perdão, que aqui expresso, por esse pronunciamento e de todo o coração.

Diz a Bíblia que “Quem oculta seus crimes não prosperará, mas quem os confessa e repele alcançará misericórdia” (Provérbios 28:13). É claro que não basta confessar. Temos de fazer cessar os efeitos dos erros que cometemos por tanto tempo.

É impossível fazer voltar a roda da história e recompor o país que aqui encontramos em 1947, assim como nem o Canadá nem os EUA podem voltar a 200 anos passados. Temos de construir nosso futuro comum, no desejo partilhado de andar avante, de curar o que possa ser curado e reparar o que possa ser reparado, sem causar novas feridas, sem cometer novas injustiças e sem provocar novas tragédias humanas.

Peço que aceitem nosso pedido de desculpas e de perdão, no espírito em que aqui o propomos. Trabalhemos juntos em busca de uma solução viável e prática para nosso conflito de quase um século – solução que não satisfará todas as justas aspirações de justiça, nem corrigirá todos os erros, mas que permitirá que, doravante, nossos povos, afinal, comecem a construir um futuro de liberdade, de paz e de prosperidade.

Esta solução está aí, à vista de todos. Todos a conhecemos. É solução que brotou de nossas sofrida experiência, trazida à luz pelas nossas dores, cristalizada no que de melhor produzimos, corações e mentes israelenses e palestinenses.

É solução simples, que cabe numa frase: os palestinenses têm exatamente os mesmos direitos que têm os israelenses. Os palestinenses, como os israelenses, têm direito a constituir seu próprio Estado, sob sua bandeira, governado por suas leis, leis que os palestinenses escrevam, governados por governos que os palestinenses elejam – e esperemos que seja um bom governo.
Um dos mandamentos fundantes da religião em Israel – e, também, da religião dos palestinenses e de todas as religiões – está bem dito há 2000 anos, por Hillel, o velho: “Não faças aos outros o que não queres que façam a ti.”

Na prática, é o mandamento que afirma que os palestinenses têm legítimo direito de constituir o Estado da Palestina, Estado livre e soberano, em todos os territórios que Israel ocupou em 1967 – e Estado palestinense que será reconhecido como membro pleno da ONU.

Serão restauradas as fronteiras de 4/6/1967. A isto chegaremos mediante negociações livres, com eventuais pequenos acertos territoriais que interessem às duas partes.

Jerusalém, cidade tão cara a todos nós e aos dois Estados que se constituirão, será capital dos dois Estados – Jerusalém Oeste, com a parte oriental do Muro das Lamentações, será capital de Israel; Jerusalém Leste, com al-Haram al-Sharif (para os israelenses, o “Monte do Templo”) será capital da Palestina. O que é árabe, para os árabes; o que é judeu para os judeus. E trabalharemos juntos para preservar a cidade como cidade viva, aberta e íntegra.

Israel evacuará as colônias de ocupação, que tantos sofrimentos provocam, fonte de eterna injustiça. Os colonos voltarão a Israel, exceto nas pequenas áreas que sejam objeto de troca, no interesse dos dois lados. Toda a parafernália da ocupação será removida, tanto materialmente quanto institucionalmente.

Temos de nos reaproximar, de coração aberto, movidos por compaixão e senso comum generoso, para a tarefa de construir uma solução justa e viável que ponha fim à inominável tragédia dos refugiados e suas famílias. Cada família terá o direito de escolher dentre várias possibilidades: repatriamento e reassentamento no Estado da Palestina, com assistência garantida; permanecer onde estiverem ou emigrar para onde escolham ir, também assistidos por assistência generosa; e sim, claro, voltar a viver em território de Israel, em número que Israel aceite. Os próprios refugiados têm de ver-se e serem vistos como parceiros na construção de seu próprio futuro.

Creio que nossos dois Estados – Israel e Palestina, vivendo lado a lado nesta pequena terra bem-amada de todos nós, rapidamente criarão modos de conviver nos planos humano, social, econômico, tecnológico e cultural, e construirão um relacionamento que garantirá a segurança de todos, além de desenvolvimento e prosperidade para todos.

Juntos construiremos paz e prosperidade baseadas em relações justas entre todos os países da região.

Comprometidos, então, com a paz, e unidos no desejo de criar melhor futuro para nossos filhos, filhas, netos e netas, levantemo-nos, agora, e curvemos a cabeça, em memória das incontáveis vítimas desta guerra intolerável, árabes e judeus, palestinenses e israelenses. Que eles também nos perdoem.”

NA MINHA OPINIÃO, um discurso nestes termos é absolutamente essencial, para inaugurar um novo capítulo na história de Israel.

Em décadas de reuniões com palestinenses, nas mais diferentes circunstâncias da vida, cheguei à conclusão de que os aspectos emocionais do conflito são tão importantes – e talvez sejam ainda mais importantes – do que os aspectos políticos. Todos os palestinenses vivem sob profundo sensação de injustiça, que se manifesta em pensamento e em ações. E sempre há sentimentos de culpa, inconscientes ou semiconscientes, na alma dos israelenses, que criam uma convicção tão profunda quanto atormentada, de que os árabes jamais farão a paz com os israelenses.

Não sei se será possível um discurso como o que aqui proponho. Muitos fatores imponderáveis incidem aí. Mas sei que, sem um discurso como o que aqui proponho, não bastam os acordos de paz construídos por diplomatas negociadores, que negociam por critérios diplomáticos. Como os acordos de Oslo já mostraram, jamais bastará construir uma ilha artificial de ‘acordo’, num mar de emoções tempestuosas.

O PEDIDO PÚBLICO de desculpas, pelo primeiro-ministro do Canadá, não é a única contribuição dos canadenses da qual muito se pode aprender.

Há 43 anos, o governo canadense deu um passo extraordinário para construir a paz entre a maioria falante de inglês e a minoria falante de francês, no Canadá. Este relacionamento conflituoso permanecia, no Canadá, como chaga aberta, desde a conquista pelos ingleses do Canadá francês, há cerca de 250 anos. Há 43 anos a bandeira do Canadá, até então inspirada na “Union Jack” britânica, foi substituída por outra, com a folha de plátano.

Naquela ocasião, o presidente do Senado disse: “Esta bandeira é símbolo da unidade nacional, dado que ela, sem dúvida, representa todos os cidadãos do Canadá, sem distinção de raça, de língua, de fé ou de opinião”.

Também aí há algo que Israel pode aprender.

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* URI AVNERY, 14/6/2008, “An apology”, na internet, na página de Gush Shalom [Grupo de Paz], em http://zope.gush-shalom.org/home/en/channels/avnery/1213478638/

Tradução de Caia Fittipaldi. Reprodução autorizada pelo autor e pela tradutora. Copyleft.
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ENQUANTO O DISCURSO DO PERDÃO NÃO ACONTECE...

Israel humilha e massacra, sem perdão!



Breve comentário

Sobre o direito ao retorno dos refugiados palestinos, trata-se de um Direito Inalienável do povo palestino, referendado pela Resolução 194 da ONU, no seu item 11. Abaixo a integra da Resolução que também compreende a questão de Jerusalém.

Se Israel pedir perdão, como imagina Uri Avneri (assim espero que aconteça para o inicio do caminho de uma paz justa e duradoura), não se pode ocultar nesse pedido que os refugiados tem o direito ao retorno. Reconhecido esse Direito, aÍ sim, cada refugiado tem o livre arbítrio de decidir se deseja ou não voltar a sua terra natal, a Palestina. Caso não queira, cada refugiado tem direito a indenizações previstas na resolução.

O Direito ao Retorno é um direito inegociável.


Emir Mourad



RESOLUÇÃO 194 (III) DA ASSEMBLÉIA GERAL, DATADA DE 11 DE DEZEMBRO DE 1948, REFERENTE À COMISSAO DE CONCILIAÇÃO, O REGIME INTERNACIONAL DE JERUSALÉM E O RETORNO DOS REFUGIADOS.

A Assembléia Geral,

Tendo considerado novamente a situação na Palestina,

1. Exprime sua profunda apreciação do progresso alcançado através dos bons ofícios do falecido Mediador das Nações Unidas no promover um ajustamento pacífico da futura situação da Palestina, por cuja causa ele sacrificou sua vida; e

Estende seus agradecimentos ao Mediador em Exercício e seu corpo de funcionários por seus contínuos esforços e devoção ao dever na Palestina;

2. Estabelece uma Comissão de Conciliação composta de três Estados-Membros das Nações Unidas e que terá as seguintes funções:


(a) Assumir, enquanto considere necessário nas circunstâncias existentes, as funções dada5 ao Mediador das Nações Unidas pela Resolução 186 (S-2) da Assembléia Geral, de 14 de maio de 1948;

(b) Exercer as funções específicas e seguir as diretrizes a ela dadas pela presente Resolução e mais funções e diretrizes adicionais que lhe possam ser dadas pela Assembléia Geral ou pelo Conselho de Segurança;

(c) Cumprir, a pedido do Conselho de Segurança, qualquer das funções atribuídas ao Mediador das Nações Unidas na Palestina ou à Comissão de Trégua das Nações Unidas pelas Resoluções do Conselho de Segurança; com tal pedido à Comissão de Conciliação pelo Conselho de Segurança com respeito a todas as funções remanescentes do Mediador das Nações Unidas na Palestina sob Resoluções do Conselho de Segurança, o encargo do Mediador ficará terminado;

3. Decide que um comitê da Assembléia, composto da China, França, União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, Reino Unido e Estados Unidos, apresente, antes do fim da primeira parte da presente sessão da Assembléia Geral, para aprovação da Assembléia, uma proposta referente aos nomes dos três Estados que constituirão a Comissão de Conciliação;

4. Requer à Comissão que comece suas funções imediatamente, com vista ao estabelecimento de contato entre as próprias partes e a Comissão na data mais breve possível;

5. Convida os Governos e autoridades interessados a estenderem o alcance das negociações determinadas pela Resolução de 16 de novembro de 1948 do Conselho de Segurança, e procurarem acordo por negociações dirigidas seja pela Comissão de Conciliação seja diretamente, com vista à solução final de todas as questões pendentes entre eles;

6. Dá instruções à Comissão de Conciliação para tomar medidas para ajudar os Governos e autoridades interessadas a encontrarem uma solução final para todas as questões pendentes entre eles;

7. Resolve que os Lugares Sagrados - inclusive Nazaré -, edifícios e sítios religiosos na Palestina serão protegidos, e será assegurado o livre acesso a eles, de acordo com os direitos existentes e a prática histórica; que os arranjos para esse fim deverão estar sob a supervisão efetiva das Nações unidas; que a Comissão de Conciliação das Nações Unidas, apresentando à quarta sessão regular da Assembléia Geral sua proposta detalhada para um regime internacional permanente para o território de Jerusalém, nela inclua recomendações concernentes aos Lugares Sagrados daquele território; que, com relação aos Lugares Sagrados no resto da Palestina, a Comissão peça às autoridades políticas das áreas em causa que dêem apropriadas e formais garantias quanto à proteção aos Lugares Sagrados e o acesso a eles; que essas tarefas sejam apresentadas à Assembléia Geral para aprovação;

8. Resolve que, em vista de sua associação com três religiões mundiais, à área de Jerusalém, inclusive a presente Municipalidade de Jerusalém plus as aldeias e cidades circundantes, a mais oriental das quais será Abu Dis; a mais meridional, Belém; a mais ocidental, Ein Karirn (incluindo também a área construída de Motsa); e a mais setentrional, Shu'fat, será dado tratamento especial e separado do resto da Palestina, e será ela colocada sob controle efetivo das Nações Unidas;

Requer ao Conselho de Segurança que tome mais medidas para assegurar a desmilitarização de Jerusalém na data mais breve possível;

Dá instruções à Comissão para que apresente à quarta sessão regular da Assembléia Geral propostas detalhadas para um regime internacional permanente para a área de Jerusalém, que dê o máximo de autonomia local aos grupos distintos, compatível com o status internacional especial da área de Jerusalém;

A Comissão de Conciliação é autorizada a nomear um representante das Nações Unidas, que cooperará com as autoridades locais a respeito da administração interina da área de Jerusalém;

9. Resolve que, à espera de acordo sob arranjos mais detalhados entre os Governos e autoridades interessados, o acesso mais livre possível a Jerusalém por estrada de rodagem, estrada de ferro ou via aérea, será proporcionado a todos os habitantes da Palestina.
Dá instruções à Comissão de Conciliação para comunicar imediatamente ao Conselho de Segurança, para ação apropriada por este órgão, qualquer tentativa, de qualquer parte, de impedir tal acesso;

10. Dá instruções à Comissão de Conciliação para procurar arranjos entre os Governos e autoridades interessados, que facilitem o desenvolvimento econômico da área, inclusive arranjos para acesso aos portos e aeroportos e uso de facilidades de transportes e comunicações;

11. Resolve que aos refugiados que desejarem retomar aos seus lares e viver em paz com seus vizinhos deve ser permitido fazê-lo na data mais cedo possível, e que deve ser paga indenização pelas propriedades dos que preferirem não voltar, e pela perda de propriedade que, pelos princípios do Direito Internacional ou da equidade, possa parecer boa aos Governos e autoridades responsáveis;

Dá instruções à Comissão de Conciliação para que facilite a repatriação, a refixação e a reabilitação econômica e social dos refugiados, e o pagamento de indenizações, e mantenha estreitas relações com o Diretor da United Nations Relief for Palestine Refugees (Socorro das Nações Unidas aos Refugiados Palestinos) e, por intermédio dele, com as agências e órgãos apropriados das Nações Unidas;

12. Autoriza a Comissão de Conciliação a nomear órgãos subsidiários e empregar os técnicos expertos, atuando sob sua autoridade, que possa achar necessários para o desempenho efetivo de suas funções e responsabilidades, pela presente Resolução;

A Comissão de Conciliação terá sua sede central em Jerusalém. As autoridades responsáveis pela manutenção da ordem em Jerusalém serão responsáveis pela tomada de todas as medidas necessárias para garantir a segurança da Comissão. O Secretário-Geral proporcionará um número limitado de guardas para proteção ao funcionalismo e prédios da Comissão;

13. Dá instruções à Comissão de Conciliação para que apresente relatórios dos progressos, periodicamente, ao Conselho de Segurança e aos Membros das Nações Unidas;

14. Convida os Governos e autoridades interessados a cooperarem com a Comissão de Conciliação e tomarem todas as medidas possíveis para assisti-Ia no cumprimento da presente Resolução;

15. Requer ao Secretário-Geral proporcionar o necessário corpo de funcionários e facilidades, e fazer os arranjos apropriados para proporcionar os fundos necessários para a execução dos termos da presente Resolução.

ISRAEL,SIONISMO E RACISMO-Nakba- Ilan Pappe

SEJA AUTÊNTICO, SOLIDÁRIO, JUSTO E COERENTE: COMBATA O RACISMO VENHA DE ONDE VIER E ESTEJA ONDE ESTIVER!!!


NOS TEMPOS DO APARTHEID DA ÁFRICA DO SUL O CONCEITO DE COMBATER O RACISMO ERA UNIVERSAL. E AGORA, NOS TEMPOS DA GLOBALIZAÇÃO E DO PURISMO EXCLUSIVISTA DAS AÇÕES AFIRMATIVAS?


SER CONTRA O RACISMO NO BRASIL E SE CALAR PERANTE OUTROS RACISMOS NO MUNDO PODE? É CONVENIENTE PARA CERTOS SETORES?

 
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Limpeza étnica da Palestina, com Ilan Pappe


Al Nakba (A Catástrofe):

LIMPEZA ÉTNICA DA PALESTINA



(O vídeo foi inserido em 13/04/2011, já que o vídeo original, da entrevista de Ilan Pappe concedida ao Globo News em 20/05/2008, não está mais disponível no site do provedor. Esse novo vídeo é uma entrevista mais longa e repleta de importantes informações históricas e contemporâneas)


Entrevista com o historiador israelense ILAN PAPPE, onde discorre sobre como o sionismo, de forma planejada, executou e continua executando a limpeza étnica da Palestina: ocupação e roubo da terra e expulsão dos palestinos. A perseguição que sofreu na Universidade. O mito da democracia israelense. As perspectivas para o futuro.

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A historia sionista (The Zionist Story) completo e com legendas corrigidas, do autor israelense Renen Berelovich e com a participação de palestinos:




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Preconceito ganha força em Israel, diz relatório

20/03/2008
GUILA FLINTda BBC, em Tel Aviv
Um relatório divulgado por uma ONG em Israel diz que as manifestações de racismo na sociedade israelense se tornaram mais frequentes no último ano. 
No documento, divulgado nesta quarta-feira (19), a ONG Mossawa, que defende direitos de cidadãos árabes em Israel, acusa líderes políticos de criarem um clima de "legitimação ao racismo" contra os cidadãos árabes, que representam 20% da população do país.
De acordo com a pesquisa da Associação pelos Direitos Civis mencionada no relatório, 75% dos cidadãos judeus israelenses não estão dispostos a morar no mesmo prédio com um vizinho árabe e 61% não receberiam uma visita de árabes em sua casa.
A pesquisa também indica que 55% defendem a separação entre judeus e árabes nos lugares de lazer e 69% dos estudantes secundários acham que os árabes "não são inteligentes".
(...)
CONTINUA
LEIA A MATÉRIA COMPLETA EM: http://www1.folha.uol.com.br/folha/bbc/ult272u384135.shtml


Racismo em Israel ganha força, diz relatório
12/06/08

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Segundo a Mossawa, as autoridades israelenses não aplicam as leis anti-racismo existentes no país e se cria uma situação de impunidade na maioria dos casos em que essas leis são violadas.
Figuras públicas que manifestam posições racistas continuam em seus cargos sem que haja qualquer tipo de investigação contra elas, diz o relatório.
 O clima político de "legitimação do racismo" leva a uma maior aceitação de ideias favoráveis à segregação e expulsão dos cidadãos árabes israelenses, acrescenta a ONG. 

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CONTINUA
LEIA A MATÉRIA COMPLETA EM: http://www.exjure.com.br/portal/index.php?pg=materia.php&id=2152

Mossawa Center releases racism report detailing over 169 cases

HAIFA, 19 March 2008 — The Mossawa Center released its annual racism report at a press conference in Nazareth today, detailing 169 incidences of racism against Arab minority of Israel, including the killings of Arab citizens. In preparation for the report, Mossawa staff examined and detailed hundreds of reports of racism, in particular cases against Arab citizens. The report also deals with incidences of racism against refugees, labor immigrants and Jewish immigrants, especially Ethiopians. The research carried out by the Mossawa Center staff reiterated that a commitment to equal rights exists only on a verbal level in Israel, and that Arab citizens still face institutional racism. In addition, it found that racism by Jewish citizens occurs against these groups on a daily basis and in all areas of public life.
(...)
CONTINUA
LEIA A MATÉRIA COMPLETA EM: http://www.mossawacenter.org/default.php?lng=3&dp=2&fl=25&pg=1




Study: Israeli Jews becoming increasingly racist toward Arabs
19/03/2008
By Avirama Golan, Haaretz Correspondent
Israel's Jewish community increasingly supports the delegitimization, discrimination and even deportation of Arabs, found a report on racism in Israel, set to be released Wednesday.
The report, to be presented at a press conference in Nazareth by Mossawa, the Advocacy Center for Arab Citizens of Israel, states that the Israeli-Palestinian conflict has clearly impacted public opinion, and warns that ideas such as population exchange and racial segregation are gaining ground. It also warns that several Jewish politicians are gaining influence based on a platform of racial hatred.
Mossawa is supported by the Human Rights Program of the European Commission and the United Nations Democracy Foundation.
The report, written by Mossawa director Jafar Farah and others, mainly examines racism against Arabs in Israel, using criteria taken from the anti-Semitism reports in Europe.
The report covers Arabs killed by the security forces and by Jewish citizens, anti-Arab incitement by leading Jewish public figures, workforce discrimination by private Jewish organizations, the barring of Arabs from public places, and the destruction of Arab property. The report particularly highlights what it calls the government's helplessness in the face of the problem.


(...)
CONTINUA
LEIA A MATÉRIA COMPLETA EM: http://www.haaretz.com/hasen/spages/966014.html



UN anti-racism panel questions Israel over non-Jewish holy sites

By The Associated Press

A United Nations anti-racism panel is scheduled to hold a hearing later this week over Israel's attitude toward sites considered holy by its Arab population.
Israel's government has also been asked to explain if it discriminates between Jewish citizens and its Arab citizens in how it provides housing, education, public services, land rights and legal protection against acts of violence, according to a list of issues released by the UN Committee on the Elimination of Racial Discrimination.
The panel of 18 independent experts overseeing compliance with the United Nations' 38-year-old anti-racism treaty has submitted questions in writing on Israel's policy for preserving holy sites and asked the government to explain why it only grants special protection for places considered sacred by Jews.
The committee asked for a clarification over the fact that to date, 120 places have been declared holy sites, all of which are Jewish. The list of questions was formulated before the recent furor over a construction project in Jerusalem that some Muslims have charged could damage the Al-Aqsa Mosque.


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CONTINUA

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